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FUGA PELA NEVE (PARTE 1)

#pratodosverem | Descrição da imagem: veem-se as colinas de Arcéh durante a noite e no alto de uma delas, uma estufa expele uma coluna de fumaça que toma o céu.

***

APESAR DO VENTO FRIO E DAS POÇAS DE LAMA, PERCORRER O PRIMEIRO TRECHO DA ESTRADA NÃO FOI UM DESAFIO. Ainda que borrada pelo tempo enevoado, a luz da lua ajudava Sâmia a se orientar e distinguir o caminho por onde deveria ir. Como previu, todas as casas por onde passava estavam com tábuas nas janelas, algumas até com barricadas de sacos de areia nas varandas para impedir a entrada da neve. De certa maneira, o alarde da mãe tivera alguma utilidade, reconheceu. Os arcéh seguiam uns aos outros feito formigas.

Pelo visto, ela era uma formiga rebelde e dada a atitudes perigosas.

Olhasse para frente ou para trás, estava sozinha na estrada. Não havia nem mesmo marcas de carruagens; não havia sinal de luzes ou de fumaça nas casas e, quando estas rarearam e Sâmia viu-se apenas na companhia do cavalo e das árvores desnudadas pelo vento, sua tranquilidade começou a minguar. Cantarolou algumas melodias para manter a mente ocupada e até conversou com Rosan, mas não teve jeito: quando chegou o momento de entrar no bosque, seu corpo exalava preocupação e medo.

Metros à frente, a estrada fazia uma curva, contornava o bosque e só então chegava à área das velhas estufas. Em contrapartida, para quem viesse a pé ou a cavalo, a trilha pelas árvores era bem mais rápida.

Segura? Talvez...

Por muitas décadas, o movimento por ali foi intenso. Em parte, devido aos trabalhadores das estufas, em parte pelas pessoas do interior da ilha que precisavam vir à sede de Arcéh, o atalho era uma economia de tempo e de paciência: se fossem pela estrada, perderiam quase três horas para contornar todo o bosque. Cada vez mais utilizado, em pouco tempo esse caminho pelo bosque se tornou uma rota comercial e possibilitou que rios de dinheiro jorrassem de norte a sul de Arcéh, que o comércio crescesse por todas as partes da ilha e que estufas brotassem na região das colinas.

A estufa de Naus transformou-se uma das maiores estruturas da cidade e passou a concentrar boa parte do comércio da ilha. Contudo, a prosperidade não durou mais do que quarenta invernos e a estrada virou um símbolo de desgraça quando, em uma das Noites da Nyrill, perdida na memória dos arcéh, mas muito bem preservada nas páginas de alguns livros, nada ocorreu: ao badalar mais longo da Torre de Arcéh, não houve cantoria, ventos gelados não tomaram a cidade, a melancolia da neve não caiu e as pessoas não congelaram na ponte.

A Nyrill não apareceu.

Por um breve momento, houve desespero. Pessoas saíram de casa e olharam para o ceu com a dúvida na fronte. Na ponte, havia um misto de decepção e resignação. Aquela foi uma noite normal. Ao amanhecer daquele dia, quando o inverno de fato não banhou a cidade, os receios deram lugar à euforia: não haveria gelo, não haveria frio; não haveria restrições de comida ou problemas nas estufas. Ao invés de cinco anos de brancura, teria mais cinco de verão e de calor.

Por três dias, os arcéh festejaram.

Até a alegria transformar-se em choro e em correria.

Enquanto as ruas de Arcéh se enchiam de sorrisos, bebidas e dança, um clarão tomou o ceu e um raio de luz desceu sobre as estufas das colinas e incendiou tudo. Construídas longe do mar, o povo pouco pode fazer além de olhar o fogo consumir anos e anos de trabalho. Os moradores mais próximos até chegaram a correr para os poços, mas logo desistiram. De longe, por toda a região norte do continente, era possível ver a coluna de fumaça. Ainda calculavam o tamanho da tragédia, quando tudo piorou: dois dias depois, como se risse da tragédia, a Nyrill veio e jogou Arcéh em um inferno gelado.

Centenas de pessoas morreram de fome e de frio.

O ódio pela criatura aumentou.

Com o fim daquele inverno, decidiram fortalecer as estufas da parte baixa da cidade, próximas ao mar e dar ainda mais poderes aos Unagor, antes limitados à meros guardiões contra os ataques de alguns produtores do continente. À época restritos à apenas dez Unagor, estes reuniram-se no que chamaram de "Bastião" e, com o apoio maciço da população, calaram o Conselho de Administração e tomaram uma decisão: matar a Nyrill de Arcéh.

Construíram outras duas torres voltadas para o horizonte e puseram sinos lá em cima, mas não com o intuito de marcar horas: os sinos eram para avisar os cidadãos sobre cada ação contra a criatura. Assim, instalaram disparadores de flechas no alto de cada estrutura e ansiaram pelo momento oportuno. 

Pelos planos, a Torre Norte avisaria quando a Nyrill fosse avistada enquanto o disparador da Torre Sul atacaria a fada e seus sinos soariam para posicionar os guerreiros pela orla da cidade. Não importava se a torre fosse destruída em seguida: o importante era causar algum ferimento à Nyrill. Por fim, os posicionados na Torre de Arcéh teriam a missão de sepultar de vez a maldição invernal. Morressem quantos morressem, sofressem o quanto sofressem, o objetivo seria atingido de qualquer maneira.

Manchariam as águas daquele mar com o sangue da criatura.

Teriam sua vingança contra as crueldades do destino.

Os disparadores, por fim, nunca chegaram a ser utilizados: primeiro, a Nyrill só voltaria na chegada do inverno seguinte, dez anos após o ocorrido (tempo suficiente para o ódio arrefecer). Segundo, parte da população começou a rejeitar a ideia de atacar a Nyrill, pois, apesar de se sentirem traídos, continuavam com as esperanças trazidas pelas velhas lendas. Anos depois, quando o tal de "Edvegi Wombeg" deu um rosto feminino e delicado às histórias, os planos contra a Nyrill acabaram enterrados de uma vez por todas.

Assim, surgiu o culto à "Mãe Nyrill, protetora dos arcéh e benfeitora da ilha".

As memórias se apagaram, mas a trilha no bosque e os escombros da Estufa de Naus permaneceram como cicatrizes daquela época. E, como se temessem que tais cicatrizes se abrissem, os arcéh as abandonaram e criaram histórias, medos e maldições sobre o lugar.

— Phil esta te esperando. Phil te esperando. - repetiu Sâmia diante do arco formado pelas árvores do bosque. Entrelaçados, os galhos das copas criavam um túnel cuja boca era um convite para se perder nas entranhas daquela parte da ilha. Inclinou-se sobre o cavalo e deu tapinhas no pescoço do animal. — Muito bem, Rosan, eu confio em você. Vamos até Naus.

Como se compreendesse os anseios da garota, o cavalo se empertigou e trotou rumo à escuridão.

A lua escondeu-se atrás das nuvens.

Uma estrela solitária brilhou no céu.


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