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A FESTA DE BOA PESCARIA (PARTE 5)

#pratodosverem | Descrição da imagem: em meio a brilhos e luzes, Sâmia está com um vestido prateado com mangas brancas e jóias verdes na parte do busto.

***

CORRETA OU NÃO, A ATITUDE DE LITA DEIXARA O CLIMA DA CASA MAIS AMENO PELO RESTANTE DO DIA. Puseram a ressonante Margareth no quarto de hóspedes, correram para arrumar um vestido para Sâmia e, quando a noite tomou Arcéh e fez a neve pontilhar pela escuridão, a menina estava pronta. Não gostava de vestidos de festa e menos ainda das festas em si. Não tinha ideia de como eram no continente, mas em Arcéh cada festa significava muito barulho, muita bebida, muitas pessoas e muito burburinho sobre a vida alheia. Das grandiosas Festas de Colheita às meras comemorações para festejar um aniversário, os arcéh viviam atrás de mesas fartas (ainda mais se fossem gratuitas).

Mas o motivo de sua ansiedade nada tinha a ver com as tradições da ilha.

Sâmia parou em frente ao espelho do quarto, o nervosismo refletido no rosto tal qual o brilho do colar em seu pescoço. "Certo, Sâmia, é só uma festa como qualquer outra", pensou e até chegou a sorrir. Porém, nunca fora uma boa mentirosa. A conversa de Erwank sobre o suco de Nubor a deixara com o coração nas mãos. Dissessem o que quisessem, duvidassem o quanto desejassem, ela não sentia nada por Phil. Eram amigos. Apenas isso. Ponto final. O garoto Voggi era como um irmão mais velho. Nada mais.

"Se é só isso, por que você está tão preocupada em se justificar?", o reflexo provocou.

Ela não soube responder. Tinha apenas 13 anos. Treze anos! Não deveria se preocupar com esse tipo de coisa, afinal, além da pouca idade, tinha assuntos bem mais importantes para lhe tirar o sono. Arrumou alça do vestido e tentou, em vão, puxar o tecido na altura da cintura para ver se ficava mais largo. Odiava sentir-se presa, ainda mais em roupas. Deu um rodopio e quase caiu. Da porta do quarto, Madame Lita não se conteve e caiu na gargalhada.

— Desajeitada como Margareth em seu primeiro baile. Ao menos você me parece mais disposta a tentar do que a sua mãe. – Lita sentou-se na cama e admirou a neta de cima a baixo. — Mas eu sinto que, por dentro, você está igual a mim quando foi a minha vez de ir a um baile desses, com assuntos tão importantes...

— O sr. Maxil também lhe falou sobre o suco?

— Sim.

— Ah, vovó... – Sâmia jogou-se na cama ao lado da sra. Delgo e afundou o rosto nas almofadas. — Foi o vovô Uriel quem lhe deu o suco de Nubor, não foi?

— Ele mesmo. Teve um grande significado para a minha vida. Eu me senti... importante. Alguém que não era da minha família se preocupava comigo. – a senhora afastou as lembranças e observou o jeito afoito da neta. — É por isso que você está tão irritada, minha menina? Está com medo que uma taça de suco lhe morda?

— Vó, eu não gosto do Phil! Não como as pessoas querem acreditar...

— As pessoas realmente querem acreditar ou você apenas supõe que elas pensem assim?

— Qual a diferença? Todos só falam sobre isso...

— Pois esse é o nosso problema, Sâmia: nós julgamos a colheita inteira com base em uma planta; enxergamos o mundo com os nossos olhos nublados por pensamentos errados e só vemos aquilo que bem entendemos. Isso quando não distorcemos tudo ao nosso redor e criamos nossas próprias verdades.

— Mas, vovó, se o Phil pretende compartilhar o Nubor comigo significa que...

— ... que ele não estará com tanta sede ao ponto de beber tudo sozinho. Apenas isso. – a senhora sorriu. — Sâmia, sejamos sensatas: é só um suco! Se você viver querendo seguir as tradições, sem olhar para os lados, sem pensar no que faz, será mais uma menina dentre tantas outras; uma qualquer que nasceu para ser levada. E eu sei que você não quer isso. Você não aceita. Pois então, não aceite por completo: seja firme para bater de frente com os outros e mais firme ainda para calar seus próprios pensamentos.

"Não são as coisas físicas que provam algo para alguém, minha querida! São as coisas do coração; aquelas que ficam quando tudo se deteriora. Inclusive isso aqui!" Lita repuxou a pele do braço. "Tudo se vai, minha querida. Do brilho das joias ao gosto dos sucos; do poder ao viço da pele. Reconheça as tradições, Sâmia, mas só guarde consigo aquilo que realmente faça o esforço valer a pena."

A sra. Delgo tomou a mão da neta entre as suas e a acarinhou. Sâmia sentiu uma tristeza lhe consumir como há dias não sentia. De repente, as lembranças da promessa e do tempo de vida da avó pesaram em seu peito. Sentiu saudades daquela conversa e os olhos ameaçaram se encher d'água, mas ela conseguiu conter o fluxo. Sabia que se deixasse uma gota cair muitas outras a acompanhariam. Ainda estava cedo demais para banhar-se em sofrimento.

Contudo, precisava tirar uma parte desse peso de dentro de si.

— Vovó?

— Sim, Sâmia?

— A senhora... Bem... A senhora, às vezes, não se sente angustiada?

— Com o que, exatamente?

— Com a iminência da morte. O fato de que não há mais... Tanto tempo...

— Você se sente assim sobre você mesma?

— Não! É claro que não!

— Então, por que eu deveria? Por que estou com quase oitenta anos? Por que posso morrer daqui a pouco? Eu quis ir ao encontro do seu avô, Sâmia, mas, por algum motivo, estou aqui, tão viva como nunca pensei em estar. Foi uma lição para aproveitar a vida. Mas sei que não sou eterna e, mesmo com esse vigor, estou caindo aos poucos. E o que eu posso fazer? Nada! Não tenho por que ficar angustiada, minha querida. Não mais. Só me resta ficar bem comigo mesma para morrer em paz.

— Há muitas pessoas para lhe ajudarem com isso...

— A ficar bem comigo mesma, você quer dizer?

— Sim.

— Não, Sâmia. Não há. Todos nós vivemos em busca de aceitação; de nos integramos à algum lugar. Corremos tanto atrás disso e esquecemos de um detalhe: por mais que não pareça, estamos sempre sozinhos, Sâmia. Há um mundo isolado aqui dentro – apontou para a testa da garota — feito para cada um de nós, exploradores de nossos próprios sentimentos. Nascemos e morremos sozinhos, Sâmia.

"Podemos até encontrar braços que nos abracem e corpos que nos afaguem, mas, se não abraçarmos nossos próprios mundos, se não formos felizes conosco, o meio termo entre o 'nascer' e o 'morrer' não valerá a pena. E ninguém fará com que valha.".

A menina sentou-se e admirou os próprios pés.

— Vó, a senhora é feliz?

Lita olhou para a mão de Sâmia, as unhas pintadas com uma cor tão suave quanto a maquiagem no rosto da menina. De repente, sentiu orgulho por ter sobrevivido para presenciar aquele momento.

— Eu estou feliz, Sâmia. Isso me satisfaz. – e complementou a resposta: — E eu espero que você não fique angustiada por mim. Não convide a dor dos outros para entrar em seu mundo. Estenda a mão, mas não carregue os fardos alheios. Não vale a pena.

Lita deu dois tapinhas na mão de Sâmia e a ajudou a se levantar. Arrumou o cabelo da neta, pegou um pouco de água perfumada e borrifou na garota. Sorriram. Madame Delgo rodopiou a menina e a abraçou.

— Não ligue para o que falam ao seu respeito. Se o gosto do seu suco é diferente do gosto sentido pelas outras pessoas, mas lhe faz bem, beba até o fim e sorria. – Sâmia acenou. — Agora vamos antes que Erwank desista de lhe levar com ele.

Saíram do quarto e fecharam a porta. No ceu de Arcéh, as nuvens afastaram-se e revelaram uma lua sorridente.


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