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A FESTA DE BOA PESCARIA (PARTE 2)

ERWANK VEIO DO CONTINENTE AINDA CRIANÇA. Filho de colhedores, convivera desde cedo com a rixa entre os arcéh e os continentais e, aos quinze anos de idade, viu os pais serem mortos em uma emboscada formada por mercadores da ilha. Erwank Maxil, porém, não tomou a vingança como mote de vida e, para a surpresa de muitas pessoas, fincou moradia em Arcéh. Superou as piadas sobre sua origem, encarou as tentativas de expulsão com a cabeça erguida, conquistou amigos e amores, casou-se, teve três filhos, organizou a logística do sistema de mensagens da cidade e, anos depois, foi aceito como um "local", admirado pelos serviços prestados à ilha.

Contudo, não era um sentimento compartilhado por todos.

E muitos dos arcéh cultivavam essa raiva contra os continentais desde a mais tenra mocidade.

Erwank e Drenton tinham a mesma idade. Por uma brincadeira do universo, os dois haviam nascido no mesmo dia. O menino tinha seus oito anos de idade quando a família Maxil chegou a Arcéh. Era uma tarde de auge do verão e o casal e o filho foram obrigados a passar por uma espécie de "avaliação" para serem autorizados a entrar na ilha, prática até então comum na cidade. Diante de uma banca de avaliadores formada por sete Unagor, o casal viu-se nu no centro de uma sala, rodeados pelos senhores de Arcéh e sabatinados com perguntas tanto profissionais quanto íntimas, com a desculpa de saber se "os hábitos trazidos pelos continentais não envenenariam a cultura dos arcéh".

Do lado de fora da sala de interrogatórios, o menino Maxil sentava-se em um banco na companhia do seu cachorro. Vestia uma camisa cujo o tecido era fino e tão usado ao ponto de já apresentar rasgos nas áreas dos cotovelos e da gola; de tão larga, a calça não parecia pertencer ao garoto e ele a mantinha presa em torno da cintura graças a uma corda. Nada disso era uma questão para ele: desde pequeno, ele fora elogiado o suficiente para não se deixar abater pela situação de pobreza; aprendeu a considerar todos como iguais, apenas "cada um com oportunidades diferentes na vida", diziam-lhe os pais.

"Alguns têm mais, outros menos, Erwank. Mas todos estão na mesma terra, pisam o mesmo chão e se molham com a mesma chuva.", insistia a sra. Maxil.

Era uma afirmação verdadeira, sim. Mais ainda quando se tratava das cidades do continente, cinzas, imundas, cheias de gente, com a violência tão fluida quanto a podridão corrente nas sarjetas. Contudo, o menino logo saberia que nem todas as terras eram iguais à sua, nem todos pisavam o mesmo chão e a chuva tinha pesos diferente em outros lugares. Como testemunharia em Arcéh, nessas outras partes do mundo o discurso da igualdade esbarrava nos muros erguidos por aqueles ditos "superiores".

— Oi!

Erwank saiu do seu mundo e voltou-se em direção à voz. Ao seu lado, um menino sentava-se com um olhar de interesse voltado para o garoto Maxil. O sorriso em seus lábios em nada comunicava com a tensão do seu corpo. Metido em um conjunto de camisa e calça com um alinhamento digno dos juízes da sala ao lado e o cabelo penteado como se cada fio tivesse sido moldado para ter o caimento ideal, o menino segura uma espécie de haste nas mãos.

— O-O-Oi...

 Você é novo aqui?

 Sim, e-eu ser...

O outro riu do sotaque do recém-chegado.

 Estar sozinho? - remedou. 

O menino balançou a cabeça em negativa. O interesse do outro capturou esse gesto, desceu para as mãos entrecruzadas, absorveu o rasgo nas roupas e o cabelo despenteado, e rumou para a porta da sala de interrogatórios.

 Está esperando alguém? Seus pais?

Erwank assentiu.

 Vocês são do norte aqui de Arcéh?

 Não. Ser do continente...

O objeto nas mãos do garoto estralou quando ele o segurou com mais força. Analisou o visitante com um interesse diferente. Só então, percebeu o cachorro deitado aos seus pés, debaixo do banco.

 É seu? O cachorro.

 É...

 Ele não pode entrar na cidade, sabia?

 Por que não? - o pequeno reforçou o aperto na coleira. O outro fez uma cara de tristeza, sentimento este logo desmascarado devido ao sorriso em seu rosto.

 Meu pai disse que coisas do continente não prestam. Podem destruir a nossa ilha. - olhou para os dois lados do corredor, aproximou-se do garoto e sussurrou. —    Você e seu cachorro fedem, sabia?

Os ombros do menino caíram e ele olhou para as mãos, sujas como se ele as tivesse posto em uma poça de lama. O cachorro tinha os pelos cheios de pedaços de mato e o focinho com uma crosta formada pelos restos de sua última refeição.

 Nós andar muito para chegar aqui...

 Ah, mas não é da sujeira que eu estou falando. É do sangue!

 Do... s-sangue?

 Sim. É o sangue de vocês que cheira mal.

 O de vocês não cheirar assim?

 Não. - fez uma cara de alguém sabedor dos segredos do mundo e empertigou-se no banco. —    Quer ver?

 O quê...?

 A diferença entre nós dois. O sangue.

 Querer... - com inocência, o menino levantou a manga e estendeu o braço em frente ao colega. O cachorro levantou-se, atento à onda de tensão emanada pelo seu dono.

 Não! Não pode ser aqui! - o arcéh mais uma vez constatou a solidão do corredor e apontou para o arvoredo na parte detrás da Primeira Estufa. —    Ali é melhor.

 Eu... Eu não saber... Meus pais...

 Ah, vai ser rápido! Eu prometo! Eles não vão sair agora.

 Como você saber?

 Eu... Eu sou de Arcéh. Eu sei como essas coisas funcionam. E aí, você vem ou não?

O garoto Maxil deu uma espiada na porta e apurou os ouvidos. A rotina de vozes prosseguia e não havia sinal de término. Puxou o cachorro e seguiu o garoto.

Àquela hora da manhã, poucos trabalhadores passaram por eles e, mesmo os que surgiam pelo caminho, não deram atenção às duas crianças. Atravessaram os portões da estufa, rodearam as plantações e embrenharam-se na floresta. Caminharam por alguns minutos até o ponto das copas das árvores já terem escondido a estrutura da estufa e do sol buscar espaço por entre as folhas para iluminar o local.

O garoto arcéh parou e remexeu em seu bolso.

 E aí? Preparado?

 S-Sim...

 Tem certeza?

 Sim...

 Que bom. Você não vai esquecer!

O cachorro deu um passo para trás e ganiu. Erwank viu quando o menino levou algo à boca e fez um som. As árvores pareceram estremecer, o sol empalideceu e a penumbra correu pelo arvoredo. Maxil pensou estar surdo quando tudo emudeceu.

Houve um estralo.

E depois outro.

Outro seguiu-se a um bater de asas.

Um grunhido.

#pratodosverem | Descrição da imagem: em meio à uma floresta escura com árvore de troncos grossos, vê-se um menino parada diante de uma abertura entre duas árvores. Com roupas surradas e descalço, ele observa enquanto dois olhos gigantescos surgem na escuridão.

***

O garoto virou-se para encarar o arcéh. Não havia mais em sua face o fingimento de compaixão ou de acolhimento. Estava sereno, mudo. "Vocês fedem." Disse sem esboçar nenhuma expressão no rosto. Ao terminar a frase, o escuro atrás dele tomou forma, árvores despencaram e um pássaro atacou o continental.

Erwank gritou e caiu.

O cachorro soltou-se e atacou a fera.

O bico subiu e, ao descer, empalou o cão. Com um ganido final, o animal despediu-se de sua criança e viu-se levado pelo pássaro para algum lugar nas entranhas da floresta. No mesmo instante, o menino arcéh tomou seu chicote nas mãos e pulou para cima do outro. Em seus olhos havia algo incapaz de dar vez à alguma sensatez: aquele projeto de adulto queria ferir; queria fazer o outro sentir dor. A cada levantar e abaixar do chicote, ele sorria como se as batidas do seu coração dependessem daquela violência. Ao fim da brincadeira, puxou um punhal das vestes, desnudou as costas do menino e fez mais sangue correr.

Terminou o serviço e vangloriou-se de sua obra.

Seu pai teria orgulho dele.

Preparou-se para chamar o pássaro mais uma vez, contudo, foi interrompido pelo som de galopes e de vozes. Gritavam o nome do menino recém-chegado. Chamar o "animal de estimação" seria perigoso. Não queria envolver o nome do pai em confusões. Com um suspiro de lamento, viu-se obrigado a deixar aquela diversão para trás.

Porém, fez uma promessa a si mesmo: seria a primeira e a última vez.

Não brincaria tanto com os próximos alvos.

Chutou o continental de novo e sumiu floresta adentro.

Erwank ainda se arrastou pelo meio das folhagens, a mente prestes a falhar. Perguntava-se o porquê de tudo aquilo. Acima disso, perguntava-se como uma criança poderia ser tão má. Não entendia como um coração tão pequeno já seria capaz de guardar tamanho ódio.

Arrastou-se por alguns metros pela terra. Deparou-se com algo cinzento pelo caminho e guardou no bolso. Contudo, poucos metros depois, acabou vencido pela dor causada pelos ferimentos. Quando os trabalhadores da estufa encontraram o filho dos Maxil, assustaram-se com o estado do menino.

Mas o choque foi ainda maior ao verem a marca encontrada em suas costas...

Crianças não nascem preconceituosas. Elas apenas absorvem aquilo que ouvem dos pais.

São pequenas esponjas, pequenas folhas de papel branco que tomarão forma independente de serem postas na lama das mentes deturpadas ou na limpidez das águas da consciência.

Este capítulo surgiu ao ver como meus tios criaram meus primos e como eles, que agora têm filhos, estão passando para os pequenos conceitos machistas e preconceituosos aprendidos com os pais...

Enfim, é impossível querer mudança quando não se começa de casa...

Obrigado pelo apoio, deixe seu voto, cuidado com o que você diz para as esponjas ao seu redor.

Não seja lama. 

Até breve! 

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