5. Gêmeo bonzinho
— Espera aí, então quer dizer que o gêmeo bonzinho quer conhecer seu bebê? — Taehyung perguntou em completa confusão, esparramado no sofá de Jimin, enquanto segurava uma colherada de brigadeiro no meio do caminho até a boca.
— É... — Jimin encarou o prato no seu colo e sorriu.
— E você aceitou?
— Sim. — o chef riu, achando hilário sua própria resposta.
— E por quê? — Taehyung não parecia achar lógica naquilo, e sinceramente, nem Jimin sabia onde estava com a cabeça. Mas foi impossível negar um pedido daqueles olhos de Bambi, poderia se arrepender depois? — Sabe, ele ser irmão do Junghoon não faz dele alguém muito relevante não, tá? Você não é obrigado a apresentar seu filho para a família daquele babaca.
— Eu sei disso, Tae. Mas ele ficou me olhando como um cachorrinho que caiu da mudança e eu não consegui dizer não.
— Bom, pelo menos ele é o gêmeo bonzinho, né? Isso significa que ele é melhor que o Junghoon. Isso é bom, não é?
— Ele é... gentil. — Jimin encarou a colher cheia de chocolate e lembrou-se do sorriso doce de menino que ele tinha, bem diferente do entortar de labios malicioso que Junghoon carregava. — Gosto de conversar com ele, Jungkook exala calmaria. — ele encarou Taehyung, incomodado. — E pare de rotular eles como bom e mau, isso é esquisito.
— Foi você quem falou que esse tal Jungkook é o oposto do Junghoon, só liguei os pontos. — o rapaz loiro pescou o próprio celular entre as almofadas e começou vasculhar suas redes sociais, ignorando o amigo ao seu lado.
Jimin enfiou a colher na boca e pousou a mão na barriga de forma inconsciente, se perdendo em pensamentos. Foi pego por um sentimento desconhecido de curiosidade e ansiedade, refletindo em como seria o pequeno ser em seu ventre. Se ele teria os seus olhos, ou o cabelo negro de Junghoon. Quais serão suas manias? Do que ele vai gostar e odiar?
— Tae, você acha que é menino ou menina? — ele perguntou, ao retirar a colher da boca.
Taehyung encarou-o por trás da franja dourada e franziu o cenho em confusão.
— Pensei que já soubesse o sexo.
— Que? Não. Por que pensou isso?
— Você sempre falou dele no pronome masculino. — Kim raspou sua colher no prato com chocolate e a enfiou na boca, ainda encarando o amigo à procura de respostas.
— Não, eu... Eu faço isso? Nunca percebi. — ele levou outra colherada de chocolate na boca, Taehyung sorriu largamente.
— Bom, eu acho que é um menino. — Kim exclamou, e voltou a focar no seu celular, suspirando como se estivesse vendo fotos do Seo Inguk.
— Por quê?
— Porque confio em você. — outro suspiro, Jimin encarou-o desconfiado, deixando para lá o papo sobre o sexo do seu bebê. Tinha certeza que Taehyung não estava vendo fotos do ator mais lindo da Coreia, algo na sua expressão denunciava que tinha algo a ver com um certo homem dono de uma gatinha branca.
— O que você tanto vê aí? — ele perguntou, apenas para confirmar o óbvio.
— Min Yoongi. — outro suspiro, a tela foi virada na sua direção e Jimin pode ver uma selfie do advogado sorrindo docemente para a câmera. — Ele não é a coisinha mais linda desse mundo?
— Não sei, eu quero é saber quando você vai tomar coragem e se declarar para ele.
Taehyung encarou o amigo como se tivesse crescido um par de chifres na sua cabeça.
— Ficou doido? Ele é muita areia para o meu caminhãozinho.
— Não seja bobo, se olhe no espelho, meu bem. Quem não se apaixonaria por você? — Jimin raspou sua colher no chocolate, sem muita intenção de colocá-lo na boca ainda. — Além do mais, você está desde o ensino médio nesse amor platônico. Isso não é saudável, sabia?
— Ele foi meu primeiro amor... — Taehyung murmurou, voltando a encarar a foto na tela do seu celular. — O primeiro amor a gente nunca esquece.
— Eu esqueci.
— Você não conta, você não tem coração.
Jimin gargalhou antes de enfiar a colher na boca e retirá-la logo em seguida.
— Eu sou precavido, não quero virar cachorrinho de ninguém.
Taehyung encarou-o, medindo o amigo com um olhar intenso. Por um momento, Jimin arrependeu-se do que disse, pois o rapaz loiro conseguia ser intimidador quando queria. Para disfarçar, enfiou outra colherada de chocolate na boca.
— Um dia, você vai ficar caidinho por alguém e eu vou rir da sua cara e te lembrar dessa sua frase. — ditou, sua ameaça soando mais como uma profecia sinistra, mas que fez Jimin rir alto.
— Vai sonhando, isso nunca vai acontecer.
Era domingo, e a cafeteria estava parcialmente vazia naquela tarde. Jimin bebericava um chocolate quente — já que ultimamente, qualquer bebida que contém cafeína lhe causava enjoos —, enquanto esperava por Junghoon. Há dias estava ignorando ligações e mensagens dele, sem saber como se portar diante do homem sádico que viu naquele beco. Contudo, não podia retardar mais aquele encontro, precisava ter aquela conversa com Junghoon e por um ponto final naquela coisa que eles tinham.
Um suspiro escapou pelos lábios fartos do chef ao ver a cabeleira negra de Junghoon passar pela porta do estabelecimento, exalando toda sua superioridade perante ao mundo, todo o magnetismo que atraía olhares, todo o charme que conquistou Jimin numa balada lotada. As argolas das suas orelhas balançavam levemente conforme ele andava, os dedos pentearam o cabelo longo para trás e o canto esquerdo da sua boca entortou em um sorriso sugestivo assim que notou Jimin o encarando. Ele caminhou na sua direção quase saltitando, e Park apenas suspirou novamente ao depositar a xícara de porcelana sob a mesa.
O cheiro de chiclete de Tuti-fruti e cigarro invadiu suas narinas assim que Jeon ocupou a cadeira vaga na sua frente. O sorriso sacana ainda se fazia presente, e Jimin sentiu uma ânsia que, tinha certeza que não era por causa dos enjoos matinais. Permitiu-se analisar um pouco mais o homem na sua frente, tentando procurar traços da pessoa que conheceu em uma noite carregada de álcool e música alta. Ele tinha um band aid na bochecha direita, assim como arranhões pequenos pelos braços como se tivesse brigado com um gato. O olhar de Jimin demorou-se nas mãos que descansavam sob a mesa, ele tinha os nós dos dedos feridos.
Como se tivesse batido em alguém.
— Oi, gatinho. — Junghoon soprou no ar, com a voz carregada de malícia. — Fiquei surpreso por ter me chamado aqui, eu poderia ter te esperado fechar o restaurante...
Jimin não conteve a careta desgostosa, seu estômago embrulhou somente com a ideia de permitir que ele lhe tocasse novamente. Jeon analisou-o com certa cautela, ainda sem tirar o sorriso presunçoso do rosto.
— Não, eu quero conversar. Preciso contar algo sério.
O sorriso de Junghoon se desfez aos poucos, e sua expressão se tornou astuta. Parecia quase arisco, Jimin diria.
— Pois diga. — os olhos de obsidiana analisaram Jimin como se ele fosse um quebra cabeça. — Se estiver prestes a me dar um fora, olha, poderia ter feito isso por mensagem e poupado meu tempo.
O chef segurou a base da xícara sob a mesa e suspirou, reunindo uma dose a mais de coragem.
— Não, quer dizer, isso também... — o tom de voz de Jimin vacilou e ele se odiou, desviando os olhos para qualquer lugar que não fosse o rosto de Junghoon. — Não quero mais sair com você, mas não é esse o ponto importante aqui.
— Jimin, seja direto.
Jimin suspirou ao assentir. Droga, para onde foi toda aquela coragem que Jungkook tanto admirou em si? Iria fraquejar logo na frente de Junghoon? Não, não poderia. Por isso, ergueu o queixo e voltou a mirar o homem à sua frente. Mediu seus olhos opacos, as tatuagens espalhadas pelo corpo, o maxilar mascando o chiclete. O que Junghoon poderia fazer consigo ao descobrir sobre a gravidez? Nada, segundo seu irmão. Confiaria em Jungkook então.
— Junghoon, eu estou esperando um filho seu.
Houve um longo silêncio esmagador, onde ouvia-se apenas os tintilar das xícaras e conversas abafadas da cafeteria. Jimin analisou a reação do homem à sua frente, pegando cada detalhe como se fosse algo precioso. Primeiro, ele parou de mascar o chiclete, paralisou como uma estátua de gesso e encarou Jimin como se não tivesse ouvido bem. Seus olhos negros se tornaram ainda mais obscuros, ele analisou Park como se procurasse por qualquer indicio de que ele estivesse brincando, ou algo do gênero. Contudo, Jimin permaneceu o encarando de volta com seriedade, deixando claro que aquilo não era uma brincadeira de mal gosto. Havia uma vida crescendo dentro dele, um elo entre eles que não faria questão de quebrar. Ao perceber isso, Jimin pode ver os olhos de Junghoon salientarem de leve, sua mão tremer, mas ele logo a escondeu embaixo da mesa.
— E você vai ter esse filho? — Jeon questionou, com uma seriedade nunca vista antes por Jimin. Seu tom de voz carregava o peso do mundo, e por um momento, o chef sentiu medo.
— Vou. — assegurou, afastando aquele sentimento traiçoeiro e se agarrando na declaração de Jungkook sobre Junghoon não ser uma pessoa ruim. — Mas não se preocupe, eu não espero que você o assuma, não foi por isso que vim aqui hoje.
Junghoon suspirou, mas seus olhos ainda encaravam Jimin com certa cautela, como se temesse cada palavra que fosse sair da sua boca.
— E por que veio, então?
— Porque é seu direito saber que tem um filho, não viveria em paz sabendo que escondi algo assim. Não posso te forçar a ser pai, e imagino que não queira ser. Te obrigar a isso só faria mal ao meu filho.
— Tanto faz. — Junghoon bufou, como se aquele papo todo fosse muito tedioso e Jimin quis jogar o chocolate quente na cara dele. Era como se estivesse diante de um adolescente, até mesmo sua posição relaxada na cadeira, encarando a rua lá fora como se quisesse estar em qualquer lugar que não fosse ali. — Eu não nasci para ser pai.
Jimin continuou o encarando, sem saber ao certo como absorver aquela informação óbvia. Não havia o que temer, certo? Junghoon não faria mal a ele ou a seu filho, não é?
— Eu sei.
Junghoon suspirou, ainda sem desviar os olhos da rua, como se pudesse ver bem mais do que a multidão de pessoas que passava pela calçada e os carros enfileirados no asfalto. Jimin tentou lê-lo, mas foi como tentar ler um livro em alemão de cabeça para baixo. Jimin não entendia nada de alemão. Era óbvio que aqueles olhos escondiam muito, assim como sua boca insistia em calar gritos silenciosos. Contudo, Park não tinha tempo para tentar desvendá-lo, tinha preocupações maiores. Como um bebê a caminho.
— Jimin? — o chamado suave vindo de Junghoon surpreendeu o chef, que por um momento, imaginou ter ouvido coisas.
— Sim?
Jeon lhe encarou com intensidade, e pela primeira vez, Jimin conseguiu ver um sentimento brotar dos seus olhos. Compaixão. Seu olhar brilhava em algo bonito e Park sentiu-se ser amolecido por breves instantes.
— Torço para que ele não se pareça comigo.
#gemeobonzinho
olá, astronutinha! tudo bem aí do outro lado da telinha? eu estou bem, cansada com a correria do dia a dia, mas tenho levado da melhor forma.
me diga, o que achou desse capitulo? teve um momento, cena ou fala favorito dele? me conta qual e porquê! adoro ler comentários, por favor, podem travar meu pocket de notificações, eu não me importo.
não esquece de deixar sua estrelinha, viu? lembre-se que sou uma galáxia, portanto estrelas são extremamente importantes para eu continuar aqui.
nos vemos na proxima segunda, até lá!
beijinhos de morango!
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