Capítulo 3
Martin encarou os corrompidos e se preparou. Diana também estava preparada com sua espada de uma mão em punho, mas Martin podia ver a tensão em seu corpo enquanto ela encarava os mais de trinta corrompidos que ocupavam o interior da taverna.
Martin sentia medo, suas mãos estavam lisas e o suor escoria de seu rosto, mas a adrenalina que sentia era o suficiente para fazê-lo encarar os corrompidos de cabeça erguida. A tensão no ar era tão densa que chegava a ser visível, quase sufocante, até o momento em que eles atacaram.
Os corrompidos avançaram rapidamente na direção de Martin e Diana cortando com suas espadas e facas, pressionando os dois para trás. Martin conseguiu se defender do primeiro ataque, sua espada subiu e aparou o ataque do corrompido que deceparia sua cabeça, mas outro ataque quase o atingiu pela esquerda, uma estocada furou sua guarda e cortou o peito de Martin.
O guerreiro saltou para trás e voltou a se defender, mas seu corpo parecia não acompanhar. Martin tentou usar sua perícia perfeita para contra-atacar, mas seus golpes estavam lentos e fracos de mais, seu corpo não acompanhava e os corrompidos colocavam cada vez mais pressão sobre ele. A dor em seus braços aumentou quando sentiu seu ombro queimar, um corrompido riu e mais um corte foi feito em seu peito, Martin resvalou para trás e a lâmina negra passou raspando em seu pescoço levando consigo um único filete e sangue.
Martin saltou para trás novamente e tentou recuperar o fôlego. No canto de sua visão ele pode ver que Diana lutava com vários corrompidos ao mesmo tempo, os movimentos dela eram fluidos e poderosos, rápidos e certeiros, bem diferente dos de Martin que mais parecia um mendigo bêbado balançando uma faca. Diana não estava ganhando, mas os corrompidos não conseguiam passar por ela e isso acabou salvando a vida de Martin, ele mal conseguia lidar com os cinco que estavam vindo para cima dele.
O guerreiro sentiu um arrepio percorrer seu corpo e olhou rapidamente para a entrada da taverna. Uma luz vermelha estava brilhando e pulsando com energia, Martin não teve nem mesmo tempo de pensar quando a bola de fogo foi lançada em sua direção. Seus olhos se voltaram para a magia e o tempo desacelerou momentaneamente, Martin encarou ainda mais profundamente a esfera e pode ver as minúsculas runas que formavam a magia, então moveu sua faca rapidamente para a frente, mas a magia o atingiu primeiro.
O peito de Martin ardeu, as chamas começaram a queimar sua camisa e sua calça enquanto ele voava pela taverna até atingir a porta que dava acesso a cozinha, suas costas atingiram algo duro e ele sentiu as chamas diminuírem. Ao olhar para o lado ele pode ver que atingiu um barril de água, mas a dor das queimaduras ainda o incomodava.
"Parece que estou velho, minha perícia perfeita não é mais tão perfeita assim". Martin se levantou tropegamente e encarou o vão que dava acesso a taverna. Os corrompidos não estavam vindo para cima dele, deveriam estar atacando Diana, se é que ela ainda não estivesse morta. Martin respirou fundo e começou a pensar furiosamente. Os corrompidos estão em maior número, são mais poderosos que eles dois juntos e ainda tinham magos entre eles. Lutar contra cada um separadamente seria impossível, isso se os magos corrompidos os deixassem lutar antes de lançarem suas magias, o que deixava Martin com uma única opção. "Vou precisar usar a perícia perfeita, não existe outro jeito. É isso que da ficar mais de dez anos sem treinar!"
Martin sacudiu a cabeça e respirou fundo. "Esvazie sua mente, deixe seus instintos assumirem. Pare de tentar ler a sequência mágica, apenas avalie o todo e deixe seu cérebro intuir o resto! Pare de pensar e deixe sua experiência lutar por você!"
Ele ouviu os uivos dos corrompidos se aproximando, mas fechou seus olhos e continuou a se concentrar. Martin esvaziou sua mente buscando dentro de si a magia, o poder que a muito não usava, fazendo-o fluir pelo seu corpo como um rio sobre o deserto. Martin sentiu seu corpo esquentar, ficar mais leve e mais forte, mas ainda não estava nem perto de sua força original.
O guerreiro abriu os olhos no exato momento em que um mago corrompido lançou sua magia de fogo. Martin não pensou, seu corpo se mexeu sozinho, seus olhos identificaram a magia e lerem a sequência mágica, a faca que ele segurava subiu atingindo a esfera de fogo e a arremessando de volta contra o corrompido que voou para fora da cozinha levando consigo outros corrompidos que estavam no caminho.
Mais corrompidos partiram para cima de Martin, que defendeu os cortes de espada com sua faca. Ele não conseguia prever direito os ataques, mas estava conseguindo se defender bem melhor do que antes. Sua espada subiu e aparou uma cutilada aérea, Martin girou rapidamente a mão e girou seu corpo para trás, aparando mais um ataque com a espada.
Quatro corrompidos estavam pressionando o guerreiro com suas espadas em punho, eles atacavam com brutalidade, mas mesmo assim Martin estava conseguindo se defender.
Os quatro corrompidos saltaram adiante descendo suas espadas contra Martin. O guerreiro girou rapidamente sua faca e atingiu a primeira espada lançando o corrompido para o lado, então girou sobre si mesmo e cortou rapidamente para o lado, cortando a cabeça de um dos corrompidos que caiu no chão espirando sangue. O terceiro atacou tão rápido que Martin não teve tempo de desviar e um filete de sangue escorreu de seu peito, mas Martin girou sua faca cortando para o lado e acertou a espada do corrompido de lado, desequilibrando-o com a força do ataque.
Martin avançou para frente com dois passos rápidos e cravou sua faca no pescoço do corrompido, então girou e se abaixou. Uma espada negra passou rente a sua cabeça e Martin encarou o corrompido que tinha uma expressão de espanto no rosto. O guerreiro saltou para frente se levantando e cravou a espada no pescoço do corrompido, girou o corpo para trás e puxou sua faca com força.
A cabeça do corrompido foi arrancada do corpo, que levantou alguns centímetros do chão, e voou pelo recinto até atingir a parede espalhando sangue para todo o lado.
Martin encarou o recinto e viu os corpos dos corrompidos espalhados e sorriu. Ele ainda estava enferrujado, sua maestria com a espada estava muito abaixo do aceitável, mas ele estava se lembrando de como lutar.
O guerreiro saiu correndo até a porta da cozinha e o que viu o deixou preocupado. Diana estava sendo pressionada contra uma parede por uma horda de corrompidos, vários cortes pontuavam a sua armadura de couro e o sangue escorria entre eles. Dois magos estavam preparando uma magia poderosa para lançar contra ela, e se acertassem o alvo, Diana certamente iria bater nas portas da morte.
Martin não pensou, seu corpo agiu sozinho quando as poderosas pernas correram e saltaram adiante. Martin sentiu tanta dor que falhou um passo, não seria tão fácil correr naquela velocidade depois de dez anos de sedentarismo, mas ele ainda assim continuou quando o urro de raiva saiu retumbando de sua garganta.
O guerreiro usou uma mesa como apoio e saltou, caindo na frente de Diana e dos corrompidos que deram um passo para trás, então ele cortou para frente com toda a sua força. As duas esferas de fogo atingiram a faca de Martin e o empurraram alguns centímetros para trás, a lâmina de ferro incandesceu e ele sentiu sua mão queimar furiosamente. O cheiro de carne queimada e a dor que o atingiram foram torturantes, mas Martin apertou ainda mais a espada e colocou toda a sua força no corte, devolvendo as esferas de fogo contra os magos corrompidos.
As explosões de chamas foram poderosas e se espalharam rapidamente. Os corrompidos que estavam perto de Martin e Diana deram mais um passo para trás quando olharam a figura em chamas que os encarava com os olhos roxo avermelhados, com os mesmos olhos da morte.
Martin avançou e desceu sua faca rapidamente contra a cabeça do primeiro corrompido, sangue espirou em cima dele e a cabeça voou para o lado. Martin sentia a dor das chamas que ainda queimavam em suas roupas, mas isso não foi o suficiente para fazê-lo parar. Mais uma vez ele avançou, a espada que vinha na direção dele foi rapidamente desviada para o lado, Martin decepou um braço que espirou mais sangue negro, outra espada desceu contra ele, então outra e mais outra.
O guerreiro não conseguia se defender de todas, algumas furavam sua guarda e o atingiam por todos os lados, mas algo dentro daqueles olhos rugia com uma raiva mortal.
- Eu sou o ferro que forja minha espada . – Martin começou a recitar o encantamento enquanto lutava. Os cortes ardiam desgraçadamente, mas ele grunhiu e não parou. – Meu corpo é o aço, meu sangue arde como fogo em brasa. De minhas mãos, muitas almas já foram colhidas. – Martin sentiu mais um corte em seu braço e isso o fez arquejar e fechar os olhos, mas ele os abriu novamente e continuou quase gritando as palavras. – A morte anda ao meu lado e seu poder é o que sustenta minha espada. Venha a mim, maldição renegada, e traga a morte para meus inimigos com um único corte de espada!
Martin sentiu seu corpo queimar, o tempo desacelerou momentaneamente e o silêncio na taverna foi total, até mesmo as chamas pararam de crepitar e o fogo que assolava as roupas de Martin morreu.
As espadas voltaram a descer contra ele, mas Martin levantou sua espada e atacou com tamanha velocidade que suas mãos apreciam apenas um borrão de movimentos. Em um piscar de olhos todos os corrompidos foram arremessados para trás.
Martin saltou para frente com sua faca e atacou o primeiro corrompido com um ataque na linha da cintura. Sangue e entranhas saltaram adiante e espiraram em Martin, mas o guerreiro nem se deu conta e partiu para o próximo. Uma espada desceu e ele girou atingindo-a de lado, então cortou novamente arrancando o braço de um corrompido, o osso branco exposto em um desafio a Martin, mas ele corrigiu sua postura e atingiu o corrompido com ainda mais força com um corte vertical, dividindo o corrompido ao meio.
Martin passou pela taverna como um demônio trazendo sua foice, passou pela taverna ceifando os corrompidos como trigo seco sem que tivessem chance de atingi-lo novamente. O último corrompido em pé, um mago, arremessou sua magia de fogo contra Martin a queima roupa, mas o guerreiro atravessou a magia com sua faca e a dissipou rapidamente, então sorriu para o corrompido espantando.
Três cortes rápidos foram o suficiente, o corrompido de um passo para trás, sorriu ao perceber que não foi atingido e criou mais uma bola de fogo, mas seu corpo entrou em chamas. Fogo fluiu de um corte no pescoço do corrompido, de outro que dividia seu peito diagonalmente, e de um último que cortava o abdômen dele ao meio. O corpo do mago se despedaçou explodindo em sangue e seus olhos negros e vermelhos, como carvão em brasa carregaram para o inferno o assombro que o mago sentiu.
Martin sangrava por cortes em todo o seu corpo, seu peito, mãos e braços tinham sérias queimaduras e a dor era terrível, mas mesmo assim ele sorriu diante daquela vitória.
- Dez anos antes eu não teria sido atingido uma única vez, e seriam necessários apenas de dez ataques. – Martin grunhiu de dor antes de voltar a falar. – Mas agora foram mais de cem. Eu realmente fiquei velho.
Martin começou a se virar, mas foi derrubado no chão. Uma mão forte como aço puxou o braço do guerreiro para trás e o prendeu. Martin tentou buscar a força que tinha usado antes, mas estava esgotado e ele não conseguiria matar o corrompido que possivelmente tinha prendido ele no chão.
- Então parece que eu estava certa. – Martin teve um sobressalto ao ouvir a voz de Diana logo acima dele. – Você realmente é o assassino do rei.
Martin começou a falar, mas sua visão começou a escurecer. Ele sentiu suas forças serem drenadas e o cansaço o atingiu em cheio, trazendo a escuridão consigo e o obrigando a fechar os olhos.
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