Capítulo 2
Martin já estava cansado de trabalhar na forja, as duas espadas que deveria terminar e forjar estavam prontas a duas horas, mas ele tinha decidido tentar forjar aquele pedaço de metal novamente, e como resultado estava segurando mais um martelo em pedaços.
- Essa passou perto Martin. – Jhon olhou para a parede ao seu lado e encarou o pedaço de aço grudado nela. – Um pouco mais para a esquerda e eu estaria morto, essa é a quarta ou quinta vez?
- A quarta. – Martin soltou o martelo sobre sua mesa de trabalho e suspirou. – Desculpe-me Jhon, eu já devo ter destruído todos os seus martelos.
- Já estamos no segundo estoque deles, mas tudo bem. – O ferreiro mais velho soltou a espada que estava forjando nas chamas e foi até Martin. – Mas que tipo de metal é esse? Eu sempre vejo você tentando quebrar esse pedaço de ferro, mas nunca o vi sequer arranha-lo.
- Mythrin, o metal presente em um núcleo do caos.
- O lendário metal divino? – Jhon se aproximou ainda mais para olhar o pedaço de ferro negro arroxeado que estava sobre a bigorna de Martin. – Você só pode estar de brincadeira, isso é só uma lenda antiga, não tem como ser verdade.
- Mas é real e ainda mais poderoso do que você pode imaginar. – Martin saiu da frente da bigorna. – Tente ver se consegue arranha-lo, mas recomendo que use magia para tentar ou vai acabar com mais alguns martelos quebrados.
Jhon encarou Martin cético, mas ele apenas sorriu e apontou para o metal incentivando Jhon a tentar. O ferreiro mais velho pegou o metal e o levou até a forja arremessando-o dentro das chamas, e as avivou utilizando magia de incandescência para aumentar o calor.
Vinte minutos se passaram e o metal nem mesmo tinha começado a ficar vermelho, continuava do mesmo jeito que estava antes de ser arremessado nas chamas. Jhon franziu as sobrancelhas e encarou Martin com uma careta, então se virou e foi até o armário dos fundos buscar seu carvão especial, o que fez Martin sorrir novamente. Ele tinha aceitado o desafio para usar aquele carvão de alta potência, Jhon provavelmente estava começando a acreditar em Martin.
Três horas se passaram e o metal finalmente estava incandescente, depois de Jhon gastar uma boa quantidade de mana e de carvão para aquecer a forja até que a pedra que a formava começasse a ficar alaranjada. Jhon começou a martelar o metal, a princípio com força moderada para evitar danos futuros, mas ao ver que não estava dando resultado ele aumentou a força e a velocidade das batidas até rachar seu martelo de lingote de coríndon.
- Caramba, essa coisa é dura mesmo. – Jhon passou a mão pelo rosto para limpar o suor e voltou a olhar para Martin. – Se nem meu martelo de coríndon conseguiu arranha-lo, talvez seja impossível forjar esse metal.
- Impossível não é, tenho absoluta certeza disso.
- Bem, então continue tentando. – Jhon fez uma careta para o racho em seu martelo. – Só tente não destruir a forja no processo. Vou terminar aquela última espada para entregar amanhã, então você está liberado por hoje. Vá beber alguma coisa e esfriar a cabeça Martin.
- Tudo bem Jhon, só não se esforce demais.
Jhon fez um sinal de descaso com as mãos enxotando Martin da forja. O Ferreiro tirou seu avental e secou seu rosto e seu peito, que vertiam suor por conta do calor anormal da forja, colocou uma roupa limpa e partiu em direção a taverna de Jake. Ele estava curioso para saber se os soldados voltariam ou não, e se voltassem ele sabia que teria que sair da cidade o mais rápido possível.
O vilarejo estava totalmente iluminado pelas lamparinas a óleo, invenção de um certo viajante desconhecido que se espalhou pelo vilarejo e por todo o reino. Martin andou a passos lentos apreciando a brisa fresca que açoitava seus cabelos até parar em frente a taverna Kiralia, ele respirou fundo e abriu a porta.
Os gritos e a música o atingiram em cheio como se ele tivesse levado um tapa, dificilmente tinha música boa por ali e a animação dos moradores nunca tinha chegado a esse nível. Martin passou seus olhos pela taverna e viu que Jake mal conseguia terminar de encher os canecos de cerveja antes de eles se esvaziarem novamente, mas o sorriso em seu rosto provava que ele estava gostando dos lucros.
Martin saiu andando até chegar em sua mesa de sempre, mas ao chegar perto dele viu que já estava ocupada. Ele franziu o cenho ao encarar a mulher sentada nela, cabelos vermelhos que caiam um pouco abaixo dos ombros, pele branca com ao neve e seios fartos. Martin estava pronto para procurar outro lugar quando a mulher o encarou, e seus olhos dourados fizeram Martin fechar a cara.
A mulher era bonita, bonita até de mais para ser real, e Martin sabia que ela era uma espadachim.
- Algum problema?
- Não. – Respondeu Martin curto e grosso já dando as costas para ela. – Acabei me confundindo de mesa, mas já estou de saída.
- Tem certeza? – Perguntou a mulher com certo desafio, o que fez com que Martin se virasse novamente para encara-la. – Pelo modo que andou até aqui, parece que essa mesa deveria ser sua.
- Engano seu, eu raramente venho aqui.
- Mentiroso! – A mulher encarou Martin com um sorriso acusador e ele rangeu os dentes. – Eu vi quando entrou no salão, várias pessoas dirigiram cumprimentos a você, então não tente me enganar.
- E o que você espera ganhar com isso? Como eu disse, já estou de saída.
Martin se virou para sair, mas a porta se abriu novamente e ele viu os mesmos soldados da noite passada entrarem na taverna. O ferreiro praguejou baixinho, mas a risada em suas costas provou que não foi baixo o suficiente.
- Parece que temos alguém aqui que não gosta de soldados. – A mulher encarou Martin com um sorrisinho cumplice. – Mas espere, você não estava indo embora?
- Desisti e resolvi ficar mais um pouco. – Martin rangeu os dentes mais uma vez e se sentou na cadeira em frente a da mulher. – Afinal, eu não poderia ir embora sem tomar ao menos uma cerveja.
- Não seja por isso. – A mulher levantou a mão e chamou Jake, que veio correndo para atende-la. – Mais duas cervejas Jake.
- É pra já.
Jake saiu andando rapidamente, mas não sem antes dar um sorrisinho para Martin.
- E então, vai me dizer qual é o seu nome? – A mulher escorou os braços na mesa e encarou Martin. – Ou vou precisar descobrir sozinha?
- Meu nome é Martin. – Disse o ferreiro. – E o seu?
- Tão fácil assim? – A mulher falsa cara de decepção e abanou a cabeça. – Os homens daqui são tão fáceis assim?
- Você descobriria com o taverneiro de qualquer jeito, mas ainda não me disse o seu nome.
- Meu nome é Diana. – Ela parou de falar quando Jake chegou com as cervejas. – Acho que você deve saber quem eu sou.
Martin se preparou para falar, mas foi impedido pelo som estridente que veio de fora da taverna. A porta da taverna explodiu em poeira e farpas, as pessoas ficaram em silêncio total até verem o que tinha causado tal alvoroço. O corrompido guinchou novamente e o som foi tão alto que todos na taverna tapara os ouvidos com as mãos, então começaram a correr para todos os lados procurando uma saída.
Martin olhou para o corrompido e o avaliou enquanto se levantava, o mostro tinha a aparência humana, mas sua pele enegrecida o fazia parecer alguém carbonizado, seus olhos eram apenas duas esferas incandescentes e ele tinha pelo menos uns dois metros de altura, mas o pior era a quantidade de energia que ele emanava.
O corrompido varreu a taverna com os olhos e os pousou em Martin, então avançou rapidamente saltando por entre as mesas e pulou sobre Martin que se preparou para lutar, mas o foi impedido por Diana que eu um corte horizontal com sua espada e arremessou a criatura para longe.
Martin encarou a mulher que agora portava uma espada dourada e encarava a criatura com uma concentração absoluta. Martin suspirou agradecendo Diana silenciosamente por não precisar lutar, mas vários corrompidos começaram a entrar pela porta destruída da taverna cercando Martin e Diana e guinchando para eles.
Martin praguejou por ter falado cedo demais.
- Fuja logo daqui você não sabe o que são essas coisas? – Diana falou rapidamente sem desviar os olhos dos corrompidos. – Se não sair agora vai acabar morrendo!
Martin olhou para os lados procurando algo que pudesse usar como arma e encontrou uma faca grande, quase uma faca de casa caída ao lado de sua mesa, e a pegou rapidamente empunhando-a.
Não era o que ele queria, mas era melhor do que nada.
- Prefiro morrer em batalha e fugir e deixar você lutando sozinha.
Diana praguejou contra Martin quando os corrompidos saltaram sobre eles.
O capítulo ficou curtinho, mas se gostarem não esqueçam de comentar e deixar a estrelinha.
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