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Capítulo 20 - Relatório

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Eu poderia dizer que Jace estava quebrado. Que estava fraco e triste  por tanto chorar. Por seguidas noites que não conseguia dormir. Pois é a verdade. Mas ainda assim, todos podiam ter a certeza de uma coisa: Jace estava cansado de tudo aquilo. E é exatamente por isso que a única coisa que poderia fazer, era esclarecer aquele mistério: o caso que estragou sua vida. E que faria o possível para esquecê-lo e continuar sua jornada.

Caminhando com passos firmes até sua mesa no tribunal, de frente ao juiz, ele seguia. Seu rosto apresentava uma feição grotesca e repugnante. As noites mal dormidas revelavam seu mau estado. Ainda assim, utiliza um de seus melhores ternos. Em seguida, despejou uma maleta marrom sobre a mesa, a qual estava repleta de objetos e papéis. 

As testemunhas, o juiz e seu advogado, olhavam para ele com uma certa curiosidade. Só era possível ouvir o som que ele fazia com os objetos, ao contrário ninguém dizia uma só palavra, apenas observavam seu próximo passo.

Organizando cada coisa em exposição na mesa, coloca a maleta no chão e diz por fim:

— Estou pronto. — ergue seu corpo e rosto, encarando o juiz.

— Muito bem... — responde do alto da tribuna. — Pode começar.

Concordando, Jace se coloca no meio da sala, para que tanto o juiz e as testemunhas pudessem ouvi-lo e vê-lo. Com um sorriso triste começa a dizer:

— Creio que durante todos esses anos de carreira... Todos estes 10 anos, nunca vi nada como isto. Estava acostumado a prender assassinos e traficantes, mas nada tão impressionante. — se recompõe. — Se é que é esta a palavra certa para descrever... — seguiu até a mesa, pegando um dos papéis. — Lhes apresento o relatório do crime: o assassinato de Charlotte Wells.

Com muita precisão, continua falando e apresentando as provas do caso, aos presentes:

"Tudo começou em 17 de junho de 1963. Uma sexta-feira. Uma festa estava acontecendo no salão de festas da escola. Uma espécie de "Show de talentos", que acabou virando um show de horrores. Quando uma garota iria começar a cantar e as cortinas se abriram, lá estava pendurada no alto do palco, presa em uma corda, Charlotte Wells. É aqui, caros senhores e senhoras, que o mistério começa."

"Em minha investigação com meu irmão, constatamos diversas coisas. A primeira, era de que a vítima cometeu um suicídio e alguém a assassinou ao mesmo tempo. Podem estar pensando... Este policial é realmente maluco... Mas foram estes fatos consecutivos que me deixaram assim. O corpo da vítima possuía marcas de correntes e não de cordas. O que nos levava a crer, que morrera antes e alguém a levou para o palco. O suicídio que eu acreditava ter acontecido, era pelos olhos vermelhos e seus dentes amarelos, que revelava um possível vício de alguma droga. Alguma droga tão perigosa, que nem mesmo a polícia sabia que existia: uma mistura de cocaína com LSD."

"Antes de lhes apresentar as provas, quero dizer sobre minhas primeiras suspeitas, até descobrir que minha futura esposa e meu irmão estavam envolvidos. Um dia após o incidente, entrevistamos pessoas do instituto e fora dele, que estavam presentes na festa. Pois o criminoso queria ver o resultado de seu trabalho com seus próprios olhos. 9 alunos que afirmaram minha suspeita, mas ainda assim acreditava que poderia haver alguém além disso. Victória, Mary, Josh, Mabel, Rosa, Adam, Arnold, Brian e Ravi, foram vítimas de um jogo. Um jogo organizado por estes criminosos que mataram Charlotte. Era uma espécie de ameaça. Eles tinham que contar a verdade ou eram mortos. Mas como podem ver, infelizmente contando a verdade ou não, foram mortos da mesma forma que Charlotte. Um Serial Killer por trás de tudo isso. Meu irmão..."

"Ele havia colocado provas, como o óculos de Charlotte ou as fotos de respectivos segredos de alunos, para que eu acreditasse e prendesse Mary. Fui tão cego, que não vi que meu irmão, incessantemente fazia de tudo para que eu saísse do caso. Mas como não conseguiu, preferia estar a par de tudo, investigando comigo. E como disse... Um grupo deveria ter feito tudo isso, com no mínimo 2 pessoas. Pois seria inacreditável que apenas uma pessoa orquestrasse toda esse crime."

"Estes nove alunos, estavam envolvidos com a máfia de alguma forma. Não sabiam que proporção o jogo chegaria, até que, os que os ameaçaram, mataram John Kennedy."

Victória: seu pai era um mafioso e sua mãe a matou. A senhora Smith se matou, logo após. Ontem vimos que aquele senhor que matou meu irmão, enquanto ele era transferido para a delegacia, é o pai de Victória. E estava com raiva por terem matado sua ex esposa.

Ravi: era pago pelo pai de Victória, para vigiá-la.

Josh: filho de um político racista, que pagava aos mafiosos para ter proteção contra gangues menores que os ameaçavam.

Adam: seu pai também é um mafioso, que trabalha para o pai de Victória. Adam apresenta um grande vício em drogas e acabou se envolvendo com este grupo de criminosos que disse. Eles se denominam cobradores e fazem o trabalho pesado da máfia. 

Mabel: vendia drogas para pagar as contas médicas da mãe. Possuí descendência alemã e seu pai foi morto, por o denominarem de "comunista", quando na verdade nem seguia esses ideais.

Rosa: fugitiva de outro país, vendia drogas e se envolveu com Charlotte.

Arnold: publicou e espalhou os diversos segredos de todos pelos meios de mídia social.

Brian: foi obrigado a se casar com Charlotte, mas ela foi morta por meu irmão, antes que se casassem. Seu segredo foi revelado por sua mentira, então foi morto.

Mary: foi acusada do assassinato, consegui muitas informações pela sua confissão. Mas ela apareceu morta em sua cela, horas antes do julgamento.

Charlotte: a vítima central. Devia para traficantes maiores. Foi cobrada e como não tinha mais nenhum tostão, foi morta. 

"E dentre este grupo da máfia, estes cobradores, atiradores profissionais, dois deles planejaram todo o mistério para que ficassem marcados na história. Meu irmão, Oswald ou Fred, como preferirem chamá-lo. E uma mulher. E ao contrário do que muitos acharam, A senhora Smith não foi culpada. Era ameaçada constantemente debaixo do meu nariz... E eu nem percebia. Por isso, queria se sacrificar para que sua filha pudesse viver. De nada adiantou, pois teve de matar a própria, assim como a si mesma." 

"Susy, é a verdadeira mulher que está a solta. E se não conseguirem pegá-la, tenho certeza de que será nosso fim."

— E o que sabe sobre ela? Tem alguma informação que nos ajude...? — o juiz pergunta, fascinado pela história.

— Consegui todo o paradeiro. Sua vida, até chegar ao crime. Mas ainda não tenho ideia, de onde ela está. — Jace respondeu.

— Prossiga, então. Qualquer detalhe é essencial.

"Susy teve uma infância perturbada. Seu pai bêbado, batia em sua mãe. E pra descontar o seu ódio, matava qualquer tipo de animal que encontrava em seu terreiro. Desde um inseto á um animal de médio porte. Sabemos que este, é um dos primeiros fatos para identificarmos um psicopata. Quando ele mata até mesmo seu animal de estimação. Matou seu gato sem remorso algum. Além de disso tudo, sofria bullying na escola, a tornando mais introspectiva ainda. E em um ato cruel, matou seu pai com uma faca. Sua mãe com medo da garota, chamou a polícia na época. Isso seria cerca de 12 anos atrás. Foi levada a um orfanato, se formando anos depois em letras. Mas seus velhos hábitos voltaram a surgir. E jurou vingança aquela escola."

"Matou suas antigas colegas de escola, sendo presa imediatamente. Foi aí que meu irmão teve contato com ela. Um traficante ofereceu um trabalho pros dois: seriam cobradores. Uma dupla excêntrica de uma psicopata com um serial killer. Coisa boa não resultaria. O traficante pagou a fiança dela e os dois começaram a trabalhar. Foi então que Fred propôs o jogo para ela, sabendo que ganhariam dinheiro com isso e um pouco de diversão."

"Digo, que seu verdadeiro nome é Tracy. Estava com identidade falsa e aparência mudada para conseguir dar aula na escola e se aproximar dos alunos. Tracy e Oswald, manipularam estes jovens por meio destes jogos cruéis. Oferecendo dinheiro em troca de tarefas ou os ameaçando para não contarem seus segredos. No final, todos tiveram o mesmo fim. Infelizmente estão todos mortos, menos ela. 

"Consegui todas essas informações por meio de antigos relatórios da polícia, no orfanato, alguns no diário de Brian e confissões de envolvidos. Foi quando conseguimos prender o Senhor Smith e todos os seus empregados, que juntei as peças que faltavam."

"Já a morte de John Kennedy é um mistério. São tantos envolvidos que não acreditariam em mim, se contasse. Mas... Direi o que penso a vocês: vários pagaram para máfia, para terem seus melhores atiradores em ação. Tracy e Fred. Ela fora mais esperta e fugira, enquanto meu irmão foi preso. E se perguntarem quem pagou para aqueles mafiosos, eu digo o seguinte: todos os que tinham poder. O chefe da máfia, o vice-presidente, o ditador cubano, os comunistas, a Cia e o FBI, todos queriam ver o presidente morto. Lançando sobre ele e sobre sua família: 'A maldição dos Kennedy', o qual mataria, toda sua descendência."

— Este... — Jace terminou dizendo. — Foi o caso, do assassinato de Charlotte Wells.

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