Capítulo 17
A tensão no ar era palpável quando Daryl e Carol voltavam para a comunidade. Carol, sempre inquieta, resmungava sobre a utilidade de todo aquele treinamento.
— Precisamos estar preparados! — Daryl respondeu, sua voz firme, mas carregada de cansaço.
— E para quê? — Carol retrucou, sem esconder a frustração que sentia com toda aquela preparação constante para um perigo que, às vezes, parecia distante demais.
Mas antes que pudessem continuar a discussão, um som abafado de algo se chocando contra a terra, seguido pelo cheiro inconfundível de fumaça, fez com que ambos se entreolhassem, o alarme se acendendo instantaneamente em suas mentes. Sem precisar trocar palavras, eles guiaram seus cavalos rapidamente na direção da confusão que estava se formando.
Quando finalmente chegaram, viram o caos desenrolando-se à frente. O fogo estava se alastrando pela floresta, ameaçando consumir tudo ao redor. Pessoas corriam para tentar conter as chamas, enquanto Michonne, com sua voz autoritária, gritava para que as crianças fossem levadas ao mar, onde as sereias poderiam protegê-las.
— Crianças ao mar, agora! — Michonne berrava, guiando as crianças com urgência enquanto as chamas avançavam.
Elana estava no meio da confusão, ajudando os demais a lutar contra o incêndio, mas algo estava errado. O calor intenso parecia estar drenando suas forças, sua magia sendo consumida e enfraquecida pelas chamas. Ela recuou, ofegante, o rosto pálido e os movimentos cada vez mais lentos.
— Ela está passando mal! — alguém gritou, a voz cheia de pânico.
Rosita correu até Elana, percebendo rapidamente o que estava acontecendo. — A mata está sendo queimada, e ela é uma bruxa verde! — explicou Rosita, lutando contra o desespero enquanto segurava Elana, que desmaiava em seus braços.
Daryl chegou a tempo de ver Rosita tentando amparar Elana. Seu coração disparou, e ele correu para ajudar, a preocupação estampada em seu rosto. Ele sabia que a ligação de Elana com a natureza era profunda, e o fogo não era apenas uma ameaça física, mas algo que a estava destruindo de dentro para fora.
— Precisamos tirá-la daqui! — Daryl disse, a voz urgente enquanto pegava Elana nos braços, seu olhar passando rapidamente para o fogo que continuava a avançar.
— Temos que apagar isso rápido! — Carol exclamou, já se virando para ajudar a organizar os outros, sua frustração de antes esquecida diante da nova ameaça.
Enquanto Daryl carregava Elana para longe do fogo, ele sentia o peso da responsabilidade. Não apenas pela comunidade, mas por ela, por tudo que ela significava para ele. Ele a levou para um local seguro, longe das chamas, tentando ao máximo protegê-la daquele perigo que parecia incontrolável.
...
No meio de seu desmaio, Elana foi arrastada para um pesadelo sombrio. No sonho, o Bruxo das Sombras se aproximava com um sorriso cruel, suas palavras ecoando como uma profecia sinistra.
— Logo tudo será meu, Elana. Meu poder vai tomar conta de todos, e você verá cada um deles perecer... — A voz dele era gélida, cheia de uma malícia que fazia seu coração congelar.
Elana era forçada a assistir enquanto a morte de seus amigos e aliados se desenrolava diante de seus olhos. Michonne, Carol, Rosita, todos caíam, consumidos pela magia negra. Mas o que realmente a quebrou foi a visão de Daryl, seu companheiro, sendo tomado por aquela mesma escuridão. Ela o viu se transformar lentamente, a magia maligna o consumindo até que ele se tornasse uma criatura horrenda, um zumbi, sem vida nos olhos, sem esperança.
O desespero tomou conta dela, e ela tentou gritar, mas sua voz parecia perdida na escuridão. Quando Daryl, em sua forma corrompida, começou a se aproximar dela com olhos vazios e sem alma, Elana não conseguiu conter o pânico que a envolvia. O grito finalmente saiu de sua garganta, um som desesperado que ecoou no vazio.
— Daryl! — ela gritou, o terror transbordando.
De repente, Elana acordou com um sobressalto, o grito ainda preso em sua garganta. A realidade voltou devagar, e ela percebeu que estava deitada em uma cama macia, um cachorro descansando calmamente em suas pernas. A sensação de estar novamente respirando sem dificuldade trouxe um alívio imediato, mas o medo do pesadelo ainda pairava no ar. Seus olhos se ajustaram ao ambiente, e então ela viu Daryl, sentado perto, parecendo focado em sua besta.
— D-Daryl? — Sua voz saiu fraca, ainda tremendo levemente do que acabara de vivenciar.
O susto que ele tomou com sua voz a fez soltar uma risada baixa, uma mistura de alívio e ternura. Daryl se recompôs rapidamente, seu olhar preocupado encontrando o dela. Ele se levantou, indo até ela, e, com uma gentileza surpreendente, tocou as maçãs do rosto de Elana, verificando se ela estava realmente bem.
— Você está segura agora — ele murmurou, tentando confortá-la, mesmo sem saber o que a atormentava.
Elana assentiu levemente, tentando se livrar do resquício de medo que ainda estava em seu coração. Estava grata por estar ali, viva e ao lado dele, mas a visão do pesadelo não a deixava. Mesmo assim, naquele momento, o toque de Daryl era a única coisa que a ancorava na realidade, e isso lhe deu forças para afastar o terror que sentia.
...
Eles voltaram para Alexandria.
Após o retorno a Alexandria, Daryl foi rapidamente chamado para uma missão urgente com Carol e Michonne. Embora ele não quisesse se afastar de Elana, que ainda estava fraca por causa da recente queimada, ela garantiu que ficaria bem. Lydia, por outro lado, estava animada com a chegada de sua amiga, pois sentia falta de Elana e estava ansiosa para passar tempo com ela.
Nos dias em que Daryl esteve ausente, Alexandria foi surpreendida por um ataque do Povo das Sombras. A ameaça foi repentina e devastadora, e a comunidade teve que reagir rapidamente para se defender. Mesmo ainda debilitada, Elana se juntou à luta ao lado dos outros, utilizando o pouco de sua magia restante para ajudar a proteger o povo. Lydia, determinada a mostrar seu valor, também se uniu aos defensores, lutando corajosamente ao lado de Elana.
No entanto, a batalha se intensificou de forma preocupante. Gabriel e Aaron, preocupados com a segurança de Lydia, decidiram que a melhor maneira de a proteger era levá-la para a prisão de Alexandria, onde ela estaria segura. Lydia resistiu, querendo continuar a lutar ao lado de Elana, mas os dois homens foram firmes, arrastando-a para o local seguro contra sua vontade.
Elana, vendo Lydia ser levada embora, sentiu uma mistura de alívio e frustração. Ela sabia que era o melhor para a jovem, mas o desejo de lutar juntas e proteger aqueles que amava a deixou dividida. Com a situação ficando cada vez mais perigosa, Elana se manteve firme, determinada a proteger Alexandria e seus habitantes, mesmo que isso significasse enfrentar o Povo das Sombras sozinha, até que Daryl e os outros retornassem.
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