*Minatozaki Sana*

- Então? Como vai ser?

- Eu... Eu aceito.

Falei essas últimas palavras sentindo um peso imenso dentro de mim, mesmo não tendo um coração humano, eu ainda sinto bastante.

Suzy me lançou um sorriso satisfeito e bateu palmas contente.

- Muito bom, é ótimo fazer negócio com você, Saninha. - Abaixei a cabeça, apertando meus punhos.

Minha intenção jamais seria essa... Se eu tivesse outras opções.

- Vamos, anime-se, você conseguiu proteger sua humaninha - Levantei a cabeça e a olhei - Contato que não faça nada que não deve, tanto ela quanto você, estarão seguras.

- Sim...

- Então ótimo, eu já vou indo - Ela diz passando por mim - Ah, mais uma coisa - Ela se vira para mim novamente - Lembre-se que estarei de olho em tudo, então não adianta tentar me enganar.

Por fim, a Bae saiu me deixando sozinha com meus pensamentos ruins.

Ela estava certa, o que eu poderia fazer? Enfrentar ela e ter Momo tirada de mim de qualquer maneira? Não!

Serei forte, não importa o quão agonizante será para mim, a segurança dela é mais importante.

A minha segurança? Isso não me importa.

O que eu não poderia aguentar é colocá-la em mais perigo do que já fiz.

Hirai Momo tornou-se o meu mundo e sem um mundo, não tem sentido existir anjo protetores.

Voltei até o setor de trabalho onde Momo trabalhava cansada em sua mesa.

Suspirei pesado, ela parecia exausta e tensa, tudo por minha causa.

Vooei até ela e me coloquei em pé atrás da mesa da mesma, Momo continuou a trabalhar como se não tivesse me visto, isso me aliviou, afinal, eu não queria ignorar ela agora.

Ela já está estressada o suficiente.

A hora passou lentamente, tanto para mim que estava nervosa, tanto para Momo que estava com raiva.

- Vamos embora, Sana. Minha cabeça está para explodir. - A olhei preocupada - Não literalmente, vamos.

Ela pegou a bolsa e saiu sem olhar para trás, a segui em silêncio e de certa forma, Momo me agradeceu por isso, ela não estava com ânimo suficiente para manter uma conversa.

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Chegamos em seu apartamento, Momo se jogou no sofá sem tirar as roupas e bufou.

- Aí, odeio aquele lugar, principalmente aquela puta da Manobam, porra! Desculpa amor, mas eu não consigo não falar palavrões quando penso naquela vadia!

Não respondi nada, apenas me sentei na poltrona dali e estalei os dedos fazendo um copo de água aparecer na mesinha ao lado dela.

- Como aquela idiota consegue tudo que quer? Será que ser uma vadia trás tantos benefícios? É só abrir as pernas pra aquele otário e pronto, é capaz dela ser promovida antes de mim, não é injusto, amor?

Novamente não respondi, Momo abriu os olhos e viu o copo de água e sorriu.

- Obrigada, gatinha - Ela sentou-se e bebeu a água.

Olhei em volta, brincando com meus dedos.

- Melhor eu não pensar demais e ir tomar um banho, pode por comida para o Boo, amor?

Visto que eu estava a ignorando ela, Momo me olhou franzindo o cenho.

- Amor? Não está me ouvindo? Ei! Sana... - Ela caminhou até mim - Amor... O que aconteceu? Está preocupada? Eu estou bem, sabe que as vezes fico séria assim por causa do trabalho.

Suprimi as lágrimas que queriam sair de meus olhos e tentei permanecer o mais neutra possível.

- Sana? - Ela balançou a mão na frente do meu rosto - O que aconteceu com você? Está bem?

Suspirei, visto que ela não iria parar de falar, a olhei e assenti sorrindo.

- Ah bom, achei que tinham feito algo ruim com você também, vou banhar, dá comida ao Boo por mim?

Assenti novamente, ela sorriu me deixando um beijo em minha bochecha e saiu dali.

As lágrimas foram descendo discretamente, enquanto eu caminhava até a cozinha e colocava a ração para o Boo.

O cãozinho veio até mim e me olhou confuso, me perguntava se ele conseguia entender o que eu estava sentindo.

- Oh Boo... Isso vai ser tão difícil, ela vai ficar maluca quando ver que eu não vou mais responder ela... E isso me machuca muito também.

- Au au!

- Você também vai ficar triste? É, eu entendo...

O cãozinho lambeu minha mão me fazendo sorrir pequeno.

- Se tivesse um jeito menos doloroso, mas isso só poderia acontecer se ela não me visse...

De repente, uma ideia brotou em minha mente, uma ideia que poderia ser muito arriscada, mas que com certeza, faria as dores da minha namorada e as minhas, menores.

- Boo, é isso! Ela não vai me ver... E se ela não me ver... Ela não vai ficar tão mal não é? - Boo choramingou - Eu também não quero isso, mas é o melhor...

- Au!

- Cuida dela por mim? Hum? - Beijei o topo da cabeça do animalzinho. - Eu confio em você, pequeno, agora vou deixar algo pronto para ela comer.

Momo não demorou a sair do banheiro vestida com um pijama com estampa de pêssego.

- Huum, que cheirinho bom, obrigada pela refeição, amor - Ela falou de sentando na cadeira e começou a comer a sopa de algas que eu tinha feito, quer dizer, o meu poder que fez.

Não posso mais cozinhar para ela...

Durante o jantar, Momo me fez diversas perguntas e comentários, foi quase impossível responder tudo com apenas um sorriso ou simples assentir de cabeça.

Quando a Japonesa acabou de comer, levou o prato para a pia e iria lava-lo, porém, usei meu poder e limpei tudo rapidamente.

- Como é bom namorar uma anjinha - Ela brincou - Você está tão quietinha, o dia foi estressante para todos né? Bom, eu vou indo dormir, amor, amanhã a gente vê algum filme tá bom?

Assenti, ela me deixou um beijo nos lábios, este que fiz questão de separar quase que dê imediato.

Eu quis provar pela última vez aqueles lábios antes de partir.

- Boa noite, Sannie.

- Boa noite... Moguri... - Falei com a voz baixa.

Observei a garota entrar no quarto e fui até o meu colchão, deixando mais lágrimas saírem.

- Isso tudo é demais para mim... Mas eu passaria por tudo novamente... Por ela.

Deitei no colchão abraçando o lençol com o cheiro da minha namorada e esperei até que ficasse um pouco mais tarde.

Me levantei, levando comigo o lençol e caminhei até o quarto de Momo, atravessei a porta e a olhei dormindo profundamente.

- Sentirei sua falta... Meu amor... Eu te amo... Muito mesmo...

Deixei um beijo em sua testa com cuidado e fiz um carinho em seu rosto.

- Você estará em boas mãos... - Sussurrei.

Sai dali da mesma forma e parei no caminho para olhar o pequeno Boo dormindo.

- Até mais, pequeno... Também sentirei sua falta...

Sai dali sem que o pequeno acordasse, ele iria latir e Momo acabaria ouvindo.

Olhei em volta, guardando na memória os detalhes deste apertamento que em pouco tempo, se tornou um lar para mim.

Respirou fundo e sai voando pela janela até o meu destino.

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Vooei até um prédio com dois andares a mais do o de Momo, ele parecia ser pouca coisa melhor que o de lá.

Atravessei as paredes e pude ver que algumas pessoas estavam pegando elevadores.

- Já ganha de lá por ter isso - Brinquei e continuei voando, a procura de uma pessoa, ou melhor, de uma anjinha.

Atravessei a porta de um apartamento no quinto andar e me deparei com uma figura conhecida comendo salgadinhos no sofá enquanto assistia televisão.

- Mina? - A mesma se assustou de início ao me ver.

- Sannie? O que está fazendo aqui? Como me achou?

- O prédio eu sabia, Momo já tinha falado disso em uma conversa com Chaeyoung, o apartamento... Eu saí procurando.

- Não faça mais isso, pode ver o que não quer... Falo isso por experiência própria - Ela respondeu fazendo careta.

- Mina... Não te conheci assim.

- Olha quem fala... Saiu até para tomar sorvete.

- E você está comendo salgadinhos... - A Myoui corou. - Enfim, eu vim aqui porque preciso muito da sua ajuda, Minari...

- Deve ser muito sério ao ponto de ter vindo...

Assenti e me sentei ao lado dela no sofá.

- Suzy, ela me encontrou no trabalho das meninas e me ameaçou.

Comecei a falar sem mexer a boca, como? Estava falando por telepatia com minha amiga.

Não iria arriscar que a Bae escutasse o que tenho para falar.

Mas Suzy não iria ouvir assim mesmo? Não, só posso fazer telepatia com alguém se estiver olhando nos olhos dela.

- O quê?! - Mina arregalou os olhos em choque.

- Ela vem me observando, Mina, ela sabe de coisas demais... E eu estou com medo...

- Medo?... O que ela pode fazer? Não... Não me diga que ela vai contar que a Momo pode te ver...

- Não só isso... Ela vai contar tudo que viu Momo e eu fazemos... Exatamente tudo...

- Como assim tudo? Vocês apenas agem como amigas não é?

Me controlei para não desviar o olhar, eu tinha que permanecer neutra e firme, Mina ainda não sabe do meu relacionamento.

Não quero envolver outra pessoa importante para mim, nisso.

- Sim... Mas ela disse que vai contar aos arcanjos, ela tem fotos... Provas... Eu estou completamente perdida...- Mina suspirou apreensiva.

- Então... O que faremos? Ela pode estar nos olhando agora? - Mina começou a procurar com a cabeça.

- Talvez, mas eu tenho uma ideia que pode ajudar... Eu quero que você troque de lugar comigo.

- Como é?

- Você... Você vai ser a protetora da Momo e... Eu da Chaeyoung. - Mina tombou a cabeça, confusa.

- Sana... Você enlouqueceu de vez?

- Suzy não falou nada sobre você e se você agir normal com a Momo, ela não vai fazer nada.

- Ela sabe que Momo pode me ver?

- Não tenho certeza, mas é mais seguro, eu não confiaria em mais ninguém, Mina... Eu só posso contar com você...

- Sana, isso é muito arriscado e nem sabemos qual será o próximo passo daquela víbora em forma de anjo...
- Suspirei pesado.

- Vamos fazer com que ela acredite que eu me separei da Momo de uma vez, que a abandonei.

- Isso não vai ser mais uma coisa usada contra você? - Neguei.

- Tudo que ela quer, é me ver mal... E longe da Momo, então, vamos dar isso a ela.

Mina pensou um pouco, eu sabia que não era uma proposta fácil e que isso poderia causar problemas ainda maiores.

Mas ainda assim, o principal objetivo de Suzy estava sendo atendido, Momo e eu vamos estar separadas.

Ela quer que eu entre para o plano dela? Pois bem, farei com que ela entre no meu plano.

- Então... Você aceita trocar de lugar comigo, Minari?

- Isso é uma situação bem delicada mas... Eu jamais te deixaria sozinha nessa, você é minha melhor amiga. Então é claro que vou ajudar.

Sorri grande e abracei Mina, fortemente, a garota me abraçou na mesma intensidade.

Sou a anjinha mais abençoada por ter uma amiga como ela.

- Não sabe o quanto isso significa para mim...

- Eu posso ver isso nos seus olhos... - Ela sorriu - Vou cuidar bem dela, faça o mesmo com a Chaeyoung.

- Prometo que irei.

- Certo... Só queria saber o que tanto incomodou a Suzy, vocês só são amigas, é estranho.

- Ela é amargurada... Nunca vamos entender.

- Você tem razão... E esse lençol?

- Eu só não quero sentir tanta saudade...

- A amizade de vocês é muito linda. - Sorri corando.- Bem, vamos com isso. - Mina exclamou firmemente.

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Depois de mais uns minutos discutindo os detalhes, Mina partiu para o apartamento de Momo e eu permaneci ali.

Me deitei abraçando o lençol de Momo e olhei em volta, essa seria minha nova casa, talvez temporária, mas ainda assim seria.

Me sinto mal por esconder uma parte da verdade para Mina, mas no tempo certo, serei eu que irei contar.

Só espero que Deus proteja elas... Pois eu não posso mais fazer isso.