*Hirai Momo*

A noite anterior tinha sido muito estranha, uma galinha gigante, que na verdade não é uma galinha apareceu...

Eu não sei dizer se foi apenas efeito do álcool ou se o trabalho me irritou tanto, ao ponto de agora estar vendo coisas.

Abri meus olhos e já estava de manhã, estava tão cansada que mesmo com medo daquela coisa, eu consegui dormir rapidamente.

Me levantei me espreguiçando ainda de pijama e fui até o banheiro escovar meus dentes.

Me olhei no espelho e nossa, eu estou horrível.

Minhas olheiras estão mais que aparentes e meu cabelo estava parecendo que vi um fantasma.

E de fato vi, na verdade não é bem um fantasma...Ah! Aquela garota me deixou louca.

Terminei de escovar os dentes e já fui para o box tomar um banho e logo após, vesti meu terninho social e sai em direção da cozinha.

Chegando lá, já estava pensando no cheirinho dos ovos fritos e o café fresquinho.

Meu estômago roncou só de pensar e minha boca já salivava.

Entrei na cozinha e então me dei conta que não era apenas em pensamento...Eu estava sentindo cheiro de ovos e café!

- Ah não...não não...não é possível...

Murmurei atordoada, aquela garota que eu não sabia se era real ou não, ainda estava aqui.

E ainda por cima fazendo meu café da manhã como se já fosse de casa.

- Oh, bom dia dorminhoca, achei que iria precisar te acordar - Ela falou simplesmente.

- O que ainda faz aqui? Eu achei que tinha deixado claro que não tinha anjo da guarda nenhum!

- Anjo protetor...

- Foda-se! Eu não tenho nada disso. - Ela suspirou negando com a cabeça.

- Ainda agradeceria se você não utilizasse tantos xingamentos... - Revirei meus olhos - Mas olha, eu também não queria que você me visse...Na verdade nem era para estarmos conversando agora.

- Ae? E porque está acontecendo exatamente o contrário? Sou algum tipo de semi Deus ou o quê?

- Não existem essas coisas - Eu ri.

- Ah claro, mas anjos existem né?

- Bom, eu estou aqui.

- Olha só, garota, vai direto ao ponto. - Ela assentiu.

- Meu dever é apenas te proteger... Mas eu não poderia ser sua amiga ou qualquer tipo de relacionamento de comunicação humana... Eu deveria ser invisível e te ajudar de maneira anônima e imperceptível.

- Quer dizer que você ia morar na minha casa sem que eu visse?

- Mais ou menos isso...

- Merda... Porque certas coisas só acontecem comigo? Eu já não sou azarada o suficiente? - Perguntei irritada.

- Momo, um anjo protetor é um sinal positivo e não negativo, irei te ajudar com o que precisar.

- Eu não preciso de ajuda, ah não ser que seja financeira... Mas eu duvido que um ser como você me ajudasse com isso.

- Você tem razão nesse ponto.... Eu não posso mesmo. - Bufei.

- Viu só? Então você não tem uma utilidade para mim.

- Tenho e você verá qual é, em breve. - Levantei a sobrancelha.

- Você fala como se fosse algo tão simples... Mas ao mesmo tempo diz que eu não deveria ter ver, porque diabos você não lança algum tipo de feitiço de esquecimento em mim? - Ela franziu o cenho.

- Eu não uso feitiços...Eu tenho poderes... - Bufei - Okay...Serei direta... Eu não posso causar um esquecimento em você, seria perigoso e meu dever é te proteger.

- E se mais pessoas te virem? Você vai finalmente me deixar em paz? - Ela negou com a cabeça - Aff...

- Eu não vou te deixar em paz, como você diz, ah menos que seja o dia de sua morte, aí então eu trocaria de humano... Ou melhor, eu receberia um novo humano. - Eu a olhei surpresa.

- Está me dizendo que sabe quando irei morrer?

- Não, a maioria de nós prefere não saber. Uma pena que alguns anjos sofrem com isso por terem se apegado aos seus humanos...- Eu ri.

- Sentimentos de anjo? Parece até piada - Falei rindo - Se vocês são reais mesmo e vivem com Deus, não deveriam ser neutros?

- Não somos seres sem sentimentos... Nós temos nossas vidas lá em cima.

- E o que te fez deixar essa tal vida?

- Eu sempre quis esse cargo... Mas admito que sinto falta da minha família...

- Okay okay, chega de melodrama - Ela me olhou confusa - Esquece, é melhor eu comer logo, já estou atrasada por ficar conversando besteiras com você.

- Estamos apenas nos conhecendo melhor, eu diria que isso é algo bom, vai ser menos tedioso - Ela comentou enquanto eu me sentava.

- Menos tedioso para você e menos paz para mim.

Resmunguei pegando a garrafa de café e enchendo uma xícara que já estava em cima da mesa.

- Espero que goste do café que preparei - Ela falou sorrindo.

- É o único ponto bom que percebi até agora, você fazer o meu café - Brinquei enquanto preparava um sanduíche de ovo.

- Você quer que eu prepare sempre para você?

- Faz parte da sua missão? - Mordi meu sanduíche - Porra, isso tá foda.

- Xingamentos... - Ela choramingou - Mas enfim... Não faz parte, mas como você pode me ver, eu farei de bom grato.

- Hã...Tá né... Valeu.

- Valeu? Valeu o quê?

Meu Deus, que garota lesada.

- Eu quis dizer um obrigada, você realmente precisar aprender a língua dos humanos. - Ela fez um livro aparecer nas mãos dela e começou a ler.

- Anjos também lêem agora?

- Este livro é uma espécie de biografia.

- Biografia? De quem?

- Sua. - Eu me engasguei.

- COF COF COF - Tossi batendo no peito.

Sana veio até mim e tocou minha garganta, me acalmando.

Dentro de segundos, eu não estava mais engasgada.

- Cara, isso foi muito doido.

- Está se sentindo melhor?

- Tô... Valeu.

- Oh agora eu sei. De nada! - Ela respondeu sorrindo.

Até que o sorriso dela é bem fofo, parece uma espécie de animal, mas ainda não sei qual é.

Aish, o que é isso Momo? Essa garota é um ser estranho invadindo sua casa, foco!

Pigarreei e voltei a comer minha comida ignorando a garota ali que apenas continuou lendo o livro.

Falando em animal... Onde está o Boo?

- Boo? Ei Boo! - Chamei o cachorrinho que veio animado e lambeu minha mão. - Está com fome, carinha?

- Não está, eu já o alimentei. - Sana me respondeu.

- Ah mesmo? E ele não te mordeu dessa vez? Se é que isso é possível...

- É possível, até agora lembro da dor que a sua vassoura causou. - Eu ri.

- Foi mal, enfim, ele não está inquieto como ontem.

- Eu e ele tivemos tempo para nos acostumarmos um com o outro - Ela sorriu - Não é Boo?

O cachorrinho passou por mim e pulou no colo de Sana, que já não estava mais com o livro em mãos.

- Bom garoto - Sana falou brincando com o cãozinho que lambeu seu rosto, arrancando uma risada da loira.

Até o meu cachorro aceitou essa garota aqui?... Okay... O fim do mundo realmente está perto.

----x----

Desci do ônibus na parada que era em frente ao meu trabalho, sendo seguida por Sana que parecia mais uma sombra.

- Nunca visitei um trabalho humano, deve ser legal. - Ela falou animadamente e então me virei para ela.

- Vamos deixar uma coisa muito clara, eu não quero saber de você me atrapalhando aqui, entendeu? - Ela assentiu.

- Pode deixar, eu não vou atrapalhar.

- Bom mesmo, eu já estou me arrependo de ter deixado você vir... Então não me faça me arrepender ainda mais.

- Fique tranquila, anjos são muito organizados e respeitosos.

- Estou começando a duvidar dessa última parte... - Sana tombou a cabeça em dúvida - Esquece...

Olhei para o lado e algumas pessoas estavam entrando na empresa enquanto me olhavam e cochichavam.

Que maravilha, agora estou sendo motivo de piada.

- Eu mereço... - Resmunguei e entrei dentro da empresa com a garota logo atrás.

Caminhei até a minha mesa e me sentei na cadeira, recebendo um tapinha na cabeça de Chaeyoung.

- Olha, não é que é você mesma, pela primeira vez chegando no horário - Chaeyoung brincou rindo.

- Bom dia para você também, Chaeyoung.

- Não seja tão resmungona logo cedo, Moguri, aliás, deveria estar bem calminha depois da nossa noite. - Eu corei.

- Não me venha com essa, Son, é capaz de ter me deixado pior.

- Você é sempre tão delicada comigo né? - Ela riu - Na cama então... Nem se fala.

- Vocês dividem a mesma cama? Eu não vi ela lá na sua casa. - Ouvi Sana perguntar.

Por um segundo eu esqueci que tinha uma sobra viva me observando.

- Não é do jeito que você está pensando, Sana... - Sussurrei.

- Você me chamou pelo nome, já é um avanço - Ela brincou - Mas então? Ela é sua amiga?

- Você não disse que não ia atrapalhar?! - Perguntei num tom mais alto, tom esse que pode ser ouvido por Chaeyoung.

- Está falando com quem, Momo? - Chaeyoung olhou para minha mesa.

- Não é nada... - Sorri sem graça, a garota deu de ombros e voltou a trabalhar.

- Viu só? Daqui a pouco vão me chamar de louca, então é melhor que não fique conversando comigo - Reclamei sussurrando.

- Peço perdã- Minariii!!!!

- Sannie!

Franzi o cenho observando Sana e outra mulher se abraçando.

O que é isso agora? Uma infestação?

A garota estava vestida de branco assim como Sana e tinha longos cabelos pretos.

Ela era bem bonita, mas facilmente eu a confundiria com uma assombração.

- Sannie! O que faz aqui? Que bom te encontrar! - A garota exclamou sorridente.

- Eu vim aqui porque minha humana trabalha aqui e você??

- A minha também!!

Elas novamente se abraçaram enquanto gritavam de animação.

- Mas será possível que não podem ficar quietas?! - Gritei chamando atenção das pessoas ao meu redor - Desculpem...

- Momo, cê tá bem mesmo? Deveria beber uma água... É a sua ressaca? - Chaeyoung perguntou preocupada.

- Está tudo bem... Eu acho... - Sussurrei a última parte.

- Sannie, essa garota acabou de falar com a gente?? - Sana assentiu.

- Ela pode nos ver, Mina... - A tal Mina arregalou os olhos.

- O quê?! Mas como?! Sana! Isso é extremamente proibido!

- Eu sei! Mas eu também não sei porque e como ela consegue...

- Aí...Você está com problemas, eu estou com problemas... Estamos com problemas! - A garota disse desesperada.

- Mina!!!!

- Sana!!!!

Elas se abraçando choramingando.

Bati na minha própria testa e deitei a cabeça na mesa.

Esse trabalho já é estressante o suficiente, agora com duas matracas mágicas me perturbando ficou ainda pior!