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Lar, doce lar

Lar doce lar

Como eu previa, minha avó estava enganada. Dormir, acordar e até mesmo conhecer a minha nova escola, não serviram pra esquecer o Alec.

Sobre o colégio, bem eu já tinha terminado o ensino médio no Brasil, mas como o ensino e a cultura aqui eram tão diferentes. Meu pai me inscreveu num sistema educativo para imigrantes e eu cursava o quarto ano do High School americano e com isso, teria a oportunidade de tentar uma das disputadas bolsas em alguma universidade. Do contrário, teria de arranjar um emprego pra tentar pagar um curso. Como disse, meu pai não tinha uma condição financeira das melhores.

Tirando a quantidade considerável de imigrantes asiáticos e indianos, a Jacksonville High school parecia ter sido retirada de uma das séries de TV que eu costumava assistir.
Um casarão gigantesco de três andares, com muitas janelas e tijolos à vista. Seu interior era muito bem conservado e iluminado, com corredores largos e armários embutidos de ambos os lados da parede.
 E eu não preciso nem falar da emoção de guardar meus livros, enquanto via garotos com jaquetas esportivas passando por mim, com sorrisos e olhares, quase uma cena de cinema.
E como nos filmes a escola era bem dividida, eu nunca tive uma "turminha". Por ter nascido e crescido em Padre Miguel, meus colegas costumavam ser os mesmos que eu brincava de bola ou fazia bolinhos de barro na rua. Todos se conheciam, mas ali, eu era estranha no ninho e as turmas eram diferentes em cada período. Ah outra coisa, aqui além das matérias curriculares obrigatórias existem uma imensa gama de disciplinas que você pode escolher de acordo com seus gostos pessoais. E meu Deus! Essa ideia é genial. As turmas eletivas e a classe de preparação de imigrantes eram onde eu me sentia melhor. Pessoas com gostos parecidos aos meus e indianos simpáticos, com uma fluência pior que a minha, me davam esperança de me ajustar. Em questão de uma semana eu já havia encontrado minha "turminha".

Noah era um canadense de 18 anos, magro cabelos sob o ombro, mesmo com o calor da Flórida, ele insistia na jaqueta de couro, tinha um ar de "bad boy", mas era um verdadeiro docinho problemático. Estava morando com um tio depois de se meter em muita encrenca no Canadá.
Rachel, a única local do grupo, nascida e criada em Jacksonville, a garota de 16 anos era a esportista, competia em quase todas as modalidades da escola, tinha um corpo bem atlético e uma boca suja que só. Bryan era sírio de pais americanos, o que foi muita sorte porque assim, ele pode vir pros EUA quando os confrontos começaram. De fato ele nunca se ajustou a Síria, mesmo tendo nascido e vivido por lá, era tão americano quanto os seus pais. Um garoto inteligente, sonhava em cursar neurociência no próximo ano e com certeza conquistaria uma bolsa integral.

A escola era incrível, cheia de pessoas interessantes, garotos bonitos, meninas simpáticas outras nem tanto, novidades, realmente empolgante. E acho que estava me saindo bem. Mesmo assim dia após dia eu aguardava Alec passar as 17hrs pela rua, às vezes de bicicleta, caminhando ou patinando sempre na companhia do filho. Também pude notar que ele tinha algumas variações de humor, tinha dias que passava sorrindo, conversando e brincando com Max e outros dava passos largos de cabeça baixa. Eu não tive coragem de perguntar, mas já fazia quase vinte dias que eu o conheci e eu não havia visto nem sinal de fumaça sobre a mãe do garoto. E Aliás, esse era praticamente o único momento que os via, eles realmente não saiam de casa.
No fim de semana era ainda pior, pois não o via nem sequer voltando do trabalho.

Meu pai trabalhava o tempo todo e praticamente só vinha pra casa para dormir. Então eu passava boa parte do tempo sozinha. Porém este fim de semana seria especial, meus meio irmãos viriam de Celebration, uma cidade vizinha, para me conhecer e papai faria um churrasco.

Eu tinha cinco irmãos quatro meninos e uma menina. Dois mais velhos e três mais novos. Estava ansiosa, eu conhecia alguns deles pelo facebook até cheguei a trocar mensagens. Mas eu sabia o que eu representava naquela família. Uma traição. A esposa do papai, ah meu pai se chama Thomas Smith se esqueci de mencionar, era casado a quase 20 anos e pelo que entendi passou a vida em idas e vindas com a mulher e numa dessas ele conheceu minha mãe. Bom ele estava solteiro quando a conheceu, não devia ser um problema, mas ele nunca contou sobre ela ou de mim a esposa depois que voltaram e ela só foi saber, sete anos mais tarde da minha existência. Sim meu pai não é nenhum santo, mas ele estava sendo um cara bacana.

Eu organizei a casa, fiz um pudim e brigadeiros, estava nervosa e feliz em finalmente conhecer meus irmãos, porém as horas foram passando e ninguém apareceu.

Vi meu pai fazer um telefonema irritado nos fundos da casa. Eles não viriam. Senti meu peito se dilacerar. Papai veio com uma cara de pouco gosto e disse que meu irmão mais velho não estava se sentindo bem e como viriam na minivan dele, os outros também não poderiam vir. Eu finjo que acredito, mas sabia que não passava de uma de uma desculpa.

Papai diminui a quantidade de frango e hambúrguer e vai pra churrasqueira preparar nosso almoço. Eu volto pro meu quarto, me jogo na cama e começo a chorar, minha mãe não teve outros filhos, mas minha família no Brasil era unida e numerosa. Cresci rodeada de tios e primos, nossas comemorações eram humildes, mas sempre tinham mais de trinta pessoas na laje, assando churrasco, pão de alho, latas de cerveja e refrigerante em tonéis com gelo. Minha mãe sambando ao som do batuque, que meus primos faziam, crianças correndo enquanto minha avó gritava com todos na cozinha delegando tarefas para tudo sair perfeito. Sinto meu coração apertar de saudade.
Esfrego os olhos, levanto e vou até a cozinha, mais uma vez sinto meu coração disparar. Alec estava ali, bem à minha frente, ele para e me observa um instante antes de voltar a guardar umas pequenas garrafas de cerveja na geladeira.

一Desculpe, eu assustei você? Tom nos convidou pro churrasco 一Diz ele num inglês rápido, virando-se na minha direção e estendendo a mão.

Eu toco a mão dele e ele aperta firme, dá um sorriso e beija meu rosto.

一 Bem vinda a américa 一 Conclui ele passando por mim e indo em direção ao jardim.

Eu fico paralisada, meu coração parece que vai sair pela boca. Já tinha percebido que beijo no rosto não era algo comum por aqui, mas de alguma forma ele sabia que no Brasil era.

Corro para o banheiro lavo meu rosto, passo um pouquinho de pó e blush para esconder a cara de choro, respiro fundo e vou até o jardim.

O cheiro da carne assando já tomou conta do lugar, enquanto meu pai e Alec conversam e dividem uma garrafa de cerveja. Max, está deitado sob a grama brincando com um boneco do transformers. Nós almoçamos, Alec me faz algumas perguntas sobre o Brasil e sobre minha mãe, alguma coisa me dizia que ele já parecia ter ouvido falar muito sobre nós. Quando sirvo as sobremesas vejo os olhos de Max brilharem, o garoto experimenta o brigadeiro e coloca dois ou três na boca, Alec o repreende e elogia meus dotes culinários. Não que seja difícil misturar leite condensado, chocolate e manteiga, mas me senti uma verdadeira "Masterchef" com o elogio.

A tarde com Alec passou num piscar de olhos, muito mais que galante, ele era educado, simpático e prestativo. Foi a primeira vez que um ser do gênero masculino se ofereceu pra ajudar com a louça suja. Geralmente eu tinha que gritar com meus primos pra tirarem a bunda do sofá e levarem os pratos até a pia, e meu pai depois da primeira semana comigo ali, já não fazia questão de chegar perto da cozinha.

一 Você e meu pai se conhecem a muito tempo? 一 Pergunto, puxando assunto. Depois de mais de duas semanas, já estava mais confiante no meu inglês mesmo não sendo lá essas coisas.

一 Sim, sempre morei ao lado. Eu era amigo do Trevor e a sra Smith fazia tortas deliciosas, então eu passava muito tempo por aqui 一 Ele responde enquanto percebo que não tem dificuldade nenhuma em descobrir onde cada louça é guardada.

一Ela não é mais esposa dele, então, não é mais Sra Smith. 一 Corrijo incomodada. Não quero parecer chata, mas a ex mulher do meu pai sempre foi um assunto difícil, minha mãe nunca a conheceu, mas eu sempre percebi o incômodo que ela causava e mesmo sem querer acabei nutrindo o mesmo sentimento.

Alec solta um sorriso amarelo e fala.

一 A Dana é legal, vai gostar dela quando a conhecer.

一 Bom, se nem meus irmãos quiseram me conhecer eu duvido que eu vou conhecê - la.

一 Dê um tempo pra eles. Se acostumarem com a ideia. Logo as coisas se ajeitam.

一 Você tem irmãos? 一 perguntei.

一 Eu tive 一 Diz ele com um pesar sobre os olhos.

一 Desculpa eu não...

一 Ah tudo bem já tem muitos anos. Eu preciso ir. Max tem dever de casa. Até outra hora Caroline 一 Diz ele tentando forçar a pronúncia correta.

一Carolina. 一 Corrijo.

一 Okay Carolina 一 fala finalizando com um sorriso no canto dos lábios que faz meu estômago gelar.

Os dias foram passando, papai e eu descobrimos que tínhamos um gosto parecido pela música. Graças a Deus, como sempre passei um bom tempo com meus avós, tive a chance de conhecer boa música, meu avô era ex boêmio. Vivia escutando discos de vinil com samba raiz, mpb e jazz. Jazz era minha paixão secreta no Brasil, sufocava Billie Holiday e Miles Davis entre playlists de Justin Bieber, Beyoncé e Jonas Brothers. Sempre tive uma certa vergonha de admitir meu carinho pelo jazz, afinal até minha mãe me zoava, quem dirá meus amigos e colegas de classe que idolatravam os Mcs. Não que eu condene isso, ou seja uma daquelas hipócritas, que acham que qualquer gênero que não curtem é uma porcaria. Mas a música pra mim, era pra relaxar escutando sozinha ou com pouca companhia e não da pra fazer isso ouvindo:

" Sou cachorra, sou gatinha não adianta se esquivar. Vou soltar a minha fera eu boto o bicho pra pegar ...."

Sempre preferi algo mais tipo:

"Invento desculpas,

provoco uma briga,

digo que não estou

Vivo num 'clip' sem nexo

Um terror retrocesso

Meio bossa nova e 'rock'n roll"

Sei que não é algo que faria sucesso entre meus amigos, mas com meu pai fez. E o pouco tempo que passávamos juntos era regado de boa música, ele me apresentou cantores de jazz, folk e Rock norte americanos e tive a chance de mostrar a ele que o Brasil não era apenas samba e funk. As coisas iam bem.

Num sábado, preparei uma feijoada, ele adorou e antes de sair pediu pra que eu levasse um prato a Alec. Ele falou algo sobre o Alec não cozinhar quando Max estava com a mãe, mas nem prestei a atenção, tamanha minha empolgação. Arrumei um prato, soltei os cabelos e troquei a blusa, meu pai me deu um olhar curioso enquanto tirava o carro da garagem. Tentei conter a empolgação e reduzi a velocidade dos passos.

A casa do Alec era praticamente igual a nossa, quase todas as residências do bairro pareciam ter sido construídas pela mesma pessoa. Bato algumas vezes e nada. Quando já estou desistindo ouço um barulho na tranca e logo depois ele abre a porta. Parecia ter recém acordado, os cabelos desgrenhados, olhos um pouco inchados, usava uma camiseta velha e uma calça de moletom.

E continua o cara mais lindo do mundo.

Pelo menos pra mim, afinal, dizem que ficamos irracionais quando estamos apaixonados. Talvez até seja verdade, mas certamente eu chamaria de louca qualquer uma que não achasse Alec um Deus encarnado.

" Sem exageros Carol, concentre-se." - Penso tentando não corar.

一 Oi! 一 Ele diz curioso.

一 Eu trouxe feijoada. Papai disse pra mim trazer 一 Digo gaguejando e em português. (A arte de parecer uma retardada, essa eu domino).

一What?- Pergunta ele sem entender nada.

一 Oh Desculpa, meu pai disse pra mim trazer um pouco de comida 一 Respondo no idioma correto estendendo o prato.

一 Obrigado, quer entrar? 一 perguntou ele fitando nos meus olhos.

A casa estava bem escura e bastante entulhada. Havia muitos quadros e fotografias por todas as paredes, ele vai acendendo as luzes e tirando a bagunça de livros, revistas e brinquedos pelo caminho, abrindo espaço entre as caixas e prateleiras.

一 Desculpe a bagunça. Eu preciso jogar umas coisas fora, eu acho. 一 Diz ele enquanto nos dirigimos a cozinha.

一Tudo bem, se você acha que isso é bagunçado é por que não conheceu o quarto da minha mãe. Ela tinha tanta roupa e fantasias velhas, que tinha de dormir no sofá porque a cama estava perdida entre a bagunça. 一 Digo.

一 Sua fluência está bem melhor 一 Observa ele.

一 A escola tem ajudado.

Na cozinha ele guarda o prato no microondas e se põe a preparar um café.

一 Max não está? 一 perguntei.

一 Não, ele foi passar uns dias com a mãe, em NYC.

一 Uauuu. Ela mora em New York? Que sonho! 一 exclamei empolgada.

一 É, a Big Apple é uma grande cidade. Eu vivi lá uns anos, mas prefiro a tranquilidade de Jackson.

一 Por isso voltou?

一Não, meu pai ele tem problemas com bebidas e as coisas não estavam nada bem entre mim e a mãe do Max. Então eu voltei pra tentar ajuda-lo.

一 Seu pai mora aqui? Eu nunca o vi. 一 Digo surpresa.

一Não ele está numa clínica. É mais seguro pra ele.

一 Nossa eu sinto muito. Mas o Max mora aqui certo?

一 Sim, a mãe tem um emprego muito exigente, não tem tempo pra ele.

一 Hum. Que bom que ele tem você, então.

一 Bom. É eu acho. As vezes ele me tira do sério. Mas sou doido por aquele garoto. Fico meio perdido quando ele não está. Café?

一 Sim obrigado. Essas fotos todas são suas? São incríveis. 一 Digo levantando e admirando um painel na parede.

 一Eu sou fotógrafo, na verdade sou arquiteto. Eu tentei entrar no ramo da fotografia, mas acho que em tempo de câmeras que custam mais que um carro e editores gráficos, meu tipo de arte, não é muito apreciado 一 Diz ele olhando com um certo pesar as fotos.

一 Mas são incríveis, tá que fez isso com uma câmera comum?! 一 falei surpresa 一Devia insistir nisso você tem talento.

一Eu já passei dessa fase, tenho uma casa e um filho que não vivem de sonhos. Agora isso é só um hobbie e um dinheiro extra às vezes. Vem eu vou te mostrar meu estúdio.

Eu o sigo pelo corredor até um quarto nos fundos da casa, quando a porta se abre o quarto é enorme, bem iluminado e organizado e decorado. Há uma parede com cortinas com diversos fundos.

一 Vai lá, vamos fazer umas fotos 一 diz ele animado pegando a câmera.

一A não eu. Não tenho como te pagar.

一 Você me trouxe comida, não trouxe? Anda vamos;

Eu caminho tímida até o fundo branco ele faz alguns cliques, mas eu estou tensa. Ele se aproxima e fica ao meu lado, sinto o cheiro amadeirado do perfume dele e respiro fundo sentindo meu peito aquecer. Ele coloca o braço por trás dos meus ombros e pede que eu segure a câmera também.

Smile! 一 Ele diz e clica em seguida 一 Viu não morde. Agora relaxe está bem?

Alec ajusta as luzes e volta a fotografar, ele conversava, elogiava e brincava e em pouco tempo eu já me sentia como uma supermodelo.

Quando terminamos a sessão, vamos até a sala de revelação um quarto e claustrofóbico iluminado apenas por uma lâmpada vermelha. Alec me ensina todo o processo, confesso que não conseguia prestar muito a atenção nos termos técnicos, mas estar com ele fazia eu me sentir nas nuvens.

Minhas amigas do rio morreriam de rir de mim agora, eu sempre fui um pouco fria com relação aos garotos, acho que por ter crescido sem pai por perto e vendo minha mãe trazer um cara pior que o anterior pra casa, eu sempre me policiei para não ser vítima do meu próprio coração. Não que nunca tenha me interessado por alguém, mas finalmente eu estava sentindo aquela sensação que minhas amigas expressavam e que eu achava exagero. No entanto, eram reais e eu sabia disso como nunca. As horas passam sem que possa perceber, quando volto pra casa estou com um sorriso pregado no rosto, literalmente falando, não sabia parar de sorrir, uma pasta com as fotos lindas que ele tirou, mas minha preferida era a que tiramos juntos. Peguei alguns adesivos do meu caderno e fixei a foto dentro do meu closet. Me lanço a cama ainda com os pensamentos em Alec. Meu cérebro dizia que eu devia esquecer dele e eu dei que deveria mas eu poderia?

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