Capítulo 17- Descoberta
⚠️ AVISO: o capítulo a seguir contém linguagem sexual levemente explícita (o livro é para +16, então... 🤷♀️)⚠️
"Acho que morreria se você me ignorar
Um bobo poderia perceber exatamente o quanto eu te adoro
Eu fico de joelhos, eu faria qualquer coisa por você
Eu não quero nenhum outro
Quando eu penso em você,
Eu me toco"
-I touch myself (Divinyls)
🍇🍇🍇
Em 1999, eu tinha acabado de fazer 15 anos quando Mariana me pediu em namoro. A gente saía junto desde os 13 mas não passava de uma amizade. Nunca mais nos beijamos depois de o dia do cinema.
Pedi um tempo pra pensar sobre aquilo e responder depois.
Eu matutava muito antes de dormir. Minha cabeça girava, mas por algum motivo sempre terminava em Julian. Aceitar aquele pedido de namoro de alguma forma parecia errado, mesmo que eu soubesse ser o "certo".
Me questionei muito sobre meus sentimentos. Em relação a tudo. Foi a primeira vez que tive coragem pra fazer isso de verdade. Sem julgamentos. Apenas eu e meus pensamentos.
Logo cheguei a uma conclusão. Pedi para falar com Mariana em sua casa em uma sexta feira. Chovia lá fora e fazia frio. Eu usava uma jaqueta de couro que havia ganhado de aniversário. Sempre me senti muito descolado com aquela jaqueta.
"Mari, nós somos amigos, né?"
"Sim"
"Então, por esse motivo preciso ser sincero com você. Nós não podemos namorar. Acho que é melhor a gente continuar amigo."
"Porque você é gay"
Senti a cor sumir do meu rosto. Engoli em seco. Parecia que eu tinha voltado a dois anos atrás, naquela tarde em que briguei com Julian.
"Como assim? É uma pergunta?", questionei, incapaz de formular mais frases
"Não, né? Dã. Nenhum menino gosta de Madonna. Eu descobri desde que a gente se beijou aquele dia"
"Mas o que tem a ver eu gostar..."
"Olha, vou te explicar o seguinte: se a gente namorar vai ser bom pra nós dois. Talvez você não entenda agora, mas logo vai entender"
Resolvi aceitar o pedido, com a promessa de que a gente não precisava se beijar nem fazer nada do tipo.
Namoramos por dois anos. Logo descobri o porquê seria benéfico para nós dois. Mariana descobriu meu segredo muito cedo, e eu logo entendi o dela. Não que ela fosse gay, a verdade era bem por outro lado. Ela gostava um pouco demais de rapazes e não se contentava em se prender a um. Ela era livre demais. Nenhum homem conseguiria prendê-la. Nem mesmo sua família. Então, numa tentativa de fugir da casa de seus pais sem levantar um alarde, ela me usava como escudo. Nunca soube o que ela tanto queria fazer, pois eu não a acompanhava em suas aventuras, só garantia que ela estivesse no horário marcado no lugar combinado, para que a gente voltasse junto pra sua casa e eu a "entregasse" a seus pais.
Embora nosso relacionamento fosse apenas uma fachada, nós tínhamos uma ótima relação. Tínhamos liberdade pra falar sobre qualquer assunto. Ela era uma das poucas pessoas com quem eu me sentia a vontade para ser quem eu era.
E isso era maravilhoso.
🍇🍇🍇
O sol estava quente.
Estava sentado na espreguiçadeira, lassidão me consumindo.
Através dos óculos escuros, via os meninos jogando polo aquático na piscina.
Não sabia onde minha mãe estava e Julian ainda não tinha saído do vestiário.
Estava quase dormindo, quando ele apareceu.
Usava uma sunga azul.
"Você vai brincar de polo?"
"Não, eu tô cansado. Vai você"
"Tá tudo bem? Quer que eu fique aqui com você?"
"Não, eu tô bem, só cansado do calor. Vai lá"
Ele se afastou, em direção a piscina. Vê-lo assim, só de sunga foi... estranho. Não pude deixar de reparar como as pernas dele eram bonitas. Quase desejei poder tocá-las.
O calor parecia ter aumentado. Meu rosto ardia.
Desembrulhei o pirulito e coloquei na boca.
Julian se divertia na piscina, com os outros garotos que frequentavam o clube.
Chupei o pirulito.
Ele parecia imerso em satisfação.
Deixei o doce passear por minha boca, o gosto de morango tomando conta da língua.
Julian ria, uma expressão de puro contentamento.
Acelerei as chupadas, a guloseima dançando na minha língua.
O sangue fluía pelo meu corpo, deixando-o quente, atingindo uma área específica.
Cruzei as pernas.
Senti o suor escorrendo da testa, os olhos ainda atentos na piscina.
Ele estava tão contente com aqueles meninos que mal conhecia, sentindo tanto prazer na companhia de estranhos.
Meu coração inflou de inveja.
Mordi o pirulito.
A bola atingiu Julian, o rosto contorcendo de dor.
Levantei da espreguiçadeira e corri até lá.
"Você tá bem?", perguntei, estendendo a mão a ele, que segurou e saiu da piscina.
"Tô, só tá doendo", respondeu, segurando o braço atingido.
"Vamos, acho que tem doutorzinho lá no vestiário", disse, o ajudando a se locomover.
O vestiário estava vazio.
Peguei o gel para aliviar dores e passei na área afetada.
"Me desculpa"
"Pelo quê?"
"Por... não estar lá com você"
"Tá tudo bem, cara, não tinha como você evitar. Será que vai ficar roxo?"
Dei um beijo em seu braço. Minha boca ardeu imediatamente.
"Por que diabo fez isso?", riu.
"Mamãe sempre faz isso quando eu me machuco. É pra sarar logo", respondi, limpando o gel da boca.
"Você é maluco, Edu"
"Eu sei"
"Vem, vamos", disse, me envolvendo com seu braço bom, "vou ficar sentado junto com você"
🍇🍇🍇
Num dia ensolarado de uma quinta feira, encontramos as revistas adultas do meu pai, escondidas no fundo de sua gaveta. A gente estava procurando o toca fitas dele, eu sabia que ficava em algum lugar no quarto.
Fiquei meio chocado de ver aquelas mulheres nuas, em posições provocantes. Não conseguia imaginar meu pai possuindo algo daquele tipo. A igreja dizia que era pecado.
"Por que ele guarda isso?"
Deu de ombros.
"Ué, por quê?! Pra bater uma"
"Bater uma?"
"É"
Continuei confuso
"Você não sabe o que significa?", sorriu.
"Não"
Riu.
"Você não sabe o que é punheta?"
"Eu deveria saber?"
"Meio que todo mundo sabe"
"Se você for tirar uma com a minha cara, pode ir embora", respondi, me afastando.
"Não, tudo bem. Eu posso te explicar", disse, tocando em meu ombro e me virando para seu lado.
Então, ele explicou. Fiquei incrédulo.
"Parece nojento"
"Eu acho que é mesmo. Dizem que emburrece e dá pelos nas mãos"
"Sério?"
"Juro"
Pensei sobre aquilo. Não conseguia entender a finalidade.
"Você já fez?"
"Eu?"
"É, quem mais seria?"
"Não, é claro", respondeu, parecendo ofendido, "é claro que não. Isso é coisa que se pergunta?"
"Qual o problema em perguntar? Você fala com tanta facilidade"
"Mas eu não faço. Olha, esquece isso, vem, vamos procurar o toca fitas"
O assunto não me saiu da cabeça durante todo o resto do dia.
Naquela noite, já me preparando para dormir, o tema me voltou.
Me perguntei como seria a sensação. Assim, só de curiosidade.
Desci a mão sobre minha barriga, ainda incerto.
Não sabia no que deveria pensar. Talvez nas mulheres das revistas? Ou aquelas da banheira do Gugu?
Parecia não ter efeito algum.
Então, tentei não pensar em nada.
Tentei.
Mas no fim sempre vinha a imagem de Julian na minha cabeça.
Julian voltando da escola. Julian de sunga na piscina, no dia que nós fomos juntos ao clube. As pernas finas com pelos loiros. Julian sorrindo para mim. Me abraçando. Cochichando no meu ouvido quando sentava perto de mim na sala de aula. O toque de suas mãos e como seria tê-las por todo meu corpo.
Tive sensações inéditas, como se faíscas de eletricidade atravessassem meu corpo. Busquei reprimir o desejo de gemer. Parecia que eu estava transcendendo. Até então eu não sabia que algo poderia ser tão prazeroso. Tão etéreo. Experimentei o mais próximo de uma revelação divina na minha vida. Era como se eu tivesse subido aos céus, deixado meu pequeno quartinho colorido para trás, sons de anjos entoando uma canção serena.
Não havia mais nada no mundo, só aquele sentimento novo e eu.
Paraíso.
Explosão.
Apogeu.
Respiração arfante.
Pernas trêmulas.
Quando acabou, meu coração estava disparado e eu senti falta de ar, entorpecido.
Me senti errado. Impróprio. Sujo. A sensação era boa e senti meu corpo todo ficar relaxado, mas fiquei preocupado se aquilo seria pecado. Como algo tão bom podia ser incorreto? Eu poderia ir para o inferno? Eu ficaria burro? Pelos cresceriam na minha mão?
Fiquei muito ansioso. Comecei a me preparar para ver minhas notas caindo na escola, mesmo estudando para caramba.
Chorei. Sabia que estava sendo muito idiota, mas não pude evitar me sentir culpado. Como eu podia fazer aquilo? Ainda mais pensando no meu amigo? Por que pensei em Julian? O que aquilo deveria significar? Tentei me acalmar, dizendo que era só porque ele era a pessoa mais próxima de mim. Só isso. Nada demais. Poderia ser normal, certo?
E se não fosse?
Engoli em seco.
O pior é que eu tinha gostado.
Aquilo fazia de mim uma pessoa ruim?
Levantei, indo até o banheiro para me lavar, como se estivesse encobrindo os vestígios de um crime.
Procurei não pensar muito e dormir para esquecer o que tinha acontecido, prometendo a mim nunca mais fazer o mesmo. Promessa essa que, é claro, não levou muito tempo para ser quebrada.
🍇🍇🍇
(Meu Deus, essas crianças crescem tão rápido, eu peguei ele no colo 🤧)
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro