Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo 13- Primeiras vezes

"Foi quando meu pai me disse: Filha
Você é a ovelha negra da família
Agora é a hora de você assumir
E sumir"
- Ovelha Negra (Rita Lee)
🍇🍇🍇

Meu primeiro beijo com Mariana foi, para dizer o mínimo, desastroso. Eu não sabia onde deveria colocar as mãos e nem o que fazer com a língua. Ela parecia ser bem mais experiente que eu, apesar de termos a mesma idade. A gente estava na sala de cinema, quase sozinhos na sessão. Não me lembro que filme estava passando, mas devia ser muito chato.

Quando nos separamos, eu estava sem ar. Ela sorriu.

"Eu vou no banheiro, tá? Já volto", falou.

Assenti e logo fiquei sozinho ali. Na tela, o casal também se beijava. O beijo deles era diferente. Parecia etéreo. Me perguntei o que havia de errado comigo. É claro que ela não devia ter gostado e provavelmente foi no banheiro lavar a boca. Suspirei, me sentindo um bocado humilhado. Talvez ela só não fosse a garota certa. Talvez eu devesse procurar melhor.

Pensei em Julian. Fazia uma semana que a gente não se falava. Eu o evitava na escola. Não nos encontrávamos mais desde que eu pedi que ele não me procurasse.

No escuro, me perguntei se não havia exagerado. Ele não parecia ter falado com malícia. Vai ver ele só tivesse se confundido.

Me perguntei como ele estava. Se o pai dele continuava sendo um boçal.

Quando Mariana voltou, disse que não me sentia bem e pedi pra irmos embora.

Assim que voltei para casa, encontrei mamãe lavando louça. Ela estava com os olhos inchados, como se tivesse chorado muito.

"Tá tudo bem?"

"Sim. Por quê?", perguntou, como se seus olhos não estivessem obviamente vermelhos.

"A senhora tava chorando"

"Eu cortei cebola", respondeu e voltou a lavar a louça.

Aceitei a resposta, mesmo sabendo ser mentira. Subi para o quarto. Naquela noite, percebi que ela passou a dormir no quarto de hóspedes.

🍇🍇🍇

Estávamos reunidos na mesa de jantar, um casal de amigos do meu pai comia conosco, meus pais juntos como se fossem um casal perfeito. Quem os visse ali, sentados, jamais diria que eles nem ao menos compartilhavam mais o mesmo quarto.

Eles gostavam de falar sobre política, futebol, religião e costumes.

Pouco tempo antes, um casal de mulheres havia se mudado para nosso bairro. Logo elas viraram assunto do boca a boca.

Meu pai e seus amigos criticavam as duas. Questionavam onde o mundo iria parar e o que havia acontecido com a moral. Falavam que elas deveriam ter vergonha de cometer tal indecência. Minha mãe não dizia nada, apenas comia em silêncio. Tentei seguir seus passos.

"O que você acha disso, Eduardo?", meu pai questionou.

"O quê?"

"Dessas duas..."

Não completou a frase. Era como se elas nem ao menos merecessem um adjetivo.

Engoli em seco, sentindo a tensão no ar. Precisava entregar uma resposta agradável aos meus ouvintes. Precisava ser o "menino-perfeito-certinho".

Busquei os olhos de minha mãe, mas ela estava com o olhar fixo no prato.

"Eu... acho nojento", finalmente falei, fazendo uma careta de desaprovação.

Era mentira. Eu gostava delas, eram as pessoas mais simpáticas dali. Sempre me cumprimentavam e me tratavam bem.

Meu pai sorriu.

"É verdade, Edu. Tenho muito orgulho desse menino", disse, se virando para seus amigos, "ele é muito esperto e já tem uma namoradinha. Não é igual essas pessoas que só dão vergonha pros pais, com essa imoralidade. Eu sinceramente prefiro ter um filho morto do que um filho meio bicha", disse, num tom meio jocoso.

Os outros riram, como se tivessem ouvido a coisa mais engraçada do mundo.

Percebi que minha mãe me observava, como se quisesse dizer alguma coisa.

"Vou ao banheiro. Com licença!", avisei.

Me levantei e saí. Corri pelas escadas, sentindo um nó gigantesco na garganta.

Tranquei a porta do banheiro, sentei na banheira e as lágrimas começaram a brotar.

Se alguém perguntasse, eu não saberia responder porque chorava. Era só uma sensação de desamparo infindável.

Ele tinha feito de propósito? Aquela dúvida doía mais.

Eu sabia que tinha um jeito um pouco "feminino". Foi por isso que aprendi a me podar desde cedo. Minha voz, meus trejeitos, minha maneira de andar. Era como se existisse o "eu" social, aquele que eu apresentava para as outras pessoas e o "eu" verdadeiro, aquele a quem poucas pessoas tinham acesso.

Me senti só, desesperadamente, extremamente, completamente só.

Pensei em Julian outra vez.

Ele conhecia o meu verdadeiro "eu". O melhor: sabia que ele gostava. Ele me acolhia do jeito que era.

Eu precisava dele. Se pudesse, eu colocaria ele dentro de mim. Se é que isso faz sentido.

Desejei conversar com ele, ouvir sua voz chamando por meu nome outra vez.

Tinha perdido aquilo por uma besteira.

E o pior...

O pior é que talvez ele estivesse certo.

Não.

Minha mente gritava.

Eu não era "bicha". Não podia ser.

Minha família ia à igreja todo domingo. A religião desaprovava a homossexualidade, eu sabia disso. Era "pecado".

Refreei os pensamentos de dúvida no mesmo momento em que apareceram.

Não podia nem sequer me questionar. Não tinha espaço para tal coisa.

Sabia que a mínima possibilidade daquilo ser verdade significaria "manchar" a reputação da minha família. Meu pai nem olharia mais para mim.

Mas e se....

Lembrei de todas aquelas vezes, quando eu era criança e ia ao clube com meus pais, que fiquei admirando o guarda-vidas. Eu não pensava muito sobre o assunto, mas a verdade é que eu achava ele muito bonito, daquele jeito inocente que as crianças olham os adultos. E se aquilo quisesse dizer alguma coisa?

Chorei mais ainda.

Me sentia tão culpado e nem tinha feito nada.

Era como se tivesse sido flagrado nu. Julian leu o que nem eu mesmo aceitava admitir.

Alguém bateu na porta.

"Querido?", mamãe chamou do outro lado, "tá tudo bem?"

"Tá, sim... quer dizer, eu tô com dor de barriga, acho que já vou dormir"

Ela ficou um tempo em silêncio. Quase achei que tivesse ido embora.

"Tá bem, eu vou avisar eles. Durma bem, meu anjo"

"Boa noite, mamãe"

Assim que me vi sozinho outra vez, fui para meu quarto, me troquei e deitei, rezando para que minha cabeça não pensasse nada. Só queria ficar em paz.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro