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Capítulo 1- Novos inícios

Se existisse uma competição de dias exaustivos, aquele ganhava em disparado. 

Mudanças sempre são um pé no saco, isso era fato para mim. Só que me mudar para a casa de Julian acrescentava algo de delicioso naquela experiência.  

Depois de passar o dia desempacotando caixas, almoçar marmita fria e algumas piadas de pau, sentamos no chão, muito cansados. 

"Parece que eu vou ter que fazer um bom trabalho aqui", admiti. 

Julian morava sozinho havia quase um ano e ainda assim, mal tinha cadeiras, tinha roupas limpas na máquina de uma semana atrás que não foram estendidas, teias de aranha nos cantos. 

"Eu sou bem limpo. Só não estava com cabeça pra fazer faxina antes de você chegar"

Estreitei os olhos. 

"Sei. Pensa que é me engana, Souza" 

Ele riu, apanhando algo do bolso da calça.  

"Vá se foder" 

Ele tirou um maço de Marlboro amassado.

"Não sabia que você fumava" 

"Não fumo geralmente. Só quando me sinto um pouco estressado ou cansado" 

Se levantou, os olhos percorrendo a sala, à procura de algo. 

"O que foi?" 

"Sempre esqueço onde deixo esse maldito isqueiro"

Ele saiu andando pelos cômodos, o olhar desnorteado. 

Ouvi um "ah!" vindo do quarto e logo em seguida Julian voltando, com um isqueiro prateado. 

Se sentou outra vez, estendendo o maço em minha direção.  

"Quer?" 

Pensei em dizer que não,  obrigado, eu não fumo. No entanto, tinha chegado num ponto da minha vida que não me  importava mais. 

"Uhum", me limitei a murmurar. 

Peguei um cigarro e ele se aproximou de mim, para acender. Agora ele tinha uma barba cheia, mas bem cuidada. Cheirava a suor, mas eu não sentia nojo algum. Pelo contrário, na verdade era bem excitante. 

Sorri.

"O quê?" 

"Nada", ri. 

Ele retribuiu o riso e colocou uma mão sobre a minha perna. Senti algo se agitar dentro do meu ser. Era vergonhoso. Depois de todos aqueles anos, pensei que havia superado. Era para ter superado. 

"Fiquei feliz que você aceitou meu pedido. Morar só é tão deprimente às vezes. Eu até pensei em adotar um gato, mas não é a mesma coisa de ter alguém por perto, sabe? Sei lá. Às vezes eu mal ouvia minha voz. Na verdade, tinha dia que eu não me escutava" 

Suspirei. 

"Desculpa, tô te incomodando? Você deve estar cansado, né? É uma viagem meio longa e... caramba, eu falo demais, desculpa" 

Senti vontade de dizer que ele não precisava se desculpar, que eu adorava ouvir a voz dele e seu jeito meio verborrágico de vez em quando. Não falei nada. O pior é que eu nem sei o porquê. Tinha aprendido a me esconder tanto que agora estava ali, me escondendo até do meu melhor amigo. 

"Você tem saído com alguém?", perguntei, assim, de repente. 

Ele pareceu surpreso e confuso por um momento.  

"O que aconteceu?" 

"Nada, eu só tive um deja vu", respondeu, apertando os olhos. "Não, eu não. Na verdade eu só tenho casinhos, nada de sério.  É como eu te falei, eu não fui feito pra relacionamentos." 

"Isso não te incomoda?" 

"Não mais. Antes incomodava um pouco sim, mas eu tô melhor comigo mesmo. E você?" 

"Eu?" 

"Quem mais seria? Você, ué!" 

"Ah..." 

Era um pouco embaraçoso responder. Fazia anos que eu havia me assumido para Julian, mas eu nunca cheguei ao ponto de me envolver a sério com alguém naquela época. 

"Ah, Julian, essas coisas são complicadas..." 

"Por quê?" 

"Por quê o que?" 

"Por que você acha complicadas?" 

Respirei fundo. Ele tinha aquele olhar, aquele maldito olhar, como se estivesse me perscrutando. Como se eu não pudesse dizer nada além da verdade para ele. 

"Eu acho que... sei lá", dei de ombros, "é tudo muito descartável. Parece que as pessoas não querem mais algo sério hoje em dia, só sexo casual e mais nada" 

Ele assentiu, demonstrando que havia entendido. A culpa me consumiu. Era parte da verdade, mas não a verdade completa. Esse é o problema da intimidade. A gente não consegue mentir. Se mentimos, a outra pessoa pode fingir que acredita e só deixar para lá ou pode acreditar de verdade, o que é pior. A gente fica nesse perdido nesse oceano de culpa, como se tivesse cometido um crime por enganar a pessoa que a gente ama.

Eu não me sentia  pronto para viver algo sério,  essa que era a verdade. No fundo, ainda era como se houvesse algo de errado comigo. Como se eu estivesse mentindo para todo mundo e fingindo ser uma coisa que eu não era. Eu tinha certeza do que gostava, do que me dava prazer, só não tinha coragem o suficiente para dizer aquilo em voz alta para o mundo, mesmo que os mais próximos soubessem. Me contentava em sair escondido de casas e motéis de madrugada. Dos 19 para os 25, pouca coisa tinha mudado. Eu continuava sendo quem eu era apenas em silêncio, em segredo. 

"Faz muito tempo que eu não transo"

Nem sei porque disse aquilo. Talvez porque, lá no fundo, eu ainda tivesse esperança que ele pudesse me amar. Seria errado admitir isso? Muito inapropriado? No fim, ele era ele e eu era eu. Nada mudaria. 

"Você sente falta?" 

"Do quê?" 

"Sexo" 

Ri. 

"Que pergunta, meu Deus" 

"Ué, qual o problema?" 

"Tá, eu sinto. Satisfeito?", falei, fingindo estar irritado. 

Ficamos em silêncio por algum tempo. Uma brisa fresca entrou pela janela, balançando meus cabelos. Espremi a guimba no cinzeiro. 

"Amanhã vou te apresentar os vizinhos, tá? Tem a dona Carmen, do 72, que é um amorzinho de pessoa, ela me ensinou a fazer crochê. É viúva e tem uns 5 gatos. Depois tem o sr. e a sra. Goulart, eles não são muito gente fina, são bem conservadores e não gostam de barulho depois das 10, a gente precisa tomar cuidado com isso. Daí..." 

Um pensamento estranho me passou pela cabeça.  Sorri, de olhos fechados. Seria muito engraçado se eu fizesse o que o pensamento comandava. 

Comecei a gemer alto. Bem alto. O mais alto que podia. 

Julian me olhou, os olhos arregalados, assustado. 

"Que merda é essa, Edu?" 

"Julian!" disse, com um gemido. 

Ele me deu um tapa leve no braço.  

"Isso, me bate!" 

Julian cobriu o rosto com as mãos. 

Comecei a rir. 

"Você acha engraçado?" 

"Acho" 

Ele sorriu. 

"Tá, é um pouco, mas você é meio maluco" 

Balançou a cabeça, em negação.  

"Perdão, eu não podia desperdiçar a oportunidade" 

Minha barriga doía. 

"Você vai querer dormir no colchão aqui, hoje? Pode dormir na minha cama..." 

"Eu vou ficar com o colchão, não se preocupa" 

"Certeza?" 

"Absoluta", respondi, tentando recuperar o fôlego.  

"Vou preparar pra você então" 

Se levantou e começou a ir em direção ao seu quarto. 

Segurei sua mão, o impedindo de me deixar sozinho no cômodo.  

"Julian" 

Ele se virou, com uma expressão interrogativa em seus olhos, as sobrancelhas levantadas.

"Dorme comigo essa noite" 

"Mas eu vou..." 

"Não. Quis dizer, comigo mesmo. No colchão. Sabe, igual antigamente" 

Ele entreabriu a boca, mas não se disse nada. 

"Quer saber? Esquece. É bobeira minha. Eu só... desculpa"

"Tudo bem, Edu. Não precisa se desculpar. Se quiser eu fico aqui com você. A gente pode assistir TV até você conseguir dormir, se quiser. Eu lembro que você disse que não anda dormindo muito bem" 

"É sério?" 

"Claro" 

Sorri, um pouco tímido.  

"Obrigado" 

"Nem pense em agradecer. Já volto" 

Compartilhamos o colchão naquela noite. Uma chuvinha gostosa começou a cair lá fora, balançando os vidros das janelas. Não nos abraçamos, nem nada do tipo, por mais que eu ansiasse por tal coisa. Entendi que éramos grandes demais e as coisas já não eram como antes.

                            🍒🍒🍒

Esse é o início da continuação da história do Julian e do Eduardo que escrevi há algum tempo. Espero que gostem tanto quanto eu gostei de escrever.
Beijos!

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