Capítulo 01
Não haveria treino ou qualquer outro compromisso profissional que o impedisse de ir ao encontro da filha. Milena havia se machucado no parquinho da escola e a maldita diretora teria muito o que explicar para ele na próxima reunião de pais. Não pagava uma fortuna para que descuidassem da segurança de sua filha.
Alex Santos costumava ser exigente quando se tratava de seu maior tesouro, sua filha de sete anos, fruto de seu relacionamento com a top model Érica Verônica. A agenda conturbada da mãe da menina o fez voltar para o Brasil para que pudesse cuidar da filha e acompanhar seu crescimento. Ele já era uma estrela do futebol há muito tempo e retornar ao clube que o lançou lhe pareceu uma boa ideia.
— Pode desmarcar a sessão de fotos – avisou a Elon, um de seus melhores amigos, em uma ligação sincronizada com a mídia de última tecnologia de seu carro esportivo de luxo.
Elon, Zyan, Dimas e Arlo sempre estiveram lá para ele. Foram a sua fortaleza quando a infância, dividida entre orfanatos e famílias provisórias, não parecia mais ter fim. Há muito tempo os cinco haviam feito um pacto para vencerem na vida e trabalharam de sol a sol, sem descanso, explorando suas potencialidades ao máximo para enriquecer e fazer com esse sonho se tornasse realidade.
Alex Santos se tornou um astro do futebol aos 20 e pouco anos e, aos trinta e dois, era um dos jogadores mais bem pagos do mundo.
Zyan Ribeiro usou os prêmios que ganhou como pugilista para abrir uma empresa de segurança que rapidamente se tornou referência no Brasil todo.
Dimas Cardoso era o gênio da matemática e das finanças, e trabalhar em um banco como estagiário só lhe aguçou a mente para abrir seu próprio negócio, acumulando seu primeiro milhão antes dos 30 como corretor de valores em um mercado ainda pouco explorado no Brasil.
Elon Valente se lançou no mundo da publicidade e se tornou o queridinho da propaganda, colecionando contratos milionários.
Arlo Carvalho era o homem das festas e fez disso seu ganha pão ao se tornar o magnata do entretenimento com uma rede de boates e bares espalhadas pelas principais capitais do país.
Eles eram ricos, poderosos e unidos por laços que o sangue não poderia macular. Eles eram família e sempre estariam disponíveis um para o outro.
— Cara, isso não é bom. Você sabe que pode perder o patrocínio – avisou-o Elon.
— Milena caiu no parquinho da escola, bateu a cabeça e vai ter que levar pontos na testa – contou Alex. — Estou indo para o hospital.
— Para qual hospital está indo?
— Albert Einstein – respondeu.
— Estou indo para lá também. Que merda! Nossa princesa vai ter que levar pontos na testa!
— Não precisa – dispensou-o. — Prefiro que cuide do patrocinador.
— Ok, Alex! Vou avisar aos outros que Milena se machucou.
— Faça isso – afirmou, estacionando o Porsche na frente do hospital. — Cheguei! Nos falamos mais tarde.
Ter dinheiro e ser uma celebridade do futebol em um país que amava o esporte mais do que qualquer outro tinha suas vantagens. Alex rapidamente foi levado para o andar onde estava sua garotinha.
O coração dele parecia uma daquelas fanfarras em dia de desfile cívico tamanha era a agitação e a apreensão que sentia desde que lhe telefonaram da escola para avisar que Milena precisou ser enviada de ambulância ao hospital. Graças a Deus a escola tinha convênio com um dos melhores hospitais da América Latina.
Ele se esforçava para que a infância de Milena fosse segura e feliz, nada comparado ao inferno que foi a sua por ter ficado órfão e sido enviado a orfanatos que nunca eram acolhedores o suficiente para um menino sonhador como ele.
Mesmo assim ainda tinha a sensação de que não estava fazendo ou dando o suficiente para Milena, nem sendo o pai que ela merecia ter. Alex amava a filha com toda sua adoração e daria sua vida para que ela não precisasse sentir dor ou se decepcionar com o mundo.
— Sou Alex Santos – disse para a enfermeira que o encontrou no corredor. — Pai de Milena Santos.
— Sei quem o senhor é – respondeu a moça toda vestida de branco. — Vou levá-lo até sua filha. – Alex a seguiu corredor a fora, passando por portas e pessoas todas paramentadas. — Milena está sendo atendida no momento por um dos nossos pediatras, mas como ela está sendo acompanhada por outra pessoa, peço ao senhor que aguarde aqui fora por alguns minutos.
Que merda era aquela? Eles não o impediriam de ficar ao lado da menina quando ela mais precisava dele. Ele era o pai, inferno! O pai dela.
— Exijo que me coloquem lá dentro – quase xingou a enfermeira, que saiu aos tropeços prometendo fazer o melhor que pudesse para atender à sua reivindicação.
Alex ficou ali parado na porta de vidro com o coração mais agitado, considerando a ideia de sair ao encontro da filha sem a autorização de qualquer médico. Mudou de ideia quando avistou a enfermeira retornando com um sorriso iluminando suas feições.
— O senhor pode entrar. Sua filha está bem e tranquila apesar do susto – garantiu a mulher, fazendo sinal para que ele a seguisse.
O iPhone em seu bolso não parava de vibrar. Deveriam ser seus amigos preocupados com Milena. Todos a amavam como se fosse sua sobrinha de sangue. Esqueceu o telefone quando a viu sentada em uma maca, sorrindo lindamente, e o alívio lhe inundou a alma. Ela sobreviveria àquilo embora sua mãe pudesse contestar seu pátrio poder. Eles brigavam por isso há meses e qualquer deslize que ele desse poderia colocar por terra seus esforços para ser merecedor da guarda da filha. A justiça sempre pendia para o lado das mães; e com razão, pois Alex sabia o quanto um homem poderia ser indiferente a um filho. Mas ele era diferente, ele queria ser diferente na vida de sua filha.
Milena sorria para uma moça, não qualquer moça, mas a mais atraente que ele tinha visto até então. Estava preparado para mais uma daquelas tias de óculos meia-lua, posicionados na ponta do nariz. Não esperava encontrar uma mulher tão jovem e bonita. Ela acariciou o rosto de Milena e a beijou na bochecha com carinho.
Jesus. Aquele sorriso era de parar o trânsito.
Não era um sorriso qualquer, era mais do que isso. Era alegre, como se sorrir para uma garotinha travessa fosse a coisa mais agradável que ela poderia fazer em seu dia.
Aquele sorriso o fascinou.
Assim como os cabelos lisos que cascateavam pelos ombros para sumir atrás de suas costas de tão longos que deveriam ser, os cílios pesados e curvados para servir de moldura para olhos de um tom verde que ele não saberia comparar a nada.
— Papai! – Milena o chamou quando o avistou.
Alex se apressou para alcançá-la, querendo estreitá-la nos braços como se pudesse compensar a dor que ela deveria estar sentindo.
— Bombom, o que você aprontou dessa vez? – perguntou.
A jovem professora se afastou, dando dois passos para o lado a fim de dar espaço para que pai e filha pudessem se reencontrar. Alex conversava com a filha sentada na maca, mas pelo canto dos olhos admirava a beleza do anjo que havia cuidado dela com tanto carinho.
— Papai. – Milena exigiu sua atenção. — Eu não senti dor! Quer dizer, só doeu um pouquinho, mas tia Juli me deu a mão e beijinhos, e tudo passou rápido. Por favor, não brigue com ela – pediu com os olhinhos enrugados.
— Isso não é assunto para criança, Milena! – Alex chamou a atenção da filha e tudo fez sentido, todos os motivos que faziam a menina falar tanto da professora estavam claros agora que a conheceu.
Tia Juli era uma gostosura de professora; e ter aquele tipo de pensamento não era o mais indicado para um pai que desejava a guarda definitiva da filha só para ele.
— Juliana Boscolo – a professora estendeu a mão. — Sou a professora de Milena – apresentou-se e a voz dela era suave e macia, combinando perfeitamente com sua mão pequena de dedos longos e finos.
— Alex Santos – retribui a apresentação, pegando-a pela mão.
Nesse momento Alex jurou que sentiu a eletricidade pular dela para ele apenas naquele aperto de mãos e lutou contra o instinto de puxá-la para lhe dar dois beijinhos, afinal, era o que toda mulher bonita merecia.
Bem, Juliana Boscolo não era só bonita. A palavra bonita era ordinária demais para descrever o espetáculo feminino que estava diante dele.
Alex gostava de mulher mais do que o recomendado e sabia reconhecer uma beleza quando estava diante de uma. Mas a professora era mais do que bonita, ela tinha algo a mais, um encantamento que não o deixava desgrudar os olhos dela.
Teria ficado ali admirando-a se o médico não o tivesse chamado para conversar.
— Pode ficar mais um pouco com Milena? – perguntou à professora, que fez que sim com a cabeça, voltando sua atenção para a menina, como se não tivesse sentido o mesmo que ele e isso o frustrou.
***
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