Ashley Marshall

 Depois do sair praticamente corrida daquele apartamento e descobrir que deixei minhas coisas em casa, liguei para Júlia.

 Ela era a única pessoa que podia me compreender naquele momento. Sem pensar duas vezes, acabei mandando uma mensagem para ela do celular do Emmett.

"Preciso falar com você, não alerta as meninas"

- Beijos Ashley

A resposta foi imediata e logo ela me ligou.

— Você é louca? — Ela disse assim que atendi o telefone. — Fiquei louca atrás de você.

— Me desculpa, por não ter dado notícias. — Falei. — Vamos nos encontrar daqui a 20 minutos?

— Claro, onde? — Respondeu.

— Bar da Pitú. — Falei. — Em Strangerville.

 Strangerville, era uma cidadezinha pequena considerada densa e quase ninguém nos conhecia por lá, eu não queria ser vista com a Júlia, pois o que eu iria revelar para ela, seria uma coisa muito maluca.

— Ok. Vou chamar um Uber. — Disse. — É mais rápido.

Assim que encerrei a ligação, observei Tomás parado na porta do meu quarto e o mesmo estava sério.

— Vai sair? — Perguntou e ainda continuava com o cenho franzido.

— Sim, com a Júlia. — Falei, sem encara-lo.

— Se passar das 20h. — Falou, com a voz irritada. — Vou chamar o FBI.

— Ok, exagerado. — Falei.

— Está avisada. — Respondeu, e caminhou para fora do quarto.

 Me encontrava praticamente na porta do prédio, esperando um Uber, quando recebi uma mensagem da Sophia.

"Nossa, você não costuma sumir assim. "

 Pensei em responder, mas fiquei com medo dela me ligar e iniciar uma conversa, eu precisava desabafar com a Júlia e fazer ela prometer que iria ficar quieta.

 Eu sabia que a Charllotte era afim do Emmett, e eu não queria que ela ficasse sabendo disso.

O que ela iria pensar?

Que eu sou uma amiga fura olho.

 Apesar de não ter acontecido nada naquela noite, só ter dormido ali ao seu lado me fez me sentir a pior pessoa do mundo, pois ninguém iria entender.

 O Uber  já estava a 5 minutos do meu prédio, aproveitei para enviar uma mensagem para Júlia, e perguntar se ela já estaria indo ao meu encontro.

"Onde você está? "

Não obtive uma resposta imediata como de costume, confesso que isso me deixou preocupada.

Ela não pode me deixar plantada naquele bar.

"Relaxa, estou aqui te esperando. "

 6 minutos depois ela me respondeu e respirei aliviada, pois odiaria ficar lá sozinha esperando.

 Depois de 3 minutos da resposta de Júlia, meu Uber chegou e logo entrei no carro, assim que entrei, reparei a música na rádio, era The Down Syndrome de Dead By Sunrise.

 Eu adorava aquela música, e por um momento isso pareceu acalmar o meu coração que já se encontrava a ponto de sair pela boca.

 Strangerville ficava a 10km de San Myshuno, o caminho era longo e só me dei conta de que já tinha chegado quando vi a placa de recepção daquela cidadezinha estranha.

 A única coisa que as pessoas admiravam ali, era a base dos militares, tinha meninas que saiam cedo da faculdade só para viajar para cá e observar os meninos fardados.

Eu particularmente não perderia meu tempo.

 No entanto cheguei no Bar e avistei Júlia em uma das mesas afastadas, não era horário de muito movimento, e isso facilitou um pouco a nossa conversa.

— Agora me conta. — Ela disse, assim que puxei uma cadeira e me sentei.

— Dormir com o Emmett. — Eu disse, e percebi quando ela se engasgou com a água que havia pedido um minuto antes da minha chegada.

— OII!!! — Respondeu, depois de se recompor.

— Calma, não é o que está pensando. — Expliquei.

— Como assim? — Disse, nervosa.

— Depois que fui para a varanda, ele me seguiu e trancou a porta, me deixando sem saída. — Contei.

— Nossa. — Falou.

— Agente conversou e depois alguém o chamou. — Continuei. — A polícia chegou lá, parece que os vizinhos reclamaram do barulho.

— Caramba, mais eu não fiquei surpresa. — Disse. — Graças a Deus que eu já havia saído de lá.

— E depois a festa acabou e todos foram embora. — Afirmei. — Olhei em volta e não vi vocês.

 Nesse momento, Júlia me encarou e fez um sinal com a mão para uma garçonete que estava servindo a mesa ao lado.

— Me desculpa, Giselly bebeu demais. — Júlia contou depois de pedir uma porção de batatas fritas. — Levei ela para minha casa, não foi fácil.

— Nossa, a Gi não tem jeito mesmo. - Falei.

— Hoje pela manhã, a levei para casa. - Disse.

— E as outras, estão bem? - Perguntei.

— Eu passei a madrugada mandando mensagens. — Júlia respondeu depois de olhar a hora no celular.

— Imagino. — Respondi.

— Sophia disse que dormiu na casa de um amigo. — Contou.

— Eu vi ela aos beijos com o Joey. — Eu disse, e por um momento me arrependi, pois não sabia se ela iria querer compartilhar isso com alguma de nós.

—- Nossa, eu já imaginava. — Ela disse, e seus olhos voltaram a encarar as batatas fritas que estava chegando.

— Eu apenas dormir, com ele... — Falei novamente.

— Não deu nenhum amasso? — Perguntou.

— Obvio que não. — Respondi.

 Nesse momento um silêncio se formou sobre a mesa, e com a chegada das batatas fritas, Júlia começou a comer, e por um segundo lembrei da mensagem que enviei para ela com o celular dele.

— Me empresta seu celular? — Pedi.

— Ok. — Disse, estranhei que ela não protestou. — Você está ferrada.

— Porque? — Falei, estranhando sua tranquilidade.

— Você precisa convence-lo a não contar. — Disse, e isso me deu um embrulho no estômago.

 Depois de pegar e ela ter desbloqueado, salvei o número dele nos meus contatos, não que eu fosse me comunicar com ele, mas queria pelo menos convence-lo a ficar de boca fechada.

 Depois da conversa que tive com Júlia, sua última frase ficou ecoando em minha cabeça.

"– Você precisa convence-lo a não contar. "

 Isso me deu um frio na barriga, e eu teria que agir rapidamente.

Olhei novamente a tela do celular, e agora com o número dele salvo, o perfil dele no Whatsapp era eminente.

 Entrei na tela de bate-papo, e comecei a fazer aquele famoso jogo.

Escreve e apaga.

 Até que resolvi mandar uma mensagem aleatória.

"Não era para eu ter enviado essa mensagem"

 Eu realmente não tinha interesse em conversar com ele, apenas queria que ele ficasse de boca calada.

 E assim que eu fechei o meu Whatsapp, recebi uma resposta.

"Era só dizer um Oi"

 Eu sorri.

Ele acha mesmo que eu quero conversar?

 Sem muito papo fui direto ao assunto.

"Não conta a ninguém que dormir aí... com você"

Enviei, mas para a minha surpresa, o mesmo não me respondeu.

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Beijos e até a próxima...