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Capítulo 21

POV Ludmilla


Restava apenas uma semana até que Brunna cumprisse sua promessa de sair da mansão e o desespero tomava conta de Ludmilla. A negra passava horas e horas pensando no que fazer e decidiu que nos próximos dias, iria levar a esposa em vários lugares que foram importantes para o casal.

Elas foram onde deram o primeiro beijo, naquela linda vista do alto da praia... Visitaram restaurantes preferidos da loira,  o por do sol que marcou o sim mais importante da vida de Ludmilla, o sítio onde foi realizada a cerimônia de casamento das Brumillas, o salão de festas em que os trigêmeos alertaram que era hora de sair do forninho e tantos outros lugares que contavam a história de amor entre elas.

Brunna se encantava com tudo, porém um aperto se formava em seu coração, não lembrar de uma vida feliz era muito cruel, com ela e com Ludmilla, a quem em tão pouco tempo, silenciosamente aprendeu a admirar.

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Era sábado de manhã e Brunna brincava com os filhos no jardim, de longe Ludmilla assistia a cena e sorria, só a esposa tinha o dom de colocar todos para interagirem sem brigar, mesmo não se lembrando, ela fazia exatamente igual antes do acidente.

Brunna: - O que tanto observa? - Olhou para a esposa e a fez despertar de seu transe. 

Ludmilla: - Estava te admirando, vendo o grande controle que tem dessas três riquezas.

Brunna: - Ah, eles são um amor, nem é tão difícil assim! - Sorriu com ternura, observando os trigêmeos brincarem.

Ludmilla: - Quase me enlouqueceram nos dias que você ficou fora. - Abaixou a cabeça. - Acho que eu deveria ter colado em ti, já que pretende nos abandonar... Preciso saber lidar com eles quando estão com saudades da outra mamãe.

Brunna: - Ludmilla....

Ludmilla: - Desculpe... - Suspirou. - Tentei não falar sobre isso a semana toda.

Brunna: - Não precisa se desculpar. - Olhou firme, era a hora de revelar que repensou e ficaria mais tempo, sem data pra ir, pois ela de certa forma não conseguia mais se ver longe das crianças... E de Ludmilla!

Nete: - Oi... Eu não queria atrapalhar a conversa, mais é que chegou isso aqui pra menina Brunna. - A governanta apareceu na área externa da casa com um buquê de rosas brancas e entregou para a loira.

Brunna: - São suas? - Questionou e viu a negra balançar a cabeça negando. 

Nete: - Tem um cartãozinho aí... - Brunna assentiu e pegou o pequeno envelope cinza para ver quem havia feito tamanha gentileza.

Ao ler o conteúdo o sorriso que estava em seu rosto foi sumindo, ela estava feliz com a surpresa, porém sentia que em poucos minutos o clima poderia pesar.

Ludmilla: - Quem mandou? - Perguntou intrigada, já se levantando pra ir em direção a amada.

Brunna: - São do Rogério. - Falou quase que sussurrando, porém a negra ouviu e rapidamente puxou o bilhete de sua mão.

***

"Sei que fui um idiota e não respeitei o seu tempo. Espero que não seja tarde para pedir desculpas!

Por favor, me dê mais uma chance? Estou com saudades!

Beijos, Rogério."

***

A irritação de Ludmilla foi tão grande que ao terminar de ler, a negra amassou o bilhete e o arremessou longe.

Brunna: - Você não tinha esse direito! - Falou um pouco mais alto que o normal. 

Ludmilla: - Pra que quer isso? Por acaso gostou de saber que ele pediu uma chance? Ou será que foi a saudades que ele sente de ti que massageou seu ego? - Franziu o cenho e cruzou os braços.

Brunna: - Não coloque palavras na minha boca, o Rogério apenas foi gentil!

Ludmilla: - GENTIL? - Gritou. - Ele está dando em cima da minha mulher, dentro da nossa casa!! Isso pra mim tem outro nome. - Bufou.

Brunna: - Eu não quero mais te ouvir. - Saiu andando e foi puxada pela negra. 

Ludmilla: - Ah mais você vai Brunna! - A segurou firme. - É pra isso que vai embora? Para ficar livre e viver sua vida de solteira? - Respirou fundo enquanto aguardava uma resposta que não veio. - Como ele sabe o endereço desta casa? Quem contou a ele que você está morando aqui?

Brunna: - Me solta, está me machucando! - Desfez o contato entre elas.

Ludmilla: - Vocês tem mantido contato? ME RESPONDE BRUNNA! - Descontrolou-se.

Brunna: - Eu não faço ideia como ele descobriu o endereço e isso pouco importa agora! - Se aproximou da negra. - Lembro que te alertei sobre não estar feliz, ainda assim não te trai e não o faria, mesmo você sendo grossa e sem noção, eu tenho total consciência que preciso respeitar essa merda de casamento. 

Ludmilla: - Bru... - Uma facada lhe cortou o peito.

Brunna: - Não sou obrigada a passar por isso, você faltou me chamar de vagabunda!

Ludmilla: - Bru, por favor... Me desculpe!

Brunna: - Desculpas não vão apagar a forma que me tratou, e talvez seja esse o motivo de eu não me lembrar de nós! - Falou firme. - De repente eu realmente precisava te esquecer! - Saiu andando e jogou o buquê no primeiro cesto de lixo que encontrou.

Ludmilla: - Espera... - Correu até a amada que parou e concluiu o que tinha a dizer ainda de costas.

Brunna: - Vou arrumar a minha mala e dependo de você para arrumar a minha vida! Por favor, me liberte desse casamento e de ti! Eu suplico... - Voltou a andar e desta vez a negra paralisou, todo o seu esforço para tornar a convivência entre elas agradável, por fim tinha dado errado.

Ludmilla: - Ah Ludmilla, como consegue ser tão imbecil?

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O resto do dia foi de total silêncio naquela mansão. Lucas que não estava mais cedo, voltou e percebeu o péssimo clima entre o casal, porém preferiu não opinar. Brunna começou a fazer a mala, mais parou diversas vezes, ela estava pronta pra dizer que ficaria e em uma fração de segundos essa tempestade se instaurou. Ludmilla por sua vez, ficou trancada no escritório e ja havia acabado com uma garrafa de whisky. 

Daiane: - Oi, vim o mais rápido que consegui. - Atendeu uma ligação de Ludmilla que pedia que a amiga fosse até ela o quanto antes.

Ludmilla: - Ótimo... - Lágrimas banhavam o rosto da negra.

Daiane: - Você está péssima, o que houve? - Tentou se aproximar, porém foi impedida.

Ludmilla: - Eu tomei uma decisão e quero que execute.

Daiane: - Do que está falando?

Ludmilla: - Do divórcio! - Olhou para a amiga que pareceu surpresa. - Prepare os papéis, eu irei assinar!

Daiane: - Você está bêbada Ludmilla?!

Ludmilla: - Já decidi, vou liberta-la de mim. - Se levantou. - Te dou um dia para preparar tudo, eu não quero nada, deixe os bens pra ela e as crianças negocie a guarda compartilhada. - Pegou a carteira e saiu.

Daiane: - Você me fala uma maluquice dessa e sai andando? - Foi atrás da negra.

Ludmilla: - Vou pro summer club.

Daiane: - Ludmilla você não vai dirigir desse jeito!

Ludmilla: - Dirija você então! - Jogou a chave.

Daiane sabia que acompanhar Ludmilla iria lhe gerar uma briga intensa com Fernanda, porém ela não deixaria a negra daquele jeito. 

No carro, Ludmilla chorava muito e se debatia por ceder o divórcio, ela tinha raiva por ser fraca e por amar demais aquela mulher. Eram tantas falas desconexas que Daiane logo percebeu que o casal havia brigado e isso de certa forma a tranquilizou, pois quando aquela nuvem negra passasse, certamente a amiga mudaria de ideia, pois ela jamais desistiria tão fácil assim do amor de sua vida.

Na mansão, Brunna desceu para jantar e percebeu a ausência da esposa, e uma garrafa de whisky vazia jogada no chão. Ela tentou ligar, porém o telefone deu caixa postal e uma angústia passou a domina-la, jamais se perdoaria se algo acontecesse com Ludmilla por culpa de sua imaturidade... Por fim, ela já admitia que nutria sentimentos inexplicáveis pela negra.

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Chegando na balada, Daiane e Ludmilla se sentaram no balcão do bar, onde pelo menos mais três copos de whisky foram virados de uma só vez pela advogada.

Daiane: - Já chega! Você vai ter um coma alcoólico!

Ludmilla: - Não me importo...

Daiane: - Se importa sim, você tem 4 filhos que dependem de ti!

Ludmilla: - A Bru cuida deles, ela os ama... - Olhou triste. - Só eu que não reconquistei o seu amor!

Daiane: - Essa aí não é a Ludmilla que eu conheço, que vence todas as batalhas no tribunal e na vida...

Ludmilla: - Desta vez eu perdi Dai!

Daiane: - Nada disso! - Levantou o rosto da amiga. - Você não vai dar esse Habeas Corpus pra ela. - Ludmilla ficava em alerta quando Daiane usava termos que envolviam seu trabalho e geralmente respondia a altura. 

Ludmilla: - Ela é réu primária...

Daiane: - Mais oferece perigo caso esteja livre! Neste caso...

Ludmilla: - Deverá aguardar a sentença em regime fechado!

Daiane: - Exato! Ninguém entra e ninguém sai! Lembra?

Ludmilla: - Lembro! - Se levantou e lhe deu um forte abraço. - Vem, vamos dançar!

Daiane não queria, porém acabou acompanhando Ludmilla. Na pista de dança elas encontraram Thaissa que rapidamente veio se insinuar.

Daiane: - Melhor irmos embora Lud!

Thaissa: - Pode ir se quiser Daiane, eu fico aqui fazendo companhia. - Agarrou a advogada pelo pescoço e passou a dançar coladinha nela. Ludmilla estava sem reflexo, sabia quem a agarrava, mais já não possuía forças para se desvencilhar!

Daiane: - Não mesmo, sairemos daqui juntas! - Afastou Thaissa da negra que a agradeceu com o olhar.

Thaissa: - O que acha de continuarmos a festinha na casa da Lud? - Olhou para as duas que pareceram não entender. - Podemos só beber e jogar conversa fora, e aí topam?

Daiane: - Melhor não... - Percebeu que a loira tinha segundas intenções.

Ludmilla: - Ahhh Daiiii... - Gargalhou. -  O que pode acontecer? NADA! - Gargalhou de novo! - Minha esposa não me quer mesmo, não vai se importar se eu levar amigas para beber a noite toda!

Daiane: - Para de loucura Ludmilla.

Thaissa: - Vamos então?

Ludmilla: - Boraaaaaa!

As três deixaram a balada rumo a mansão, Daiane dirigia e mesmo com Thaissa insistindo para deixar Ludmilla ir com ela no banco traseiro, a morena não aceitou, ela cuidaria da amiga ainda que isso custasse seu casamento.

Ao chegarem, Ludmilla desceu do carro com certa dificuldade, a negra dormiu quase todo o caminho e só acordou quando sentiu um embrulho no estômago e vomitou em uma sacolinha providencial estava em seu colo. 

Daiane a conduziu até o banheiro e lhe deu um banho gelado, fazendo-a despertar um pouco. 

Ludmilla: - Desculpe meninas, mais a noite acabou pra mim, preciso dormir! - Se jogou na cama.

Thaissa: - Eu também estou exausta! - Deitou ao seu lado.

Daiane: - Eiii, pode ir saindo daí! - Puxou Thaissa com tanta força que com certeza ela sentiria dores no dia seguinte. - Já que você inventou essa merda de vir pra cá e está tarde demais pra voltar pra sua casa, pedi pra Nete preparar o quarto ao lado e é lá que você dormirá!

Thaissa: - Mas...

Daiane: - Não tem mais nenhum, e sua sorte é a Brunna não lembrar de nada, porque com certeza ela já estaria aqui te expulsando pelos cabelos.

Ludmilla: - É verdade... Minha mulher é braba e linda! - Sorriu largo. - Toma essa camiseta. - Jogou um camisetão do Lakers para a loira. - Pode usar de pijama, amanhã ao acordar, se troque, devolva para a Nete e por favor não espere o café!

Thaissa: - Credo Ludmilla.

Ludmilla: - Se eu estou tentando entender o que você tá fazendo aqui, imagina a Bru! Melhor você ir embora cedo hen, ela bate forte! - Gargalhou e viu Thaissa sair do quarto bufando de ódio.

Daiane: - Fernanda me ligou 5x e já me deixou 10 mensagens! - Mostrou preocupação. - Amanhã você vai ter que me ajudar com ela viu! - Se jogou na cama.

Ludmilla: - Oxi, o que é isso?

Daiane: - Vai ter que fazer a conchinha comigo hoje, e vê se não fica roçando essa sua anaconda em mim que eu tenho nojo!

Ludmilla: - Idiota!

Daiane: - Troxa!

Ludmilla: - Obrigada Dai, você sempre me salvando, eu te amo!

Daiane: - Amigas até depois do fim... - Piscou! - Agora descanse que amanhã você precisa fazer as pazes com a sua mulher. - Assentiu.

---

POV Brunna

Ao amanhecer Brunna resolveu que faria um café da manhã surpresa para Ludmilla. Ela queria se desculpar pelas besteiras que disse e comunicar que não iria a lugar nenhum, a não ser para os braços da negra.

Enquanto estava cortando e posicionando algumas frutas na bandeja, a loira foi surpreendida com uma presença nada agradável. Era Thaissa, com uma camiseta de Ludmilla e aparentemente sem nada por baixo.

Thaissa: - Bom dia Bruninha. - Falou sarcástica. - Conseguiu dormir?

Brunna: - E por que não conseguiria?

Thaissa: - Achei que fizemos muito barulho, não queria te atrapalhar, mais sua esposa é intensa! - Falou simples.

Brunna começou a sentir uma raiva crescer dentro de si... Fechou os punhos e passou a andar na direção de Thaissa, porém sua vista foi ficando turva e uma forte dor de cabeça se instaurou.

Flashback on

Thaissa: - Vou te esperar na mesa. - Saiu do banheiro deixando as duas a sós de novo.

Brunna:
- Não quero te causar problemas, você está acompanhada, melhor falarmos depois...

Ludmilla: - Thaissa e eu não temos nada! O meu problema está aqui, bem diante dos meus olhos! Brunna, então você não está me ignorando?

Flashback off

Lucas:  - O que está acontecendo aqui? O que você fez? - Se aproximou da loira que estava tentando se escorar em alguma coisa e olhou para Thaissa que se deliciava com a cena.

Brunna: - Não estou me sentindo bem!

Thaissa: - Calma nervosinho, apenas estávamos conversando! - Debochou.

Brunna tentava falar, porém parecia sem forças, foi ajoelhando no chão enquanto era amparada por Lucas.

Flashback on

Ludmilla: - Cala essa boca Thaissa, nem forçada eu teria algo contigo.

Thaissa: - Será mesmo? - Sorriu sapeca e viu Brunna avançar em cima dela e deferir dois tapas em seu rosto. - Ai garota, tá maluca? - Ia avançar na loira mais a negra segurou seu braço.

Brunna: - Solta ela agora, eu não quero saber de você tocando nessa vadia! - Ludmilla prontamente obedeceu, porém se colocou na frente de Thaissa para que ela não partisse pra cima de sua namorada.

Flashback off

Lucas: - Mamãe, por favor, fala comigo! - Lucas a abraçou e começou a chorar desesperadamente enquanto lentamente a loira ia fechando os olhos!

Flashback on

Ludmilla: - Sabe amor, eu não consigo explicar essa conexão que temos com o Lucas.

Brunna: - Ele é o filho que Deus nos presentou! - Olhou para a esposa com lágrimas nos olhos. - Não quero que ele esqueça de Madalena, mais ficaria muito honrada se ele nos chamasse de mãe!

Ludmilla: - Eu também princesa.

Flashback off

Brunna: - Não chora meu amor, a mamãe promete que vai ficar bem... - O menor fazia carinho em seu rosto e pôde presenciar um breve e tímido sorriso. - Chama a Lud... - E perdeu os sentidos.

Lucas começou a gritar com toda a força que tinha em seu pulmões, ele chorava e esbravejava que aquilo não poderia estar acontecendo... Nunca iria superar a perda que teve e não admitira ver mais ninguém o deixando!

Daiane: - Meu Deus, que gritaria é essa? - Chegou na cozinha e viu Thaissa com um sorriso satisfeito no rosto e Lucas com Brunna desacordada. - LUDMILLAAAAAAAAAAAAAAAAAA!

A negra desceu correndo e sentiu seu coração parar por alguns segundos ao ver a amada naquele estado.

Ludmilla: - Bru??? - Olhou para Thaissa que tentou disfarçar o rizo. - O que você fez com ela??? - Se aproximou e deu forte puxão em seus cabelos. - Suma daqui agora e se acontecer alguma coisa com a minha esposa, eu juro que vou presa por homicídio doloso!

Ludmilla pegou Brunna em seu colo e saiu as pressas da mansão. Era uma corrida contra o tempo, uma corrida de amor.

***

Haja coraçãooooooooooooooo meu povoooooooo!

Beijos e avisem dos erros por favor!

E ai, estão curtindo?


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