Capítulo 16
POV Ludmilla
Ao chegarem em casa, Brunna e Ludmilla colocaram as crianças para dormir, se banharam e então resolveram conversar um pouco como de costume na maioria das noites.
Brunna: - Nossa conta de água e luz não vai abaixar nunca com esse seu fogo todo! - Falou colocando o pijama enquanto era avaliada por um olhar cheio de intenções.
Ludmilla: - Vai dizer que não gosta?
Brunna: - Eu amo minha vida, você me fodendo toda molhadinha é uma das maravilhas desse mundo. - Sorriu sapeca.
Ludmilla: - Ótimo! Vamos rachar a próxima conta então. - Pegou um livro para esconder o sorriso.
Brunna: - Como é que é Ludmilla? - Se aproximou e tirou o livro da mão da negra. - Para de disfarçar sua cara de pau.
Ludmilla: - Princesa, o prazer é mútuo a dívida também deve ser. - Segurou o riso.
Brunna: - Ah sua safada! - Cruzou os braços e sentiu um puxão que a jogou direto no colo de sua amada.
Ludmilla: - Estou brincando meu amor, as contas continuam sendo minha responsabilidade e não importa o valor, eu vou continuar te fazendo gozar em quase todos os banhos e depois deles também. - Atacou a boca da loira sem aviso prévio e foi correspondida com a mesma intensidade que aquele beijo exigia. - Te amo!
Brunna: - Eu amo mais, muito mais! - Distribuiu vários beijos no rosto da negra. - O que achou da festa?
Ludmilla: - Gostei demais, elas merecem ser felizes e tenho certeza que hoje foi o pontapé inicial. - Olhou firme em seus olhos e se desmanchou ao lembrar do dia em que finalmente disseram o sim.
Brunna: - Eu amei também. - Lhe deu um selinho e suspirou. Tirando um pequeno e triste detalhe chamado Ana.
Ludmilla: - Quer falar a respeito? - Arqueou a sobrancelha.
Brunna: - Sim amor, tive a oportunidade de encontra-la quando fui ao banheiro e digamos que não foi nada agradável.
Flashback on
A caminho do banheiro, Brunna avistou Ana sentada em uma mureta, com uma cara indecifrável e resolveu não ignorar sua presença.
Brunna: - Oi Ana. - Falou sem graça. - Tudo bem?
Ana: - Resolveu me cumprimentar Brunna? - Falou sarcástica.
Brunna: - Na verdade eu acenei pra você na igreja, e esperei ao menos receber o mesmo gesto de volta, porém fui ignorada, e até poderia fazer o mesmo agora, mais minha educação e o tempo que convivemos me fez vir aqui e passar por cima do meu orgulho.
Ana: - Será que a sua vinda é porque enfim desgrudou da sua esposinha?
Brunna: - Entendi... - Respirou fundo. - Depois de tantos anos, você ainda não superou não é mesmo? Percebo na sua fala que está incomodada com a minha presença e a de Ludmilla.
Ana: - Só vim pela Ju, ela sempre foi minha amiga e eu devo essa lealdade. - Olhou firme para a loira. - Achei que estava pronta pra te ver depois de tanto tempo e esperei aqui sentada quase a noite toda na expectativa deste momento acontecer, e agora preferia que você não tivesse vindo.
Brunna: - Ana...
Ana: - Me desculpe, eu realmente fui rude e te ignorei na igreja, mas não vejo sentido nesta conversa. - Se levantou.
Brunna: - Eu não vou me alongar, estava indo ao banheiro e vim te falar oi, como disse, em respeito ao que vivemos. - Pareceu pensar nas palavras. - Nunca mais nos encontramos, e sei que conversar agora sobre qualquer assunto seria de certa forma hipocrisia da sua e da minha parte, porém essa rigidez não nos cabe mais, crescemos, amadurecemos e tanto eu quanto você traçamos rotas diferentes, espero que rumo a felicidade, ao menos por mim, é essa certeza que tenho!
Ana: - Veio me jogar na cara que está feliz? E me falar de hipocrisia quando foi você quem me disse que não curtia mulher e se casou com uma?
Brunna: - Nós éramos novas demais, eu não tinha certeza do que sentia por você, por mulheres... E me fechei pra não te magoar e acabar com a nossa amizade.
Ana: - Você terminou o que tínhamos dizendo que passou a ter nojo do beijo lésbico Brunna.
Brunna: - Ok, desculpe por isso!
Ana: - O nojo passou então? - Se aproximou da loira olhando em seus olhos.
Brunna: - Nunca existiu, eu tinha 17 anos, se bem me lembro aos 15 eu ainda abominava ver pessoas do mesmo sexo juntas, depois de um tempo eu entendi e aceitei que o amor é o que importa, mais ainda não me via nessa esfera, ou me relacionar com você pareceu não fazer sentido, pois o primeiro beijo depois do seu também foi em uma mulher e eu me lembro de ter flutuado.
Ana: - Então o problema era eu?
Brunna: - Não! - Suspirou. - Eu demorei a entender a minha bissexualidade e você chegou no momento de confusão, beijar uma amiga não me ajudou a me encontrar, só me confundiu mais e isso eu percebi depois.
Ana: - Que seja... - Virou de costas e cruzou os braços. - Me magoou muito e ainda dói Brunna, você está linda e poderia ser minha, mais não quis.
Brunna: - Onde eu estou hoje é exatamente o meu lugar preferido. - Sorriu e olhou em direção a esposa que estava distraída com os filhos. - Ludmilla me trouxe todas as respostas que faltavam, ela me completa... Parece loucura, mais eu ainda perco o ar todas as vezes que me aproximo dela. - Viu Ana se virar. - Então eu só posso te pedir desculpas por te magoar, não era a intenção, mais é apenas por isso, pois não ser sua foi a minha melhor escolha e a única maneira que encontrei de ser feliz! - Suspirou. - Torço para que aconteça o mesmo contigo, pois viver de um passado fracassado, não te levará a nada.
Ana: - Certo... - Engoliu seco.
Brunna: - Poderia te apresentar a minha esposa e aos meus filhos, porém não quero te causar constrangimento. - Assentiu. - Quando se sentir preparada para aceitar quem me tornei e o que levo comigo, procure o Mário Jorge, ele sabe onde me encontrar. - Se aproximou e beijou o rosto da amiga. - Até mais Ana.
Flashback off
Ludmilla: - Nossa amor, que papo pesado né?
Brunna: - Muito!
Ludmilla: - Você ficou bem com tudo isso?
Brunna: - Sim amor, ela precisava escutar tudo que eu disse, eu realmente era imatura, preconceituosa e impulsiva demais...
Ludmilla: - E quando essa chavinha virou?
Brunna: - Foi justamente depois da Ana, eu conheci novas pessoas, li livros, conversei com meus pais, alguns amigos e beijei novas bocas... Parece que da noite para o dia eu só precisava mesmo de experiências sem responsabilidade afetiva sabe...
Ludmilla: - Quer dizer, sexo sem compromisso né?
Brunna: - Isso, eu precisava me libertar do medo de magoar alguém que era importante pra mim e explorar o que eu realmente sentia, com homens e principalmente com mulheres que era minha maior barreira!
Ludmilla: - Lamento que sua amiga não tenha entendido isso.
Brunna: - Eu fugi, fui covarde o suficiente, não queria magoar e pra sair magoei. - Fez um biquinho.
Ludmilla: - Faz parte, já se desculpou, então não se cobre tanto!
Brunna: - Certo... - Selou seus lábios. - E você, sempre soube sua opção sexual?
Ludmilla: - Algumas pessoas acham que só pelo fato de ser intersexual a escolha já está feita, mas não, eu conheço casos na minha condição que se relacionam com homens, eu tenho um membro masculino, porém me reconheço como mulher e sempre fui muito lésbica! - Apertou forte a bunda da loira. - Não tem nada mais lindo que o corpo feminino e eu nunca tive nenhuma dúvida a respeito! - Assentiu e agarrou a esposa, iniciando carícias que duraram pelo resto da madrugada.
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3 ANOS DEPOIS
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Brunna: - Amor eu juro que volto rapidinho...
Ludmilla: - Bru, por favorzinho, não me deixa assim. - Apontou para o membro semiereto.
Brunna: - Ludmilla, pelo amor de Deus, nós transamos a madrugada toda, acordei e você foi lá me perturbar no banho, não cansa não? - Cruzou os braços e viu a negra fazer um bico.
Ludmilla: - Você é a culpada, olha só pra ti princesa, esta cada dia mais gostosa! - Puxou a loira para a cama e ficou por cima. - Só mais uma rapidinha...
Brunna: - Não! - Empurrou a esposa. - Eu realmente preciso ir, prometo não demorar!
Ludmilla: - Brunna hoje é domingo, está me negando um sexo gostosinho pra ir trabalhar em pleno final de semana. - Fechou a cara.
Brunna: - Não estou te negando nada, pois ja gozamos 2x nesta manhã.
Ludmilla: - Só fico satisfeita acima de 4... - Sorriu.
Brunna: - Mais tarde eu te recompenso minha vida, a Larissa vai me matar se eu não enviar esse portfólio pra ela, eu prometi e esqueci totalmente na sexta e amanhã cedo ela tem essa reunião importante.
Ludmilla: - Ela consegue se virar. - Fez voz de manha.
Brunna: - Claro que consegue, porém não posso fazer isso com ela, minha amiga viajou para fechar essa parceria e no que depender de mim, vai ter material suficiente para que eles entendam que a Company Cosméticos é a melhor empresa neste ramo.
Ludmilla: - Não vou te convencer não é mesmo?
Brunna: - Não!
Ludmilla: - Ok...
Brunna: - Não faz esse drama todo, eu volto rápido, vou lá e envio tudo no e-mail dela e venho para os seus braços.
Ludmilla: - Está bem princesa, eu vou cobrar com juros essa desfeita. - Sorriu sapeca e beijou os lábios da amada.
Brunna: - Prometo pagar cada centavo! - Mordeu os lábios.
Ludmilla: - Chega antes do almoço?
Brunna: - Sim, vai ser rápido, eu juro!
Ludmilla: - Ok, vou pedir para os meus pais trazerem as crianças e ja ficarem para o almoço, o que acha?
Brunna: - Por mim está perfeito. - Selou seus lábios. - Vou indo amor, te amo!
Ludmilla: - Eu te amo, nunca esqueça disso!
Brunna: - Ei, porque está falando assim?
Ludmilla: - Só forma de dizer princesa, você é o amor da minha vida e por você eu faço tudo! Te amo demais. - A abraçou forte e deu mais alguns beijos. - Agora vai, antes que eu mude de ideia e te tranque nesse quarto. - Viu a loira se afastar e jogar um beijo no ar, fazendo seu coração transbordar de amor.
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Na empresa, Brunna foi realmente muito rápida, ligou o notebook e enviou o portfólio que Larissa precisava para a reunião que teria no dia seguinte, em seguida ela saiu, se despediu dos seguranças e avistou uma pequena floricultura móvel.
Brunna: - Olá, que orquídeas lindas, qual o preço?
Vendedor: - R$250 esse vaso menor, mais tem aquelas ali, estão bem mais bonitas porém o vaso é mais pesado.
Brunna: - Se eu comprar aquelas você me ajuda a colocar no carro?
Vendedor: - Claro, melhor levar na parte de dentro, no porta-malas acho arriscado.
Brunna: - Certo, e qual o valor do vaso grande?
Vendedor: - É R$500,00.
Brunna: - Ótimo, aquela azul está perfeita, vou leva-la.
Vendedor: - É para decoração ou presente?
Brunna: - Como é para minha esposa é presente, mais por fim acabará por decorar a nossa casa.
Vendedor: - Vou te dar um cartãozinho de dedicatória então. - Assentiu.
Assim como prometido, o vendedor ajudou Brunna com o vaso de orquídeas e a loira seguiu rumo a sua mansão, ela estava eufórica pelo presente que levava para a negra.
Ligação on 📱
Brunna: - Oi amiga, já te enviei o e-mail.
Larissa: - Recebi Bru, ficou show! Tenho certeza que vai dar certo.
Brunna: - Tem que dar viu, porque eu deixei uma esposa excitada em casa só pra ir na empresa te enviar isso.
Larissa: - Ah larga a mão de ser safada que eu tenho certeza que o que vocês mais fizeram de ontem pra hoje foi trepar.
Brunna: - Digamos que desde sexta o que não tem faltado é sexo. - Sorriu.
Larissa: - E as crianças?
Brunna: - Foram para a casa dos avós e só voltam hoje.
Larissa: - E quantas vezes vocês saíram do quarto desde então?
Brunna: - Só pra comer. - Gargalhou. - Meu Deus amiga, será que somos maníacas?
Larissa: - Bru você tá me zuando né?
Brunna: - Sim e não rs... Transamos a noite toda na sexta e antes do café no sábado, ai curtimos a piscina e almoçamos, depois transamos na piscina também... E no banho... Na madrugada... Nesta manhã de domingo...
Larissa: - Que horror, parecem duas coelhas, socorro!
Brunna: - Para de ser invejosa.
Larissa: - E você ainda tem a cara de pau de dizer que deixou uma esposa excitada em casa! - Esbravejou.
Brunna: - Mais deixei, você sabe como ela é insaciável.
Larissa: - Me poupe dos detalhes sórdidos das suas safadezas.
Brunna: - Ai amiga, você é muito engraçada. - Sorriu largo. - Saudades!
Larissa: - Saudades também, mais uns dias e eu já retorno. - Suspirou. - Patrícia está enchendo o meu saco e dizendo que só penso em trabalhar e não tenho mais tempo pra ela e para o Rafinha.
Brunna: - Tire umas férias quando voltar, você precisa aproveitar sua família amiga.
Larissa: - Eu sei, vou fazer isso. - Embargou um pouco a voz. - Saudades deles também. - Respirou fundo. - Mais agora falando sério, eu agradeço pelo envio, acho que daria certo mesmo se não tivesse conseguido amiga, não queria atrapalhar a lua de mel do casal.
Brunna: - Eu precisava sair, realmente estava acasalada naquela mansão. - Sorriu. - Não estou reclamando, pois eu amo, mais deixei a cartela de anticoncepcional na minha gaveta da empresa e já estou a 4 dias sem tomar, não posso arriscar.
Larissa: - Meu Deus, transando loucamente sem tomar o santo remedinho?
Brunna: - Falar nisso, vou tomar agora antes que eu chegue em casa e Ludmilla me faça esquecer de novo.
Brunna abriu o porta luva em busca da pílula enquanto escutava sua amiga resmungar da vida, por um milésimo de segundo ela abandonou o volante para ter mais elasticidade e não percebeu que o farol a sua frente indicava que ela precisava parar, o vermelho do sinal foi visto em seu reflexo mais já era tarde demais... Do outro lado da via um caminhão em alta velocidade acertou o carro da loira em cheio e o fez capotar, uma, duas, três... quatro vezes até parar em um dos postes da imensa e agora silenciosa avenida.
Larissa: - Brunna? Brunna? Brunna? Amiga pelo amor de Deus, que barulho foi esse? Brunnaaaa?
Ligação off 📱
Pessoas corriam em direção ao veículo, na expectativa de verificar os feridos ou a chance de uma possível explosão. Ao avistarem a loira, um mar de sangue se fazia presente em sua face, orquídeas azuis misturadas a terra e ao vaso quebrado se espalharam por todo o carro e um bilhete, simples e tão significante parecia a única coisa que de fato permanecia intacto.
***
Me perdoem por demorar tanto, a vida ta corrida e eu realmente não conseguia parar aqui pra entregar o que prometi no último capítulo. Tentarei voltar a rotina de postagens agora que tudo se acalmou, espero contar com os votos de vocês e os comentários que tanto me impulsionam.
O tombo veio né? Hajaaaaaaaaaaa coraçãooooo!
Beijos, avisem os erros, votemmmm e comentem muitooooooooo!
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