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Capítulo 12

POV Ludmilla

Aquela  madrugada durou mais horas que o esperado, Brunna e Ludmilla relutaram até que conseguiram descansar por algumas horas. Pela manhã o som das risadas dos trigêmeos se fez presente no corredor e automaticamente as saudosas mamães despertaram. 

Mia: - Olha só quem chegou!! - Entrou no quarto acompanhada de Jorge e os netos. - Viemos ver vocês e espero que estejam vestidas. - Sorriu.

Brunna: - Bom dia Mia. - Balançou a cabeça em negação e se sentou na cama estendendo a mão para que sua mãe lhe entregasse Perola. - Vem aqui meu amor, a mamãe ta morrendo de saudades. - Encheu a menor de beijos e viu os outros dois filhos agarrarem a esposa ao lado.

Ludmilla: - Como é gostoso ganhar esse abraço. - Sentou Jasmine e Michael em suas coxas e os beijou com ternura. - Ei Perolinha, cadê meu beijo? - Viu a filha sorrir sapeca e enfiar seu rostinho no pescoço da loira mostrando-se envergonhada. 

Jorge: - Nos desculpe aparecer sem avisar, mais as crianças estavam resmungando e acreditamos ser por saudades de vocês.

Mia: - Sem contar que tenho certeza que ver a carinha dessas pestinhas iria anima-las.

Brunna: - Mia, não chama os meus amores de pestinhas. - Entregou Perola para Ludmilla e pegou Jasmine e Michael para mima-los.

Mia: - Minha casa está de pernas para o ar, anjinhos que eles não são.

Jorge: - Mirian que exagero, já falei pra não falar assim das riquezas do vovô. - Olhou para os netos de forma apaixonada.

Ludmilla: - Imagino que eles devem ter dado um trabalho danado, e quero que nos desculpem por deixa-los lá por tanto tempo e sem ajuda nenhuma.

Mia: - Também não me chame de imprestável norinha.

Ludmilla: - Não Mia pelo amor de Deus... - Foi interrompida pela gargalhada da sogra.

Jorge: - Ludmilla não se preocupe, realmente é um prazer ficar com as crianças.

Brunna: - Amor relaxa, minha mãe adora te ver nervosa. - Piscou para a negra que corou.

Mia: - Você é muito engraçada Ludmilla. - Se aproximou e lhe deu um beijo no rosto. - Eu e o Jorge adoramos quando vocês levam os trigêmeos pra nós, mesmo eles sendo agitadinhos. 

Brunna: - Mãe a Lud vai ficar roxa se continuar. - Repreendeu a mais velha.

Jorge: - Estamos indo no mercado agora, porém podemos ficar com eles mais tarde, imagino que vocês devem ir até o enterro da Madalena.

Ludmilla: - Sim, temos que ir lá dar essa força para o Lucas.

Mia: - Brunna me contou que ele está em posse do Governo, isso é um absurdo. - Suspirou revoltada.

Brunna: - Infelizmente pela lei é o que precisava ser feito.

Ludmilla: - Não gosto nem de pensar como ele passou essa noite, sem a mãe e sem nós por perto.

Jorge: - Pobre menino, com certeza não merecia passar por nada disso. 

Ludmilla: - Espero que seja tão forte como é esperto.

Brunna: - Ele será!

Mia: - Então, vocês deixam as crianças ou viemos busca-los?

Ludmilla: - Pensei em pedir aos meus pais dessa vez.

Jorge: - Imagina, nós estamos mais perto e fazemos questão. - Ressaltou o mais velho.

Brunna: - A Mia fica chamando eles de pestinhas, pelo menos minha sogra não pensa dessa forma.

Mia: - É falsa então.

Jorge: - Mirian!!! - Repreendeu a esposa.

Mia: - Eu sou sincera e nem por isso deixo de amar os meus netinhos. - Beijou a cabeça de Michael. - Silvana com certeza pensa igual, só não tem coragem de falar.

Ludmilla: - Na verdade ela meio que já disse sim.

Brunna: - Sério? - Olhou para a negra demonstrando espanto.

Ludmilla: - Sim amor, ela os ama, mais eles têm muita energia, essa foi a frase usada.

Mia: - Viu só, retiro o meu falsa, Silvana é das minhas. - Piscou.

Jorge: - Vamos indo que esse papo já deu. - Pegou a mão de Mia, se despediram de todos e saíram.

Brunna: - Por instantes eles me fizeram esquecer de tudo que ainda vamos passar neste dia. - Respirou fundo.

Ludmilla: - Trouxeram o nosso bem mais precioso. - Suspirou. - Eu nunca quero ter que me separar deles. - Uma lágrima caiu em seu rosto.

Brunna: - Ei amor, olha aqui pra mim. - Viu a amada se desmanchar. - Estaremos aqui pra eles e por eles, não pense nada diferente disto ok? - Assentiu. - Te amo. - Selou seus lábios.

---

Na parte da tarde, como haviam combinado, deixaram as crianças na casa dos Gonçalves e foram ao cemitério acompanhar o sepultamento de Madalena. A pedido da Ludmilla, não haveria muito tempo de velório para não prolongar o sofrimento de Lucas e por não ter a  necessidade de aguardar a chegada de parentes que sequer existiam. 

Renato: - Olá minha filha. - Abraçou forte a negra que estava visivelmente abalada.

Silvana: - Bru... - Estendeu os braços para a nora. - Viemos dar apoio à vocês.

Ludmilla: - Obrigada, faz muita diferença tê-los aqui.

Renato: - Conte conosco!

Brunna: - E o Lucas?

Silvana: - Está lá dentro agarrado na Luane, eu não consegui ficar muito tempo ali, é muita tristeza.

Renato: - Crianças não deveriam ter que passar por isso, ele realmente está despedaçado. 

Ludmilla: - Era importante ele conseguir se despedir. - Falou firme.

Silvana: - Entendo... - Olhou ao redor. - Nete, Eliana e Nilza estão aqui também? Então deixaram meus netos com quem?

Brunna: - Eles ficaram na casa dos meus pais, achamos melhor.

Renato: - Fizeram bem!

Ludmilla: - Vamos entrar amor, daqui 30 minutos o velório já vai ser encerrado. - Assentiu.

Ao entrarem na salinha, se depararam com a cena que mais relutavam acreditar, o corpo de Madalena ao centro, em um caixão luxuoso, com inúmeras flores e coroas de homenagem. Aquela mulher teria mesmo uma partida digna. Lucas ao avista-las se desvencilhou de Luane e abraçou o casal que chorou junto do menor por um longo período.

Passado os 30 minutos, o coveiro veio encerrar aquele momento de dor com ainda mais sofrimento, afinal, o enterro parece ser tão ou mais sofrido que o velório, é ali o Adeus definitivo.

Brunna e Ludmilla pegaram Lucas no colo e permaneceram abraçadas até que a última pá de terra foi jogada, e as coroas colocadas por cima. 

Lucas: - Tia Lud, por que isso aconteceu comigo? - Abraçou a negra e chorava em desespero.

Brunna: - Você disse que confia no papai do céu, então precisa acreditar que ele levou sua mamãe para que ela não sofresse mais.

Lucas: - Mais e eu?

Ludmilla: - Vai continuar sendo forte como ela te ensinou, pois agora você tem um anjinho que te observa todos os dias. - Apontou pra cima. - Não pode decepciona-la.

Lucas: - Eu não sei se consigo. - Abaixou a cabeça.

Brunna: - Tenho certeza que sim, você é incrível e nós vamos te ajudar.

Ludmilla: - Não está e nem vai passar por isso sozinho. - Beijou a testa do garoto e viu uma senhora caminhar até eles.

Lucélia: - Lucas, temos que ir. - Se aproximou do menor que se escondeu nas pernas de Ludmilla.

Lucas: - Eu não quero! - Falou bravo.

Lucélia: - Nós conversamos antes de sair do orfanato, se lembra? - Olhou para Brunna que tinha um semblante sério no rosto.

Brunna: - Não podemos ficar mais uns minutos com ele, sair daqui e comer algo?

Lucélia: - Infelizmente as normas do orfanato não permitem essa conduta, vocês podem ir visita-lo nos dias e horários estipulados.  - Assentiram derrotadas.

Lucas: - Tias, não deixem ela me levar. - Lágrimas escorriam em seu rosto.

Ludmilla: - Ei. - Se abaixou para ficar de sua altura. - Eu prometo que não ficará muito tempo longe de nós.

Brunna: - E vamos te visitar todos os dias. - Fez um carinho em seu rosto. 

Ludmilla: - Promete se comportar e nos esperar?

Lucas: - Prometo. - Fez um bico adorável. 

Brunna: - Então até amanhã meu amor. - Abraçou-o com ternura e viu a esposa fazer o mesmo.

Lucélia:  - Até mais então. - Assentiram enquanto a mais velha levava Lucas pelas mãos.

Indo em direção ao carro, Ludmilla e Brunna se despediram de Renato e Silvana e partiram rumo a casa dos Gonçalves.

Brunna: - Amor, o que conversamos ontem, eu estava falando muito sério ok?

Ludmilla: - Eu também princesa, e inclusive preciso fazer uma ligação. - Pegou o celular em seu bolso e iniciou um chamada.

📱 Ligação on

Ludmilla: - Daiane, que demora pra atender! - Bufou irritada.

Daiane: - Estava ocupada chefinha. - Ironizou. 

Ludmilla: - Sem brincadeiras, quero saber se já temos alguma resposta?

Daiane: - Sim, cheguei agora pouco e preciso apenas marcar com a Assistente Social.

Ludmilla: - E o que está esperando?

Daiane: - Vou agendar para amanhã na parte da tarde.

Ludmilla: - Podemos fazer isso hoje mesmo Daiane, assim já podemos busca-lo.

Daiane: - Você está se escutando?

Ludmilla: - Perfeitamente, por que?

Daiane: - Lud, eu te conheço mais que a mim. - Pareceu pensar nas palavras. - Você acabou de enterrar uma amiga a qual se apegou bastante e mesmo que julgue estar bem o suficiente para falar com qualquer pessoa, eu não vou arriscar tudo pela sua impulsividade.

Ludmilla: - Não estou sendo impulsiva! Apenas quero as coisas resolvidas o mais rápido possível.

Daiane: - Estamos solicitando a guarda provisória de um menor que acabou de perder a mãe, por favor, não ache que você está 100% psicologicamente pra resolver isso hoje.

Ludmilla: - Mais Daiane...

Daiane: - Descanse, tanto você e a Brunna precisam relaxar um pouco, te envio uma mensagem confirmando o agendamento.

Ludmilla: - Você sabe que sou sua chefe, certo?

Daiane: - Sim e me ensinou a ter excelência no que faço, portanto, eu vos digo, que hoje você não vai ganhar nada pois já perdeu todas as batalhas possíveis, descanse que amanhã é um novo dia.

Ludmilla: - Não sei o que faço contigo!

Daiane: - Apenas me agradeça. Te amo! Beijos

Ludmilla: - Beijos. Te amo também.

📱 Ligação off


Brunna: - E então?

Ludmilla: - Daiane já deu entrada na solicitação da guarda provisória e vai agendar a visita da Assistente Social para amanhã. - Bufou. - Ela é teimosa, por mim já fazíamos isso hoje.

Brunna: - Sei que sim minha vida, mais não estamos com cabeça, vamos descansar, curtir nossos pequenos e recarregar as energias. - Selou seus lábios. - Vai dar tudo certo!

---

No dia seguinte, pela manhã as crianças foram para a escolinha e Brunna aproveitou para ir visitar Lucas e passar um bom tempo com ele. No retorno a loira comprou flores e levou para a amada, sabia que Ludmilla estava tão sensível quanto ela, e queria tentar agrada-la.

Brunna: - Oi amor, são pra você. - Entregou um buquê de lindas rosas vermelhas.

Ludmilla: - Nossa Bru, que lindas. - Beijou a esposa apaixonadamente. 

Brunna: - São pra demonstrar o quão louca eu sou por ti.

Ludmilla: - Te amo!

Brunna: - Amo mais, muito mais! - Sorriu sapeca e ouviu a campainha tocar. - Será que já é a Assistente Social?

Ludmilla: - Daiane estava vindo também. - Assentiu.

Nete: - Menina Lud, a Dai está entrando. - Gritou.

Daiane: - Oi meus amores, cheguei cedo?

Ludmilla: - O que veio fazer aqui?

Daiane: - Ué, vim ver o show! - Atraiu a atenção do casal.

Brunna: - Não entendi...

Ludmilla: - Nem eu! - Ouviu novamente a campainha. - Vem amor, agora deve ser ela, vamos atender juntas!

Brunna: - Claro...

Caminharam até a porta acompanhadas de Daiane, ao abrirem, Ludmilla que tinha um largo sorriso no rosto ficou séria de repente e Brunna que se mostrava simpática tentou disfarçar o estranhamento na atitude da esposa.

Ludmilla: - Oi... - Quase sussurrou. 

Stefany: - Quando eu li, Ludmilla Oliveira, rezei pra ser você! Quanto tempo, vejo que muitas coisas mudaram não é mesmo?

Brunna: - Vocês já se conhecem? - Olhou para as duas que se encaravam.

Ludmilla: - Sim...

Stefany: - Meu nome é Stefany, fui a primeira namorada dela e ela o meu primeiro grande amor. - Estendeu a mão para a loira que relutava em apertar e ser cordial ou ser rude e colocar em risco a guarda de Lucas.

Daiane: - Sabia que eu não poderia perder essa visita! - Sorriu largo. - Que comecem os jogos! 

***

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