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Capítulo 62

O trio de amigos levemente alterados pelo álcool entoavam de maneira engraçada uma versão mais animada de Pais e Filhos, uma das clássicas de Legião Urbana. Eles não tinham exatamente um talento para isso, mas essa era a graça do karaokê. E afinal de contas, além de claramente estarem se divertindo, divertiam as pessoas que os assistiam no bar também.

Paula deu um trago em seu cigarro e observou sua amiga se dobrar na cadeira, de tanto rir. Realmente, a cena era hilária.

Foi só depois que a música acabou e os jovens desceram do mini palco sob fortes aplausos e gargalhadas, que uma certa calmaria e normalidade se instalou no bar. Os próximos a cantar foram um casal, que mais pareciam cantar um para o outro, um sertanejo universitário com uma letra bastante romântica.

Paulo apagou o cigarro e soltou um suspiro.

-Ai ai, conheço esse suspiro.- A amiga disse, olhando-a com desconfiança.- Não vai me dizer que está pensando nele de novo.

-Pior que estou.- A tenente confessou.- Não tem como nem porquê esconder isso de você.

-Amiga!- A outra bateu de leve na mesa de madeira do bar, num claro gesto de indignação.- Eu já te disse para parar com isso! Você é casada, Paula. Esse cara não é pro teu bico.

-E eu não sei? Mas não consigo, simplesmente não consigo parar de pensar nele. Isso me incomoda, sabe? Porque eu sei que parece errado, mas quando eu me lembro da indiferença do Augusto eu até gosto de ter outro em quem pensar.

A amiga riu, balançando a cabeça.

-O que é que esse Jader tem, de tão especial?

-Tudo! O olhar, a expressão, a bondade, a doçura, a alma...!

-Meu Deus!- A outra cobriu a boca com as mãos.- Falando assim parece até que está apaixonada.

-E se eu estiver?- Paula acendeu um novo cigarro, dando de ombros.

-Não, você não está não. Apaixonada você é pelo seu marido, o Augusto. Lembra quando você vivia falando dele pra mim, logo quando se conheceram? Isso que vocês estão vivendo agora, é apenas uma fase, amiga. Casamentos são complicados assim mesmo. Tenta resgatar um pouco do amor que você sentia por ele no começo e vai dar tudo certo. Você não precisa de uma aventura, como se fosse uma jovenzinha de vinte e poucos anos. Você é uma mulher madura, respeitada na cidade e tem um marido! Poxa, não tem que ficar pensando nessas coisas.

-Tenho um marido...- Paula soltou a fumaça de lado.- Um marido que mal olha para mim.

-É só uma fase, eu já disse.

-E se ele estiver me traindo?

-O Augusto? Jamais!

Paula ficou em silêncio, se perguntando como a amiga poderia ter tanta certeza de algo.
Depois, seus pensamentos voaram novamente até Jader.

-Quando fui vê-lo no hospital, prestes a fazer a cirurgia para retirar a bala... Não sabe o quanto rezei para que tudo acabasse bem.

-Bom, até aí tudo bem. Você só estava preocupada.

-É. Mas...- novo suspiro.- Eu desejei mesmo, de coração, que ele ficasse bem. Porque queria vê-lo de pé, sorrindo, conversando... Até então, a única imagem que eu tenho dele é jogado naquele lugar esquisito, e ensanguentado.

-Já foi vê-lo depois que recebeu alta?

-Ainda não...

-Pois se ele recebeu alta, significa que está bem. Coloque isso na sua cabeça e segue em frente. Até porque... e se ele já tiver alguém?

-Não, eu sei que ele não tem.

A tenente se lembrou de Anabella. Os olhares mais que intensos entre os dois eram óbvios. A preocupação dela com ele, na delegacia. A preocupação dele com ela, no hospital...

"Anabella."

Paula deu seu terceiro suspiro naquela noite. Queria sim, se ver livre daqueles pensamentos. Mas parecia mais forte do que ela.









🍷

A decisão de ir embora do país por parte de Anabella e incapaz de sofrer uma reversão segundo a mesma, renovou a tristeza que já há algum tempo habitava o coração de Eleanor.
Acordar todos os dias sozinha naquela casa imensa e vazia era assombroso. Seu lar era seu refúgio, e jamais seria capaz de abandoná-lo. No entanto, cada hora passada ali sozinha fazia com que a sensação de perda e luto dobrasse de tamanho dentro dela.

Sua solidão só não era maior porque Jader passava alguma parte de seu tempo com ela.
Ambos, unidos pela dor da perda vista de diferentes pontos de percepção, tentavam abafar ao máximo os sentimentos ruins.

Naquela manhã especificamente, Jader havia ido acompanhá-la no café da manhã, pois tinha feito compromisso com o pai, de ajudá-lo na oficina.

-Realmente não sei o que seria de mim se não fosse você, Jader. Sem o seu apoio acho que eu já teria...- Eleanor deu de ombros.- Sei lá...

-Não é uma fase fácil essa pela qual a senhora e eu estamos passando. Mas pode contar comigo para qualquer coisa, a qualquer hora.

-Eu sei, querido. Eu sei...

Eleanor observou Jader morder um pãozinho e sorriu, com carinho. Realmente, não sabia como estaria se não fosse ele. Mesmo em meio a todos os percalços que a vida havia imputado à sua família, inclusive envolvendo o próprio Jader, a presença dele não havia se tornado dispensável. Ao contrário, era cada vez mais necessária. Pelo menos, era assim que se sentia.

Dali a alguns minutos, a nova senhora contratada para executar as tarefas da casa, chamada Geiza, adentrou a cozinha pedindo licença e dizendo:

-Dona Eleanor, tem uns parentes da senhora aqui. Estão lá na sala.

Eleanor trocou um olhar surpreso com Jader.

-Eu já vou, Geiza.

E baixinho para Jader:

-Nem ligaram antes, para avisar.

A pedido dela, Jader a acompanhou até a sala.
Depararam-se com o irmão de Eleanor, César, sua esposa Heloísa e a filha, Virgínia. Os três com suas respectivas malas.

César se adiantou para abraçar a irmã, antes que alguém dissesse qualquer palavra.

-A gente gostaria de ter vindo antes, mas não foi possível. Eu sinto muito por tudo o que aconteceu, minha irmã.

Em seguida, Eleanor foi abraçada pela cunhada que disse que estavam ali "para ficaram ao lado dela em momento tão difícil."

Por último, foi a vez de Virgínia, dar um abraço caloroso na tia sem no entanto, dizer nada.
Virgínia relanceou seus olhos na direção de Jader, e sorriu timidamente, dando-lhe um bom dia rápido.
Isso fez com que seus pais notassem a presença de Jader e o cumprimentassem também.

-E a Anabella, onde está?- Virgínia quis saber.

Eleanor olhou para Jader e ele percebeu o quanto aquela pergunta inofensiva a afetava.
Jader pousou sua mão sobre o braço da senhora Montenegro, em demonstração de apoio.

-Anabella foi passar um tempo fora- Ele respondeu por ela.

-Fora...?

-Do país.

Os três pares de olhos se arregalaram, em surpresa.

-Anabella foi embora do país? Deixou a senhora sozinha, num momento tão difícil, tia??- Virgínia expressou sua indignação.

Eleanor suspirou.

-Também está sendo um momento difícil para ela. E por mais que eu preferisse que ela estivesse aqui, eu entendo e sei que ela precisa de um tempo para assimilar tudo isso que aconteceu.

-Bom, estamos todos abalados com as novidades. Mas isso não justifica a Anabella querer deixar tudo pra trás, como se ela não tivesse nada a ver com isso. Achei insensível, da parte dela- César comentou.

-Aquela lá nunca foi sensível, pai- Virgínia revirou os olhos.

Jader tirou a mão do ombro de Eleanor e se remexeu, inquieto.

-Se me permitem dizer, vocês são apenas parentes de sangue de dona Eleanor e de Anabella. Mas não estavam aqui quando o mundo desabou em cima delas e não sabem de metade das coisas que elas tiveram que viver e enfrentar. Então por favor, peço que respeitem a decisão de Anabella e também respeitem a dor da mãe dela.

Virgínia arqueou a sobrancelha e se calou, optando por não contrariá-lo.

-Acho que Jader está certo- interveio Heloísa, procurando amenizar o clima.- Não cabe a nós julgar a decisão da Anabella. Espero que ela consiga se curar de toda essa dor e você também, cunhada.

-Eu posso levar as malas lá para cima?- Geiza perguntou, ao aparecer na sala.

-Eu ajudo você- disse Jader.- E depois preciso ir embora.

Jader pegou duas das malas e começou a subir a escada, com a empregada logo atrás.

-Esse rapaz...- César comentou, observando.- Sempre tão prestativo.

Eleanor concordou.

-Jader é muito precioso. Tem sido uma âncora para mim, nestes dias tão difíceis.

Os dois irmãos e a cunhada foram se sentar. Virgínia, entediada com a conversa entre os pais e a tia, decidiu subir também.






🍷

A ONG havia se tornado, temporariamente, o lar de Lara, enquanto seu caso era analisado pela justiça.

Naquela manhã em específico, ela estava deitada sobre a grama do jardim da ONG, como gostava de fazer.
Passava boa parte de seu tempo só, e embora se desse bem com as outras crianças, optava por ficar sozinha o tanto quanto podia.

Sua mente precoce ainda era constantemente visitada pelas imagens aterrorizantes que havia vivido nos últimos dias, com a morte de sua mãe e seu encarceramento.

Ouviu passos se aproximarem e manteve-se em alerta, com os sentidos aguçados. Mas relaxou ao perceber que eram apenas Doralice e Rafaela. Duas das pessoas mais simpáticas que pudera conhecer em meio aos últimos acontecimentos.

-Lara...- Rafaela chamou-a, com a voz doce e levemente cantarolada.

Lara se sentou na grama, e Rafaela e Doralice a acompanharam.

-Como você está se sentindo hoje?- Doralice perguntou.

Lara deu de ombros e ergueu a cabeça, olhando na direção do sol e tapando os olhos com a mão.
Rafaela olhou para Doralice, que assentiu silenciosamente.

-Lara, a gente quer saber se você pensou na nossa conversa de ontem. Sobre aceitar a consulta com a psicóloga.

A menina fitou seus próprios tênis, por alguns minutos.

-Sabe, você vai gostar. Vai te fazer muito bem. Todas as crianças gostam de conversar com a psicóloga. E o melhor é que você nem vai precisar sair daqui. Ela mesma vem.

-Por que eu tenho que desabafar com uma pessoa que eu nem conheço?

-Você pode desabafar com qualquer uma de nós a qualquer momento que quiser. Mas a conversa com a psicóloga é essencial. Por favor, acredite em nós quando dizemos que vai te fazer muito bem.

Lara pareceu ponderar um pouco.

-Eu sou obrigada a responder tudo o que ela quiser saber?

-Não, querida. Mas é importante que você seja sincera e se abra com ela- Doralice disse.

-E então? O que você diz?

-Tudo bem. Eu quero conversar com a psicóloga.

-Ótimo!- Efusiva, Rafaela a abraçou.

Lara retribuiu o abraço, achando graça do entusiasmo dela.
Rafaela acariciou o queixo dela brevemente e sorriu. Seu sorriso irradiava positividade.

-Vai ficar tudo bem, tá bom, minha princesa?

Lara fez que sim.
Seu coração machucado palpitava, com a sensação de acolhimento, algo que achava inédito, em meio ao caos que sua vida se tornara ao cruzar o caminho de certo homem mal intencionado.








🍷

Jader ergueu os olhos, contemplando a imensidão do prédio da JM Propaganda & Publicidade. Foi recebido por todos como era quando trabalhava ali. Nada havia mudado.
Ainda não tinha entendido o porquê da ligação de João Marcos. Mal havia trabalhado duas horas naquele dia com o pai, quando o ex chefe ligou, comunicando-lhe que esperava por ele na Publicitária.

E agora, ali estava ele.
Saiu do elevador, no último andar, onde ficava a sala de João Marcos e andou até ela, notando que ele já o esperava no corredor, com um sorriso.

-Jader Foster! Cara, que bom que você veio!

Jader ia apenas apertar-lhe as mãos, mas se surpreendeu com o abraço caloroso do outro.
João Marcos pôs uma de suas mãos sobre o ombro de Jader, e seguiram andando pelo extenso corredor, em direção à sua sala. Jader ia cumprimentando uns e outros conhecidos e notou que haviam rostos novos por ali também.

A secretária de João Marcos serviu-lhes café e seguiu-se uma conversa banal e descontraída, enquanto aproveitavam a vista da sala presidencial.

Até que em dado momento, curioso para saber o real motivo de ter sido chamado ali, Jader disse:

-Acredito que você não tenha me chamado aqui apenas para jogar conversa fora e tomar cafezinho, João Marcos.

João Marcos o fitou, ajeitou a gola do próprio paletó e então sorriu.

-Não mesmo. Você me conhece. Até por que foram oito anos, não é? É bastante tempo. Inclusive, tempo mais do que suficiente para que eu e qualquer pessoa que trabalha nessa empresa tenha notado o publicitário impecável que você é.

Jader limitou-se a sorrir.

-E Jader, eu te chamei aqui por dois motivos- João Marcos se inclinou sobre sua mesa, cruzando as mãos.- O primeiro é que sinto que te devo um pedido de desculpas. Eu estava extremamente preocupado com o rumo que a JM estava tomando e numa visão geral e errada- ele frisou.- Eu decidi despedir você, por causa das faltas. Fechei os olhos para o fato de que você é um dos publicitários mais qualificados que eu já tive por aqui e foquei nas faltas que você tinha, quando na verdade, eram por um motivo tão nobre. Então, do fundo do meu coração, eu peço desculpas por ter despedido você daquela forma.

Jader fez um gesto pacificador com a mão.

-Tudo bem, João Marcos. Eu realmente fui pego de surpresa quando aconteceu mas me confirmei por que afinal, você é o dono da empresa e com certeza sabe o que é melhor para o seu negócio.

-É, mas eu dei uma mancada muito feia. Preferi confiar no pilantra safado do Sérgio, do que em você. No final das contas, ele estava aprontando por aí e isso com certeza não fazia bem para a imagem da empresa.

João Marcos descruzou as mãos e voltou a cruzá-las.

-Agora, o segundo motivo pelo qual eu te chamei aqui é por que quero te pedir que considere a possibilidade de voltar a trabalhar conosco. Não como um simples publicitário, claro e sim ocupando o cargo que erroneamente dei para seu primo ocupar. Diretor geral. Você iria cuidar e estar à frente das maiores campanhas e demandas que recebemos.

Jader abriu a boca, surpreso.

-Eu entendo se precisar de um tempo para pensar, afinal... Não foi legal a forma como demiti você. Mas considere, por favor. Seria uma alegria imensa poder voltar a trabalhar com você, Jader.

-Eu não preciso de um tempo para pensar- Jader disse.- Eu aceito.

-É sério?- João Marcos não conteve a euforia em sua voz.

-Sim. Eu não estou fazendo nada mesmo, pelo menos nada concreto. Além do mais, isso aqui é o que eu gosto e sei fazer. Então, não preciso de delongas.

-Perfeito!- João Marcos se levantou e foi abraçar Jader mais uma vez.- Você acaba de fazer meu dia mais feliz, cara! Não sabe o quanto eu estava angustiado com esse assunto.

Jader deu alguns tapinhas nas costas dele.

-Relaxa, cara. Está tudo bem e eu estou de volta.

-É isso aí! Seja bem vindo mais uma vez à JM, então. Muito obrigado por aceitar a oferta. Você sabe, serão muitos os benefícios, para a empresa e para você, claro.

Apertaram-se as mãos mais uma vez e minutos depois, Jader deixou a sala de João Marcos.
No corredor, em direção ao elevador, deparou-se com Taís, a antiga colega.

-Jader!- Ela o cumprimentou com um beijo em cada face.- Que bom te ver por aqui! Você faz muita falta.

-Pois comemore, Taís- disse João Marcos, ao seu lado.- Jader está de volta. E como chefe de vocês, hein?!

Os olhos dela se arregalaram.

-Mesmo?? Ahhhh! Estou muito feliz, de verdade. Parabéns pelo cargo!

-Obrigado, Taís- Jader sorriu, com gentileza.

Ela o puxou de canto, na primeira deixa.

-Que coisa horrível o que aconteceu com os Montenegro.- Ela falava em um tom sigiloso.- E o Sérgio, meu Deus... que horror! Eu nunca podia imaginar!

-É, nem eu- Jader disse, embora tudo o que descobriram sobre Sérgio já lhe era suspeito há tempos.

-Dizem que ele fugiu. Você sabe pra onde?

-Não faço a menor idéia.

-Onde será que ele se enfiou?- A moça pareceu pensativa.

Jader a fitou, descrente.

-Por que está tão interessada? Você ainda gosta dele??

-Quê? Não, Deus me livre! É apenas curiosidade. Deus me livre- repetiu.- Eu estou namorando.

Jader soltou um suspiro de alívio, concluindo que era só Taís sendo o que sempre havia sido: uma grande curiosa.

-Que bom, Taís. É melhor ficar longe, mesmo.

Depois de mais alguns minutos de uma conversa despretensiosa, Jader finalmente se despediu e entrou no elevador.










🍷

Jader saiu do prédio da JM, caminhando em direção ao seu carro. Mal via a hora de chegar em casa e contar aos pais e à irmã a grande novidade.
Prestes a abrir a porta do veículo, ouviu:

-Jader? Jader Foster?

Ele se virou e viu a mulher alta, de pele negra e cabelo encaracolado com luzes em algumas mechas, preso no momento pelo quepe.
Ele a reconheceu imediatamente. Ela estava entre os policiais que invadiram o cativeiro do alçapão na Vinícola e também havia ido visitá-lo enquanto ainda estava no hospital.

-Tenente Paula, certo?- Ele disse e ela assentiu, apertando sua mão calorosamente.

-Isso mesmo. Vi você saindo do prédio e resolvi vir dar um oi e saber como você está.

-Que gentileza!- Jader sorriu e Paula mordeu os lábios ao ver o sorriso.- Eu estou bem, graças a Deus. Estou praticamente recuperado.

"Acabei de ter meu emprego de volta, estou vivo e com saúde. Só me falta uma coisa aqui. Talvez a mais importante de todas."

Jader dissipou seus pensamentos, para poder prestar atenção no que a policial dizia.

-Aos poucos o caso será esquecido pela população, ou pelo menos, não estará mais tão em alta nos sites de fofoca. No entanto, o Sérgio continuará sendo procurado, não iremos desistir.

-E ainda não têm nenhuma pista sobre o paradeiro dele?

-Não, nenhuma. Inclusive, se você souber de alguma coisa, pode comunicar à polícia.

-Eu não sei de nada, sequer estava morando com meu primo quando tudo veio à tona. Mas prometo que caso encontre alguma pista, vou comunicar imediatamente.

-Certo.- A policial sorriu mais uma vez para Jader.- Bom, vou deixar você ir, agora. Mas a gente se vê por aí, a qualquer momento. E se precisar, é só entrar em contato.

-Pode deixar. Tenha um bom dia!

-Obrigada.

A tenente observou Jader entrar no carro e ficou parada, repreendendo a si mesma pelos pensamentos impróprios.










🍷

Anabella observou o trajeto que uma folha de cerejeira fez, desde o momento em que se desprendeu do talo, fustigada pelo vento, até o momento em que, de forma suave e graciosa, se aquietou junto à dezenas de outras folhas no chão.

A cena singela a fez sorrir, ainda que brevemente. Era uma das pequenas lembranças que levaria daquela casa, assim que se mudasse.

Naquela manhã, havia enfim se decidido por um apartamento no centro de Vancouver e estava indo agora mesmo contar para Oliver e Nancy sua decisão.

Anabella permaneceu na janela, observando o jardim dos pais de Rosalie, tão belo no outono quanto seria se estivesse em qualquer outra estação.
Segundo seus cálculos, faziam exatas duas semanas que havia chegado no Canadá. Horas depois do avião pousar na maior cidade do país, fizera uma viagem de quatro dias de trem de Toronto a Vancouver.

As belas paisagens ofertadas aos seus olhos como a floresta boreal, os lagos no norte de Ontário e as Montanhas Rochosas, foram uma sublime compensação em vista do cansaço pela viagem que durou quatro dias.

Ao chegar na estação em Vancouver, os pais de Rosalie já esperavam por ela e foi uma verdadeira emoção não só para eles, mas para ela também, verem-se depois de tanto tempo e depois de tudo o que havia acontecido.

Oliver e Nancy eram muito receptivos e calorosos tal como se lembrava e assim como eram todos os vizinhos, que fizeram questão de visitá-los para levar bolos e tortas, conhecê-la e desejar as boas vindas.
Anabella era realmente grata à todo aquele acolhimento e realmente se sentia bem com os pais da amiga, mas não queria se tornar um estorvo, por mais que bancasse os próprios gastos.

Por isso, estava decidida a se mudar para um apartamento o quanto antes e anunciaria isso para eles, tão logo acabasse o jantar.









🍷

Rosalie havia nascido quando seus pais já tinham mais de quarenta anos e por isso agora, cerca de vinte anos depois, eles já estavam no começo de sua velhice, embora fossem vigorosos e fortes.
Os cabelos grisalhos os deixavam com uma aparência adoravelmente acolhedora e os sorrisos sinceros que exibiam os faziam parecer um tanto quanto joviais.

Anabella se perguntava como conseguiam ser tão serenos e dóceis, quando haviam perdido uma filha de forma tão trágica e precoce.
Talvez o tempo ajudasse, já que seis anos haviam se passado, desde que Rosalie fora baleada pelo ex namorado no Rio de Janeiro.

Ela pousou a colher com a qual comera a sobremesa no pequeno prato de porcelana e disse:

-Oliver, Nancy, preciso falar algo importante com vocês.

O casal parou de comer para olhá-la.

-Diga, querida.

Anabella foi direto ao ponto:

-Já decidi para qual apartamento vou me mudar. Fiz a escolha hoje de manhã. Ele é pequeno, fica no centro de Vancouver e já está mobiliado. É ideal para mim.

Oliver e Nancy se entreolharam e assentiram mutuamente um para o outro.
Oliver foi quem se pronunciou:

-Anabella, sobre isso... Eu e a Nancy conversamos e queríamos te pedir que não se mudasse.

Anabella abriu a boca, mas Nancy foi mais rápida em dizer:

-Desde que Rosalie se foi e voltamos para o Canadá, temos vivido a nossa vida da forma mais leve possível, procurando extrair o melhor que ela pode nos oferecer. E mesmo assim, a solidão ainda bate à nossa porta, às vezes. Mas desde que você chegou, Anabella, essa casa tem sido outra. Sua companhia nos faz tão bem. Você nos ouve e também gostamos de te ouvir, quando você se abre conosco. Têm sido dias maravilhosos e não sei se estamos sendo egoístas, mas... não queremos perder isso. Queremos que fique.

Anabella os fitou com carinho, mas abanou a cabeça.

-Não quero ser um peso para vocês...

Oliver segurou a mão dela, esticando o braço sobre a mesa.

-Você não é um peso. Você torna nossos dias mais leves e felizes, acredite.

Nancy pousou seu rosto sobre o ombro do esposo, olhando para Anabella com o rosto tomado pela emoção.

-Gostamos de você como se fosse a nossa filha. A Rosalie se foi e nunca mais tivemos filhos. Mas agora você está aqui e é assim que te consideramos.

Anabella engoliu em seco, pensando em Rosalie e no quão felizes haviam sido no breve tempo que tiveram para desfrutar da amizade uma da outra.

Reconsiderou sua decisão.
Poderia ir morar sozinha naquele apartamento e se consumir em solidão, ou poderia continuar com Oliver e Nancy, que já a consideravam como parte da família.

Anabella se recordou do Pacífico, o lugar para onde sempre escapava, justamente para ficar sozinha.
Havia repelido a presença de pessoas por muito tempo e agora, por mais que tivesse n motivos para continuar a evitá-las, optou por ficar.

-Tudo bem- disse, por fim.- Eu fico aqui com vocês.

-Ah, obrigada, Bella!- Nancy se levantou para abraçá-la.- Não sabe o quanto nos deixa felizes!

Anabella a abraçou de volta, sorrindo.
Percebeu que fazer os outros felizes a deixava contente também. E essa era uma sensação nova.











🍷

Eleanor se reuniu com seus funcionários que ocupavam alguns dos principais cargos na Vinícola Montenegro para lhes fazer um comunicado importante.
Além dos funcionários, seu irmão César, a esposa e a filha também estavam presentes.

Eleanor olhou em volta da imensa mesa de reuniões e se virou para Mariana:

-Mariana, vá chamar o Martín, por favor.

-Sim, senhora.

Após alguns minutos de espera, Martín entrou na sala cumprimentando à todos e se sentou, ao lado do contador.

-Bom- Eleanor cruzou as mãos sobre a mesa, numa pose elegantemente confiante.- Chamei todos vocês aqui para comunicar em primeira mão que tomei uma decisão importante que vai influenciar e muito no futuro dessa empresa. Como sabem, eu me vi sozinha de repente tendo que dar conta não só da minha vida, que ficou de pernas para o ar, como também dessa Vinícola. Eu não estava acostumada a ter tanta responsabilidade assim nas mãos pois, como sabem, era o Vicente quem tomava conta de tudo.

Ela respirou profundamente, sob os olhares atentos.

-Mas aquilo foi o passado. Isso agora é o presente. E eu decidi, depois de muito pensar, que quero ter alguém ao meu lado para ser o meu braço direito. Por isso, comunico à vocês que estou promovendo Martín à presidente da Vinícola Montenegro.

Ouviram-se murmúrios espalhados pela sala de reuniões e as pupilas de Martín dilataram-se em surpresa e empolgação.

Eleanor prosseguiu:

-Tomei essa decisão pensando em como Martín tem progredido por aqui e pelo fato de ser um enólogo, saberá perfeitamente comandar a Vinícola, com a cooperação é claro, de todos vocês.

Mariana, anotando a ata, mal conseguia escrever, com as mãos trêmulas e o coração acelerado.
Ela parou para olhar para Martín e ele a olhou de volta, sorrindo.

Os presentes conversaram rapidamente entre si, e pela a expressão em seus rostos, via-se que aprovavam a decisão.

-Eu posso falar?- Virgínia, também presente na reunião, ergueu a mão.

Eleanor a olhou, assim como todos os outros.

-É claro.

-Com todo o respeito que tenho pela senhora, minha tia, eu não concordo com o que está fazendo. Ou pelo menos com a forma como está fazendo. A presidência de uma empresa é um cargo extremamente importante e não deve ser entregue assim, à qualquer pessoa.

-O Martín não é qualquer pessoa, ele...

-Eu sei- Virgínia interrompeu.- Mas, para sermos justos, eu sugiro que a senhora faça uma experiência, primeiro. E com isso eu quero dizer que estou me candidatando ao cargo de presidente da Vinícola Montenegro, também. Estou prestes a me formar em Administração, e assim como Martín, poderei perfeitamente comandar este lugar; talvez até melhor, visto que faço parte da família.

Todos a olhavam com o cenho franzido, em reação àquela manifestação inesperada.

Virgínia fitou a tia com firmeza.

-Peço que leve isso em consideração, antes de tomar qualquer decisão.










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Olá!
Gente, é horrível ficar tanto tempo sem postar, não gosto. Mas a falta de tempo é a culpada, me desculpem mesmo.

Por favor, não deixem de comentar e me digam o que estão achando da história, isso me motiva muito.

Vou tentar ao máximo postar o próximo capítulo sexta que vem, quem sabe até antes.

Beijinhos!!!😘😘😘

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