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Capítulo 52

-Quanto tempo??- Eleanor largou o computador sobre a cama e se levantou, agarrando a gola da camisa do marido- Quanto tempo você e ela estão juntos?

-Eleanor, por favor, fique calma...- Vicente ergueu as mãos.

-QUANTO TEMPO???- Ela gritou- Eu quero saber há quanto tempo você está me traindo com essa mulher!

-Já acabou!- Vicente tentou tocá-la, mas Eleanor se afastou para longe- Isso foi um caso sem importância e já acabou. Me perdoa, por favor!

Eleanor o fuzilava com os olhos.

-É muito fácil dizer que foi apenas um caso sem importância e que já acabou, agora que você foi descoberto, não é??

-Mas estou falando a verdade, meu amor! Eu e a Susan não temos mais nada...

-Meu Deus!- Ela pôs a mão na cabeça- Eu estava sendo feito de idiota esse tempo todo...

-Não- Vicente se aproximou, cauteloso- Você não foi. Eu é que fui um grande idiota por fazer isso, mas estou te dizendo, querida. Há muito tempo que eu...

-Você foi um cretino, isso sim!!!- Eleanor o empurrou e, no processo, derrubou um vaso com flores, que fez um barulho terrível ao se espatifar no chão.

-Eleanor, calma.

-Não me peça para eu me acalmar! Eu não quero ficar calma, eu tenho o direito de estar nervosa e quero que você saia dessa casa, imediatamente!

Vicente arregalou os olhos, incrédulo.

-O quê?

-É isso mesmo que você ouviu. Saia dessa casa agora mesmo e desapareça da minha vida!

Vicente suspirou e, se aproximando novamente dela, a agarrou pelos pulsos e a fez olhar diretamente em seus olhos.

-Você quer que eu saia? É isso mesmo, Eleanor?- Seu tom de voz era baixo e frio- O que mais você quer? Quer que eu conte a verdade para todo mundo e exponha o seu segredinho?

Ela o fitou, e suas pupilas pareceram se dilatar, mediante a incredulidade.

-Você não faria isso...

-Eu faria. Aliás, eu farei, se você continuar com essa idéia estúpida de me mandar embora dessa casa.

Vicente a soltou repentinamente, e Eleanor cambaleou pelo quarto. Seu peito subia e descia, e ela se sentia como uma presa, acuada dentro da própria casa.

-Você é imundo...- Sussurrou.

Logo depois, sentiu a raiva lhe dominar novamente.

-Você não presta!- Lançou o primeiro objeto que encontrou contra ele- um porta retratos.- Você é um tremendo de um cretino, Vicente!!!

Ele se desviou e o porta retratos foi se chocar contra a parede, tornando-se logo em seguida, apenas um amontoado de cacos.

-Sou mesmo? E você, escondendo um segredo como esse, você acha que é o quê??

-Tudo o que fiz foi pelo bem das minhas filhas!

-O que está acontecendo??- Anabella entrou de repente, no quarto.

Havia escutado os gritos assim que entrara em casa e subira correndo a escada.
Os pais a encararam, os dois mudos, de repente.

-Alguém pode me responder, por favor??- Ela correu os olhos pelo quarto, vendo os cacos de vidro e a desordem do quarto dos pais, que geralmente estava impecavelmente arrumado.

Eleanor procurou se recompor e suspirou, olhando para a filha.

-Nada, meu amor. Não está acontecendo nada.

-Não, claro que não. Vocês só estão quebrando a casa e berrando um com o outro. Mãe- Anabella cruzou os braços- Está acontecendo alguma coisa?

Eleanor trocou um olhar com Vicente. Ele imitou a atitude da filha, cruzando os braços e encarando-a.

-Eu já disse, Bella. Não aconteceu nada, foi só... uma discussão boba de casal. Só isso. Você... você pode ir para o seu quarto.

-Mas...

-Bella, por favor.

Anabella saiu, sem insistir mais.
Entretanto, meia hora depois, entrou na cozinha, onde o pai estava, tomando água.

-Eu não engoli aquela história de discussão boba de casal. Pode ir me falando o que aconteceu, de verdade.

Vicente parou de beber a água, para olhá-la.

-Minha mãe descobriu sobre você e a Susan, não foi?

O olhar dele já revelava tudo.

-Como ela descobriu?- Anabella perguntou, ao ver que estava certa.

-Alguém mandou fotos de eu e Susan juntos para o computador dela.

Vicente pôs o copo no balcão e fitou Anabella.

-Foi você??

Ela revirou os olhos.

-Não, eu não faria isso. Mas quem faria??

-E isso importa? O que me deixa mais irritado é que justo agora que eu não tenho mais nada com a Susan, a sua mãe descobre.

-O quê? Como assim não tem mais nada com ela??- Anabella se espantou.

-Pois é. Terminei tudo com ela.

Anabella percebeu que realmente estivera muito alheia à tudo nas últimas semanas. Precisava reagir, imediatamente.
Talvez aquele acontecimento fosse uma dica do universo de que ela precisava realmente voltar ao foco.

-E ela? Como reagiu?

-Muito mal, obviamente. Veio com um papo sobre estar apaixonada por mim- Vicente deu de ombros.

Anabella entendeu tudo.

-Apaixonada ou não, ela deve estar furiosa- disse- Só pode ter sido ela quem mandou as fotos para a mamãe.

-Você acha que ela faria isso?

-Quando o assunto é a Susan, eu não duvido de nada.






🍷

Jader despertou na manhã seguinte com a movimentação do pai, que se preparava para trabalhar na oficina.

-Bom dia, filho- Seu Rodolfo cumprimentou, enquanto terminava de passar o café- Dormiu bem?

-Bom dia, pai. Olha, eu devo admitir: meu colchão antigo é muito mais confortável do que aquele do apartamento. Dormi muito bem. Cadê minha mãe?

-Hoje é o dia dela de "folga do café". Uma vez por semana combinamos que eu vou preparar o café, enquanto ela dorme um pouquinho mais. Funcionamos bem assim.

Jader sorriu, sentando-se.

-Acho bonita a forma como vocês cuidam um do outro.

-É. Isso é amor, filho.

Jader observou o café ser despejado em sua xícara.

-Cuidar de alguém que você ama vai de preparar uma refeição que ela gosta, até... salvá-la de perigos ou de medos internos. Ou às vezes, significa só ficar ao lado dessa pessoa, não importando a situação.

Seu Rodolfo se sentou em frente ao filho.

-Pai, diante de tudo o que já te contei, o que você acha que aconteceu comigo? Por que num momento eu parecia ser um homem seguro do que eu queria, e no outro eu já não tinha certeza de mais nada?

-Coração dividido, filho. Pior armadilha que você poderia cair. Você não pesou bem seus sentimentos e no final de tudo, quem saiu mais machucado foi você. Ana Lúcia partiu te dando perdão e a outra... você mesmo disse que ela não é boa em expressar sentimentos.

-Tem razão. E eu sinto que mereço essa sensação de perda que eu sinto todos os dias. Não é só pela morte da Ana e sim porque é como se eu tivesse perdido a razão, o sentido de tudo...

-Você não soube reconhecer a tempo tudo o que estava sentindo. De certa forma, também me sinto culpado. Fui eu quem dei à você a idéia de ficar noivo. Se ao menos você tivesse me contado que tinha dúvidas em relação ao que sentia...

-Eu não achei que fosse pra valer. E até o dia do noivado, eu não tinha percebido que sentia algo pela Anabella, até ela atirar em mim. Vê-la tão desolada despertou alguma coisa aqui dentro- Jader tocou o próprio peito- Uma coisa muito forte e que a partir daquele dia foi só crescendo. Mas aí a Ana descobriu o tumor e... tudo ficou mais complicado. Eu repetia pra mim mesmo que deveria ficar ao lado dela, e realmente fiquei. Mas eu já não conseguia mais parar de pensar na Anabella.

-Deveria ter terminado o noivado antes de beijá-la- O pai o olhou, duramente.

- Como?? Eu não poderia, pai. Eu me sentiria um verdadeiro monstro se rompesse com a Ana num momento como aquele. Ela estava frágil, doente. Eu só queria cuidar dela, enquanto por dentro travava uma verdadeira batalha, contra o que sentia. Mas nessa luta, eu saí perdendo.

-Bom, não adianta chorar pelo leite derramado. O que está feito, está feito. Pelo menos você teve o perdão da Ana Lúcia. Pessoas como ela realmente não deviam estar em um lugar tão cheio de maldade e corrupção como a terra.

-É, mas eu queria que ela vivesse. Todos os dias quando eu acordo e lembro que ela não está mais aqui, eu tenho vontade de morrer também.

-É mesmo? E quanto à Anabella? O que sente quando se lembra dela?

Jader meditou por alguns instantes.

-Eu tenho vontade de viver e...

Suspirou.

-Pai, não tem mais jeito pra mim. Essa não foi a criação que você me deu. Você me ensinou a ser um homem bom, digno, honesto. Eu consegui ser assim a minha vida toda mas agora que fiz o que fiz...

Seu Rodolfo fitou o filho, com intensidade.

-Você acha que um erro seu anula tudo de bom que já fez nessa vida, Jader? Você achava que era quem? Um anjo, um santo, um deus? Um ser perfeito, incapaz de cometer erros? Acorda pra vida! Você não é perfeito! Você é um ser humano e seres humanos foram feitos para serem fracos.

Jader sentiu o olhar vibrante do pai em cima dele.

-Mas sabe o que mais os seres humanos são? Fortes! Você é forte. Se você pôde ser fraco pra errar, então também pode ser forte pra se perdoar e seguir em frente! Eu te amo, filho. Eu só quero ver você feliz e acredito que você mereça ser feliz! Então não venha com esse papo de vítima que não quer mais viver pra cima de mim, porque você não sabe o quanto isso me magoa!

Seu Rodolfo deixou a cozinha de repente, enquanto Jader desabava sobre a mesa num choro incontrolável.
Alguns minutos depois, o pai voltou à cozinha e, abaixando-se perto do filho, o abraçou.






🍷

Uma comoção geral espalhava-se pelos funcionários da Vinícola Montenegro, que não sabiam falar em outra coisa, senão no acontecimento do ano: a visita da patroa, que depois de muito tempo, havia resolvido colocar os pés ali.
Era uma novidade e tanto.

Muitos quiseram cumprimentá-la e falar com ela. Eleanor, procurando esconder suas emoções, foi o mais amável que pôde afinal, seus funcionários nada tinham a ver com seus problemas pessoais. Bom, pelo menos a grande maioria deles.

Depois de ter conversado com todos, foi até a loja de degustação, sentou-se e pediu que mandassem dizer à Susan Lins que desejava falar com ela.






🍷

Susan entrou na loja e, ao procurar pelas mesas, viu Eleanor, em uma mesa próxima ao balcão de atendimento.

"Pois muito bem" suspirou "vamos lá."

Susan se aproximou e Eleanor pediu que ela se sentasse.
Eleanor a observou, por um momento, antes de dar dois goles em seu capuccino.

-Eleanor...- Susan começou- Se é que posso chamá-la assim; antes de mais nada quero deixar claro que sei porquê está aqui.

-Ah, você sabe?

-Sei. Provavelmente pelas fotos que recebeu em seu e-mail ontem.

-Então foi você?

-Sim. Fui eu quem enviei.

Eleanor a olhou, engolindo em seco. Tentou não deixar a raiva dominar.

-Há quanto tempo isso acontecia?- Perguntou.

-Alguns meses. No entanto... já acabou.

Eleanor sorriu com sarcasmo.

-Isso é o que você e ele estão dizendo.

-Mas é verdade. Tivemos um caso, sim. Mas o Vicente terminou comigo porque está de olho em uma moça.

-O quê?- Eleanor mal podia crer no que ouvia.

-É isso mesmo. Ele agora está arrastando a asa pra cima da nova secretária dele e se me permite dizer, uma vagabunda de quinta categoria que mal terminou a escola. Só que é jovem e é isso o que ele quer.

Eleanor se inclinou sobre a mesa, fitando-a.

-E que moral você acha que tem para falar assim dessa mulher? Você agiu da mesma forma.

-Eu sei que não tenho moral nenhuma. Reconheço isso. Mas a diferença entre eu e ela, é que eu não quero mais saber dele. Eu não tenho vergonha de admitir para você. Corri atrás dele e me humilhei muito. Mas agora, não mais. Eu na verdade nem sei se vou continuar nesta empresa. Sinto que não me cabe mais aqui.

Eleanor se levantou, abruptamente.

-Vou falar com essa moça.

-Espera, Eleanor!- Susan exclamou, surpresa com a saída repentina da mulher- Eu não acabei de... Ah, deixa.






🍷

Eleanor se conteve ao máximo para não chorar, no trajeto da loja até o prédio administrativo.
Caminhou rapidamente, sempre esquivando quando alguém lhe dirigia a palavra. Não conseguiria falar.
Estava tomada pela raiva, pelo desgosto e pela sensação ruim por ter sido traída.

Surpreendeu-se ao ver Mariana ali sentada, anotando alguma coisa em um pedaço de papel. Ela ergueu a cabeça e ao vê-la, esboçou um sorriso caloroso.

-Dona Eleanor! Bom dia, que surpresa! Ouvi os rumores de que a senhora estava por aqui hoje e... Está tudo bem com a senhora?- Mariana se levantou quando a viu se recostar na parede, suspirando e fechando os olhos.

-Dona Eleanor...

-Está tudo bem, Mariana.- Ela abriu os olhos e tentou sorrir- Então você é a nova secretária do Vicente?

-Sou...

Eleanor a olhou bem nos olhos.
Aqueles olhos pareciam alegres e inocentes demais ao seu parecer. Talvez um pouco receosos também, mas isso provavelmente se dava pelo fato de que ela se sentia constrangida por estar diante da mulher cujo marido lhe passava cantadas diariamente.

A opinião de Susan em relação à Mariana não afetava o que a própria Eleanor já sabia a respeito dela. Mariana não lhe parecia o tipo de garota que se prestava ao papel de amante do próprio chefe.

Eleanor sentia raiva, muita raiva. Sabia que não devia confiar em ninguém.
Mas também sentia que Mariana era alguém que não merecia que ela despejasse essa raiva em cima dela.
Mariana era uma vítima, muito provavelmente.
Por isso, disse:

-Vicente está ocupado com alguma coisa?

-Não, senhora. Ele está livre, neste momento.

-Ótimo- Ela se recompôs e desencostou-se da parede- Eu vou entrar para falar com ele.

Mariana assentiu e abriu a porta para ela, voltando em seguida para sua mesa.





🍷

Vicente viu a esposa entrar. Já sabia que ela estava lá, pois a vira pelas câmeras de segurança.
Não pensou em fugir; sabia que seria pior se se recusasse a falar com ela.

Não pôde sustentar seu olhar, quando ela o olhou como se olhasse para um desconhecido, alguém que estava vendo pela primeira vez.

-Não reconheço você- Eleanor disse exatamente o que estava pensando.

Sentou-se à frente do marido, o olhando com uma curiosidade amarga.

-Quando foi que eu me tornei insuficiente para você?

-Eleanor...

-Você sabe melhor do que ninguém- Ela o interrompeu- Como foi difícil para mim aceitar nosso relacionamento, no início. Foi... complicado, diante de tudo o que aconteceu no passado. Mas eu me apaixonei por você, Vicente. Me apaixonei, me entreguei de verdade à isso. Eu estava vivendo o pior momento da minha vida e você foi a minha âncora, o meu porto seguro e eu confiei cegamente em você.

-Eu sei- Vicente saiu de seu lugar e se ajoelhou ao lado da esposa, segurando suas mãos- Mas querida...

-Eu não terminei de falar. Vivemos todos esses anos e ambos tentamos fazer o melhor por essa família que tinha tudo para dar errado. Tudo, Vicente. Mas deu certo. Até de repente eu receber algumas fotos e perceber que não devia ter confiado. Agora, o seu caso com a Susan chega ao fim e você está de olho na sua secretária. A Mariana. É sério isso, Vicente? A garota é como se nossa filha também!

-Mas por que raios você acha que eu estou interessado na Mariana?

-Foi a Susan quem disse.

-A Susan!- Ele se levantou, abrindo os braços, num gesto de indignação- A Susan inventou isso porque está com dor de cotovelo por eu tê-la deixado! E sabe por que eu a deixei? Porque eu te amo, Eleanor.

Vicente voltou para perto e puxou o rosto da esposa para perto do seu.

-Você sabe que eu te amo...

-À essa altura, eu não sei de mais nada. Mas quero que você saiba de uma coisa- Ela se levantou, recusando os beijos dele.

-Fique sabendo que a partir de hoje, eu vou ficar de olho em tudo. Está me entendendo? Minhas visitas serão mais frequentes nesta Vinícola, goste você ou não.

Eleanor fitou o marido, severamente.

-E outra coisa, não pense que não tenho coragem de pedir o divórcio, porque eu tenho, sim.

Vicente quis começar a falar.

-Não importa o quanto você ameace contar a verdade. Pode contar! Conte à todo mundo! Prefiro conviver com isso do que ter que aturar você e as suas infidelidades!

Vicente sentiu seu peito subir e descer, devido à sua respiração acelerada pela raiva que sentia.

Eleanor saiu da sala dele, passando por Mariana sem se despedir, pois a raiva e a mágoa também a consumiam.

Mariana sentia o tão conhecido tremor tomar conta de seu corpo.
Havia ouvido toda a discussão e, assustada, se perguntava onde havia se metido.








🍷

No mesmo dia, à noite, após terminarem o jantar e Vicente se retirar para descansar, Anabella e a mãe permaneceram na mesa.
Anabella olhava constantemente para a mãe, em aflição por querer lhe falar, enquanto Eleanor mantinha o olhar fixo na mesa, pensativa.

-Mãe, eu... Preciso falar uma coisa.

-Sim, meu amor, pode falar- Eleanor voltou sua atenção para ela e agora, Anabella foi quem abaixou seus olhos para a mesa. Entretanto, respirou fundo e voltou a olhá-la. Precisava ser firme.

-Eu sei o que está acontecendo. Eu sei porquê você e o meu pai brigaram ontem.

-Filha, não se preocupe com isso, só...

-E eu quero dizer também que eu já sabia. Já... sabia do caso do meu pai com a Susan.

Eleanor a fitou, e suas sobrancelhas se ergueram numa expressão de surpresa.

-Eu sinto muito, mãe. Mas eu não consegui te contar, eu... fiquei com medo de te magoar, embora soubesse que se magoaria de qualquer forma.

Eleanor se levantou e sentou-se ao lado da filha, abraçando-a.

-Bella, tudo bem. Não se sinta culpada de nada. Existe um culpado nesta história toda e nós duas sabemos quem é. Então está tudo bem. Olha pra sua mãe- Eleanor ergueu o rosto da filha com os dedos- Eu quero que você saiba que eu te amo, independente de qualquer coisa.

Anabella olhava para a mãe, com os olhos marejados.

-Mas eu...

-Shhh... Não se preocupe. Não vou me voltar contra você por causa disso, querida. Não mesmo. Esse é o momento em que mais temos que nos manter unidas. A Ana Lúcia não está mais entre nós, então tudo o que temos é uma à outra.

Anabella entrelaçou suas mãos às da mãe.

-Então você me perdoa?

-Se você se sente melhor ouvindo que eu te perdôo, então sim, eu perdôo você, querida.

Anabella escondeu seu rosto no peito da mãe e ficou ali, agarrada à ela, por minutos a fio.








🍷

Dias depois, o sentimentalismo aflorado por ver a mãe sofrer com a descoberta do caso do pai, estava consideravelmente aplacado. Agora, Eleanor tornara-se mais presente na Vinícola, envolvendo-se nas atividades, enquanto de quebra, mantinha o marido sob seu radar.

Anabella gostou de ver a forma como a mãe estava reagindo à situação, embora não tivesse certeza se ela mesma reagiria assim. De qualquer modo, mergulhou de cabeça nos estudos e no trabalho, procurando não deixar margem para pensamentos que a deixassem vulnerável.

Estava reunida com alguns colegas no pátio da faculdade, num intervalo entre duas aulas. O assunto entre os universitários era a famosa Festa da Uva, que aconteceria em São Bento do Amaral, na semana seguinte.

-E aí, você vai?- Um dos colegas se aproximou de Anabella. Seu nome era Dilan.

-Provavelmente não- Ela respondeu e se virou para ele- E você, vai?

Dificilmente esse tipo de interação aconteceria com qualquer outro colega, mas Anabella tinha certo apreço por Dilan; ele era uma das raras pessoas com quem conseguia manter um diálogo naquela universidade.

-Eu quero ir- Dilan respondeu. Naturalmente era um garoto calado, contudo, ao abrir a boca, esbanjava simpatia- Mas queria que fôssemos juntos.

-Não vai rolar, Dilan. Eu não vou nessa festa.

-Mas por que não? Você é de uma família de vinicultores, Festa da Uva, ahn... soa familiar para você?

Anabella revirou os olhos.

-Até onde eu sei, não sou obrigada a ir.

-Não é, mas... bem que a gente podia ir junto. Isto é, se você não estiver com ninguém.

Anabella bloqueou imediatamente os pensamentos.

-Não, não estou. E não vou à festa. Se você insistir, nunca mais te chamo para o meu grupo de trabalho.

-Tá bom, desculpa.

Alguns alunos começaram a tirar sarro.

-Que fora, hein Dilan?!

O garoto encolheu os ombros, envergonhado, mas Anabella bateu de leve em suas costas e sorriu para ele, demonstrando que estava tudo bem.








🍷

Ao chegar em casa, por volta das quatro horas da tarde, encontrou-a vazia.
Aparentemente, seus pais ainda estavam na Vinícola, pois aquele fora um dos dias em que não pudera ir trabalhar. Sendo assim, não havia os visto o dia todo.

Deixando sua mochila sobre o sofá, foi até a cozinha, pegar água, antes de subir para se banhar.
Tão logo adentrou o cômodo, seus olhos pousaram na figura de Cassandra, encolhida em um canto, enquanto chorava compulsivamente.

Anabella correu até ela, abaixando-se ao seu lado e procurando ver o seu rosto.

-Cassi, o que houve?

A mulher fez que não com a cabeça, tentando se erguer, para sair dali.

-Me fala, Cassi, por favor. O que aconteceu pra você estar assim??

Cassandra tentou fazer o próprio choro cessar, respirando fundo e falhou miseravelmente. Novos soluços a acometiam, e Anabella percebeu o medo e o terror nos olhos dela.

-Já chega.- Anabella foi até ela e, pegando em sua mão, arrastou-a para fora da cozinha- Vamos acabar com isso de uma vez por todas.

-O quê??- Cassandra se assustou.

-Vamos até sua casa. Eu quero confrontar seu marido. Quero ficar cara a cara com ele.

-Não!

-Sim!- Anabella gritou- Sim, Cassandra, sim! Essa situação, seja ela qual for, tem que acabar! Eu já estou cansada de ver você chorando assustada ou com arranhões pelo corpo! Você não me conta o que está acontecendo, mas eu sei o que está acontecendo, porque não sou boba! E antes de denunciar o cretino do seu marido para a polícia, eu quero dizer umas poucas e boas para ele!

-Não, Bella!- Cassandra tentou se soltar em vão, mas Anabella fez uso de todas as forças que tinha para levá-la até o carro, fazer com que entrasse e, ao se certificar de que estava trancado, arrancou com tudo.

-Não! Para! Para esse carro, por favor e me deixa descer agora!- Cassandra pôs-se a se debater com um desespero surreal contra as portas do carro.

-Se você fizer isso eu vou morrer!!! Anabella, para!!!

Anabella se manteve firme ao volante, olhando-a pelo retrovisor.

-Você não vai morrer. Você vai renascer, Cassandra. Vai estar livre de um marido tóxico e agressor. Não tenha medo, eu vou estar com você.

Cassandra fitou-a através do espelho do carro; os olhos cheios de lágrimas.

-Você não entende...- Murmurou, apavorada.

Anabella tentou acalmá-la por todo o trajeto. Sabia onde era a casa de Cassandra e ao chegarem, cerca de quinze minutos depois, tornou-se quase uma missão impossível conseguir fazer com que a mulher saísse do carro.

-Bella, por favor, não faz isso...- Pediu, inutilmente.

-Vem, Cassandra. Vamos confrontá-lo juntas. Você não precisa continuar sofrendo.

-Não, Bella!

Anabella suspirou.
Sem outra opção, deixou as portas do carro abertas e marchou para a frente da casa, com determinação.

Bateu com força na porta. Seus próprios batimentos cardíacos encontravam-se acelerados e a adrenalina fazia com que ela não temesse o que estava por vir.

A porta foi aberta por um homem na casa dos cinqüenta anos, de barba e cabelos grisalhos.

-Olá?

-Olá!- Anabella o fitou, com fúria evidente- Você é o marido da Cassandra?

-Sim, sou eu...

Anabella deu um passo para a frente, fazendo com que o homem recuasse para dentro da casa; ela não pretendia fazer um escândalo para que toda a vizinhança visse.

Sentia cada gota do seu sangue ferver por uma raiva totalmente direcionado àquele homem, que a encarava confuso e curioso.

-Então é você o cretino imundo com quem infelizmente a Cassandra se casou?

-C-como??

-Não se faça de bobo! Eu sei que você tem feito a Cassandra sofrer, que a trata mal e sei também que ela tem medo de você! Mas eu, eu não tenho medo.

-Senhorita, perdão, eu... não entendo o que...

-Ah, não entende? Do que você entende? De agressão? De abusos psicológicos? É isso o que entende?? Seu miserável! A Cassandra não merece isso!!!

-Para, Bella! Para!- Cassandra saiu finalmente do carro, e segurou a garota, que estava prestes a avançar sobre o homem, alvo da sua mais pura raiva, naquele momento.

O marido de Cassandra a fitou.

-Cassandra, o que está acontecendo?

-Não me peça para parar, Cassandra! Seu marido é um agressor, ele merece ir para a cadeia e é para lá que eu vou mandá-lo, agora mesmo!

-Não!- Cassandra gritou, impedindo-a de pegar o telefone- Ele não merece! Não ligue para a polícia! O meu marido não me fez nada!!!

Anabella a fitava com verdadeira incredulidade.

-Cassandra... Como não? Como você pode acobertar uma pessoa que te faz sofrer tanto??

-Ele não me faz sofrer! Não ele!

-Então quem? Quem fez isso com você??

-O seu pai! É o seu pai! Ele é o meu algoz, a pessoa que me atormenta em cada maldito dia da minha vida! Vicente Montenegro é o culpado de tudo isso!!!






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Capítulo tenso!
Sei que alguns por aqui faziam teorias acerca do caso de Cassandra.
Alguém acertou??

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