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Capítulo 47

Ana Lúcia dormia profundamente depois de sua primeira sessão de quimioterapia.

Jader, numa cadeira ao lado da cama e com um livro em mãos, observava-a mais do que lia.
Havia tirado licença por tempo indeterminado da JM Propaganda e Publicidade para que assim, pudesse estar o tempo todo ao lado dela.

Não havia sido difícil tomar essa decisão.
Embora sua parte racional o acusasse constantemente e apontasse que a melhor forma de contornar aquela situação seria afastando-se para sempre daquela família, seu coração dizia que ele precisava ficar ao lado de Ana Lúcia.

Por Deus, jamais poderia deixá-la! O encanto e a ternura imediatos que havia sentido ao conhecê-la e que o levaram a amá-la não haviam desaparecido.

Ao olhar para o rosto de Ana Lúcia, inevitavelmente, lembrava-se de Anabella.

Jader girou a aliança de noivado no dedo, incerto quanto ao que pensar.
Nas últimas semanas havia se sentido tão próximo à Anabella, especialmente depois do desabafo dela no mirante.
Tudo nela o fascinava, o instigava, de uma forma que ele não sabia definir o que sentia. Queria protegê-la de seus monstros internos, queria salvá-la daquela solidão que seus olhos demonstravam. Queria...

Jader suspirou e se levantou, dando uma volta pelo quarto.
Gostaria que tudo fosse diferente. Que jamais tivesse se descontrolado e cedido à tentação de beijá-la. Gostaria antes de tudo não ter se apegado tanto.

Agora, seu coração doía constantemente.
Primeiro, por Ana Lúcia estar tão doente e seus planos juntos terem sido interrompidos.
Segundo, porque sabia que Anabella provavelmente não sentia o mesmo que ele, o que o tornava milhões de vezes pior.

-Você é um idiota, Jader...- Sussurrou a si mesmo.- Seja mais racional.








🍷

Estudar foi um verdadeiro desafio para Anabella.
Seus pensamentos à todo momento se misturavam ao conteúdo da matéria e teve que fazer anotações para tentar rever tudo depois.

Mais uma vez, seguiu diretamente para a Vinícola após o término das aulas. Talvez o trabalho fosse um aliado mais útil para ajudá-la esquecer.
Não obteve tanto sucesso quanto esperava.

Sua mente era sua maior inimiga e não a deixava tranquila.
Jader, Jader, Jader. Todos os pensamentos giravam em torno dele e dos últimos acontecimentos.

Não era somente o beijo que a intrigava. Houve toda uma série de situações e acontecimentos que a faziam pensar que o beijo havia sido apenas a demonstração de algo que ele parecia estar retendo à tempos.
As preocupações excessivas, os toques, as perguntas, os olhares... Tudo aquilo do qual ela não conseguiu fugir.

Queria muito poder dizer que estava certa desde o início e que Jader era sim um cafajeste, mas aquele julgamento não era mais válido porque ele havia provado seu valor ao apoiar Ana Lúcia.
E por outro lado, por mais que seu interior se corroesse de vergonha, ela tinha que admitir para si mesma que havia correspondido ao beijo.

Percebeu pela primeira vez como de fato era muito mais fraca do que pensava.
Jader era seu cunhado, estava noivo de sua irmã e ela o beijara! Por quê?

Anabella gostaria de entender o que estava acontecendo. De repente, tudo o que ela via era o rosto dele próximo ao seu e seu coração lhe traía, ao bater daquela forma, sem sua autorização.

-Anabella?

Ela se virou para olhar para Martín, que a olhava de volta, com as sobrancelhas erguidas.

-O que foi?

-Estou a cinco minutos falando com você e você... está viajando na maionese.

-Me desculpe.- Ela se recompôs.- O que você estava dizendo?

-Eu estava contando que eu e a Mariana estamos namorando.

-Ah!- Ela assentiu, mas não conseguiu esboçar um sorriso.- Parabéns. Espero que vocês sejam felizes.

-Obrigado. Mas eu também estava te perguntando quando vamos continuar a investigar o que tem debaixo do alçapão. Eu estava pensando e acho que com as ferramentas certas eu poderia quebrar os cadeados...

-A gente pode falar disso outra hora, Martín?

Martín não acreditou no que havia acabado de escutar.

-Anabella, você está bem? Descobrir o que rola nessa Vinícola é a coisa mais importante para você e você quer falar disso outra hora??- Ele estava incrédulo.- O que você tem???

Anabella balançou a cabeça.

-Nada. Não é nada.

Martín até pensou em lhe contar o que Susan havia feito, mas Anabella parecia tão distante que realmente resolveu deixar para lá.








🍷

Sérgio foi se encontrar com Virgínia no restaurante ao lado da JM, tão logo deixou o trabalho, assim como ela lhe pedira.

-É bom que tenha algo de bom para me contar.- Ele disse, depois de ter pedido algo para beber.

-Eu tenho algo pra te mostrar que você vai adorar.- Virgínia arrastou sua cadeira para perto dele- Preparado?

-Vai, Virgínia. Não me enrola.

-Ok...

Virgínia viu a expressão já séria de Sérgio se transformar em um semblante de puro ódio ao olhar para a tela do celular, que mostrava o beijo entre Anabella e Jader.

-Mas que merda é essa?- Disse, entredentes, se voltando para Virgínia.- Você está me zoando ou isso aconteceu mesmo?

-Não, não aconteceu. Jader e Anabella na verdade são atores e neste momento estavam interpretando uma cena, foi apenas um beijo técnico.

Virgínia fitava Sérgio, como se ele fosse tapado.

-Por que raios o Jader está beijando a Anabella? Que caralhos aconteceu nessa viagem?? Não era pra você ficar com ele??  E por que você achou que eu ia adorar ver isso? Você tem problema?

-Calma, vamos por partes. Em primeiro lugar, eu não fiquei com o Jader ainda, mas ele vai ser meu, não tenha dúvidas disso. Segundo, você não percebe que com esse vídeo podemos chantageá-los, querido?

Sérgio só queria saber de uma coisa:

-Por que o Jader beijou a Anabella???

-Eu não sei, eu realmente não entendo!

Sérgio estava para chutar a cadeira à sua frente, mas se conteve.

-Aquele infeliz.- Murmurou, com raiva.- Não basta querer ser o melhor em tudo, ele também tem que querer a mulher que eu quero??

-Sinceramente, não sei o que vocês vêem naquela garota.- Virgínia revirou os olhos.

-Dane-se que você não entenda! O que você pretende fazer?

-Ao saber que tenho esse vídeo em meu poder, Jader, por não querer magoar a noiva, vai ter que ceder aos meus avanços e ficará comigo. A mesma coisa para você. Anabella pode ser uma tremenda de uma cretina, mas ela não vai permitir que a irmã veja esse vídeo e vai ficar com você. A gente só precisa saber fazer tudo certo e eles vão ter que ceder.

-Não me agrada a idéia de ter a Anabella pra mim por meio de ameaças.- Sérgio cruzou os braços sobre a barriga trincada.

-É, mas vai ter que ser assim! Ou você acha mesmo que vai conseguir alguma coisa com ela, sendo que nem na sua cara ela olha??

Sérgio soltou um suspiro raivoso.

-Qual é o plano?

Virgínia se empertigou e começou a falar.







🍷

Uma nova madrugada chegou em São Bento do Amaral.
Enquanto uns repousavam após um dia longo e cansativo, outros travavam verdadeiras batalhas ininterruptamente.
Como era o caso dos médicos, enfermeiras e pacientes do hospital.

Ana Lúcia acabou por acordar, em plena madrugada, com sede.
Jader lhe deu água e pôs-se a acariciar seus cabelos, enquanto a observava.
Alguns fios vez ou outra ficavam presos entre seus dedos, e Ana Lúcia ao olhar aquilo, suspirou, desanimada.

-Eu me recusei a raspar, mas acho que é melhor, no fim das contas. Vai cair todo mesmo. Vou ficar a coisa mais esquisita, careca.

-Não- Jader sorriu.- Vai ficar a coisa mais linda.

Ana Lúcia balançou a cabeça, mas terminou por sorrir também.
Jader ajeitou os travesseiros atrás dela e aproximou um pouco sua cadeira, para mais perto da cama.

-Ana, precisamos conversar.

Ela o olhou, com curiosidade.

-Sim, desde que voltamos tenho... notado uma certa inquietação em você. O que se passa?

Jader pensou em como poderia falar aquilo.

-Eu... Não sei se tem um jeito simples de dizer isso. Acho que só sendo o mais sincero que eu puder.

-Você sempre foi sincero comigo. Seja mais uma vez.

-Certo.- Ele pigarreou.- Eu tenho tido dificuldades em entender o que sinto ultimamente. Minha cabeça parece não entrar em concordância nunca com meu coração. Parece que tudo o que eu faço é errado, ou que perdi o senso.

Ana Lúcia apenas o ouvia.

-Você precisa saber que desde o dia do seu aniversário, eu me aproximei um pouco mais da sua irmã. Eu já estava preocupado com ela há alguns dias antes da festa e em um determinado momento quando percebi que ela havia sumido, eu entrei no quarto dela. Eu sei, foi errado, mas foi mais forte do que eu. E quando eu entrei ela ficou assustada e atirou em mim. Foi exatamente aquilo que você viu antes de desmaiar, mas o tiro pegou apenas de raspão. Não houve nada comigo. Mas ela... a Anabella entrou em pânico, ficou muito desesperada e mesmo eu tentando dizer à ela que eu estava bem, isso não pareceu acalmá-la. E então você teve que passar a noite no hospital e ao voltarmos para casa, depois de conversar com a polícia, ela saiu no carro e parecia muito desnorteada. Meu único pensamento foi ir atrás dela, porque ela não parecia normal. E lá, ela acabou desabafando comigo. Me contou que quando era jovem, ela teve uma melhor amiga chamada Rosalie e essa amiga acabou sendo morta a tiros, pelo namorado, num acesso de ciúmes. Anabella chorou, estava muito abalada e eu quis ajudá-la, entendê-la, fazer alguma coisa por ela, porque percebi que aquilo mexia com ela, de verdade.

Ana Lúcia levou as mãos aos olhos, tentando conter algumas lágrimas.

-A Rosalie... eu me lembro dela. A Bella e a Rosalie eram inseparáveis. Meu Deus, eu jamais poderia imaginar! Ela sumiu e todos nós achamos que havia voltado para o Canadá. Foi por isso que a minha irmã ficou tão... solitária naquela época. Ninguém entendia porquê a Bella parecia ainda mais arredia do que ela sempre foi. Ela estava sofrendo...- Ana Lúcia sussurrou, em meio ao choro que se intensificava.- Como eu não percebi isso? Minha própria irmã, o tempo todo comigo e eu não vi o que estava acontecendo!

-Não se martirize, Ana.- Jader a abraçou.- Não foi só você que não percebeu, seus pais também não sabem disso. Ela preferiu não contar para ninguém...

-Eu queria ter sido a melhor amiga dela. Mas sempre foi tão difícil... Nem consigo imaginar o quão traumatizada ela deve ter ficado.

-Sim, mas ela está superando isso muito bem. A Anabella apesar de frágil também é muito forte e eu confesso que a admiro muito. Ana- Jader segurou as mãos dela entre as suas.- Eu simplesmente não consegui mais me manter afastado dela depois disso. E então descobrimos a sua doença, tudo ficou tão estranho e complicado...

-Eu sei...

-Você não sabe de tudo. Eu... Eu fiz a pior coisa que poderia ter feito. Eu beijei a Anabella no dia do desfile, lá no Rio de Janeiro.

Jader se calou ao dizer isso, abaixando a cabeça.
Parecia que confessar o fez se sentir ainda mais afligido do que já estava.

Passaram-se cinco minutos até Ana Lúcia dizer:

-Jader, olhe nos meus olhos.

Ele a encarou. Sua camisa clara estava manchada com lágrimas que não pudera evitar.

-Vem cá- Ela estendeu os braços, chamando-o para um abraço.

Jader foi. Sentiu-se acolhido nos braços frágeis de Ana Lúcia. 
Sua atitude era linda, mas de verdade, Jader não conseguia esperar nada diferente vindo de Ana Lúcia. Ele a conhecia. Sabia a alma pura e o coração santo que ela possuía. No entanto, sabia que não os merecia.

-Eu não mereço que você me trate assim. Eu traí sua confiança, Ana. Eu fui horrível com você.

-Não, Jader. Você não sabe como está equivocado, meu bem. Olhe para mim.- Ela ergueu o queixo dele com seus dedos delicados.

Jader a fitou com seus olhos castanhos entenebrecidos pelas lágrimas.

-Você é o homem mais gentil, sincero e real que eu já conheci.

-Mas como pode dizer isso, depois do que te contei?

-Foi exatamente pelo que me contou que eu disse isso. Jader, você não percebe o que acabou de me dizer?

-O quê...? Não estou entendendo...

-Você se apaixonou pela Bella!

Jader se afastou dela, se levantando.

-É a verdade, Jader. E a verdade é algo do qual não se pode fugir.

-Mas foi errado o que eu fiz! Você entende que eu...

-Eu sei o que você fez! E não estou te isentando de nada, estou apenas te fazendo enxergar a verdade.

-E essa verdade não te machuca?

-Não sei ainda. Eu estou passando por um momento em que tenho plena consciência do que realmente me machuca. Meu maior inimigo é esse tumor e não seus sentimentos pela minha irmã.

Jader voltou para perto da cama.

-Eu não quero te machucar, Ana. Eu te amo. Pode parecer estranho eu dizer isso, mas é a verdade. Você conquistou meu coração desde o primeiro momento em que eu te vi.

-Eu sei que você me ama. Você não me abandonou no momento em que eu mais precisei de você.- Os olhos dela de encheram de lágrimas.- Mas você também ama a Anabella.

Jader enfiou as mãos em seus próprios cabelos, querendo arrancá-los.

-Por que, meu Deus, por quê??

-Essas coisas não têm explicação, Jader. Elas só acontecem. E talvez... só talvez, seja ela quem esteja destinada à você e não eu.

-Como você pode dizer isso?- Ele a olhou ao ouvir o que a seus ouvidos soava um verdadeiro absurdo.

-Eu digo porque sinto. Aqui dentro.- Ana Lúcia pôs a mão no coração.- Nada nesta vida é por acaso, Jader. Nada. Tenha certeza disso.

Foi Jader quem a abraçou, desta vez.

-E você quer saber de uma coisa?- Ana Lúcia disse, mas não esperou por uma resposta.- Acredito que a Bella também sinta algo por você.

-Sim, ela deve me odiar agora.- Jader murmurou.

-Pode até ser. Porque ela deve estar se odiando também pelo que aconteceu. Mas sabe por que eu digo isso? Ela confiou a você segredos, fatos sobre a vida dela que ninguém mais sabe. Coisas pelas quais ela passou que por algum motivo não conseguiu dividir com outras pessoas, só com você. Esse tipo de ligação é muito forte, Jader, e não pode ser ignorada.

-Eu não sei o que fazer...

Ana Lúcia segurou o rosto dele, fitando-o com carinho.

-Eu também não. Eu não sei nada mais.

-Nunca pensei que me veria em uma situação dessas...

-Assim como você me disse, vou te dizer também. Não se martirize, Jader. Tudo acontece por um motivo.

Jader se aquietou, sem saber o que pensar após a conversa com Ana Lúcia.
Era ele ou o mundo que estava mais louco?








🍷

Assim que Lucas adentrou os portões da ONG, foi logo puxado por Doralice para dentro, que gritava empolgada para que ele andasse logo, pois Mariana tinha algo importante a lhes contar.
Lucas quase deixou sua pasta cair, ao ser arrastado pela moça.

-Vamos, que eu estou muito curiosa!

-Sério que você não faz idéia do que seja, Doralice?- Lucas disse, assim que ambos se encontraram diante de Mariana.- Basta olhar para ela para saber do que se trata!

-É mesmo? O que eu perdi, então?

Mariana sorriu.

-Ah, Lucas, que sem graça! Mas é isso mesmo que você está pensando. Eu estou namorando!

-O Martín!- Lucas completou, sorrindo por constatar que estava mesmo certo.

-Sério?? Meus parabéns!!!- Doralice abraçou a amiga.

-Por favor, me diga que foi ele quem pediu.- Lucas falou, ganhando uma revirada de olhos.

-E isso importa?

-No seu caso, importa sim.- Lucas também se adiantou para abraçá-la.- Lembre-se de tudo o que te falei. E seja muito feliz, eu te desejo isso de verdade.

-Pode deixar. Eu prometo que serei.- Mariana o beijou no rosto.

Lucas aproveitou uma rápida saída de Doralice para perguntar:

-Está tudo bem? Você parece feliz com o namoro, mas ao mesmo tempo parece... preocupada.

Mariana suspirou, indo se sentar.

-É, não vou conseguir esconder de você.

-Não mesmo- Lucas se sentou ao lado dela.- Me conta o que está acontecendo.

-Bom, aconteceu uma situação bem chata comigo ontem, quando voltei da casa do Martín, de madrugada. Eu tinha deixado a Analu com a Lílian e quando cheguei ela estava chorando e a Lílian estava nervosa, reclamando muito. Ela disse que não tem obrigação de olhar a minha filha e de certa forma me chamou de irresponsável.

-Nossa, Mari. Sinto muito.

-Eu não tiro a razão dela, sabe? Ela estava certa. A obrigação de cuidar da minha filha é minha. Eu me senti uma péssima mãe.

-Não, não fala assim. Você é uma boa mãe. Só precisa aprender a conciliar seu tempo para cuidar da Analu.

-Pois é. Por isso mesmo eu estava pensando em voltar para a casa do meu pai, assim eu não daria mais trabalho para ninguém aqui.

-O quê?- Lucas a fitou, incrédulo.- Está pensando em deixar a ONG??

-Não totalmente. Eu ainda faria o meu trabalho voluntário aqui, mas não moraria mais.

-Mari, não faz isso. Depois de tudo o que você passou com o seu pai...

-É, mas acho que vou ter que voltar para lá.- Ela disse, cabisbaixa.










🍷

-De jeito nenhum! Você não pode voltar para a casa do seu pai!

Já era noite outra vez e Mariana estava em seu quarto, junto com Martín, que parou de brincar com Analu assim que ouviu o que ela havia dito.

-Martín, é o único jeito.

-Não, Mariana, não é.- Martín deixou Analu no berço e sentou-se na cama, segurando as mãos da namorada.- A gente pode dar outro jeito.

-Que jeito?

Martín apertou as mãos dela ainda mais firmes entre as suas.

-Você poderia ir morar comigo.

Mariana foi pega de surpresa.

-Morar com você?? Mas Martín, mal começamos a namorar, tudo ainda é tão novo para nós.

-E daí? Eu não me importo. Você poderia muito bem ir morar lá com o Dido e a nossa princesinha.

-Mas e o seu pai? Ele é um senhor de idade, está acostumado a ter o espaço dele, sem perturbações.

-Meu pai adora crianças. De verdade.

Mariana suspirou.

-Eu não sei. Mas se eu fosse, gostaria de arranjar um emprego, para ajudar com as despesas da casa.

-Você não precisa se preocupar quanto à isso. Mas eu não vou me opôr se você quiser arrumar trabalho. Analu poderia ir para a creche e Dido continuaria com as atividades que tem na ONG, até porque eu duvido muito que ele irá querer se afastar dos amiguinhos que tem aqui.

-É.- Mariana pareceu refletir.- Pode dar certo. Mas primeiro temos que falar com o seu pai. Somente se ele concordar, nós iremos morar com vocês.

-Nossa, seria um sonho, poder acordar todo dia e ver seu rosto, meu amor.- Martín a abraçou e suas mãos desceram até suas curvas.

-Está me parecendo um sonho não muito distante, hein?- Ela sorriu e o beijou.









🍷

Virgínia adentrou o quarto de Anabella sem prévio aviso.

-Se arrume. Você tem um encontro.

Anabella se levantou, indignada com aquela invasão.

-Como assim você invade o meu quarto e me dá uma ordem?

-É isso mesmo. E sem papo furado Anabella, deixa de moleza e vai se arrumar.

Anabella se aproximou dela, furiosa.

-Você pensa que é quem para falar o que eu devo ou não fazer? Saia do meu quarto e se possível, dessa casa agora mesmo.

-Olha, não é má idéia. Mas acho que antes de voltar para Vitória eu vou passar no hospital e mostrar para Ana Lúcia um certo vídeo.

-Você não faria isso.

-Faria. Você sabe que eu faria.

-Você não pode fazer isso, Virgínia. Ana Lúcia não pode saber que, que...

-Que a irmã gêmea dela é uma safada?- Virgínia gargalhou.- Calma, Anabella! Ela não vai saber. Se você começar a se arrumar imediatamente para seu encontro com Sérgio.

Anabella engoliu em seco.

-Não existe outra forma?

-Não, querida. Nós temos um acordo. Inclusive, eu também preciso terminar de me arrumar. Afinal, Jader deve estar vindo me buscar para o nosso encontro. Sérgio à essa hora provavelmente deve estar tendo com ele essa mesma conversa que nós estamos tendo agora.

-Vocês são dois doentes.

-Ah e você deveria ser canonizada, não é mesmo? Anda, Anabella!- Virgínia esbravejou, de repente.- Eu estou mandando você se arrumar e acredite, minha paciência com você já está se esgotando!

Anabella ergueu a mão, furiosa.

-Se a sua mão encostar no meu rosto, Ana Lúcia vai ver esse video de um jeito ou de outro.

Anabella abaixou a mão e, sentindo-se verdadeiramente destruída, caminhou até o banheiro, sob o olhar satisfeito e altivo da prima.











🍷

Ela se recusava a chorar. Mas enquanto se lavava, esfregando o couro cabeludo com um vigor que nada tinha a ver com a vontade de estar com o cabelo limpo, viu-se soluçando.

Sentia raiva, muita raiva. De Virgínia, de Sérgio e principalmente de si mesma. Mas acima disso, um sentimento ainda mais forte apoderava-se dela. Tristeza. Uma tristeza profunda, que a dilacerava por dentro, arranhava seu coração e a fazia se sentir o ser mais desprezível da face da terra.

Pela primeira vez sentia vontade de se esconder e não de lutar contra.
Ela sabia lutar quando o assunto era desvendar segredos obscuros e falcatruas, ou guardas que se recusavam a obedecê-la. Sabia lutar contra Susan e sua ganância. Sabia lutar contra as mentiras de seu pai e as suposições que haviam à sua volta.

Mas não sabia lidar com o que estava acontecendo.
Sentimentos não eram o seu forte.
E não sabia o que ela mesma sentia de verdade, mas sabia a decepção que seria para a irmã se ela soubesse o que havia acontecido no Rio de Janeiro.

Ana Lúcia era frágil, estava frágil e aquilo seria esmagador demais para ela suportar.

Anabella se vestiu e após estar pronta, caminhou para fora do quarto como quem caminha para a forca.

Virgínia a esperava no corredor, encostada à parede, com os braços cruzados.

-Nada mal. Só podia ter caprichado um pouco mais na maquiagem. Agora vai e não pense em dar um perdido no Sérgio ou tentar nos enganar, porque será pior para você. Ele está te esperando no apartamento dele.

Anabella a encarou com os olhos brilhantes, mas recusou-se a permitir que novas lágrimas rolassem.
Desceu apressadamente as escadas, sem se deter.

"Se esse é o preço que tenho que pagar para que Ana Lúcia não tenha um desgosto, então que seja."

Antes que alcançasse o portão, deparou-se com Jader, que aparentemente acabava de chegar.

-Anabella, você não precisa fazer isso.

Ela estacou.

-Você, pelo jeito, precisa não é? Do contrário não estaria aqui.

-Não. Não vim aqui para me encontrar com a Virgínia. Eu vim para falar com você que não precisa fazer isso, não precisa se sacrificar.

-Você não entende?? Não sabe que vão contar tudo à Ana Lúcia se...

-Isso não importa mais. Eu contei à Ana Lúcia. Ela já sabe de tudo.

Anabella precisou encostar-se ao carro, atordoada.

-Meu Deus...- Sussurrou.- Ela deve me odiar agora...

-Não.- Jader se aproximou.- Ana Lúcia não sabe o que é odiar. Ela só entende de amor. E ela me fez perceber que eu estou apaixonado por você.

Ela ergueu os olhos para ele. Parecia surreal o que estava ouvindo.

-E eu posso estar enganado, Anabella, mas quando eu olho nos seus olhos vejo que você também sente alguma coisa por mim.- Ele a fitou com angústia.- Estou errado?

Anabella pensou por um momento ser incapaz de desviar seus olhos dos olhos de Jader.
Aqueles olhos que havia detestado no início por parecerem bonzinhos demais, ainda continuavam doces e gentis. E ao olhá-la, pareciam brilhar.

Mas aquilo era absolutamente impensável, era uma loucura. E no momento, ela preferia não se arriscar.

-Está. Você está errado sim.- Ela disse, sem receio de parecer rude.- Me faça um favor, Jader. Em nome do bom senso, fique longe de mim, me esqueça.

Sentiu seu coração doer, mas precisava terminar.

-Eu não sinto nada por você. O seu lugar é ao lado da Ana Lúcia. Por favor, entenda isso.

E, sabendo que não precisava mais ir se encontrar com Sérgio, entrou em seu carro e deu a partida, em direção ao Pacífico.











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