Capítulo 22
Jader teve ímpetos de ir atrás de Anabella.
Parte dele queria impedí-la de ir se encontrar com Sérgio, de vê-lo, de falar com ele.
Realmente não achava que o primo fosse uma boa influência para ela.
"Mas o que diabos eu estou pensando? Anabella é adulta, sabe muito bem o que faz. Além do mais, ela mesma disse que sabe se cuidar."
Jader voltou para dentro da casa, pela sala principal, e deu de cara com Martín, que parecia esperá-lo.
Ele parecia nervoso, o que era bastante evidente pelo suor que brotava em sua testa.
-Ela foi se encontrar com ele, não foi?- Martín disse, entredentes.
-Com quem...?
-Com aquele... seu primo.
-Sim. Infelizmente.- Jader suspirou.
Martín esmurrou a parede e murmurou alguns impropérios.
Jader percebeu que, por algum motivo, e provavelmente esse motivo seria a própria Anabella, Martín não gostava de Sérgio.
-Esse seu desgosto é por eles terem dormido juntos ou existe algo a mais, que eu não saiba?- Jader perguntou, supondo internamente que aquela raiva aparente de Martín fosse por ciúmes.
-As duas coisas.
-O que está acontecendo, Martín?
Martín hesitou, sabendo que Anabella não gostaria que ele expusesse sua investigação.
Mas a raiva que sentia era grande demais e ele queria dar o troco de alguma forma.
-Ela está investigando seu primo. Há alguns dias me pediu que ficasse de olho no pai dela, já que eu trabalho na Vinícola. Assim eu fiz e a única movimentação estranha que eu notei foi a visita de Sérgio à Vicente. Anabella agora quer saber que tipo de assunto exatamente eles podem ter um com o outro.
Jader não esperava por aquilo.
Então Anabella estava investigando Sérgio e o próprio pai??
🍷
Anabella tocou a campainha, segurando firmemente sua bolsa contra o corpo.
A porta foi aberta e o rosto de Sérgio apareceu.
Dias haviam se passado desde que os dois estiveram juntos.
-Ah!- Ele suspirou e a puxou para dentro do apartamento.- Você veio mesmo...
Sérgio a envolveu com seus braços fortes, beijando seu pescoço.
-Eu estava com saudades...
Anabella o interrompeu, empurrando-o levemente.
-Me chamou aqui para quê, Sérgio?
Ele parou, olhando para o rosto dela, erguendo a sobrancelha.
-Pra quê? Eu queria te ver, é claro. Queria muito repetir o que fizemos naquela noite.- Ele lhe sussurrou ao ouvido, voltando a beijar seu pescoço, descendo até a clavícula.
A boca dele se aproximou da dela, que estava prestes a aceitar o beijo, porém novamente o afastou.
Ela andou até o sofá e se sentou, ainda segurando firmemente a bolsa.
-Preciso te perguntar uma coisa.- Falou, séria.
Sérgio também se sentou.
-O que é?
Anabella resolveu ser direta:
-Você conhece o meu pai?
Sérgio ficou olhando-a, os olhos parados, fixos, por um momento.
Sabia que não podia dizer que o conhecia.
Seus assuntos com Vicente eram extremamente particulares. Ninguém, absolutamente ninguém, sabia. Anabella não era uma exceção.
Por isso, franziu a testa, dizendo:
-Se eu conheço seu pai? E tem alguém nesta cidade que não conheça Vicente Montenegro?
-Não foi isso que eu quis dizer.- Anabella procurou ser mais clara.- Quero saber se você tem algum tipo de negócio, ou assunto a tratar com ele.
-Não.- Sérgio balançou a cabeça, enfaticamente.- Sou publicitário, não enólogo. Não trabalho com vinho, portanto, não tenho negócio algum com seu pai.
Anabella o fitou.
"Filho da mãe mentiroso, que bom que eu vim preparada." Pensou.
Ela soltou um longo suspiro e sorriu.
-Ok, então. Era só uma dúvida que eu tinha.
-Mas por quê?
-Esquece, tudo bem?- Ela abriu a bolsa e tirou de lá, duas garrafas de bebidas.
Havia parado no caminho até o apartamento para comprá-las. Eram bebidas fortes, com altíssimo teor alcoólico.
-Quer beber comigo?- Ofereceu, segurando as garrafas diante dos olhos dele.
Sérgio sorriu, se aproximando.
-Só se for agora...- Ele segurou o rosto dela com as mãos e a beijou nos lábios, por alguns segundos, até parar e dizer:- Vou pegar dois copos. Eu não demoro.
Anabella pôs as garrafas no chão e o esperou, em silêncio.
Quando voltou, depois de dar alguns bons goles na bebida de uma das garrafas, Sérgio voltou a abraçá-la.
-Eu quero tanto isso...
Anabella o puxou pela mão, até o quarto, sem largar a garrafa, mesmo sem ter dado ainda um único gole.
As cenas vividas naquele quarto, várias noites atrás, invadiram sua cabeça.
Ela não podia negar que havia sido bom.
Havia sido ótimo, na verdade.
Sérgio abaixou lentamente a blusa de alcinhas que ela usava, deixando beijos quentes em sua nuca e costas, causando-lhe arrepios.
Ela fechou os olhos, se permitindo mais uma vez sentir aquela onda de desejo que a consumia, provocada por Sérgio e seus beijos.
Anabella se virou, arrancando a camisa que ele usava, jogando-a longe e beijando sua boca, sugando seus lábios com urgência, levando-o à loucura.
-Você não sabe o que seu beijo provoca em mim, Anabella.- Ele murmurou, entorpecido.
Ela desafivelou o cinto de sua calça jeans, enquanto o empurrava em direção à cama.
Mas dessa vez, Sérgio foi mais rápido e foi ele quem a jogou sobre a cama, ao mesmo tempo em que prendia os braços dela com os seus, acima de sua cabeça, imobilizando-a.
Ela o olhava com as faces vermelhas, seu peito subindo e descendo, com a respiração ofegante.
Sérgio também a olhava, com os olhos carregados de desejo e luxúria.
-O que está esperando?- Ela perguntou, antes que continuassem a prazerosa batalha de explorarem os corpos de ambos.
🍷
O dia ensolarado e lindo havia ficado para trás, dando lugar a uma noite quente e úmida.
Anabella observava Sérgio, deitado sobre a cama, cerca de duas horas depois.
-A-aah...- Ele gemeu, suspirando e lutando para permanecer com os olhos abertos. Estes, no entanto, insistiam em ficar fechados.- Eu tô quebrado...
-Pois eu estou bem inteira.- Ela disse, as pernas cruzadas uma sobre a outra, em cima da cama. Já estava vestida.
Sérgio fez um esforço e a olhou.
-Você acabou comigo.
Anabella olhou para as duas garrafas vazias ao pé da cama e riu.
Ela não havia tomado um só gole.
Mas sua risada logo se desvaneceu.
Ela se aproximou dele.
-Sérgio.
-Hum...?
-Preciso te perguntar uma coisa.
-Fala...- Ele mal a olhava.
-Por favor, seja sincero, sim?
Ela o viu fazer um sinal de afirmação débil.
-Você conhece o meu pai?
-De novo isso? Eu... já não... te falei?- A voz dele era enrolada, Anabella teve que se esforçar para entender.
-Não, não me lembro de você ter me falado sobre isso. Conhece ou não?
-Sim... claro que conheço seu pai.- Ele deu uma risada fraca.
Anabella teve ímpetos de lhe dar alguns socos.
"E por que mentiu quando estava sóbrio?"
Refletiu por alguns instantes. Finalmente Sérgio havia admitido.
Mas estava bêbado. Será que contava?
Claro que contava. Até porque, ela já sabia a verdade, só queria mesmo ouvir da boca dele.
-E que tipo de negócio você tem com meu pai, Sérgio?
Ele não respondeu.
-Sérgio?- Ela o cutucou.- Que droga!
Ele havia caído no sono, finalmente. Ou desmaiado, de tão bêbado.
Anabella suspirou, irritada.
Levantou-se da cama, caminhando até o espelho que havia no quarto. Ajeitou a roupa e o cabelo, saindo do quarto em seguida, não sem antes dar uma última olhada em Sérgio, que de fato dormia, profundamente.
Pegou sua bolsa que havia ficado sobre o sofá, na pequena sala e então, saiu de vez do apartamento.
🍷
A pool party na casa dos Montenegro havia acabado desde que o sol começara a se por.
Mariana e Dido voltaram para a ONG, Martín seguiu para sua casa e a família de Jader o esperava no carro, enquanto ele se despedia de Ana Lúcia, na porta.
-Você gostou mesmo?- Perguntou ela, abraçada à ele.
-Claro que sim, meu amor. Foi muito bom, ter todo mundo assim reunido, você sempre tem ótimas idéias.- Jader a beijou carinhosamente.
-Que bom. Espero que possamos nos reunir sempre.
-Com toda certeza vamos. Agora, deixa eu ir. Estão me esperando.
-Está bem.- Ela acariciou o rosto dele, deixando um beijo em seu rosto e logo em seguida, nos lábios.- Vai com Deus, querido. A gente se fala depois.
Ana Lúcia esperou que o carro de Jader saísse, para então entrar em casa.
A casa estava silenciosa.
Dona Eleanor provavelmente estava se banhando e era o que ela também iria fazer.
Pretendia descansar e só acordar bem tarde no dia seguinte; tivera uma semana cheia com trabalhos da faculdade, com o TCC e também, com a viagem que havia feito para modelar em São Paulo.
Estava cansada, porém feliz.
Bom, também estava um pouco chateada, pelo fato da irmã ter explodido com ela mais cedo.
Talvez não devesse ter insistido. Provavelmente Anabella já estava chateada com outros problemas e sua insistência tenha sido inconveniente.
Ana Lúcia suspirou, terminando de subir a escada.
Ia entrar em seu quarto, mas viu a porta do escritório aberta com a luz acesa e resolveu ir até lá.
Seria bom conversar um pouco com o pai.
Ana Lúcia estava prestes a entrar, quando percebeu que o pai estava ao telefone.
-...sabe que não era minha intenção te deixar sozinha hoje, meu bem. Mas minha filha organizou uma pequena reunião aqui em casa com a família do namorado e alguns amigos, eu simplesmente não podia dizer não.
Ana Lúcia franziu a testa, se afastando um pouco da entrada da porta, mas sem deixar de ouvir.
-Eu vou recompensar você.- Vicente dizia ao telefone.- Do melhor jeito. Que tal irmos jantar no Romero's, hum? E depois podemos aproveitar o resto da noite no seu apartamento...
Ana Lúcia cobriu a boca, com as mãos, aturdida.
Seu pai estava combinando de se encontrar com outra mulher??
-... então está bem. É claro... Ah, Susan, vai com aquele seu vestido vermelho, eu adoro como você fica quando veste ele.
Houveram alguns segundos de escuta.
-Sim, até amanhã... Eu também amo você.
Com os olhos marejados e o choro prestes a irromper por sua garganta afora, Ana Lúcia saiu correndo, em direção ao seu quarto.
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