Contém 3400 palavras.

Boa leitura💜

O nervosismo me envolveu com a proximidade da cerimônia. Agora, parado diante do altar, começo a sentir o verdadeiro significado disso tudo. O local ficou deslumbrante, ao admirar todos à minha volta. As pedras negras do altar, adornadas com linhas brancas, brilharam tanto quanto a euforia dos presentes. Mas o que realmente chamava a atenção era a mandala do amor. Todos sabem que ela não está se casando por conta própria, depois de lutarmos juntos há dias, ainda assim estou aqui, morrendo de nervosismo, enquanto as velas tremeluzem suavemente ao meu redor, suas sombras tremulando, acompanhando o ritmo do meu coração.

E se ela desistir?

Não a julgaria se o fizesse. Apesar de tudo, nesta vida, ela nega seus sentimentos por mim. Seu coração está machucado, e ela sequer se lembra do motivo.

Vou suportar vê-la partir novamente?

Melhor ainda: terei o altruísmo de deixá-la ir?

Amor é liberdade, mas estou fazendo o oposto disso, prendendo-a a mim e forçando um relacionamento.

Como ela pode se lembrar de me amar dessa maneira?

Droga!

Meus sentimentos e a ansiedade me cegaram. Lógico que ela não quer viver ao meu lado, simplesmente não tem escolhas e, por isso, seguiu com o planejamento.

Se ela não aparecer, terei que deixá-la ir, mesmo que doa, mesmo que meu coração sangre, pois a felicidade dela é a minha.

Os demais ao redor começaram a me olhar com mais curiosidade. É óbvio que meu nervosismo e ansiedade estão transparecendo demais. Sou frio e impenetrável, mas agora mal consigo manter as mãos paradas.

Suspiro, ajustando repetidamente minhas vestes, num gesto raro de inquietação.

A ansiedade me preencheu, com uma sensação desconhecida que começou a me consumir. Meu coração, que há muito tempo esteve frio, agora bate com força, como se estivesse prestes a saltar. Cada segundo parece uma eternidade.

Ela vai me abandonar aqui, diante de todos.

Será uma vingança mortal pelo passado.

Ele sempre ficará no nosso caminho...

A vida que perdemos, o amor que não pudemos cultivar, e todos os nossos sonhos, que, por um erro, foram perdidos.

Tenho certeza de que estamos destinados a ficar juntos, apesar das provações, estou disposto a lutar por ela. Mesmo que Sarah não se lembre, mesmo que a dor da separação ainda esteja fresca em minha memória, a possibilidade de um novo começo ao seu lado é uma alegria quase transcendental, algo que jamais senti e que não estou disposto a perder.

Poseidon se aproximou, seu semblante paralisou novamente meu movimento para ajeitar a gravata.

— Não deveria estar nervoso — Poseidon sussurrou ao meu lado, me deixando carrancudo.

Estou transparecendo tanto minhas emoções que meu irmão mais novo, que detesta sentimentos, seja solícito. Maravilha!

— E-estou normal!

Poseidon não aguentou o riso, fazendo-me olhá-lo totalmente incrédulo. Seu olhar continha um brilho brincalhão e maroto, aumentando meu espanto.

— Hades, suas mãos estão tremendo, você não para quieto e está com a voz trêmula — Poseidon pontuou, me envergonhando. — Nem é preciso ser um gênio para ver o quão nervoso você está.

Eu sei! O problema é que não consigo me controlar!

Toda hora penso nela desistindo e no quanto isso vai quebrar meu coração, mesmo que eu tenha que entender.

A mão de Poseidon suavemente parou em meu ombro, atraindo meu olhar, assim como o de todos os presentes. Ninguém está acostumado a vê-lo daquela maneira, principalmente com o semblante tão ameno.

Conheço perfeitamente meus irmãos, sei que Poseidon é mais do que demonstra. Seu jeito frio e calculista é apenas a ponta de seu abismo, pois, no fundo, ele nos ama, apenas não sabe demonstrar. Ele tem uma personalidade peculiar, mas se esforça, como neste instante, mesmo sem saber lidar com as próprias emoções, está ao meu lado, me apoiando e tentando me acalmar.

— Estou com receio de que ela desista — admiti em um sussurro.

Ele revirou os olhos, sorrindo maliciosamente.

— Não é como se ela pudesse fugir. Se isso acontecer, é só puxá-la pelas correntes — Poseidon retrucou, me deixando exasperado.

Seria muito se ele não fosse tão idiota?

Não acredito que ele propôs isso, como se pudesse forçá-la dessa maneira, mais do que já fiz. Eu a coagi a esse casamento, mas não posso e não vou fazer com que ela diga "sim" dessa forma. Se ela disser que não quer mais, terei que aceitar, mesmo que doa, pois não vou prendê-la.

Amor é liberdade, mas Poseidon não entende isso.

— Poseidon, não agi certo em coagi-la para se casar, mas não posso e não vou forçá-la assim!

Sob meu olhar sério, ele revirou os olhos, sorrindo maroto.

— Desculpa! — Poseidon resmungou a contragosto.

Resolvi não respondê-lo. Um pedido de desculpas é um avanço demais vindo dele, mas isso não significa que não fiquei bravo.

Ótimo!

Ele conseguiu me distrair, enchendo minha paciência com outra coisa!

Viro-me em sua direção, prestes a lhe dar um sermão, pois, apesar de tudo, sou o mais velho e a culpa é minha por ele ser assim, afinal, eu o criei. Mas, ao olhá-lo, um leve tom preencheu suas bochechas, e ele tossiu, me olhando sem jeito, como se estivesse tomando coragem para falar.

— Hades, não precisa temer, pois, apesar de ela negar, ama você. Se não amasse, não concordaria com o casamento. Ela não é do tipo que abaixa a cabeça, pelo contrário, é tão cabeça-dura quanto você. Sarah é uma alma guerreira, ela poderia evitá-lo facilmente sem precisar apelar para uma vingança da qual ela nem lembra o motivo. Então, tranquilize seu coração — Poseidon murmurou, para minha surpresa.

Olho em choque para ele, fazendo-o piscar maroto em minha direção.

Espere...

Poseidon elogiou uma HUMANA?

Certo, ela é uma bruxa, mas elas ainda são humanas!

Não acredito nisso!

— Uma palavra e retiro tudo que disse — ele resmungou, virando o rosto. — Melhor, vou ajudá-la a fugir de você!

Não consegui controlar o sorriso.

Apesar de ele ser frio, sabe demonstrar amor quando quer.

Um leve som atraiu meu olhar para frente. Ao ver as crianças se preparando para entrar, meu coração disparou.

O momento chegou!

As meninas jogavam pétalas de rosas no chão, simbolizando pureza e graça, enquanto os meninos lançavam sementes e tocavam sinos, representando a prosperidade e a alegria.

Tudo estava deslumbrante, como nos meus sonhos, mas nada me preparou para vê-la. Ela era tão divina que ofuscou a todos com sua beleza.

Seus olhos, como prata pura derretida, brilharam em minha direção. Enquanto ela caminhava de forma suave e lenta, meu coração acelerou ainda mais, não suportando a visão da perfeição.

Ela é linda!

O tempo e o espaço pararam, nada mais existe. Meus olhos não conseguem se desviar dos seus, tornando nossa conexão mais palpável.

Ela está aqui! Sarah escolheu me dar uma chance!

O alívio e a euforia me cobriram por completo, fazendo com que finalmente me sentisse inteiro. Tudo que passei, o sofrimento por eras, valeu a pena, só para tê-la. Enfrentarei qualquer desafio com ela ao meu lado, pois meu amor é eterno e nunca a deixarei ir.

À medida que meus passos me levavam em sua direção, meus pensamentos eram cada vez mais inundados por ele. Desde o momento em que o conheci, a maneira como seus olhos ficam tão intensos quando me olham faz com que nada mais importe, pois tudo que ele quer sou eu. Sinto isso tão intensamente que me assusta.

O peso da eternidade em meus ombros é intenso, trazendo uma sensação estranha de incompreensão, como se algo estivesse fora de lugar, embora eu não consiga identificar o quê.

Esses sentimentos que ele desperta em mim são reais ou apenas um reflexo dos sentimentos dele?

E se eu estiver apenas reagindo a ele?

E se não sentir nada?

Não lembro da minha vida como deusa e isso me assusta demais. É como se algo me prendesse, como um pavor real e aterrorizante. Nunca quis saber, lembrar de tudo que aconteceu, pois esquecer é um motivo válido para acreditar que aquela vida não valeu a pena, mas agora isso me deixa insegura sobre a profundidade dos meus sentimentos.

Olho para frente, tentando manter a racionalidade, mas meu olhar encontra o dele. A iluminação das velas acentuava ainda mais sua beleza surreal, deixando-o majestoso. Tudo sumiu, meu mundo se resumiu a ele.

Como esses olhos podem demonstrar tantos sentimentos?

Profundos e hipnotizantes como o abismo, num tom de roxo intenso que parecia conter todo o mistério e a magia do lugar que habita, brilhando como duas ametistas na escuridão e iluminando todo o local com uma paixão avassaladora.

Cada vez que olho para seus olhos, sinto-me atraída por uma força irresistível, como se pudesse me prender para sempre em seu olhar.

Todas as minhas dúvidas tornaram-se tão pequenas diante dele, a calma e a certeza me inundaram.

Talvez eu não entenda agora, mas este pode ser meu lugar... ao seu lado...

Sorrio levemente em sua direção, provocando um sorriso apaixonado em resposta, tão iluminado quanto o próprio sol.

Ao chegar ao altar, Hades segurou minhas mãos com uma ternura inesperada, fazendo minha frequência cardíaca acelerar de uma maneira tão absurda que é provável que ele escute.

Ele está tão lindo!

Seus olhos intensos se desviaram para nossas mãos entrelaçadas, sorrindo levemente antes de encontrar novamente meu olhar, com uma profundidade de sentimentos que me deu a certeza de que, independentemente do passado, o que importa é o presente.

A sacerdotisa, que já nos esperava com um cálice de água em uma mão, representando a transparência e a conexão com o divino, e na outra o sal como catalisador de energias negativas, lavou nossas mãos, nos purificando. Ao terminar, oferecemos à natureza nossas oferendas, coloquei diante do altar os grãos simbolizando o alimento e Hades, o vinho para saciar a sede.

— Agora os votos — a sacerdotisa deu a vez a Hades.

Ele sorriu, tomando minhas mãos nas suas.

— Sarah, desde o momento em que coloquei meus olhos em você, soube que a conhecia. Senti uma força desconhecida que não soube identificar. Agora sei que, no passado, você foi minha, mas fomos cruelmente separados. Em primeiro lugar, quero pedir seu perdão. Mesmo sem querer, eu a magoei, mas saiba que, quando soube que a perdi, nem mesmo a mais potente flecha de Eros foi capaz de conter a angústia que se apossou do meu coração. O destino nos deu uma nova chance, mesmo que suas memórias estejam veladas, eu lembro por nós dois e farei de tudo para fazê-la feliz de novo.

Seus olhos brilharam com as lágrimas não derramadas. Somente percebi que os meus estavam iguais quando ele enxugou as lágrimas que escorreram.

— Senhor, pode lhe dar a joia — murmurou a sacerdotisa.

Hades sorriu, tirando de suas vestes uma pequena caixa. O anel em ouro negro brilhou em contraste com a luz, revelando um trabalho intricado que adornou todo o aro. Pequenas esmeraldas estavam incrustadas ao longo dele, cada uma brilhando sutilmente. Ao centro, uma esmeralda de corte quadrado trazia um símbolo de esperança e eternidade.

— Eu, Hades, senhor do submundo, conheci as trevas mais profundas, mas nada se compara à dor de perder você. Sua ausência transformou minha vida em uma profunda escuridão, mas agora sua presença iluminou toda a minha existência, trazendo luz e esperança onde antes só havia desespero.

Hades deslizou o anel em meu dedo, provocando uma enxurrada de emoções intensas, tão profundas que foi impossível conter as lágrimas.

— Prometo a você, meu amor, eternidade, proteção e devoção. Farei tudo ao meu alcance para reconquistar seu coração, reacender a chama que já ardeu entre nós. Lutarei por você até que seu coração seja meu novamente.

Minhas emoções se misturaram, me transportando para um sentimento passado, não um que eu conheça, mas algo tão sublime, invocando memórias e sonhos esquecidos. Apesar de serem assustadores, trouxeram também uma sensação de segurança.

— Pretendo fazê-la me amar novamente, assim como eu amo você. Nunca deixei de amá-la — Hades se inclinou, sussurrando apenas para eu escutar.

Meu coração disparou loucamente, deixando um rastro de emoções intensas e controversas, tão surpreendentes, e uma sensação de reconhecimento, como se eu conhecesse exatamente esses sentimentos.

— Eu... sempre me senti estranha em relação a vocês. Sequer conseguia imaginar os motivos. Ainda não estou acostumada a ver os deuses de outra forma, agora entendo o porquê... — olhei profundamente em seus olhos, vendo o brilho intenso que emanava deles. — Não sei o que responder sobre seu pedido de desculpas. Por mais que sinta que é sincero, não posso prometer nada. Existe um enorme espaço entre a gente, mas ainda assim consigo me ver ao seu lado. Meus sonhos estão começando a ser povoados por você e não entendo, mas quero compreender. Quero... quero deixar o amor nos tocar novamente, dessa vez pela eternidade.

A mão dele segurou a minha com mais firmeza, enquanto seus olhos se encheram de lágrimas, deixando meus sentimentos cada vez mais caóticos.

— Eu, Sarah, prometo a você lealdade, proteção e sinceridade. Farei de tudo para que sejamos felizes pela eternidade.

Ao terminar, meu ar sumiu todo ao fixar meu olhar no dele, por conta da forma intensa com que ele passou a me olhar. Ele parecia saber exatamente os sentimentos que se apossavam do meu coração e isso me deixou ainda mais encantada por ele, pois jamais vi seus olhos tão iluminados como as estrelas nos céus.

A sacerdotisa amarrou nossas mãos com uma fita vermelha, invocando os votos de amor e prosperidade, e após isso, nos declarou casados. Hades inclinou-se suavemente em minha direção, não me dando tempo para recuar. O choque foi perceber que eu não queria sair, quero seu beijo, e constatar isso me deixou vermelha. Ele sorriu maroto ao me ver envergonhada, e o ar ficou carregado pela magia do momento, fazendo tudo ao redor sumir. Seu braço passou pela minha cintura, puxando-me em sua direção. Nossos lábios roçaram levemente antes de ele me tomar com paixão e fúria.

Mesmo com a confusão, quando nossos lábios se tocaram, minhas dúvidas sumiram, deixando apenas sentimentos que sequer achei possíveis existir.

Um intenso formigamento percorreu meu corpo inteiro, meu coração começou a bater totalmente descompassado. Minhas mãos foram automaticamente para seus cabelos prateados, intensificando o contato. Hades suspirou em contentamento, me erguendo até que eu estivesse na sua altura. O sentimento de pertencimento mútuo, uma conexão tão profunda que transcendeu o tempo e o espaço, me fez sentir finalmente completa, pois encontrei meu lugar no universo.

Nossas respirações estavam aceleradas quando nos separamos. Seu olhar foi tão carinhoso, transbordando amor, que minha garganta apertou pelo sentimento. Sem querer, sorri em sua direção, ele retribuiu, roubando-me um suave selinho.

Hades elevou nossas mãos, apresentando-me aos deuses como sua esposa, sem tirar o sorriso do rosto.

A primeira deusa a surgir foi Hécate, que não escondeu o orgulho no olhar.

— Hades, espero que cuide bem da minha filha.

— Com a minha vida.

O sorriso de Hades aumentou, ele sequer olhou para a deusa ao responder.

Droga! Ele precisa ser tão... perfeito?

— Tenho certeza disso, meu querido! — retruquei audaciosa, fazendo-o piscar maroto em minha direção.

Hécate sorriu, se afastando para dar espaço aos irmãos dele.

O primeiro a se aproximar foi Adamanto, ou melhor, Adamantine, o Deus da Conquista, assumindo a aparência de um homem alto, revestido de maneira robotizada.

— Agora entendo sua pressa, não poderia deixá-la fugir, pois, observando melhor, posso ver que ela é uma bela mulher — Adamantine sorriu para Hades, virando-se em minha direção com uma reverência respeitosa. — Não tivemos tempo de nos conhecer adequadamente, sou Adamantine, o segundo irmão. É um prazer conhecê-la, Sarah.

É estranho ele ser um dos irmãos de Hades, já que pensei que fossem apenas os três grandes da Grécia.

— A situação em que nos conhecemos não é das melhores, é um prazer conhecê-lo, Adamantine — respondi, confusa.

Ele sorriu maroto.

— Fui retirado da história dos deuses pelo meu amado irmão Poseidon — Adamantine explicou, batendo a mão no ombro do irmão ao seu lado.

Oh... isso explica muita coisa!

Poseidon revirou os olhos, tirando a mão de Adamantine de seu ombro.

— Prazer em conhecê-la — resmungou Poseidon entre dentes, parecendo forçado a me cumprimentar por respeito a Hades.

Não consegui conter um sorriso maroto, o que fez sua carranca aumentar.

— Prazer em conhecê-lo, Poseidon — exagerei na voz doce, deixando-o ainda mais carrancudo enquanto saía dali.

Ao menos posso admitir que gosto deles, pois ambos agem exatamente como são, sem máscaras ou palavras bobas.

A terceira presença azedou toda a noite. Zeus se aproximou sorrindo maroto, segurando minha mão com uma intimidade irritante. Sem pensar, bruscamente a puxei de volta, olhando-o furiosamente.

— Se encostar novamente em mim, vou matá-lo, e ninguém me impedirá! — rosnei, totalmente irada.

Zeus arregalou os olhos em choque, aumentando minha ira.

Como ele tem a audácia de me tocar após o que fez?

Não esqueci que ele fez aquela mulher e, por culpa dele, meus pais foram sacrificados como meros insetos diante da vontade dos deuses.

Esse estúpido só pensa em si mesmo, nem ao menos consigo respirar o mesmo ar que ele sem sentir nojo!

Hades tomou minha mão, sorrindo levemente para o irmão, antes de me puxar para longe. Seu semblante neutro não me tranquilizou. Sei que não foi apenas para meu benefício, mas para que ninguém soubesse da nossa rixa, pois é costume usar as fraquezas como armas e tornar público que sua família tem uma ruptura é entregar a arma de bandeja.

— Não a culpo por sentir raiva dele, pelo contrário, entendo o que você sente e não vou obrigá-la a conviver com meus irmãos, principalmente Zeus — Hades murmurou, segurando delicadamente minha mão e fazendo um carinho na palma, o que me deixou corada. — Mas deve entender que, por amor a ele, não posso deixar que o mate. No entanto, prometo que ele não chegará perto de você.

Entendo o amor que ele possui pelos irmãos e não quero que ele fique dividido, mas não sou obrigada a conviver com eles. Ao menos, posso ficar tranquila sabendo que ele me apoia, o que ajuda a amenizar minha raiva.

— Eu só te peço isso: que Zeus fique longe de mim. Não suporto as coisas que ele fez e não esquecerei que, por conta dele, meus pais foram sacrificados para salvar a vida da mulher de quem ele abusou e sua própria filha! — segurei suas mãos com mais firmeza, atraindo seu olhar firme. — Hades, que ele não ligue para a mulher é, apesar de desprezível, algo que posso entender, mas sua filha é algo que não entendo. Então, se quer mesmo viver bem comigo, mantenha-o longe de mim, pois não me responsabilizo pelos meus atos!

— Sei que meu irmão merece isso e, por mais que me deixe triste, pois gosto da família unida, entendo o seu lado e prometo que não terá que conviver com ele.

Sorrio gentilmente em sua direção, fazendo-o acariciar levemente minhas bochechas, um ato que me deixou corada, para sua alegria.

— Sua beleza fica tão acentuada quando seus olhos brilham assim, é uma luz que sempre me encantou, desde a primeira vez que a vi — ele admitiu, sorrindo amorosamente. — A cada instante, minha esperança cresce, pois percebo que estou ganhando espaço em sua vida.

Não consegui controlar o sorriso diante de sua declaração.

— Amo seu sorriso — ele confessou num sussurro.

— Está me paquerando? — perguntei, desviando o olhar, para ter um pouco de racionalidade.

Como me manter racional com ele me olhando dessa maneira?

O sorriso malicioso dele cresceu, Hades se inclinou em minha direção, perto do meu ouvido.

— Estou.

Um arrepio percorreu todo o meu corpo ao escutar seu sussurro, assim como o hálito quente contra minha pele, não deixando nenhuma segurança para controlar os impulsos que me empurravam para ele. Isso é injusto!

— Não está jogando limpo!

Minha voz não passou de um sussurro, aumentando sua satisfação. A ponta de sua língua contornou meu ouvido e pescoço, deixando um rastro de fogo.

Droga! Ele não está ajudando!

— Jogo para ganhar, nesse caso, não existem regras! — Hades respondeu rouco, mordendo meu pescoço.

Isso é muita tortura!

Inclinei mais meu corpo para ele, suas mãos ficaram mais firmes em minha cintura, aumentando minha temperatura corporal e levando-me ao ápice do desejo. Estava quase me rendendo, esquecendo por completo onde estávamos, quando ele se afastou, beijando minha bochecha com carinho.

— Hades!

Não consegui conter o olhar indignado em sua direção, para sua diversão.

— Bom saber que mexo tanto com você ao ponto de fazê-la esquecer onde está, mas não vou expô-la dessa maneira, ainda mais com os olhares em nossa direção. Por mais que eu coloque respeito, não posso impedir os curiosos — ele respondeu animado, beijando a ponta do meu nariz, sorrindo alegremente ao ver minha carranca. — Dulce meum, estamos em público. Fora que estão vindo nos cumprimentar!

Olhei irritada ao redor, observando que, de fato, alguns deuses se aproximaram com um sorriso malicioso em suas faces, o que aumentou minha irritação.

O casamento tem um pouco da cultura grega e celta, quis fazer os passos a passos que encaixa-se melhor com a historia, Handfasting significa união das mãos, para quem tem curiosidade sobre como é a cerimonia.

➜ https://www.casamentos.com.br/artigos/handfasting-ritual-casamento-celta--c8581