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Capítulo 54 - Castigo de Perséfone

Contém 3800 palavras.

Boa leitura ❤️

A luta não foi nada do que esperei, uma farsa grotesca que espelhava a minha própria existência: uma sucessão de sonhos transformados em pesadelos. A ilusão de vitória, a crença de que minha força e beleza seriam suficientes para reconquistá-lo, evaporou como fumaça ao primeiro sinal de combate.

Quando a vi naquela arena, a aura dela brilhava com uma intensidade que jamais presenciei. Atribuí o brilho à sua força natural, à sua própria essência. Não imaginei, na minha cegueira, que aquela luz era um reflexo de um poder ampliado, um poder que eu, em minha soberba, não previ. O erro foi meu, meu ego me cegou, me impedindo de ver a verdade. O veneno, uma serpente fria que se enroscava em minhas veias, não era apenas dor física. Era a própria putrefação da minha alma, uma queimadura que se espalhava por todo o meu ser, consumindo-me de dentro para fora, até que não restasse mais nada além de cinzas.

A morte não foi a libertação que esperava, um véu negro me envolveu, levando-me para as masmorras da alma, um lugar pior do que qualquer tormento imaginável. A dor em minha pele, a queimadura do veneno, persistia mesmo na ausência de vida. Uma agonia que se intensificou com a chegada deles. A escuridão me abraçava, mas não trazia paz, apenas o pressentimento do sofrimento.

Hades chegou acompanhado de sua família, sua aura poderosa vertebrou por todo o seu domínio, como uma clara mensagem de força e autoridade. Mas foi a visão dos seus filhos que me atingiu com mais força, seres tão pequenos e tão parecidos com ele, com aquela mesma aura imponente, que me causou um choque. Uma janela se abriu na escuridão, revelando não as masmorras que esperava, mas uma sala imponente que dava para o salão das reuniões.

A cena que se seguiu foi um insulto aos meus sentidos, uma humilhação que me rasgava por dentro. Todos aqueles seres, curvados em respeito aos seus senhores, seus olhares cheios de temor e reverência. Mas o que sentia era nojo, uma raiva corrosiva que me consumia. Aquele era o meu lugar, ao lado dele, aqueles eram para ser meus filhos. A visão daquela família, unida e triunfante, era uma tortura. A dor da perda, a angústia da humilhação, se misturavam em meu ser, criando um turbilhão de emoções que me deixavam sem fôlego.

Os deuses que eram contra Sarah evitavam olhá-la, mas não era por rancor, era puro medo. A covardia deles me causava nojo, uma repulsa que fervia dentro de mim como veneno. A visão daquela cena, com suas cabeças baixas e olhares desviados, era quase insuportável. Eles se curvavam diante da força que temiam, e eu, aprisionada, não conseguia me mover. Meus pulsos estavam elevados, presos a grossas correntes que me mantinham no lugar.

— Esses são seus filhos? — Freya aproximou-se, seu sorriso malicioso iluminando seu rosto enquanto ela se inclinava para as crianças. Sua risada ecoou pelo salão. — Que coisa mais idiota! Nem precisa ver a aura deles, apesar de que nós a sentimos assim que eles pisaram no submundo, Hades, eles são sua cara!

O sorriso de Hades, largo e triunfante, se voltava para aquelas crianças nos braços daquela... vadia.

Com um coração pesado, percebi a cruel semelhança. Os cabelos revoltos dele, em um tom cinzento que brilhava sob a luz do submundo, emolduravam o rosto da menina, que exibia seus olhos roxos, cintilantes como estrelas em uma noite sem fim. E o garoto, mesmo com os olhos cinzas de Sarah, eram o espelho de Hades.

A dor daquela realidade me golpeou como um punhal afiado, rasgando meu coração em pedaços. Eles, aqueles seres que deveriam ser meus!

A amargura se misturava à raiva, criando uma tempestade de emoções que enchia meu ser e me deixava sem ar. A derrota não era apenas minha, era a de um futuro que me foi roubado, que nunca existiria. E, enquanto a escuridão me envolvia, sabia que nunca poderia escapar daquela lembrança.

— São lindos seus filhos e, pelo que vejo, são extremamente fortes — Kali decretou, sua voz tímida contrastando com a atmosfera pesada que pairava na sala.

O demônio que guardava a porta à minha frente puxou-me pelas correntes, forçando-me a andar até eles. Cada passo era uma tortura, o som dos meus pés arrastando-se pelo chão ecoava como um lamento. O murmúrio dos deuses silenciou-se, como se a sala tivesse sido engolida por um vácuo. Desviei o olhar para o chão, sentindo meu coração em pedaços, ou o que sobrou dele.

Não merecia estar aqui! Não era meu lugar!

— Estou assumindo meu lugar de direito junto à minha esposa e aos meus filhos — a voz de Hades ecoou pela sala, poderosa e imponente, provocando um silêncio absoluto entre os deuses presentes.

— Sua esposa ganhou de forma justa, mostrou-se uma encantadora deusa, aliás — Adroa respondeu, sua voz maliciosa transparecendo uma satisfação sombria. Suas palavras eram veneno puro, e o olhar que lançou para Sarah carregado de cobiça.

Esse maldito! Ele me bajulava, mas agora era ela, a nova rainha, o alvo de sua adoração. A traição, a humilhação, a perda... tudo se fundia em uma dor insuportável.

— Sim, ela é, no entanto, não quero você referindo-se a ela como uma qualquer! — Hades decretou friamente, sua voz cortando o silêncio como uma lâmina. — Ela é a minha esposa e uma deusa, tem nome e seu nome é Sarah, tenha mais respeito.

— Não quis ofendê-lo — Adroa balbuciou, sua voz baixa.

Um covarde, como sempre foi!

— Mas ofendeu, não só a mim, como à minha esposa — Hades rosnou, o aviso em sua voz era claro. — Ela é uma mulher e, assim como todas, merece respeito!

Seria sempre assim. Ela era, e sempre seria, a sua prioridade.

— O castigo de Perséfone...

— Não é sua função dar castigos! — Ah Puch interrompeu Hades furiosamente, sua voz carregada de raiva.

— Perséfone é uma deusa pertencente ao panteão grego e, no mais, não preciso de permissões — Hades decretou, sua voz cortante como um veneno. — Por mim, ela já estaria nesse castigo sem nem ter passado pela luta!

Sua declaração final ecoou pela sala, e Ah Puch rangeu os dentes em resposta, derrotado.

A culpa era dele, que não me amou como merecia, que não me deu um futuro digno!

— Traga-a para o centro — Hades murmurou, sua voz fria cortando a tensão no ar.

Mantive minha cabeça abaixada, me recusando a olhá-lo. Já era humilhação o suficiente estar ali, em sua frente, enquanto todos os outros riam e observavam, se deliciando com a imagem reduzida a uma sombra de mim mesma.

Não era minha morte, era a ruína dos meus sonhos, que se desfez como um castelo de cartas. Meu amor... meu doce amor se foi...

Sempre amei Hades, desde o momento em que o vi. O que precisava fazer para que ele me notasse?

Eu me lembro de anos atrás

Alguém me disse que eu deveria ter

Cuidado quando se trata de amor, eu tive

— Perséfone, Deusa da Primavera, está aqui para ser julgada pelos seus atos — a voz de Hades, gélida como o inverno eterno, ecoou em meus ouvidos, forçando-me a fechar os olhos com força. A frieza naquela voz, a ausência total de qualquer calor ou afeição, era mais dolorosa que qualquer punição.

Não era ele, não havia sentimento algum ali, apenas a implacável justiça de um juiz impassível. E meu coração se partiu em milhares de pedaços, sangrando de forma desesperadora. Como pude chegar a este ponto?

Este caminho de sofrimento, trilhado por minhas próprias escolhas, me levou a um abismo sem volta, sem a menor possibilidade de um final feliz. Merecia a felicidade, queria ela, mas o que colhi foi apenas dor e sofrimento. Agora, sou a sombra do que era, um jarro quebrado, irreparavelmente danificado, incapaz de conter a beleza que um dia possuí. A lembrança da primavera, da minha primavera, se transformou em cinzas amargas na minha boca.

E você foi forte e eu não fui

Minha ilusão, meu erro

Eu fui descuidado, eu esqueci, eu esqueci

— Será condenada pela eternidade a ser afogada no rio Flegetonte, em sua parte mais profunda e sem direito a revisão de pena — Hades decretou, sua voz fria como a própria água do rio dos mortos. A sentença caiu sobre mim como uma sentença de morte, fria e implacável.

O ar me faltou. A decisão de Hades, cruel e implacável, me atingiu como um golpe físico, me paralisando. O Flegetonte... a imagem do rio infernal, com sua água escura e turva, invadiu minha mente. A sentença ecoava em meus ouvidos, uma cruel ironia: o rio da cura, que curava para torturar novamente. A incredulidade me aprisionou, me deixando petrificada diante daquela injustiça.

Ele escolheu a mais cruel das torturas para mim! Aquele era o meu Hades, quem sempre amei?

A verdade caiu sobre mim como um bloco de gelo, estilhaçando a frágil construção do meu sonho. As palavras de Eros ecoavam na minha mente: "Uma foda, e nem a única". Hades. O nome soava como um insulto, uma zombaria. Nunca me amou. A ilusão se desfez, revelando a desolação do deserto da minha solidão.

E agora, quando tudo está feito, não há nada a dizer

Você se foi e tão sem esforço

Você ganhou, você pode ir em frente, diga a eles

— Não pode fazer isso comigo! — rosnei, a fúria me consumindo como um incêndio.

Ele estava tão frio, tão impassível, como se não sentisse nem um mísero carinho por mim. Era inaceitável, inconcebível que ele pudesse dedicar uma pena tão severa a alguém que dedicou anos da sua vida a amá-lo!

— Nunca me amou? Sentiu nem um mísero carinho por mim? Hades, diga-me que nunca sentiu nem um pingo de afeto por mim? — A pergunta escapou dos meus lábios como um grito desesperado, carregada de dor e incredulidade.

Minhas pernas tremeram, me levando ao chão. Não tive coragem de olhá-lo. O medo do que veria em seu olhar e confirmar o desprezo que pressentia me consumiu.

— Perséfone... tudo o que sentia por você... foi fruto de seus poderes — Hades declarou calmamente, sua voz fria e implacável. — Os sentimentos de amor, carinho e proteção... foram você que os colocou em mim com eles. O que sempre foi real era o respeito que sentia, mas isso você mesma colocou um fim ao fazer tudo isso.

Ergui os olhos, encontrando seu olhar frio como o inverno eterno. Era um olhar que transcendia a frieza, um olhar que congelaria meu sangue, se ainda tivesse sangue para congelar. A realidade, nua e crua, me atingiu com força brutal: tudo não passou de uma ilusão.

Diga a eles tudo o que eu sei agora

Grite isso de cima dos telhados

Escreva isso no horizonte

Tudo o que nós tínhamos se foi agora

As lágrimas escorreram livremente, queimando meu rosto enquanto via meu reflexo em seu olhar impassível. Era a primeira vez desde que Eros lançou aquela maldita praga que conseguia me ver, e a visão era devastadora. Não era mais a deusa linda e radiante que costumava ser. Esse amor me transformou, roubou toda a alegria, deixando em seu lugar apenas a repulsa, uma chama que queimava minhas veias por dentro.

Não era eu. Não poderia ser eu! A mulher refletida naquele olhar frio e distante era um ser vazio, mesquinho, sem nenhum resquício da deusa alegre e feliz que um dia fui.

— Não pode ter sido... o sentia comigo... nos nossos momentos... pude sentir... — balbuciei, atônita.

Hades fechou brevemente os olhos, mais uma vez me evitando.

— Diga que nem raiva sente por mim! Olhe nos meus olhos e diga para a mulher que dedicou milênios de sua vida a amá-lo... diga a ela que nem raiva consegue sentir! — rosnei, a fúria me dando forças para confrontá-lo.

Seus olhos se abriram e o que vi me deixou completamente em choque. Não havia nada, absolutamente nada. Nenhum traço de afeição, de ódio, de qualquer sentimento. Era como olhar para uma parede, um vazio absoluto.

— Não sinto raiva, pois ela é um sentimento, e não sinto nada por você — Hades declarou, sua voz calma e fria como a própria morte.

Morreu. Tudo. Todo o bom sentimento que ele um dia teve por mim se extinguiu, reduzido a cinzas.

Ri alto, um riso desolado e amargo, sentindo as lágrimas caírem como cascatas incontroláveis.

— Da maneira que o amei... nenhuma o amará... ela nunca o amará! — rosnei, a raiva, finalmente, dando lugar a um desespero profundo.

Diga a eles que eu era feliz

E meu coração está partido

Todas as minhas cicatrizes estão abertas

Diga a eles que o que eu esperava seria impossível

Impossível, impossível, impossível

Levantei-me com a cabeça erguida, meu olhar fixo em Hades, a raiva me dando forças para enfrentar a devastação que me consumia. Caí do mais alto, sem rede de proteção, o mínimo de carinho ou compreensão, e ele, não estava lá para me amparar. Amei-o sem medidas, esperando por um fiapo de afeição, por um gesto de reciprocidade.

Ele me destruiu, me reduziu a cinzas, mas não levaria meu orgulho. Era tudo o que me restava!

— Sempre esperando... ansiando... almejando... sempre a noiva e nunca a esposa... leve-me daqui! — rosnei, a arrogância sendo a minha única armadura contra a dor lancinante. A ordem foi dirigida ao demônio que aguardava, seu olhar se voltando para seu senhor em busca de autorização.

— Nem mesmo na morte muda, não é? — a voz de Hades ecoou, carregada de uma tristeza que me fez rir.

O desprezo em meu olhar era inegável.

— Algumas coisas não mudam, meu querido. Gostaria de desejar felicidades ao casal, mas não sinto nada além de repulsa pelos dois, e não quero mais mentir... não mais — declarei, a amargura escorrendo de minhas palavras como veneno. O leve resmungo dos dois pirralhos ecoou, chamando minha atenção. Olhei-os de canto, um sorriso venenoso se formando em meus lábios. — Essa visão me dá nojo. Espero que eles explodam!

Sarah suspirou, afastando os filhos para longe, num gesto quase maternal, mas seu olhar permanecia carregado de um peso imenso.

Ela estava com pena de mim?

— Perséfone... tudo podia ter sido diferente — Sarah declarou, sua voz suave quebrando o silêncio pesado que pairava no ar.

Senti meu corpo paralisar com o som daquela voz. Meu olhar a mediu, carregado de repulsa.

— Sim, o amei, e ele nunca foi meu. Se pudesse mudar algo, seria isso... nunca ter amado Hades. Fique feliz, Sarah... você ganhou... ele é todo seu — declarei, o deboche escorrendo de minhas palavras como veneno.

— Isso nunca foi uma competição! — Sarah respondeu, sua voz exasperada, carregada de uma emoção que não conseguia compreender.

Dei as costas, não me dignando a lhe responder. O demônio seguiu me puxando, inexorável, e só conseguia sentir a dor dilacerando minha alma. Seus poderes emergiram, me envolvendo em uma força sombria que me transportava para o meu destino.

Perdi algo que nunca tive, e a dor era insuportável. As lágrimas caíam como chuva, limpando a decepção e a frustração que me sufocavam. Queimada pela minha própria esperança.

Desapaixonar é difícil

Cair por traição é pior

Confiança partida e corações partidos

Eu sei, eu sei

Amei-o tão profundamente que me perdi nele, me anulei em um mar de paixão avassaladora. Ansiei por seu olhar, por seu afeto, por um reconhecimento que me validasse enquanto mulher. Mamãe costumava dizer que ele um dia me olharia, me veria, me desejaria. Era tão jovem, tão ingênua, e o amor chegou com tamanha força que apagou tudo ao meu redor.

Mas a mamãe estava errada. Ele nunca se importou com minha aparência, pelo menos não da maneira que esperava. Ele me admirava, sim, logicamente, mas seu olhar para mim nunca teve o mesmo brilho, intensidade ou adoração que dedicava a ela. Nunca vi em seus olhos as estrelas que tanto ansiava.

"Entrei em seus aposentos usando uma curta camisola vermelha transparente, na esperança de despertar nele a chama da paixão. Seu olhar pousou em mim, carregado de desejo, sim, mas era um desejo diferente, pálido, sem a intensidade que ele demonstrava quando usava o perfume dela. A chama era tão rasa, tão superficial, que me causava uma decepção lancinante. Quando usava aquele perfume, sequer precisava chamá-lo, ele vinha correndo, sem hesitar.

— O que achou, querido? — perguntei, minha voz rouca, tentando esconder a decepção que me consumia.

Hades sorriu, um sorriso gentil, mas sem paixão, chamando-me com o dedo para que me sentasse ao seu lado na cama.

— Como sempre, está bonita! — suas palavras eram um elogio vazio, sem o calor que ansiava.

Ele me beijou na testa, num gesto carinhoso, mas frio, deixando-me completamente irritada. Sempre o mesmo tratamento cálido, sem ardor, sem paixão, sem a entrega total que desejava. Sem falar de sentimentos.

— Hades, você me ama? — perguntei em um sussurro.

Ele paralisou, seu olhar desviou do meu, e a minha fúria explodiu.

— Quero sua resposta! Sou sua noiva, praticamente sua mulher! — rosnei, a frustração me consumindo.

Ele suspirou, levantando-se e me dando as costas. Aquele gesto, tão frio, tão indiferente, me dilacerou.

Era assim? Depois de milênios da morte daquela mulher, depois de todo esse tempo, ele sequer tinha memórias dela, e mesmo assim, seus sentimentos ainda não eram meus?

Merecia mais que isso! Não aguentei toda aquela espera, para que nada do que fiz desse resultado!

— Hades, não vire as costas para mim! — puxei-o com força, a raiva me impulsionando. Seus olhos, raivosos, deveriam me intimidar, me afastar, mas, em vez disso, suas mãos enlaçaram minha cintura, puxando-me para um beijo rude, sem amor ou paixão, apenas vazio."

Ele foi tão viril, tão possessivo naquele momento, que quase acreditei que era paixão. Mas era apenas a máscara da sua dor, a expressão da sua raiva pelo amor perdido. Ele descontou em mim sua frustração, sua impotência diante da ausência dela, daquela mulher que ainda o assombrava, mesmo na morte. Sua mente, talvez, não conseguisse entender o que estava acontecendo, mas seu coração, sim.

Pensando que tudo o que você precisa está lá

Construindo fé sobre amor e palavras

Promessas vazias serão desgastadas

Eu sei, eu sei

Após esse dia, ele não me tocou mais, mantendo uma frieza crescente que me deixava completamente preocupada. Sempre com desculpas, ou simplesmente direto pedindo para que não aparecesse, na minha ânsia de não suportar essa rejeição, insisti, mas mais uma vez meus planos foram frustrados.

O vi com o maldito anel de noivado que seria dela, o que não entendi, pois em um acesso de raiva joguei todas as suas coisas fora e as que ficaram foram resgatadas por Hécate, mas ainda assim ele tinha algo dela, algo importante.

Quando seu olhar encontrou o meu, tão frio e distante, percebi que não teria chance e foi comprovado quando ele terminou tudo, pois ele pensou na minha pergunta e simplesmente declarou que não poderia se casar comigo, pois seu coração jamais seria meu, ele não me amava.

Depois de tudo que fiz, ainda o perdi para a memória dela, que sequer ele tinha consciência!

Como fui idiota! Insisti que ele poderia aprender a me amar, que o esperaria e o fiz... mas ele estava certo, seu coração jamais seria meu...

Manchei minha alma para tirá-la do caminho. Invadi a mente daquela mulher, manipulei seus sentimentos, a empurrei para a beira do abismo, forçando-a a se matar. Fiz tudo isso acreditando que, ao eliminar os obstáculos, ele finalmente me veria, me desejaria, me amaria. Mas ele escolheu ela, mesmo na morte, e me tornei apenas mais um brinquedo em suas mãos, um brinquedo com prazo de validade.

E nem sequer fui a única. Ele teve várias mulheres que chamavam mais a sua atenção do que eu. E, cega de ciúmes e desesperada por seu amor, matei todas elas, eliminando os obstáculos um a um. Mas mesmo assim, mesmo depois de tudo, ele não me via.

Diga a eles tudo o que eu sei agora

Grite isso de cima dos telhados

Escreva isso no horizonte

Tudo o que nós tínhamos se foi agora

O demônio parou em frente ao rio de lava, um mar vermelho vivo e infernal. Os gritos dos pecadores, lamentos de dor e desespero, serpenteavam o local, como uma sinfonia macabra. Passaria a eternidade sendo queimada viva e, em seguida, curada, para que a tortura pudesse recomeçar, tudo por amar quem não me pertencia, por um amor que nunca foi meu.

— O mais profundo é sua morada. Não tente fugir, pois agora é uma alma, e seu lugar é aqui — o demônio decretou, sua voz implacável.

Meu olhar, frio e arrogante, o cravou

— Como se alguém conseguisse fugir deste castigo idiota. Ande e me deixe sozinha! — resmunguei, mas ele permaneceu imóvel, apenas ergueu a sobrancelha, incrédulo diante da minha teimosia.

— Diferente dos demais pecadores, você terá uma vigia mais de perto, e sou o encarregado — ele respondeu calmamente, sua voz fria.

Claro que Hades não me deixaria sozinha. Ele não me daria a chance de escapar, não tão facilmente.

— Estou morta... não posso nem voltar ao Olimpo... — resmunguei, a amargura me corroendo por dentro.

Ele deu de ombros, sem se mover.

Parece que terei que me acostumar...

— Qual seu nome? — perguntei, a curiosidade me vencendo.

Ele inclinou a cabeça, sem entender. Suspirei audivelmente, esperando pela resposta.

— Draven — ele respondeu cuidadosamente, sua voz grave e sóbria.

— Significa caçador... aposto que nunca perdeu uma presa, por isso foi designado a mim — comentei, um sorriso irônico se formando em meus lábios.

O maldito acenou brevemente, confirmando minhas suspeitas. Hades não seria um tolo. Ele não me daria chance alguma. Mas ele estava tão errado.

Não teria nem forças para lutar. Estava cansada de lutar, de sempre voltar para o mesmo lugar, de tentar conseguir a força que deveria ser meu direito.

Diga a eles que eu era feliz

E meu coração está partido

Todas as minhas cicatrizes estão abertas

Diga a eles o que eu esperava seria impossível

Impossível, impossível, impossível

Diga a eles tudo o que eu sei agora

Grite isso de cima dos telhados

Escreva isso no horizonte

Tudo o que nós tínhamos se foi agora

Era isso que merecia? Uma eternidade de infelicidade, enquanto ele seria feliz ao lado dela, amado por alguém que nunca seria a metade do que poderia ter sido?

A ideia me enchia de repulsa, de um ódio profundo por mim mesma, por minha teimosia cega, minha incapacidade de abandonar aquele sonho impossível. Se soubesse, se tivesse percebido antes, teria acordado, teria poupado toda essa dor.

Caminhei para o interior do rio, sentindo o sangue ferver, a carne queimar sob o toque infernal da lava. Cada vez mais profundo, mais dolorido, a agonia se intensificava, me consumindo por inteiro. Meu reflexo surgiu na superfície incandescente, me desesperando ainda mais. A agonia completa me tomou, me envolveu, me sufocou. Ergui minhas mãos, rasgando a pele do meu rosto, mutilando-me em um ato desesperado. Não queria mais vê-lo, não queria mais me lembrar de quem era, de quem fui. A partir daquele momento, seria a deusa sem rosto, sem história, sem coração.

Diga a eles que eu era feliz

E meu coração está partido

Oh, esperava que seria impossível (impossível)

Impossível (impossível), impossível, impossível

Impossível (impossível), impossível (impossível)

Impossível, impossível

https://youtu.be/Mhj15W23IjA

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