Capítulo 50 - Confie em mim
Contém 3800 palavras.
Boa leitura💜
Um peso incômodo se instalou em meu peito ao ver o pânico nos olhos de Hades, um nó frio que apertava minha garganta. Mas então, a lembrança da minha conversa com Hécate, instantes antes de nossa descida ao submundo, surgiu em minha mente, nítida e reconfortante como um raio de sol em um dia sombrio. A imagem de suas palavras sábias, a lógica de seus argumentos, justificaram minhas ações, embora a culpa residual persistisse como um eco distante.
"Não conseguia impedir o encantamento ao ver a imensidão azul dos domínios de Poseidon, o azul profundo do mar se estendia até o horizonte, um espetáculo de cores tão intenso quanto minha preocupação. A brisa salgada, normalmente revigorante, agora carregava um pressentimento ruim, um peso que me prendia à terra, apesar da beleza ao meu redor. Mesmo assim, sentia saudade do submundo, meu verdadeiro lar.
Sorri ao perceber que não estava mais sozinha, mas ao virar-me e encontrar Hécate, seu olhar gélido e sério, diferente de tudo que já vi, me gelou a alma. Como se o próprio inverno tivesse se instalado em seus olhos.
— O que aconteceu? — perguntei, a voz trêmula.
— Os deuses são muito instáveis, e apesar de agora ser uma deusa, sua origem humana os ofende. — Hécate me olhou preocupada, seus olhos cintilando com uma sabedoria ancestral.
Um nó de apreensão se formou em meu estômago. A resistência dos deuses era inevitável, sentia a tempestade se aproximando.
— O que devemos fazer? — perguntei, a aflição me sufocando.
— Se houver votação, terá a possibilidade de um empate... — Hécate declarou, um sorriso enigmático nos lábios.
Votação? Os deuses não seriam a favor, provavelmente Perséfone ganharia por unanimidade. Um medo gelado percorreu minha espinha.
— Alguém irá propor que quem não votou possa desempatar, isso vai gerar raiva em Perséfone, e com isso você vai propor uma luta com ela — Hécate explicou calmamente, sua voz tão suave quanto a lâmina de uma adaga.
— O QUÊ? — perguntei abismada, a incredulidade me paralisando. A imagem de uma luta contra Perséfone surgiu em minha mente, e o pânico me congelou.
Não conseguia compreender Hécate. Agora era uma deusa, mas seria muito mais suscetível à morte, pois já não era mais imortal. Em uma luta contra Perséfone, duvidava que ela jogasse limpo, estaria morta antes mesmo dela iniciar!
— Você vai ter uma nova arma divina que eu mesma mandei fazer para você e a coroa das fases da lua, cada fase vai dar-lhe uma força e isso dará uma enorme vantagem sobre a Perséfone. Confie em mim, não irá perder — Hécate declarou seriamente, sua voz firme e confiante, fazendo-me assentir lentamente em resposta. Uma pequena faísca de esperança brilhou no meio do meu medo."
Aquela era a única chance de conseguirmos tudo, não permitiria que Hades perdesse o trono para Perséfone. Cada panteão tinha um representante, ele perderia seu lugar, pois Perséfone passaria a liderar os gregos. Inspirei profundamente, enchendo meus pulmões com a determinação que brotava do meu interior. Com a postura ereta de uma rainha, enfrentei Perséfone, meu olhar firme e desafiador. O silêncio na sala era ensurdecedor, quebrado apenas pelo batimento acelerado do meu próprio coração.
— Estou propondo uma luta entre nós duas, uma maneira definitiva para demonstrar nossa força e quem realmente merece a coroa — decretei, minha voz ecoando no silêncio como um trovão.
Perséfone, o rosto contorcido pela fúria, seus olhos faiscando como brasas, me encarou com ódio. Um murmúrio de espanto percorreu os presentes, misturado a sussurros de incredulidade.
Uma mão gelada, forte e trêmula agarrou meu braço com força. Ao olhar nos olhos roxos de Hades, senti meu coração apertar ao ver o pavor estampado neles, a fragilidade escondida atrás de sua máscara de poder.
— Não! — Hades respondeu, a voz rouca, quebrada pelo pânico. Sua voz, normalmente firme e autoritária, estava trêmula.
— Está com medo dela não ser digna? — Adroa perguntou, sua voz arrogante cortando o silêncio.
Um olhar furioso de Hades se voltou para ele, mas sua preocupação era evidente.
— Aceito, veremos quem realmente merece essa coroa — Perséfone respondeu, com um sorriso cruel nos lábios, enquanto olhava debochada para Hades, que ficou pálido como a morte.
As mãos de Hades tremiam contra as minhas, gélidas e trêmulas como folhas de outono. Ele se aproximou do meu ouvido, ocultando nossa conversa dos demais, seu corpo emanando um calor que contrastava com a frieza das suas mãos. Senti o cheiro inebriante de seu perfume, familiar e reconfortante, mas agora carregado de medo e angústia.
— Ficou louca? Não pode lutar com ela! — ele rosnou, a voz rouca, quebrada pela aflição. A incerteza em seus olhos, a fragilidade em sua voz, me diziam que ele temia não apenas a derrota, mas a perda de mim.
Ele acreditava que perderia?
Não! Lutaria por nossa família, por nossa paz. Meu coração batia forte no meu peito, num ritmo frenético que ecoava a minha própria determinação.
— Stella mea, não se preocupe, deixarei Perséfone quase morta para que possa colocar toda sua fúria nela! — retruquei, meu tom sarcástico tentando disfarçar minha própria apreensão. Os músculos de seu corpo enrijeceram sob meus dedos.
Seu olhar tornou-se torturado, cheio de uma dor tão intensa que partiu meu coração.
— Estou pouco me lixando para a maneira que vai deixá-la. Não quero você em uma luta! — Hades rosnou, aflito. A angústia em sua voz era tão palpável quanto o tremor em suas mãos.
Sorri ternamente, puxando-o para mais perto, encostando minha testa contra a sua. Sabia a aflição que estava causando nele, mas não recuaria, agora iria até o final.
— Prometo que tudo dará certo, confia em mim — murmurei, dando-lhe um selinho terno, transmitindo toda a minha esperança e amor. Senti o tremor em seu corpo se acalmar lentamente sob meu toque.
Ele suspirou, enlaçando minha cintura num abraço terno, seu corpo buscando consolo no meu.
— Hades, essa seria uma prova de que a rainha que você escolheu é digna — Belzebub declarou mansamente, seus olhos escuros perfurando Hades, um olhar tão intenso que parecia queimar sua alma.
Um arrepio percorreu a espinha de Hades. Na frieza do olhar de Belzebub, ele leu a confirmação silenciosa de uma conspiração. Ele virou-se bruscamente, a fúria borbulhando em seus olhos, mas ao perceber Hécate se aproximando, com a mão pousada em seu ombro, seu olhar sério e impassível, Hades entendeu. Não foi preciso dizer nada, naquele instante, ele percebeu que tudo fazia parte de um plano.
Sabia que ele ficaria furioso com isso. Não queria tramar às suas costas, mas sua surpresa e anseio deveriam ser genuínos, então não poderia revelar a verdade.
— Certo! — ele resmungou, a voz carregada de contrariedade. Hades apertou os dentes, tentando controlar a fúria que o consumia. Seus dedos, trêmulos, afundaram-se na minha pele.
Os demais pareciam satisfeitos, seus olhares cruéis como se esperassem minha morte. Isso aumentava o nervosismo de Hades, pois suas mãos estavam trêmulas e geladas contra as minhas.
— Vamos deixar as damas prepararem-se para o combate esta tarde. Será na arena, e será uma luta até a morte. Aquela que ficar em pé será a imperatriz — Adroa decretou, seu olhar implacável fixo em mim.
Um medo glacial me congelou por dentro. A certeza da morte pairou sobre mim, fria e implacável. Percebi que, não importava o que Hades quisesse, eles já haviam escolhido Perséfone e acreditavam que ela venceria.
Assim que a sentença foi anunciada, partimos imediatamente para os domínios de Poseidon. O cheiro salgado do mar batia contra meu rosto, mas só conseguia sentir o gosto amargo do medo na minha boca. Cada batida do meu coração ecoava nos meus ouvidos, num ritmo frenético que me deixava à beira de um colapso. Minhas mãos estavam suadas, meus dedos trêmulos. Apertei os punhos com tanta força que minhas unhas cravaram na pele. A imagem de Sarah lutando contra Perséfone, ferida e vulnerável, me assombrava como um pesadelo.
— Disse para que não me arriscasse, mas fez isso! Ela vai usar o veneno em você! — rosnei, a fúria me consumindo como um fogo infernal, ameaçando me queimar por dentro. Meus dentes estavam cerrados com tanta força que sentia a dor nos maxilares.
Ela evitava meu olhar, o que só aumentou minha raiva. Não suportaria perdê-la, não novamente! A lembrança da sua morte anterior ainda me assombrava, uma ferida aberta em minha alma.
— Deixa de ser dramático e pense como o rei que é! — Belzebub retrucou, sua voz calma e irritante, como uma agulha em um nervo exposto. Virei-me bruscamente em sua direção, a fúria borbulhando em meus olhos.
— É da minha esposa que estamos falando, não é uma brincadeira! — repliquei, minha voz carregada de uma raiva que mal conseguia controlar. Senti o sangue ferver em minhas veias.
Belzebub suspirou, entediado, sua expressão impassível e irritante.
— O amor te deixou burro! — Belzebub resmungou, sua voz ferina como um chicote, aumentando minha ira.
A fúria me consumiu, meus músculos enrijeceram, minhas mãos se fecharam em punho. Senti o sangue latejar em minhas têmporas, a pressão em minha cabeça aumentando a cada segundo. O ar ficou pesado, carregado de raiva e ódio. O silêncio entre nós era tão denso que podia ser cortado com uma faca. Ele suspirou, mais irritado pela minha reação.
— Estudei o veneno de Deméter nesses dois meses a pedido de Hécate, assim como manipulei tudo para chegar a um empate entre elas. Vai por mim, sua esposa poderia perder se escolhesse Perséfone — Belzebub respondeu, sua arrogância tão óbvia quanto o sorriso frio e calculista que se espalhou por seus lábios. Seus olhos brilhavam com uma satisfação cruel.
— E por qual motivo você ajudaria? — Adamanto perguntou, seu olhar sério e penetrante fixo em Belzebub.
— Pelo mesmo motivo que ajudei a mantê-lo vivo: pelo experimento. Ver Sarah ficar imune a um veneno que é mortal a um único toque será um prêmio para mim — Belzebub respondeu, sua voz carregada de uma satisfação quase sádica.
Me aproximei irado, segurando-o pela gola das vestes. Minhas mãos estavam tão fortes que senti seus ossos rangerem sob meus dedos.
— Minha esposa não é a porra de um experimento! — rosnei, minha voz gutural e ameaçadora. Seus olhos brilharam de diversão diante da minha fúria.
Confiei a vida do meu irmão nas mãos dele, pois sabia que ele jamais o deixaria morrer, mas aquilo diferia! Meu olhar hesitou, a dúvida se espalhando como uma sombra em meu coração.
Os olhos escuros de Belzebub, antes maliciosos, agora refletiam uma determinação inabalável, um olhar que me lembrava o que via anos atrás nos meus irmãos mais novos. Soltei-o lentamente, percebendo que ele não estava tratando aquilo levianamente, ele estava levando a sério.
— Hades, ela não perderá. Não tenho intenção de deixar Perséfone no controle. Ela é insuportável e não vai parar só por ser a governante do submundo — Belzebub respondeu, sua voz azeda, mas firme.
Olhei-o indeciso, a luta interna me consumindo. Belzebub bufou, tirando um frasco do bolso, um recipiente pequeno e opaco que parecia pulsar com um poder sombrio. Ele olhou atento para Hécate, que observava cada movimento com uma expressão de preocupação e expectativa.
Ele pegou o frasco, tomando seu conteúdo com uma calma perturbadora. Minha respiração ficou entrecortada enquanto o via ingerir o veneno, e não contive a surpresa ao perceber que o veneno não fez efeito nele.
— Confia em mim agora? — Belzebub perguntou, seu tom cansado, mas ainda firme. As palavras ecoaram em minha mente, e a confiança, antes vacilante, começou a se solidificar. Assenti lentamente, a determinação crescendo dentro de mim.
Belzebub virou-se para Sarah, que mantinha o olhar atento em sua direção. Ele ergueu as mãos e um traje negro como a noite, feito de um tecido leve e sedoso que parecia se moldar ao corpo de Sarah, surgiu diante dela. Detalhes em prata reluziam sutilmente, contrastando com o negro profundo do tecido. Uma pedra ametista, grande e brilhante, estava cravada no centro do peito, pulsando com uma energia suave.
— Fiz seu traje de batalha. Essa pedra ametista vai protegê-la dos ataques mentais de Perséfone, mas sabe que a proteção vai depender mais de você do que da pedra, certo? — Belzebub perguntou a Sarah, que assentiu em resposta.
Sarah pegou o traje com cuidado, seus dedos deslizando sobre o tecido macio. Seus olhos brilharam ao ver a pedra ametista, e ela respirou fundo, sentindo a força da pedra.
— O soro que fiz vai deixá-la imune ao veneno por doze horas. Não creio que um combate entre vocês vá durar mais que isso, no entanto, ataque para matá-la sempre e evite deixar que ela manipule você.
Sarah assentiu, pegando o soro.
— Você é uma espécie de treinador da Sarah agora? — Adamanto resmungou, olhando fixamente para Belzebub.
Um sorriso malicioso se espalhou pelos lábios de Belzebub.
— Nunca perdi uma luta, e não estou disposto a perder agora. Estou apostando tudo na deusa da magia — declarou, sua voz carregada de uma confiança tão inabalável quanto uma montanha.
Senti-me mais aliviado ao ver o comprometimento de Belzebub, pois sabia que ele jamais a deixaria morrer. Isso me relaxou imediatamente.
— Sarah, esta será sua arma. Lutará usando magia, e isso vai ajudá-la a canalizar as energias — Hécate chamou a atenção dela, estendendo a mão, revelando uma corrente de prata antiga, que pendia numa ponta uma lua cravejada de estrelas, equilibrada como uma balança, e na outra, uma adaga tão fina que parecia feita de ar, sua lâmina cintilando com uma energia mágica.
O poder emanando da arma era tão grande que todos ficaram impressionados, principalmente ao vê-la pegar a arma sem problemas, sua mão se fechando em torno da corrente com uma confiança recém-descoberta.
— Esta é a coroa que vai usar como minha filha — Hécate declarou, estendendo a mão, revelando uma coroa de prata antiga, adornada com pedras que brilhavam como as fases da lua: uma lua crescente de opala leitosa, uma lua cheia de pérola brilhante, uma lua minguante de ônix escuro, cada pedra pulsando com uma energia sutil, mas poderosa.
Ao tocar a coroa, os olhos de Sarah brilharam com uma luz roxa intensa, e uma onda de energia poderosa percorreu seu corpo, fazendo seus cabelos flutuarem. O ar ao redor dela vibrava com poder, e um sussurro antigo ecoou no silêncio, transmitindo todo o conhecimento e poder de Hécate. A força de Hécate, a deusa tríplice, fluía para ela, preparando-a para a batalha.
— Quero falar com você — murmurei baixo, puxando a mão de Sarah. Meu coração se apertou em meu peito, um nó de medo e angústia me sufocando. Cada segundo que passava me parecia uma eternidade, a possibilidade de perdê-la me esmagava como uma montanha.
Todos estavam se esforçando para que minha esposa vencesse, deveria seguir o exemplo, mesmo que meu coração doesse pela possibilidade de perdê-la. Precisava ser forte por ela, mesmo que isso quebrasse meu próprio espírito.
༺۵༻
Levei-a para o quarto onde nossos filhos estavam e abracei-a fortemente. Um medo glacial me congelou por dentro, apertando meu peito como uma mão de ferro. Cada batida do meu coração ecoava em meus ouvidos, num ritmo frenético que me dizia que estava prestes a perder tudo.
— Stella mea, confie em mim — ela sussurrou em meu ouvido. Seus dedos acariciaram meu rosto, seus olhos brilharam com uma confiança que me confortou, mesmo em meio ao medo que me consumia.
Afastei-me lentamente, olhando com atenção o rosto dela, antes de sorrir ternamente.
— Dou-lhe a cortesia do submundo, pode escolher entre Thanatos, Oneiros ou Hipnos, para que eles lhe deem três bênçãos — declarei, fazendo-a olhar com atenção em minha direção ao entender minhas palavras.
Nunca pensei em usar aquilo, mas não existia ninguém que merecesse mais total poder sobre meus domínios do que minha esposa.
— Hipnos — ela declarou, sua voz firme e confiante.
Sorri em resposta.
— Perséfone escolheu Thanatos. Cuidado quando ela invocar a bênção dele, mantenha a mente fria e invoque Hipnos na hora certa. Tenho certeza de que você ganhará!
Puxei-a para meus braços, beijando-a longamente. Meu beijo foi profundo e apaixonado, transmitindo todo o meu amor, minha esperança e meu medo. Minha aura, intensa e poderosa, envolveu-a como um escudo de proteção, sua força calorosa e reconfortante. Sarah afastou-se ofegante, tremendo, com um brilho intenso em seus olhos.
Esperava de todo o coração que aquela não fosse a última vez que a teria assim, pois não seria capaz de vê-la morrer, nem que virasse as costas para todos os deuses, ela sairia viva daquela arena.
Um arrepio percorreu minha espinha, uma mistura de medo, excitação e determinação me inundando. Meu coração batia forte no meu peito, num ritmo frenético que ecoava a minha própria apreensão. Suspirei, fechando os olhos por um instante para me centrar, para me preparar para o que estava por vir: um combate até a morte contra Perséfone. A arena era um espetáculo de poder e beleza, um círculo de pedra cintilante, rodeado por uma multidão de deuses e monstros, seus rostos iluminados por uma mistura de expectativa e cruel diversão. O rugido da multidão era ensurdecedor, uma onda de energia que me atingia como um choque.
— Estamos aqui reunidos, pois houve um conflito entre os interesses dos deuses. Hades apresentou a deusa Perséfone como sua noiva e herdeira, no entanto, casou-se com a humana Sarah, que agora é a deusa da magia. O conselho do submundo, num empate entre os votos, decidiu pela luta ao direito ao trono — Heimdall anunciou, sua voz ecoando pela arena, amplificando a tensão.
Seus olhares eram gélidos, distantes, era incrível como, para eles, a vida era entretenimento, era assim que viam o combate!
— Ao lado direito, Perséfone, Deusa da Primavera, sendo conhecida também como a noiva infernal — Heimdall apontou para a deusa. A entrada de Perséfone foi como um furacão, suas feições radiantes e imponentes atraindo todos os olhares. A multidão explodiu em gritos, alguns aplaudindo, outros murmurando em temor.
O largo vestido verde puro, que antes parecia um símbolo de sua realeza, se transformou em um traje de guerra, tecido que se ajustava ao corpo dela como uma segunda pele, adornado com símbolos de poder e destruição. Os gritos dos deuses aumentaram em frenesi, uma sinfonia de excitação e expectativa.
— Ao lado esquerdo, Sarah, a ex-humana e agora Deusa da Magia, conhecida como rainha dos deuses e esposa de Hades — Heimdall apontou para minha direção.
Olhei mortalmente para Heimdall, o coração disparando em meu peito. Orgulho pulsava em minhas veias por ser esposa de Hades, mas suas palavras soaram como uma ofensa. Não era apenas um título, não estava naquela arena para disputar um homem, mas sim pela liberdade da minha família e pelo meu futuro!
Meu olhar o fez arregalar os olhos, engolindo em seco. Desviei os olhos para Perséfone, que sorria maliciosamente para mim, um sorriso que prometia dor e destruição, como uma serpente prestes a atacar.
— O combate será até a morte, podem começar! — Heimdall declarou, sua voz ecoando pela arena, enquanto se afastava.
Um sorriso cruel e triunfante se espalhou pelos lábios de Perséfone.
— Quem diria que seria justo você que me daria esse prêmio, poder matá-la sem ninguém questionar — sibilou ela, seus olhos brilhando com uma satisfação cruel.
Respirei fundo, fechando os olhos com força para bloquear qualquer interferência mental. Cada músculo do meu corpo estava tenso, minha mente focada em um único objetivo: a vitória. Não a deixaria entrar em minha mente, a mínima provocação que aceitasse daria à deusa poderes contra mim.
— Ego invoco hic vim lunae — murmurei melodiosa, minha voz carregada de poder.
Abri lentamente os olhos e uma onda de energia roxa e lavanda explodiu de mim, iluminando meu olhar com uma luz etérea. Meu corpo brilhava com uma energia poderosa, e o símbolo da lua cheia surgiu em minha testa, pulsando com uma luz mágica.
Perséfone recuou, seus olhos arregalados em surpresa e temor ao sentir a força bruta da magia fluindo de mim. Seus lábios se contraíram em uma expressão de incrédula, e sua postura enrijeceu. Meu poder emanava pelo local, espantando a todos, silenciando a multidão.
O semblante de Perséfone se transformou em um misto de incredulidade e raiva, seus olhos verdes cintilando com um brilho ameaçador ao perceber o aumento do meu poder. Em suas mãos, uma caveira espectral surgiu, envolta em uma neblina verde e sinistra. De dentro dela, uma planta serpenteante brotou, suas folhas negras se expandindo e formando uma barreira ao seu redor, pulsando com uma energia maligna.
— Ataque-a! — Perséfone ordenou, sua voz cheia de autoridade.
A planta veio em alta velocidade em minha direção, fazendo-me suspirar perante o ataque da deusa. Concentrei minha energia e um escudo de proteção tomou forma diante de mim, brilhando como a lua minguante. Sua luz cortou a escuridão, quebrando o ataque dela com um estalo ressonante.
Percebi que a deusa nem ao menos estava usando seus poderes totais!
— Acus tempestate — lancei pequenas agulhas na direção dela, atravessando seu corpo com precisão. — Expanda — murmurei, e as agulhas se transformaram em cortes profundos na pele de Perséfone.
— Maldita! — ela gritou em agonia, sua voz ecoando pela arena como um lamento. O terror e a dor estavam estampados em seu rosto enquanto ela olhava para seu corpo, agora marcado e ferido.
Esperava sentir alegria ao vê-la ferida, mas no lugar disso, uma onda de pena me invadiu. A raiva que antes me consumia parecia ter se dissipado, como se meu espírito tivesse encontrado uma calma inesperada em meio ao caos.
— Coroa de flores — Perséfone retrucou com raiva, e uma coroa de flores deslumbrantes surgiu ao redor dela, suas pétalas brilhando em cores vibrantes, hipnotizando a multidão com a beleza etérea da deusa. No entanto, ao olhar mais de perto, percebi a manipulação subjacente, um feitiço de hipnose que tentava capturar a atenção de todos que a observavam.
— Não funcionará em mim — debochei, e ela rangeu os dentes, furiosa.
— Pelo visto, a vadia ficou mais forte mentalmente — Perséfone retrucou, sua voz cheia de veneno, fazendo-me rir.— Fogo do inferno — ela rosnou, sabia que aquele tipo de fogo era complicado de apagar, quanto mais tentava, mais ele se intensificava.
— Corpus meum est pars ignis — murmurei rapidamente, e em um instante, meu corpo se envolveu em chamas dançantes, unindo-se ao fogo infernal. Controlava e moldava as chamas ao meu redor, sentindo o poder vibrar em mim.
Na visão periférica, vi Hades se levantar, sua expressão de desespero e preocupação clara enquanto desaparecia nas chamas. O coração dele parecia estar na garganta, e a angústia em seu olhar me atingiu como um golpe.
— Parece que eu gan...
Lancei uma enorme bola de fogo em sua direção, acertando-a em cheio e paralisando-a totalmente com o baque.
— Não cante vitória antes do tempo, estou apenas me divertindo com você — repliquei, aparecendo entre as chamas sem nenhum arranhão.
Os gritos aumentaram ao verem Perséfone no chão. Desviei brevemente o olhar para Hades, que era puxado por Adamanto, animado.
Meu amor, darei a surra que ela estava merecendo!
Pisquei em sua direção, voltando meu olhar para Perséfone, que me encarava com ira.
Estamos apenas começando!
Ego invoco hic vim lunae: Invoco aqui o poder da lua.
Acus tempestate: Tempestade de agulhas.
Corpus meum est pars ignis: Meu corpo faz parte do fogo.
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