Capítulo 44 - É mais forte que pensa
Contém 3656 palavras.
Boa leitura💜
Hades suspirou, voltando o olhar para mim. O que vi em seu olhar me surpreendeu: um vislumbre de culpa que apertou meu coração. Era como se ele soubesse que suas decisões tinham consequências que nos afetariam a ambos, e isso me fez sentir um frio na barriga, como se um gelo estivesse se espalhando por minhas entranhas.
— De acordo com cada panteão, tem-se um representante no submundo. Eles controlam áreas diferentes, sou o governante deles, assim como Zeus é presidente do conselho dos deuses do Olimpo — ele começou a explicar, a culpa em seu olhar aumentando, fazendo meu peito se contrair com uma mistura de raiva e desilusão. — Apenas dois do conselho foram ao nosso casamento. Eles sabem de você, mas não oficialmente.
Espere... ele quer dizer que, como não fui apresentada a esses deuses como sua esposa, isso pode gerar empecilhos? Então, alguns pensam o quê? Que sou uma prisioneira?
— Como você casa com alguém e não conta sobre o lugar onde ela vai morar? — Eros perguntou, incredulidade e indignação transbordando em sua voz, ecoando a minha confusão.
— Não pensei que fosse dar todo esse caos — Hades resmungou, seu semblante cansado e exausto. Ele desviou o olhar, percebi a frustração crescendo dentro de mim, como um vulcão prestes a entrar em erupção.
O que ele esperava? Que simplesmente aceitasse tudo?
— A verdade é que não proclamei você como esposa diante do conselho dos deuses do submundo.
Então, sou apenas um mero brinquedo na visão desses deuses? Uma sombra da verdadeira consorte? O pensamento me atingiu como um golpe, e o amargo sabor da traição se instalou na minha boca, um veneno que se espalhava.
Espere... Ele deu a bênção para Perséfone, e se ela pode reivindicar o trono, isso significa que ela foi apresentada.
— Você apresentou-a ao conselho! — exigi, a indignação crescendo em minha voz, quase um grito, cada palavra carregada de uma dor que mal conseguia conter.
— Sim, ela foi apresentada como minha... noiva... — Hades sussurrou, cuidadosamente evitando meu olhar, e a dor em meu peito se intensificou, como se um peso extra tivesse sido adicionado.
— Por que não fez o mesmo com Sarah? — Eros perguntou, furioso, avançando em direção a Hades.
Poseidon segurou o braço de Eros com firmeza, seu olhar cheio de raiva.
— Melhor ficar na sua! — rosnou, afastando-o, mas a tensão no ar era palpável, como uma corda esticada prestes a arrebentar, pronta para liberar toda sua energia.
— Nem vem com essa! Ele afirma que a ama e não fez o mínimo! — Eros exclamou, a raiva evidente em seu tom enquanto olhava para Poseidon.
— E você nada tem a ver com isso! Sarah é a esposa de Hades, então não precisa bancar o príncipe para salvá-la! — Poseidon retrucou, cortante como uma lâmina, cada palavra um golpe.
Percebi a tensão crescendo, como se a sala estivesse carregada de eletricidade. Cada palavra parecia uma faísca, pronta para desencadear uma explosão, e o medo de que a situação saísse do controle me envolvia.
— Não é isso! Não estou bancando o príncipe! Pouco me importa se ela é casada, eu vou defendê-la sempre, pois quero seu bem! — Eros replicou, a veia pulsando em sua testa, me vi dividida entre a gratidão por sua defesa e a raiva pela situação.
O que ele estava fazendo?
— Coloque-se no seu lugar, escória! — Poseidon rosnou, a raiva transparecendo em cada palavra, enquanto Eros enfrentava-o com a mesma intensidade.
— Poseidon, pare... Eros tem razão — Hades declarou, sua voz grave e séria, como se estivesse cortando a tensão no ar com uma lâmina afiada.
Poseidon suspirou exasperado, mas se afastou de Eros, a tensão ainda palpável entre eles. O peso da situação era quase insuportável, sentia que estava prestes a desmoronar.
— Não queria que Sarah sentisse que estava forçando ela a fazer parte do meu mundo. Tudo foi apressado, e ela ainda tinha muitas dúvidas sobre mim. Fora o caos que aconteceu depois, só não deu tempo... — ele sussurrou, olhando para mim, e suas palavras cortaram como uma faca, deixando uma ferida que parecia impossivelmente profunda.
Não consegui conter a mágoa que crescia dentro de mim. Era como se Perséfone fosse a principal, e a amante, relegada a uma posição secundária. A dor que sentia era esperada, mas ainda assim doía demais.
— Isso não é desculpa! — Eros resmungou, a raiva ainda evidente em seu olhar, e minha cabeça girava com a confusão.
Suspirei profundamente, afastando-me de Hades, apesar de seus protestos.
— Eros... pare, vamos focar no agora — rosnei irritada, tentando impor um pouco de lógica em meio ao caos que nos cercava.
Eros hesitou, mas parou diante do meu olhar decidido. Agradecia por ele estar ao meu lado, mas eram minhas batalhas, e posso me defender!
— E então, o que vai fazer? — perguntei sarcástica, tentando esconder a vulnerabilidade que se esgueirava por trás da bravura. Meu coração batia rápido, forçava um sorriso que não atingia meus olhos.
— Diante do conselho, estou... noivo de Perséfone e casado com você. Isso pode causar conflitos entre os deuses de lá — ele respondeu em voz baixa, fazendo-me cerrar os olhos em sua direção, uma onda de frustração subindo por mim.
— Que conflito e que deuses? — perguntei, o cinismo brotando a cada palavra, a desconfiança me consumindo.
Ele suspirou exasperado, seus olhos implorando por compreensão.
— Adroa do panteão africano, Ah Puch do panteão maia, Anubis do panteão egípcio, Freia e Hela do panteão nórdico, Kali do panteão hindu, Belzebub do panteão abraâmico, Hécate e eu do panteão grego. Esses são os principais — ele enumerou, emburrado, e o peso de suas palavras me esmagava, uma pressão crescente em meu peito.
— E qual o conflito? — minha voz saiu gélida, quase como um sussurro de gelo em um dia quente.
Ele desviou o olhar para o chão, a culpa estampada em seu rosto, e percebi que a verdade era ainda mais sombria do que imaginava. O que mais ele não estava me contando?
— Perséfone pode ter apoio de alguns desses deuses, então é possível que eles queiram fazer uma escolha — Zeus respondeu por seu irmão, sua voz grave ressoando como um trovão.
Olhei incrédula para Hades, que me encarou com determinação, mas aquilo não aliviava a tempestade dentro de mim.
— Que maravilha!
— Como se eu fosse ouvir eles! Você é a minha esposa! Quando eles virem que estou vivo, não podem fazer nada quanto a isso! — Hades rosnou, a ferocidade em sua voz me surpreendendo, mas não era suficiente para dissipar minha frustração.
— Claro! — concordei, sarcástica, saindo do quarto, a frustração e a dor se misturando dentro de mim como um veneno amargo.
Ainda no corredor, escutei seu chamado desesperado, junto aos pedidos de Eros e Poseidon, que concordavam que ele precisava de tempo. A dor que sentia era esperada, mas ainda assim doía demais, como se um peso imenso estivesse sobre meus ombros, uma carga que não sabia se conseguiria suportar.
༺۵༻
A fúria me consumia, um turbilhão de emoções que me impedia de raciocinar. Nem ao menos percebi por onde andava, meus pés me levando por entre corredores infinitos e opulentos. O palácio de Poseidon era uma demonstração de poder, uma explosão de mármore branco, colunas imponentes e mosaicos reluzentes que poderiam me distrair em qualquer outro dia. Mas hoje, a beleza do lugar era apenas um pano de fundo para a tempestade que se agitava dentro de mim.
Finalmente, meus passos me levaram a um local mais tranquilo, um domo de vidro imenso que se projetava sobre o oceano. A vista era de tirar o fôlego, intimidante e hipnótica ao mesmo tempo. O azul profundo e misterioso das águas se estendia até onde a vista alcançava, um espetáculo de vida e morte, de beleza e perigo. Cardumes de peixes coloridos dançavam em meio a algas gigantescas, enquanto criaturas marinhas majestosas deslizavam elegantemente pela imensidão azul. Era uma visão de tirar o fôlego, mas a beleza não conseguia silenciar a angústia que me consumia.
Suspirei, sentando-me em uma poltrona macia e confortável. O tecido era tão suave quanto a pele de um gato, e o acolchoamento me envolveu como um abraço. Provavelmente esta era uma área privada de Poseidon, um local de descanso e contemplação. Mas pouco me importava. Precisava de um momento para organizar meus pensamentos, para processar esse turbilhão de emoções que me deixava sem fôlego.
Entendia os motivos de Hades, em parte. Sua decisão de não anunciar nosso casamento ao conselho do submundo foi tomada num momento de caos e urgência. Mas ele poderia ter feito isso depois, quando as coisas estivessem mais calmas. Ele teve tantas oportunidades de evitar o que estava acontecendo agora.
Conhecia alguns dos deuses que ele mencionou, e a ideia de lidar com eles, de participar de seus julgamentos, não me alegrava. O pensamento se enroscava em minha mente como uma serpente, sussurrando as piores possibilidades. Não era apenas a sensação de um conflito iminente, era a ideia de não ser aceita, de ser julgada e rejeitada, que me enchia de apreensão, um peso crescente em meu peito.
A imagem do oceano profundo, antes hipnótica, agora era um espelho da tormenta dentro de mim. Cada nome, cada Deus, um golpe no meu coração. O que eles pensariam de mim? Como me veriam? A incerteza se transformava em terror.
Adroa. O nome ecoou, frio como o toque da morte. Um calafrio percorreu minha espinha. O cheiro fétido, como carniça em decomposição, invadiu minhas narinas. Doenças, morte, sequestro... a imagem de jovens mulheres, seus corpos possuídos, devorados... O horror me agarrava como tentáculos de polvo, sufocando-me. Impossível. Como um Deus tão cruel poderia ser favorável a nós? Como poderia confiar nele?
Ah Puch. A palavra queimou minha língua, como uma brasa incandescente. O calor das chamas em minha pele, os gritos das almas torturadas ecoando em meus ouvidos. Tortura, agonia, sofrimento... O prazer sádico dele me nauseava. Absurdo. Como um deus tão cruel poderia apoiar Hades? A possibilidade de sua oposição me esmagava, um peso de chumbo sobre meus ombros.
Anubis. Um enigma. Proteção, justiça... a balança da vida após a morte. Mas qual seria seu julgamento sobre mim? A incerteza me cortava como uma lâmina afiada, uma ferida aberta que sangrava em minha alma. Não sabia se conseguiria suportar esse olhar.
Freya. Uma luz em meio à escuridão. Amor, fertilidade, sorte... sua imagem me trazia um alívio fugaz, um respiro em meio à tormenta. Mas poderia ela realmente me ajudar? Ou seria apenas uma ilusão, um sonho passageiro?
Hela. Mistério. Submundo, Niflhel... a zeladora dos mortos por causas naturais. Um possível aliado? Talvez... mas a dúvida persistia, uma sombra pairando sobre a esperança. O que ela realmente queria de mim?
Kali. Morte, guerra, salvação... uma deusa tão poderosa, tão contraditória. Sua ferocidade me aterrorizava, mas sua compaixão oferecia um fio de esperança. Uma guerreira, uma salvadora... talvez ela pudesse me entender, se conseguisse me fazer ouvir.
Belzebub. Calmo, controlado... experimentos... um enigma. A lembrança das palavras de Adamanto ecoava em minha mente: assustador. Um frio cortante me invadiu, como uma onda gélida do fundo do oceano. O que ele planejava? O que ele queria de mim?
A incerteza me consumia, um monstro faminto que devorava minha alma. Vulnerabilidade. Medo. Desespero. A apreensão, um nó na minha garganta, me sufocava e me perguntava se conseguiria enfrentar tudo isso. Se conseguiria encontrar um caminho entre esses deuses que pareciam prontos para me engolir.
A quietude do domo de vidro foi quebrada apenas pelo som das ondas, um sussurro constante que ecoava nos meus ouvidos, amplificando meus medos até o limite da sufocação. A ameaça silenciosa de Hades se opor aos outros deuses se instalou em minha mente, um gelo que me congelava por dentro. Sua imagem, seu rosto marcado pela preocupação e pela culpa, flutuava em meus pensamentos, mas não me trazia consolo. Ele era um Deus poderoso, mas até mesmo Hades tinha limites. A implacável possibilidade de que ele não pudesse me proteger se impunha, um peso insuportável.
Um nó se formou na minha garganta, me sufocando. A incerteza me invadia, uma onda avassaladora que me arrastava para um mar de angústia. A visão de meus filhos, pequenos e indefesos, me assombrava. Sua vulnerabilidade me esmagava. Eles eram semideuses, frutos de um amor que cruzou os limites entre os mundos, gerados quando ainda era uma mortal, uma frágil e indefesa humana. Agora, eram seres especiais, mas também marcados por uma linhagem ambígua, uma mistura de mortalidade e divindade que os tornava diferentes, e o medo de que essa diferença os tornasse alvos me consumia.
A rejeição se apresentava como uma sombra opressiva, um frio cortante que me congelava a alma. A possibilidade de que eles fossem perseguidos, tratados como aberrações ou seres impuros me invadia como um veneno, uma dor lancinante que me esmagava. Os protegeria, os amaria, mas a minha força era insignificante diante da fúria dos deuses. A impotência me aprisionava, um peso insuportável que me arrastava para o fundo de um abismo sem fim, um lugar onde a escuridão era absoluta e a esperança, apenas uma memória distante.
Uma lágrima escorria pelo meu rosto, seguida por outra e outra. A beleza do oceano, antes hipnótica, agora era um lembrete cruel da minha fragilidade. Era uma deusa, sim, mas uma deusa recém-chegada, sem o poder ou a influência para enfrentar a fúria de um conselho de deuses ancestrais. Uma intrusa, uma mortal que ousou se casar com um Deus e gerar filhos semideuses. E o meu medo não era apenas por mim, mas pelo futuro deles, pelo futuro de meus filhos, que dependiam de minha força, de minha proteção, de um amor que poderia não ser suficiente para protegê-los.
O silêncio era pesado, um manto úmido de minhas preocupações. Minhas lágrimas ainda úmidas no rosto, a imagem de meus filhos indefesos, pequenos e frágeis como pássaros recém-nascidos, paira em minha mente como um pesadelo persistente. Então, senti uma presença ao meu lado, uma energia familiar e reconfortante que se insinuou como um bálsamo suave sobre minhas feridas abertas. Nem ao menos notei sua chegada, tão absorta estava em meus medos, tão presa em um turbilhão de incertezas.
— Minha querida, o que a preocupa? — a voz suave de Hécate quebrou o silêncio, como um raio de sol hesitante rompendo as nuvens escuras. Seus dedos, leves como plumas, pousaram sobre meu braço, transmitindo uma calma que eu não sentia dentro de mim.
Um suspiro pesado escapou de meus lábios, um gemido silencioso que carregava o peso do mundo. Minhas mãos tremiam, apertando o tecido do meu vestido como se ele pudesse me dar algum tipo de sustento.
— Hades contou-me sobre o conselho do submundo — murmurei, a voz rouca, quase inaudível.
Hécate assentiu, seu olhar fixo no horizonte, na imensidão azul do oceano. Era como se ela pudesse ver através de mim, enxergar as profundezas da minha angústia, as sombras que se aninhavam em minha alma. Seu olhar era profundo, cheio de uma sabedoria antiga e compassiva.
— Não precisa preocupar-se com isso — ela disse, sua voz serena e calma, um contraponto à tempestade que rugia dentro de mim. — Hades jamais a deixaria, e nenhum Deus ousaria ir contra suas escolhas. Mas se isso a preocupa tanto... — ela fez uma pausa, seus olhos penetrantes encontrando os meus. — Saiba que muitos dos deuses principais irão apoiar Hades.
Suas palavras foram um bálsamo suave, mas a incerteza ainda persistia, uma sombra teimosa que se recusava a se dissipar. A memória de perdas passadas, de despedidas dolorosas e momentos de incerteza me invadia, um turbilhão de emoções que me deixava sem fôlego. Não queria mais perdas. Queria apenas a certeza de que tudo ficaria bem. Mas essa certeza parecia tão distante, tão inacessível, como se estivesse flutuando no fundo do oceano profundo, fora do meu alcance, um brilho tênue e quase invisível.
Um soluço escapou, quebrando a máscara de bravura que tentava manter.
— Estou com medo — a confissão escapou de meus lábios como um sussurro, carregada de uma fragilidade que não conseguia mais esconder.
Olhei para Hécate, procurando em seus olhos a força que não conseguia encontrar dentro de mim. Minhas mãos tremiam levemente, meus ombros curvados sob o peso da minha angústia.
Hécate sorriu, um sorriso gentil e reconfortante, como um raio de sol em meio a uma tempestade.
— Isso é normal — ela disse, sua voz suave como a brisa do mar. — O amor sempre vem acompanhado do medo de perder a pessoa amada. Mas... — ela hesitou, seus olhos brilhando com uma compreensão profunda. — Não deve sentir isso. Hades a ama, e nada nesse mundo o fará afastar-se de você.
Suas palavras foram um bálsamo suave, mas a incerteza ainda se aninhava em meu peito, uma sombra fria que se recusava a se dissipar. Um nó persistente na minha garganta me impedia de respirar fundo. A possibilidade de falha, a imagem da rejeição, ainda me assombrava, como um espectro que rondava meus pensamentos. Precisava acreditar em Hécate, precisava ter fé no amor de Hades, mas o medo, teimoso e insistente, me prendia.
Hécate se levantou lentamente, sua presença imponente, mas, ao mesmo tempo, reconfortante, como um farol em meio à tempestade. Ela se inclinou e seu beijo suave em minha testa foi como uma descarga elétrica, uma onda de energia que percorreu meu corpo.
— E no mais, eu sou uma das deusas principais do conselho, e você é minha filha, não é qualquer uma. Agora que é deusa, seus poderes são maiores do que imagina.
Seus dedos tocaram minha testa e uma onda de energia, quente e poderosa, me percorreu como um raio de sol, dissipando a escuridão que me envolvia. A sensação era inebriante, uma força que me elevava, me fortalecia. A incerteza, antes tão presente, começou a recuar, dando lugar a uma crescente sensação de confiança.
Levantei-me, sentindo a força da energia de Hécate fluindo em minhas veias, um calor que me aquecia por dentro. Um sorriso hesitante, mas firme, se formou em meus lábios. Não era mais aquela mortal frágil e indefesa. Era uma deusa e tinha poder.
A imagem de meus filhos, pequenos e vulneráveis, ainda me tocou, mas agora, em vez de medo, senti uma determinação inabalável. O importante era o amor de Hades, a certeza de que ele jamais me abandonaria. A ideia de que ele deixaria o submundo antes de me abandonar me encheu de força. Não me curvaria diante do medo. Ficaria firme, mostrando a esses deuses que era mais do que eles imaginavam. Era uma deusa, uma mãe, uma esposa, e não me deixaria intimidar. Lutaria pelo meu amor, pelo meu futuro e pelo futuro dos meus filhos. Lutaria por nós, com a força de uma deusa e o amor de uma mãe. Lutaria por nossa família.
༺۵༻
A tranquilidade que encontrei momentos antes se esvaiu como areia entre os dedos. À medida que me aproximava do quarto, uma onda de som me atingiu, vozes alteradas, carregadas de raiva e dor. Meu coração acelerou, uma sensação de apreensão me invadiu, antecipando algo ruim, algo terrível.
— Já falei para me largar! Quero procurar a Sarah! — a voz furiosa de Hades cortou o ar, seguida por gemidos de dor, abafados, mas inconfundíveis. Meu sangue gelou nas veias. Arregalei os olhos, a mão tremendo enquanto agarrava a maçaneta da porta, a madeira fria contra minha pele suada.
Abri a porta abruptamente, e a cena que se apresentou aos meus olhos me atingiu como um choque. Zeus, Poseidon, Adamanto e Eros, todos deuses poderosos, estavam tentando conter Hades, que lutava desesperadamente, suas feições contorcidas em uma mistura de dor e fúria. O quarto, normalmente um refúgio de paz e intimidade, agora estava tomado por uma energia caótica, como se o próprio ar estivesse eletrificado.
— Mas o que está acontecendo aqui? — minha voz saiu como um grito, carregado de indignação, reverberando nas paredes como um trovão. Os deuses me olharam, surpresos, e soltaram Hades instantaneamente, como se tivessem sido pegos em flagrante, a culpa estampada em seus rostos.
Hades caiu na cama com um baque surdo, seu corpo afundando nos lençóis, um suspiro de dor escapando de seus lábios.
— Aí, caralho! — ele resmungou, a dor evidente em sua voz, que cortou meu coração.
— Vocês são uns idiotas! — rosnei, a raiva me consumindo, uma chama avassaladora. — Ele ainda está se recuperando! Querem que ele piore?
Sob meu olhar furioso, os deuses desviaram o olhar, envergonhados, como crianças apanhadas em travessuras. Hades, por outro lado, abriu um sorriso largo, um sorriso de alívio e admiração que iluminou seu rosto. Ele me observava, seus olhos brilhando com carinho e gratidão, mesmo em meio ao caos.
— E você? Qual é a parte do "repouso absoluto" que você ainda não entendeu? — virei-me para Hades, minha voz firme, mas o sorriso em seu rosto se apagou lentamente.
Não passaria a mão em sua cabeça, não com a sua saúde em jogo!
— Estava demorando... fiquei preocupado — ele respondeu, sua voz mais suave agora, cautelosa, como se estivesse medindo minhas palavras, o que só aumentava meu desespero.
Suspirei, o peso da situação caindo sobre meus ombros como uma tempestade prestes a desabar. Sabia que ele ficaria assim, preocupado, ansioso. Não podia questioná-lo por isso. Me aproximei lentamente, sentando-me ao seu lado na cama. O toque dos lençóis macios sob minhas mãos me trouxe um pouco de conforto, como um abraço acolhedor.
— Precisava pensar, não se preocupe, está tudo bem — sorri timidamente para ele, tentando transmitir a calma que não sentia completamente, mas a hesitação em minha voz revelou meu verdadeiro estado.
— Está mesmo tudo bem? — ele perguntou, sua voz carregada de preocupação, cada palavra um fio de conexão entre nós.
— Claro que sim — respondi, uma onda de confiança me inundando, como um sol radiante rompendo as nuvens. — Está diante da deusa da magia, filha de Hécate. Não sou qualquer uma.
Minha afirmação foi acompanhada por um sorriso arrogante, uma demonstração de força que precisava mostrar a mim mesma tanto quanto a ele. Um sorriso orgulhoso se espalhou pelo rosto de Hades, seus olhos brilhando com admiração e amor, como se fosse a única coisa que importava naquele momento.
No panteão lubara da África Central, Adroa é o deus criador do céu e da terra. Sua dualidade é notável: ele se apresenta de uma forma benéfica e outra maléfica, aparecendo somente àqueles prestes a morrer.
A imagem gerada por IA, de como imaginei ele na história:
Ah Puch, no panteão maia, é o senhor da escuridão e da morte, mas também o guardião do nascimento e da iniciação.
A imagem gerada por IA, de como imaginei ele na história:
Anubis, Deus egípcio dos mortos, é frequentemente retratado com cabeça de chacal. No entanto, mesmo entre os egiptólogos, não existe consenso sobre sua verdadeira forma.
Imagem gerada em IA, embora ele ainda não tenha aparecido no anime, segui a mitologia:
Freya, Deusa nórdica do amor, é um enigma: ela também é associada a sexo, feitiçaria, guerra e morte.
A imagem gerada por IA, de como imaginei ele na história:
Hela, Deusa do Reino dos Mortos, é filha de Loki e da gigante Angrboda. Seus irmãos são Fenrir, o lobo gigante, e a serpente Jörmungund, que circunda Midgard.
A imagem gerada por IA, de como imaginei ele na história:
Kali, Deusa hindu, é temida e respeitada como a destruidora de males e a deusa da natureza, da morte e do ego.
A representação dela é como vista no anime Shuumatsu no Valkyrie:
Belzebub, divindade filisteia e figura do panteão abraâmico, é conhecido como "Senhor das Moscas" pelos humanos e como "Anátema", amaldiçoado por Satanás, pelos deuses.
Ps: Eu sei que no cristianismo ele é um demônio e um dos sete príncipes do inferno e a personificação do segundo pecado, a gula, mas aqui segue o anime onde o mesmo é um Deus.
A aparência dele é a mesma do anime:
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