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Capítulo 40 - O adeus solene

🚨🚨Cena de ameaça de aborto🚨🚨

Contém 3940 palavras.

Boa leitura 💜

Suspirei ao terminar de comer o que parecia comida suficiente para alimentar um batalhão. Não sentia fome, mas Poseidon tinha razão: precisava ficar forte pelos meus filhos e por Hades.

Aproximei-me do balcão repleto dos ingredientes necessários para o antídoto. A concentração era total, mas as horas se arrastavam como séculos dentro daquele laboratório improvisado. Testávamos combinação após combinação, mais de cem tentativas frustradas. A cada fracasso, o nervosismo aumentava, a angústia me apertava a garganta. Nada parecia capaz de deter o veneno.

Ele era complexo demais, suas toxinas um enigma que não conseguia decifrar. Minha mente, normalmente ágil e precisa, agora estava turva, presa em um turbilhão de pensamentos e preocupações.

— Querida, tenha fé. Vamos conseguir — a voz de Hécate quebrou o silêncio. Ela despejou uma gota da poção sobre o veneno, suspirando em frustração ao ver que não houve reação.

— Não tenho paciência! Cada hora aqui é um tempo perdido para Hades! — rosnei, a frustração me consumindo. Misturei uma poção verde-esmeralda, depositando-a cuidadosamente sobre o veneno. A raiva me invadiu ao ver que, mais uma vez, não houve reação.

Nunca encontrei um enigma daquela magnitude. Era o veneno mais complexo que já vi em minha vida.

— Sarah, a arte das poções exige calma, principalmente antídotos para venenos. Ou se acalme, ou vou tirá-la daqui! — a voz de Hécate, apesar de séria, carregava um tom de preocupação.

Suspirei, frustrada. Não conseguia me concentrar totalmente enquanto Hades estava sofrendo.

Duas horas se arrastaram como séculos. Então, o barulho da porta se abrindo cortou o silêncio tenso do laboratório. Olhamos rapidamente, nossos olhos encontrando a figura cansada de Eros.

— Trouxe ervas, plantas e flores de todos os mundos! — ele anunciou, abrindo a porta para que seus servos entrassem, cada um carregando uma enorme caixa.

Arregalei os olhos, incrédula. Aquela quantidade de ingredientes seria mais do que suficiente para testarmos um antídoto eficaz, mesmo com o curto prazo que tínhamos.

— Desmatou todos os mundos? — a pergunta de Hécate saiu em um sussurro assustado.

— Não... pensei que seria útil pegar tudo o que fosse possível — Eros respondeu, um sorriso sem graça em seus lábios.

— É bem útil. Mesmo que sobre, depois podemos achar alguma utilidade — respondi suavemente, tentando acalmar a deusa.

Um véu escuro começou a descer sobre meus olhos, obscurecendo minha visão. A exaustão, antes uma incômoda pressão, agora era uma força avassaladora, me puxando para baixo. Uma onda de tontura me atingiu com força, me fazendo cambalear, o chão se afastando sob meus pés. Meu corpo estava fraco, como se estivesse cheio de chumbo. Senti um zumbido nos ouvidos, um turbilhão de sensações me envolvendo. Meu coração batia forte e rápido no meu peito, como se estivesse prestes a explodir. Estava prestes a perder a consciência. Então, senti um braço forte me envolver, me segurando com firmeza, impedindo minha queda. A força de Hécate me trouxe de volta à realidade, me ancorando.

— O que aconteceu? — Eros perguntou, aflito, aproximando-se.

Olhei-o com um aviso silencioso. Por mais que ele estivesse ajudando, não queria ele por perto.

— Sarah está aqui desde o amanhecer. Precisa de descanso! — Hécate resmungou, seus olhos cerrados em minha direção.

Não sairia dali até encontrar uma cura para Hades!

— Não vou descansar! — retruquei, minha voz fraca, mas firme.

Hécate suspirou, exasperada.

— Eros, leve-a para o quarto dela e certifique-se de que ela coma algo, por favor! — ela ordenou, seus olhos cheios de preocupação.

O toque de Eros me deixou furiosa, uma onda de irritação me consumiu. Senti vontade de matá-lo.

— ME SOLTA! QUE NÃO VOU A LUGAR ALGUM COM VOCÊ! — gritei, minha voz carregada de raiva.

— Vai, sim! Preciso lembrar que está grávida e que precisa cuidar de seus filhos? — a voz séria de Hécate me paralisou.

Uma pontada de culpa, aguda e dolorosa, me atingiu como um choque. Estava negligenciando meus filhos, minha prioridade absoluta. Hécate tinha razão. Não estava pensando direito. Meu foco estava totalmente no antídoto, na necessidade de salvá-lo, mas estava esquecendo das minhas outras responsabilidades. A culpa me corroía por dentro. Mas, ao mesmo tempo, sabia que Hécate não descansaria. Ela era forte, dedicada, capaz de suportar a pressão. Então, poderia me dar ao luxo de descansar para recuperar minhas forças.

— Ficarei aqui. Não vou parar até encontrar uma solução para o caso de Hades, mas você precisa descansar — Hécate declarou, seu olhar firme.

Precisava cuidar dos meus bebês, estar bem para cuidar de Hades.

— Eros... é bom levá-la diretamente até o quarto de Hades... saberei se você desviar do caminho — Hécate lançou um olhar sério para Eros.

— Certo! — ele resmungou, me carregando em seus braços para fora da sala.

Sentia-me desconfortável em seus braços, uma mistura de raiva e nojo me consumindo. Mas o ódio era o sentimento que prevalecia. Não suportava olhar em sua direção, ainda mais sabendo de tudo o que ele fez.

— Incomodo você tanto assim? — a voz de Eros quebrou o silêncio, carregada de uma fragilidade que não compreendia.

— Sim, me incomoda! — rosnei, minha voz dura e fria, meus olhos fixos em algum ponto distante.

Seus olhos se arregalaram, sua expressão era um misto de surpresa e dor, me exasperando ainda mais.

— Nossa... essa foi... nossa — ele começou a dizer, sua voz insegura, seus passos hesitantes.

— Eros, você destruiu meu noivado por algo que nunca foi real. Nunca senti nada por você, nem amizade, porque nem o conhecia. Flechou Hades, forçando-o a ficar com outra, e isso resultou na minha morte. Agora, ficou ao lado dela contra mim, e Hades corre risco de vida. Não consigo ficar tranquila perto de você — as palavras saíram como veneno de meus lábios, cada sílaba carregada de raiva e ressentimento.

Como ele ousava esperar que me sentisse confortável ao seu lado depois de tudo o que fez?

— Sei a minha parcela de culpa em tudo que deu errado em sua vida, mas juro que nunca quis fazê-la sofrer — ele murmurou, sua voz baixa e carregada de arrependimento.

Um olhar de pena surgiu em seus olhos, mas não conseguia acreditar em suas palavras. Desde o início, tudo o que ele causou foi caos e destruição.

— Diz que não queria me fazer sofrer, mas flechou Hades, o fazendo apaixonar-se por Perséfone. Sabe a dor que senti quando os vi juntos? Sabe a dor que senti quando me fez duvidar de Hades, da lealdade dele a mim e do seu amor? A dor que senti quando o vi ser apunhalado pela sua comparsa? — minhas palavras eram como facas afiadas, cada uma delas atingindo-o em cheio.

Ele poderia estar ajudando agora, mas isso não apagava o restante. Eros fez de tudo para destruir minha vida, e ainda ousava colocar a culpa em seu amor.

— Eros... se você me amasse realmente... nunca faria nada disso! — a frase saiu como um sussurro, um peso saindo do meu coração. Estava sendo sincera com ele, e isso me aliviava. Já estava mais do que na hora dele pagar pelos seus erros.

— Sei que julga o amor de Perséfone por Hades, mas o seu por mim é igual ao dela — murmurei, virando o rosto para ignorá-lo.

— Perdoe-me por tudo que fiz — ele sussurrou, sua voz carregada de súplica.

— Não! — a negação saiu como um trovão, o paralisando.

Não conseguia sentir nada de bom por ele. Perdão era algo que não conseguia sequer considerar, principalmente estando tão à flor da pele. Perdão deveria ser genuíno, e se falasse agora, seria apenas da boca para fora.

— Minha vida está um completo caos, e parte da culpa é sua. Meus filhos podem nascer sem pai e sem mãe... por sua culpa. Estou tomada pelo ódio, e não posso perdoá-lo, e nem sei se um dia vou conseguir! — minhas palavras eram cruéis, mas não conseguia me importar.

— Sarah... podem passar mil anos, mas vou merecer seu perdão! — ele murmurou, sua voz cheia de esperança.

Olhei-o de canto de olho, completamente irritada.

— De uma coisa, tenha certeza... me tire do seu coração! Mesmo que... que Hades morra, jamais ficaria com você. Mesmo que virasse outro homem, jamais poderia amar quem me tirou o amor da minha vida, de mim e dos meus filhos! — encerrei a conversa, meu coração pesado, mas minha alma mais leve.

O restante do caminho foi feito em silêncio, pesado e tenso. Quando chegamos à porta do quarto, a voz de Poseidon ecoou, carregada de desespero, me atingindo como um soco no estômago. A dor em sua voz era quase palpável, uma onda de angústia que me invadiu. Segurei Eros com força, antes que ele pudesse entrar no quarto e interromper o desabafo de Poseidon.

— Que droga! Sempre age imprudentemente! Não basta o idiota do Adamanto e o pateta do Zeus... você, que é o irmão mais velho, deveria agir com cautela... sempre se colocando em perigo... isso... não pode continuar, está me ouvindo? Imprudente o que fez, que droga, irmão! — as palavras de Poseidon saíram como um rio de lava, cada sílaba carregada de raiva e preocupação.

Não consegui conter as lágrimas. A dor, a angústia, o amor incondicional de Poseidon por seu irmão eram palpáveis, atingindo-me com a mesma intensidade com que o atingiam.

— Nunca dê as costas a seu inimigo. Como esqueceu os poderes daquela maldita? — a fúria de Poseidon era assustadora, mas, ao mesmo tempo, reveladora.

Conseguia quase visualizar a sua carranca e imaginar a resposta irônica de Hades.

— Não podemos perder você! Não posso perdê-lo, meu irmão! — a voz de Poseidon quebrou de repente, a sua força habitual cedendo lugar a uma fragilidade comovente.

Pensei na imagem do Deus imponente e na cena de sua fragilidade no quarto com seu irmão, um contraste que revelava a profundidade de seu amor. Sorri tristemente, percebendo que Poseidon era muito mais do que demonstrava.

— Acho bom levantar dessa cama! Sua esposa e seus filhos o esperam. Não pode deixá-los crescer sem conhecê-lo. Não podemos ficar sem você! — a voz dele suavizou, carregada de um apelo desesperado.

Um silêncio pesado e longo preencheu o quarto. Acenando para Eros entrar, Poseidon se levantou imediatamente, seu olhar fixo em Eros, carregado de uma raiva contida.

— Não disse que não quero você aqui? — a voz de Poseidon cortou o silêncio, seu olhar fixo em Eros, sua impaciência evidente.

Ele me pegou nos braços, colocando-me ao lado de Hades, seu toque firme, mas cuidadoso.

Eros suspirou, visivelmente descontente.

— Trouxe tudo o que pediu para o antídoto. Mas trouxe Sarah porque ela passou mal, e Hécate me pediu para trazê-la aqui! — ele resmungou defensivo.

O olhar de Poseidon se voltou para mim, analítico, seus olhos percorrendo meu rosto pálido e cansado.

— Proteus! — Poseidon chamou seu servo, sua voz autoritária, mas com um tom subjacente de preocupação.

Longos minutos se passaram antes que Proteus entrasse no quarto, carregando uma enorme bandeja repleta de comida. Poseidon pegou a bandeja, colocando-a cuidadosamente em meu colo e se sentando na poltrona ao meu lado.

— Já pode ir! — ele rosnou para Eros, que revirou os olhos, visivelmente irritado, antes de sair do quarto.

O olhar de Poseidon se suavizou ao se voltar para mim.

— Coma tudo, e depois pode descansar — ele decretou, seu tom sério contrastando com a preocupação em seus olhos.

Minhas mãos tremiam incontrolavelmente. Segurei a colher com dificuldade, meus dedos tão fracos que mal conseguiam segurá-la. A colher tremia na minha mão, a comida balançava perigosamente. Poseidon suspirou, um som carregado de preocupação, tomando a colher das minhas mãos com um gesto suave, mas firme. Seus dedos, fortes e quentes, roçaram os meus, transmitindo um calor reconfortante que me surpreendeu. Com uma paciência infinita, ele começou a me alimentar, cada colherada um ato de cuidado, seu olhar fixo no meu, um misto de preocupação e afeição que me aqueceu por dentro. A fome que não percebi me atingiu com força. Comi em silêncio, sentindo a fragilidade do meu corpo. Não estava tão forte quanto pensava. A exaustão era profunda, me consumindo por dentro.

Ao terminar, ele pegou a bandeja, deixando-a na mesa ao fundo do quarto.

— Da próxima vez, chame Proteus! — Poseidon disse, seu tom um tanto repreensivo.

Ele estava falando como se tivesse chamado Eros! Nem queria ver o maldito perto de mim.

— Minhas desculpas, senhor Deus, mas fui expulsa da sala e não tive como dar minha opinião! — resmunguei, ofendida.

Sua tentativa de esconder um sorriso fracassou. Vi o brilho de malícia em seus olhos.

— Hades deve amar mesmo você — Poseidon comentou, um sorriso debochado em seus lábios. Olhei-o em resposta, e seu sorriso aumentou. — Ele odeia seres insolentes como você.

Não consegui conter o sorriso, meu olhar se voltou para Hades, sereno ao meu lado.

— Ele nunca reclamou! — retruquei, meu sorriso se alargando.

Ele balançou a cabeça em negação, mas a evidente diversão em seu semblante era inegável.

— Descanse! Qualquer coisa, chame. Não precisa sair desse quarto. Irei ouvi-la se precisar — ele decretou, se levantando para sair. Seu sorriso foi um lembrete de que, apesar de tudo, ele era amável, mesmo que de uma forma peculiar.

Deitei-me sobre o peito de Hades, sentindo o ritmo lento e constante de seu coração sob meus dedos. A textura familiar de sua pele, normalmente quente e vibrante, agora estava fria e pálida, um lembrete cruel de sua fragilidade. O calor do seu corpo, que antes me envolvia em um abraço reconfortante, agora era tênue, quase imperceptível.

— Meu amor... não sabe a falta que está me fazendo. Sinto falta até do seu ego gigantesco! — sussurrei, minha voz carregada de emoção. Meu olhar percorreu seu rosto, pálido e enfraquecido, mas ainda tão belo, tão amado. Depositei um beijo suave em sua bochecha, sentindo a maciez de sua pele sob meus lábios. — Eu amo você!

༺۵༻

A respiração ofegante rasgava meu peito, enquanto meus olhos absorviam a cena horrível à minha frente: o corpo de Daemon sob uma palidez mortal, estendido no chão frio sob meus pés, banhado em um mar intenso de sangue. A visão era aterrorizante, me paralisando de horror. O ar estava pesado, carregado de um cheiro metálico e nauseante.

— Se estivesse mora, seu pulguento estaria vivo... por que não ficou onde estava? — a voz gelada de Perséfone ecoou no silêncio, sua crueldade me atingindo como um golpe físico.

— Maldita! Onde está? — gritei, meus olhos buscando desesperadamente algo, alguém, em meio àquela carnificina. Mas no lugar do corpo de Daemon, estava Hades, seu corpo inerte, frio como a morte. Arregalei os olhos, meu coração se contraindo em meu peito. Aproximei-me lentamente, meus passos hesitantes, o medo me paralisando.

— NÃO! — o grito de agonia escapou de meus lábios, rasgando meu peito.

— Ele está morto... assim como seus bastardinhos logo estarão — a voz de Perséfone, fria e implacável, me atingiu como uma facada. Senti uma pontada aguda em minha barriga, uma dor lancinante que me fez gritar.

— AH! — o grito estridente de dor me arrancou do pesadelo, me jogando de volta à realidade.

Olhei para a cama, o desespero me congelando ao ver a mancha escura e úmida. Uma onda de dor aguda, lancinante, me atingiu na barriga, me dobrando ao meio. Não conseguia controlar a minha respiração, o ar me faltava, meus pulmões queimavam. Meu corpo tremia incontrolavelmente, convulsionando com a intensidade da dor física e do terror. A imagem do pesadelo, vívida e horrível, se misturava à realidade, criando um turbilhão de imagens e sensações que me consumiam. A possibilidade de perder meus filhos me invadiu, aprisionando-me em um nó de pavor tão intenso que sentia como se meu corpo estivesse se desintegrando.

— POSEIDON! — meu grito rasgou o silêncio, carregado de pânico.

Segundos se arrastaram como séculos antes que Poseidon entrasse no quarto, um furacão de energia, seguido pela deusa, seu olhar imediatamente fixo na mancha escura em meu vestido.

— O que aconteceu? — ambos perguntaram ao mesmo tempo, suas vozes carregadas de apreensão. Os olhos de Hécate se arregalaram ao ver o sangue.

Poseidon se aproximou rapidamente, segurando minhas mãos com firmeza, seu toque um bálsamo em meio ao meu desespero. Senti seu conforto, mas não conseguia me deixar levar pela sua calma. O medo me sufocou.

— Sarah, preciso que se acalme. Sabe o que está acontecendo, então sabe que não deve ficar nervosa. Por mais difícil que possa ser, mantenha a calma — a voz suave de Hécate era um fio de esperança em meio ao caos.

Não poderia perdê-los!

— Não posso perder meus filhos! — as palavras saíram como um soluço, a minha voz carregada de terror.

— Não vai, prometo a você! — a voz firme de Poseidon foi uma âncora em meio à tempestade.

Suas mãos foram em direção à minha barriga, ali permanecendo por alguns minutos, antes de olhar preocupado para Hécate.

— Eles estão... muito agitados! — Poseidon declarou, sua preocupação evidente. Hécate assentiu, iluminando as mãos, colocando-as sobre as de Poseidon.

— Continue mandando ondas calmantes a eles, que usarei meus poderes! — Hécate respondeu, sua voz concentrada.

Poseidon assentiu, e Hécate começou uma suave melodia, repetindo o encantamento:

Ut mea industria tuum est,

Utere ad restituenda tua!

Quando o sangramento parou, Poseidon sorriu ao sentir os bebês se mexerem. Um grande alívio me invadiu, percebendo que ambos estavam bem.

— Eles estão mais calmos — Poseidon declarou, seu tom aliviado.

Sorri suavemente, sentindo meu corpo pesado.

— O que aconteceu? — perguntei, meu olhar se voltando para o rosto sério de Hécate.

— Você teve uma ameaça de aborto — a declaração de Hécate me atingiu como um choque.

Meu corpo, não possuindo imortalidade, era mais frágil. Estar grávida de um deus, ainda mais um dos três grandes da Grécia, não era fácil. A aura dominante de Hades já era sufocante, e nossos filhos possuíam completamente a aura do pai. Estava esperando gêmeos, o que aumentava os riscos. Não aguentaria.

— Hécate, não podemos esperar... o corpo humano dela não está suportando a gravidez! — a declaração de Poseidon saiu ansiosa, suas palavras carregadas de preocupação. Hécate assentiu, sua expressão grave.

— O que não podem esperar? — perguntei, o coração acelerado, assustada diante deles que me observavam atentamente.

— Querida, quando tinha imortalidade, seu corpo era mais forte que o dos deuses. Agora é como o de uma humana comum. Mesmo sendo uma bruxa poderosa, seu corpo está rejeitando os bebês — Hécate decretou pausadamente, fazendo meus olhos se arregalarem de terror.

Meu corpo não estava apenas frágil, ele estava expulsando meus filhos por sermos incompatíveis! A realidade me atingiu como um golpe. Um nascimento naquele momento seria devastador para eles. Sabia que eles não teriam como sobreviver sem os nutrientes necessários.

— Eles não podem nascer ainda, estou com cinco meses! — respondi, o pavor transbordando em minha voz.

Hécate sorriu, segurando suavemente minhas mãos, seu toque quente e reconfortante.

— Estávamos conversando sobre você se tornar... uma deusa — a declaração de Hécate me pegou de surpresa, a incredulidade estampada em meu rosto.

Sempre desprezei os deuses, mantendo distância deles até me casar com Hades. Nunca considerei essa hipótese, especialmente porque, com a imortalidade, não era necessário. Mas agora, como uma humana comum, essa ideia nunca passou pela minha cabeça. Apesar do desprezo que sentia pelos deuses, aquele não era o momento para pensar em minhas picuinhas. Meus filhos eram mais importantes.

— Tudo bem!

— Terá meu sangue e será minha filha. Vou transformá-la em deusa agora. Não podemos mais esperar — Hécate declarou, a voz embargada, suas palavras carregadas de determinação.

Hécate estendeu a taça de néctar divino, sua essência irradiando uma luz dourada e quente. O aroma era inebriante, uma mistura de flores silvestres e mel celestial. Peguei a taça com cuidado, meus dedos sentindo o peso e a temperatura do líquido divino. Era uma sensação estranha, quase sagrada, como se estivesse segurando o próprio destino em minhas mãos. Respirei fundo, o ar entrando em meus pulmões como uma promessa, antes de levar a taça aos lábios. O néctar, doce e suave, deslizou pela minha garganta, uma onda de calor explodindo em meu corpo, me envolvendo em uma sensação de pura energia. Era como se milhares de raios de sol estivessem penetrando minhas células, me recriando, me transformando. Senti músculos se fortalecendo, ossos se realinhando, sentidos se aguçando. Era uma dor deliciosa, um renascimento. A energia pulsava através de mim, vibrante e poderosa. Fechei os olhos, a visão inundada por uma luz branca e ofuscante, e quando os abri, a realidade mudou.

— Está divina, Sarah, deusa da magia — Hécate declarou com orgulho.

Um novo poder fluía através de mim, como se estivesse retornando ao meu antigo posto, ao lugar onde sempre pertenci. Tudo à minha volta era mais claro, e a compreensão do onipresente se expandia em minha mente.

Meus olhos se fixaram em Hécate, que não conseguia conter as lágrimas ao me olhar. Embora não dissesse em voz alta, sempre esperou por esse momento.

— Devo chamá-la de mãe agora? — perguntei, confusa, enquanto ela soltava uma pequena risada.

— Pode me chamar do que quiser, mas ficaria feliz se me chamasse de mãe — Hécate respondeu, um sorriso caloroso iluminando seu rosto.

Agora, estava mais forte. Não precisava mais parar para descansar, poderia encontrar o antídoto!

— Precisamos ir ver o antídoto agora — Poseidon decretou, como se tivesse escutado meus pensamentos.

— Sim, não quero mais perder tempo!

༺۵༻

Após a transformação, uma onda de energia me invadiu, me deixando mais disposta, mais forte do que nunca. Horas se passaram como minutos enquanto trabalhava incansavelmente, a nova força me permitindo focar com uma clareza incrível. Várias tentativas foram necessárias, um processo intenso de experimentação e concentração, até que finalmente encontrei o antídoto ideal. Uma onda de felicidade me invadiu, tão intensa que me fez chorar. Não conseguia acreditar!

— Consegui! — meu grito de alegria ecoou pelo ambiente, mas foi interrompido por uma sensação estranha, um turbilhão de energia me puxando para um transe.

Ao abrir os olhos, me vi diante de Hades, sua imagem etérea, mas incrivelmente real. Não contive o ímpeto, correndo para seus braços, me aninhando em seu abraço reconfortante. Seu sorriso, fraco, mas radiante, me encheu de alegria.

— Meu amor! — sussurrei, minhas lágrimas misturando-se ao seu sorriso.

— Minha deusa. Sempre soube que era uma verdadeira força da natureza, forte, Sarah, a deusa da magia — a voz de Hades era suave, seu toque suave em meu ventre me fez chorar.

Ele sorriu com os olhos fechados ao sentir nossos filhos chutando, seus movimentos delicados como se estivesse reconhecendo a aura do pai.

— Meus filhos... quero que cuidem bem da mãe de vocês. Sempre estarei os olhando — as palavras de Hades, suaves, mas carregadas de uma tristeza que me atingiu como um choque. Ele se abaixou para beijar meu ventre, um gesto de amor e despedida.

Apesar da alegria imensa em vê-lo, uma sensação de errado me invadiu. Aquela era a alma dele, e aquelas palavras ecoavam como um adeus. Ele não poderia... não!

— O que está falando?! Consegui o antídoto, vai ficar tudo bem! — respondi, aturdida, minha voz trêmula. Seu sorriso se tornou uma máscara de tristeza.

— Sarah, meu tempo está acabando. Quero que saiba que é o amor da minha vida, e que ela valeu a pena só por conhecê-la. Gostaria de ter mais tempo para aproveitar momentos com vocês, mas somente peço que seja forte. Eles vão precisar totalmente de você. Sempre estarei em seus corações. Não esqueça que os amo mais que tudo! — seus lábios encontraram os meus em um beijo suave, carregado de amor e despedida.

— Hades! — gritei, o pânico me consumindo ao vê-lo se desvanecer lentamente, sua forma se tornando transparente.

Dulce meum, eu amo você — sua voz ecoou pelo recinto, um sussurro doloroso que me cortou como uma lâmina.

Meu olhar encontrou o de Hécate, aflita. Mesmo sem vê-lo, a deusa sentiu a sua presença. Não tive tempo para falar, apenas corri até o quarto dele, determinada a impedi-lo de morrer desta forma.

Ut mea industria tuum est - Como minha energia é sua

utere ad restituenda tua! - use-a para restaurar a sua!

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