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Capítulo 34 - Cuidados

Contém 3726 palavras.

Boa leitura💜

Aproveitar o momento de calmaria ao seu lado era uma tremenda paz. Minhas mãos não saíam de seu ventre, a sensação da vida crescendo ali dentro me enchia de uma ternura avassaladora. O orgulho inflama meu coração por saber que meus filhos, mesmo sendo tão pequenos, souberam se defender.

Confesso que, apesar da alegria absurda, o medo me corroía por dentro, uma pressão constante no peito. Céus, dois bebês ou mais!

Isso me assustava profundamente. Não queria que nada os ferisse. Queria ser o suficiente para deixá-los seguros, criá-los com todo o amor, ser o pai que eles merecem. Para isso, preciso extinguir qualquer ameaça, para poder focar inteiramente na parte boa de estar os esperando.

Sarah suspirou, encostando-se mais contra meu peitoral. Sei que, apesar de confiar em mim, ainda pensava no que Perséfone dissera para provocá-la.

— Hades! — sua voz soou séria, chamando minha atenção. Ela respirou profundamente, olhando em meus olhos, procurando respostas. — Por que a Perséfone disse que o visitou nos domínios de Poseidon?

Suspirei, exasperado. Sabia que ela perguntaria. Não teria problema nenhum em responder, mas, no momento, não queria tocar naquele assunto. Ela já passou por emoções demais para uma grávida. A ideia de perturbá-la novamente me causava um aperto no coração.

— Vamos esquecer isso... — resmunguei, agoniado.

— Quero saber! Confiança dá-se no meio de conversas sinceras. Seja honesto comigo, ou dará abertura para desconfianças! — ela resmungou, decidida. Seu olhar era firme, desafiador.

— Perséfone descobriu que estava no palácio de Poseidon e foi à minha procura. — resmunguei, observando-a cerrar os olhos em minha direção.

"O tempo parecia se esticar, cada segundo uma eternidade enquanto a observava de longe. A distância era uma muralha entre nós, construída pelo meu ego ferido e pela sua desconfiança. Estava magoado, sim, mas também cansado. Estava há horas olhando para o horizonte, contemplando os domínios de meu irmão, quando senti braços finos me envolverem pela cintura. O toque inesperado me deixou rígido, uma onda de irritação percorreu meu corpo.

— Adoro seu cheiro, querido — a voz dela, próxima à minha orelha, era um sussurro suave, mas carregada de uma sensualidade que me causava repulsa. Seus lábios roçaram minha nuca, um contato que me fez estremecer, não de prazer, mas de nojo.

Soltei-me bruscamente. A raiva me invadiu como uma onda, sufocante e implacável. Não acreditava em sua audácia!

— O que quer, Perséfone? — minha voz estava carregada de uma frieza glacial.

— Você! — ela declarou, sua voz maliciosamente suave, enquanto me puxava para seus braços. Seus dedos se fecharam em meu braço, deixando uma marca leve, mas firme.

Segurei seu ombro com força, empurrando-a para longe, mas sem machucá-la. Precisava controlar minha força, minha raiva.

— Já disse, e vou repetir para ver se entra nessa sua cabeça! Não quero nada com você. Amo a Sarah, e é com ela que quero ficar!

Perdi completamente a paciência com ela. Não poderia mais ser gentil. Ela não entendia meus sentimentos. Armou aquele circo ao mostrar suas malditas memórias para Sarah. Não a perdoaria por isso. A lembrança de Sarah, vulnerável e machucada, me enchia de uma fúria incontrolável.

— Que porra! Quando vai entender isso? — gritei, minha voz ecoando pela vastidão do palácio.

— Hades, eu te amo! — Perséfone começou a chorar, sua voz trêmula. As lágrimas escorriam pelo seu rosto, mas sabia, eram lágrimas falsas.

— Mas eu não amo você! Entenda isso! — rosnei, meu olhar fixo no dela.

Seu semblante desolado, em outros tempos, poderia me comover. Agora, via claramente que era apenas um truque para me manipular, como sempre acontecia. Estava cansado de seus jogos.

— Se não me amasse, não tinha saído de casa! Sei que sente algo por mim! — ela replicou teimosamente, sua voz carregada de uma esperança desesperada.

— Para de distorcer as coisas! Saí por sua culpa! — retruquei, minha paciência se esgotando.

— Não fiz nada! Juro que a culpa não é minha! — ela respondeu apressadamente, seu olhar buscando desesperadamente a minha compreensão.

— Perséfone... conheço você e seus poderes. Sei muito bem que mostrou aquelas lembranças à Sarah de propósito!

Ela sorriu, um sorriso malicioso e frio. A máscara de inocência havia caído.

— Não tenho culpa se são minhas melhores lembranças. — ela declarou, sua voz animada e triunfante.

Nunca notei o quão vazia ela era até aquele momento. Não restou nem mesmo respeito. Só conseguia sentir um nojo profundo dela. Um nojo que me repugnava até a alma.

— Depois do que fez, nem respeito consigo sentir por você! Me decepcionou demais. Tenho somente um profundo nojo! — declarei, minha voz firme e implacável.

Ela arregalou os olhos, apavorada.

— Querido, por favor! — Perséfone implorou, desesperada, agarrando meu rosto com as mãos. Seu toque era repulsivo.

Me afastei bruscamente, empurrando-a para trás com força. A brutalidade do meu ato refletia a brutalidade dos meus sentimentos.

— Não me chame assim! É a última vez que digo isso... não me procure mais!"

O olhar aturdido de Sarah me deixou ansioso, um aperto no peito me sufocando. Entendia seus sentimentos. No lugar dela, também sentiria raiva. Perséfone não parou, mesmo quando Poseidon barrou totalmente o contato com ela. A teimosia dela era assustadora, ainda continuou, através de cartas. Li apenas uma, onde ela implorava para que não a afastasse.

O que custava ela entender meus sentimentos? Meu amor era Sarah, apenas ela. Sempre deixei isso bem claro. A repetição constante de suas ações era um insulto à minha inteligência, à minha pessoa.

O olhar de Sarah tornou-se furioso, seus olhos brilhando numa chama intensa. Seus ombros tremiam de raiva contida. Vi o que estava acontecendo e não pude evitar que uma onda de preocupação me inundasse.

— Aquela maldita! — Sarah levantou-se num pulo, o movimento brusco a fazendo cambalear. O medo me invadiu como uma onda gelada.

— Dulce meum, não pense nisso, não pode ficar nervosa desse jeito! — puxei-a suavemente para deitar novamente na cama. Minha voz era suave, mas firme, carregada de uma preocupação que não conseguia disfarçar.

Ela resmungou, uma expressão de raiva e frustração em seu rosto, fazendo-me rir, um riso curto e tenso, para aliviar a tensão. Mas ela deitou-se de bom grado sob meu peitoral, seu corpo trêmulo, procurando conforto e segurança. Gradualmente, senti-a ficando mais calma, relaxando sob meu corpo.

— Hades... ela não vai parar até ter você! — sua voz era um sussurro, carregada de um medo que não conseguia ignorar.

— Eu sei... não fiz nada por respeito a Deméter, mas avisarei a ela que não darei mais nenhuma chance à sua filha! — respondi, minha voz implacável.

A paciência se esgotou. Estava furioso. Aquele era o limite.

— Tenho medo por nossos filhos! — ela admitiu, num sussurro quase inaudível, o corpo tremendo contra o meu.

— Não tenha. Ela não encostará em vocês! — sentenciei, apertando-a mais em meus braços, meu corpo rígido, minha força protetora envolvendo-a totalmente. Não permitiria que aquela desequilibrada a ferisse, que se aproximasse de nossos filhos. Os protegeria com minha própria vida.

Um suave e singelo beijo foi deixado em meus cabelos, seus lábios quentes e macios me fazendo despertar de um sono profundo e tranquilo. Não consegui impedir o sorriso que brotou em meus lábios ao ver o olhar amoroso de Hades em minha direção. Seus olhos, roxos e profundos como a noite, brilhavam com uma ternura que me aqueceu por dentro.

— Bom dia, dulce meum. — sua voz, rouca e suave como o sussurro do vento, me fez estremecer. Ele me beijou apaixonadamente, seus lábios se encontrando aos meus num beijo lento e profundo, cheio de ternura. Depois, distribuiu pequenos beijos ao longo do meu rosto, cada um com um toque leve e carinhoso, me fazendo rir. — Como está minha rainha?

— Bom dia! Estou melhor agora em seus braços. — puxei-o para cima de mim, aconchegando-me em seu calor, sentindo o corpo forte e protetor me envolvendo. Seu sorriso divertido me aqueceu ainda mais. — Quero um bom dia direito!

Hades riu, um som profundo e melodioso que ecoou no quarto, antes de me beijar avidamente. Seus lábios devoravam os meus, num beijo cheio de paixão que me deixou sem fôlego. Ele se afastou com um suspiro, seus olhos brilhando com um desejo inconfundível.

— Não costuma me acordar. Aconteceu algo? — perguntei, entrelaçando as mãos em seus cabelos, sentindo a textura macia e sedosa.

Desde que descobri a gravidez, Hades evitava me acordar, sempre dizendo que deveria descansar mais. Não que reclamasse, pois ultimamente nem conseguia notar os seus movimentos pelo quarto.

— Não queria acordá-la, mas Deméter está aqui, e pensei que gostaria de estar junto quando for falar com ela. — ele resmungou, sua voz carregada de uma ternura que me tocou profundamente.

Vi o cansaço em seus olhos, aquela história com Perséfone estava esgotando sua sanidade, assim como a minha. Assenti, me sentando rapidamente, sentindo o peso de minha barriga.

— Antes coma tudo! — ele retrucou, apontando para a mesa posta, com um sorriso gentil em seus lábios.

A mesa estava farta de comidas deliciosas, um banquete preparado com amor.

— Quero que tenha bastante energia. Nossos bebês devem estar famintos!

Sorri, puxando-o para a mesa, sentindo minha barriga roncar alto, uma prova de que ele estava certo. Não precisava que ele me mandasse comer. A alegria de estar ali, ao seu lado, era suficiente para me encher de energia.

༺۵༻

Ao chegarmos à sala do trono, minha respiração prendeu-se na garganta. Ali estava a Deusa da Agricultura, Deméter. Sua aparência era similar à da filha, Perséfone, mas havia uma diferença sutil: seus cabelos eram um marrom-terra, e seus olhos, um tom de verde quase branco, emanavam uma serenidade que contrastava com a fúria que esperava encontrar.

Estávamos na presença de Hécate, percebi que ambas estavam em uma conversa acalorada. Observei um lado de Hécate que nunca vi antes: semblante estava carregado de fúria, direcionado a Deméter. A tensão no ar era palpável, sufocante.

— Juro que entendo, Hécate, mas tente me entender... é minha filha! — Deméter resmungou, sua voz carregada de dor e desespero.

Hécate suspirou, suavizando o semblante. A fúria em seus olhos cedeu lugar à compaixão.

— Entendo você. Perdi minha filha há milênios, não quero perdê-la novamente! — Hécate declarou, sua voz carregada de uma tristeza profunda.

Ambas notaram nossa presença, seus olhares se voltaram para nós com apreensão. Hades mirou em Hécate, que suspirou irritada.

— Não consegui achar nem Perséfone nem Hera! — Hécate respondeu, sua voz carregada de frustração.

Hades olhou-a surpreso. Era raro ela perder alguém de vista assim. Na verdade, isso nunca havia acontecido. A gravidade da situação ficou clara. Ele entrelaçou mais a mão na minha, aproximando-se cuidadosamente, colocando-me ao seu lado como se me protegesse de algo invisível.

— Deméter, creio que conheça a minha esposa, Sarah — ele anunciou, sua voz firme e protetora.

Deméter sorriu largamente em minha direção, um sorriso tão diferente do que esperava. Era um sorriso genuíno, caloroso, e senti uma onda de alívio percorrer meu corpo. Não senti nada de ruim vindo dela.

— A vi de longe em seu casamento. Prazer em conhecê-la, e parabéns pela gravidez — Deméter declarou, sua voz doce e suave como mel. Seus olhos brilhavam com uma ternura que me confortou.

Ela era diferente de Perséfone, totalmente diferente. Não sei explicar, mas sua alma era totalmente limpa, livre da escuridão que envolvia a filha.

— Prazer em conhecê-la, e obrigada — respondi suavemente, meu coração ainda batendo forte no peito.

Hades tomou um ar de seriedade, olhando em direção a Deméter, que suspirou tristemente, como se já soubesse o que aconteceria.

— Deméter, sabe o motivo de estarmos aqui? — Hades perguntou seriamente, sua voz séria.

— Hécate me contou... Hades, estou sinceramente chocada com o que minha filha foi capaz de fazer, e entendo... que q-q-queira... — Deméter não terminou de falar, a emoção tomando conta de sua voz, suas palavras entrecortadas por soluços.

Senti meus sentimentos de mãe aflorados, uma onda de empatia me inundando. Isso me deixou com pena da deusa. Agora que conhecia um pouco do que ela sentia, não conseguia pensar no quão vazia Perséfone era por não pensar na própria mãe.

— Não a matei apenas por respeito a você, mas não darei outra chance. Perséfone invadiu o submundo, mesmo com claras ameaças de que não a queria aqui, e pior, ela atacou a minha esposa, colocando em perigo meus filhos! — a voz de Hades saiu em profunda.

A raiva dele era um vulcão prestes a entrar em erupção. Vi seus maxilares tensos, seus punhos cerrados, a pulsação furiosa em suas têmporas. Mas essa raiva era contida, controlada, direcionada. Não era uma raiva descontrolada, mas uma fúria fria, implacável, que me transmitiu uma sensação inabalável de segurança. Sabia que ele faria qualquer coisa para proteger a mim e aos nossos filhos, e essa certeza me confortou.

— Entendo... n-não precisa evitar confronto com ela por respeito a mim. Terei uma conversa séria com minha filha, mas se ela ousar... encostar em sua esposa e filhos... mate-a.

Nunca imaginei que uma mãe fosse capaz de falar tal coisa. O choque me paralisou, deixando-me sem fôlego. Deméter direcionou o olhar para mim, seus olhos marejados de lágrimas contidas, um oceano de dor refletido em sua expressão desolada. A fragilidade em sua postura, a tremedeira em seus lábios, me atingiram profundamente. Senti uma pontada de compaixão tão intensa que me doeu no peito.

— Querida, conheço minha filha. Se ela não me escutar... não vai parar, e tenho medo do caos que ela causará. Não quero que aconteça nada com vocês, não posso carregar essa culpa — Deméter admitiu em um sussurro, sua voz carregada de um desespero que me partiu o coração.

— Sinto muito — murmurei baixinho para ela, que sorriu docemente em minha direção, um sorriso que me transmitiu esperança.

— Hades, não se preocupe com isso. Assim que falar com minha filha, avisarei a você — Deméter decretou, sua voz séria, mas com um tom de firmeza que me confortou.

Hades assentiu sério, a preocupação gravada em seu rosto. O semblante triste de Deméter pesava no ar, um prenúncio do que estava por vir. Ela saiu cabisbaixa, deixando para trás uma atmosfera carregada de angústia. Com um movimento rápido e protetor, as mãos de Hades circularam minha cintura, me puxando para seu peito, como se me protegessem de uma ameaça invisível. Seu abraço era firme, seguro, um refúgio sólido contra a tempestade que se aproximava.

Uma semana se arrastou como uma eternidade desde minha conversa com Deméter. A angústia me corroía por dentro, uma inquietação constante que me impedia de descansar. O silêncio era um peso insuportável, a ausência de notícias de Deméter e a misteriosa ausência de Perséfone me deixavam tenso. Não gostava dessa sensação de estar na defensiva, de esperar pelo próximo golpe. Mantive o submundo inteiro em alerta máximo, cada sentinela pronta para defender meus domínios, mas a sensação de impotência me sufocava. Precisava dar um fim a essa situação, um ponto final que me permitisse respirar novamente.

O silêncio pesado do meu aposento me oprimia, até que a sombra de um servo se aproximou, quebrando a tensão. Uma carta na mão dele. Reconheci a caligrafia elegante de Deméter num instante, e a peguei com uma pressa ansiosa, o papel quase rasgando em minhas mãos. Desdobrei-a, meus olhos percorreram as palavras escritas com uma caligrafia elegante e firme.

A carta caiu de minhas mãos. As palavras de Deméter ecoavam na minha mente, carregadas de desespero e culpa, atingindo-me mais do que qualquer ameaça de Perséfone. A raiva por Perséfone ardia em minhas veias, sentia-me como uma presa acuada, à espera do bote do predador. Não gostava dessa sensação. Queimei a carta imediatamente, assim que senti a presença de Sarah no ambiente, não queria preocupá-la.

Assim que chegou à minha frente, abriu um lindo sorriso em minha direção, fazendo-me sorrir também. Ela e nossos filhos eram minha vida, faria de tudo para protegê-los, não deixaria que ninguém encostasse neles!

— Stella mea! — Sarah sorriu radiante, iluminando o rosto. Com um movimento gracioso, sentou-se em meu colo, seus braços envolvendo meu pescoço.

Sorri, meu olhar percorrendo seu rosto, antes de envolvê-la em um abraço carinhoso. A alegria dela era contagiante, um calor que me aqueceu por dentro.

— Está sentindo algo? — perguntei, meu olhar fixo em seus olhos brilhantes, cheios de uma energia peculiar.

— Estou com desejo! — respondeu ela, sua voz melodiosa.

Seus desejos se intensificavam a cada dia, uma vontade quase irracional por combinações alimentares inusitadas. Apesar de não haver enjoo, a experiência era estranha. Por outro lado, sentia meu estômago embrulhar a cada combinação bizarra que ela desejava.

— O que quer dessa vez? — perguntei, com um sorriso divertido.

— Fava com morangos! — exclamou ela, seus olhos brilhando tanto que, por um instante, me deixei levar pela sua alegria.

— Fava com morangos? — perguntei, cauteloso, tentando processar a informação.

Sarah sorriu abertamente, seus olhos brilhando de expectativa.

— Sim, fava... é um purê de ervilha amarela que é servido com cebolas, ervas, alcaparras e azeite. Normalmente acompanha pães, mas estou sonhando com morangos mergulhados na fava — explicou ela, mordendo os lábios, a imagem daquela combinação inusitada brilhando em seus olhos.

O absurdo da combinação me atingiu em cheio. A imagem mental daquela mistura me fez estremecer. A textura, o cheiro, a mistura de sabores doces e salgados, picantes e suaves... A ideia me causou um enjoo instantâneo. Não poderia existir coisa mais estranha!

— Essa mistura é horrível — murmurei, com nojo evidente.

— Stella mea, por favor, não pode deixar seus amores com fome! — ela murmurou, manhosa, enchendo meu rosto de beijos suaves e insistentes.

Mantive o semblante sério por um instante, lutando contra a repulsa. Mas como poderia negar algo a ela, com aqueles olhos brilhantes e aquele sorriso encantador?

— Minha pequena chantagista, vou mandar buscarem para você — respondi, rendido ao seu charme.

Ela, então, encheu minha face de beijos, sua alegria me contagiando. Ri de sua felicidade, sentindo meu coração se encher de um amor tão profundo que me deixava sem palavras. Afinal, o que mais importava era sua felicidade, mesmo que isso significasse experimentar a mais estranha das combinações culinárias.

༺۵༻

Pedi aos servos que procurassem o que ela desejava. Quando chegaram, carregando uma bandeja de prata repleta de morangos suculentos, quase transparentes, mergulhados em um purê de fava de um verde-amarelado cremoso, não pude deixar de sorrir ao ver o rosto radiante de Sarah. O aroma intenso e inusitado da mistura, uma combinação doce e picante, enchia o ar.

— Isso é delicioso, você quer? — ela perguntou, animada, oferecendo-me um morango banhado na fava. Neguei com uma careta discreta, meu estômago se revirando só de pensar no sabor.

Ela abriu um sorriso radiante ao ver meu semblante enjoado e começou a comer com entusiasmo, seus olhos brilhando enquanto apreciava a estranha mistura. A combinação de cores e texturas era... peculiar. O verde-amarelado cremoso do purê contrastando com a vermelhidão brilhante dos morangos, a textura suave da fava e a firmeza dos morangos... Meu estômago doía apenas de olhar!

Contudo, ao contrário do que esperava, Sarah parecia mais disposta e relaxada após saciar seu desejo. Com um sorriso vitorioso, puxou-me para a cama, seus dedos entrelaçados aos meus.

— Nossos filhos estão com sono — ela sussurrou, seus lábios roçando minha orelha. Seu corpo se aconchegou ao meu, exalando seu perfume suavemente.

Resolvi não contrariá-la. A exaustão me pesava, e seus braços me envolveram com uma ternura reconfortante. Afundei-me em seu abraço, sentindo o calor de seu corpo, o cheiro doce de seu cabelo, o suave batimento de seu coração próximo ao meu... a exaustão se esvaía, substituída por um profundo sentimento de paz e amor.

༺۵༻

Um gemido de dor, abafado, ecoou pelo quarto, arrancando-me de um sono profundo. Abri os olhos lentamente, o quarto mergulhado em sombras. O lado da cama estava vazio. Outro gemido, mais intenso desta vez, me fez pular da cama, o coração disparado. A busca pelo som me levou ao banheiro.

Gelei ao vê-la encolhida no chão, pálida como a neve, coberta de suor frio. Seu rosto estava contraído pela dor, os lábios descorados, os olhos fechados com força. Um tremor percorreu seu corpo.

— O que aconteceu? Por que não me acordou? — perguntei, tomado por um pânico silencioso. Peguei-a em meus braços, corpo leve e frágil em meus braços.

— Saia daqui! Não precisa me ver vomitar! — ela resmungou, a voz fraca e rouca.

— Dulce meum, sou seu marido para todos os momentos e não apenas para os momentos bons, quero acompanhar cada etapa — sussurrei, minha voz suave e carinhosa. A ternura da minha voz pareceu acalmá-la, e ela começou a chorar baixinho em meus braços.

— Estou enjoada! — ela murmurou, entre soluços.

Senti a vontade de falar que ela não deveria ter comido aquela coisa, sabia que a mistura horrível ocasionaria um mal-estar, mas sabia que o humor dela pioraria com meus comentários, preferi ficar em silêncio.

— Vou pedir um chá para você — declarei, sentando-a na penteadeira que pertencia a ela. Seu olhar, apesar da fraqueza, mantinha um brilho peculiar.

Pedi imediatamente o chá, voltando rapidamente para o banheiro. Semblante cansado, a palidez extrema de sua pele, as olheiras profundas debaixo de seus olhos inchados... tudo isso me dilacerava o coração.

Calmamente, enchi a banheira com água morna, o vapor se elevando e envolvendo o espaço. O cheiro suave do sabonete de lavanda preencheu o ar, um aroma reconfortante. Ela sorriu fracamente, seus olhos brilhando apesar da palidez. Ajudei-a a entrar na banheira, envolvendo seu corpo frágil em meus braços, protegendo-a do frio.

Seus olhos brilhavam ao me ver cuidar dela, penteando seus longos cabelos úmidos, limpando cuidadosamente sua pele delicada, vestindo-a com um robe macio e quente.

Ergui o chá em sua direção, atento a cada gole que ela tomava.

— Obrigada — ela murmurou, a voz quase inaudível, deixando a xícara vazia ao lado da cama e puxando-me para que me deitasse ao seu lado.

Afundei-me em seu abraço, o cheiro doce de seu cabelo me envolvendo.

Suspirei, contente, acariciando seus longos cabelos.

— Sarah... qualquer coisa que sentir, tem que me contar. Está grávida e pode acontecer algo, preciso saber o que acontece a vocês! — anunciei, preocupado, meu tom sério transmitindo a gravidade da situação.

— Não tive tempo, acordei enjoada e corri para o banheiro — ela admitiu, as bochechas coradas.

Ergui a sobrancelha, meu olhar questionador. Seu rubor aumentou.

— E também fiquei com vergonha, não queria que me visse vomitar — ela admitiu, fazendo uma careta.

Não contive o riso, beijando-a suavemente na testa.

— Amor... não é um vômito que vai me assustar, estou com você em todos os momentos!

Ela sorriu, aconchegando-se mais contra mim, me enchendo de uma ternura profunda e avassaladora.

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