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Capítulo 33 - Elo milenar

As partes em itálico são lembranças.

Contém 3770 palavras.

Boa leitura❤️

Contemplar a calmaria dos meus domínios deveria ser um bálsamo, mas a melancolia e a solidão me envolviam como uma névoa densa. Ser o Deus da paixão e do amor, e ainda assim sentir-me tão vazio, era uma ironia cruel. Por que a mulher que mais desejava estava tão distante?

— COMO SE EU PRECISASSE SER ANUNCIADA! — o grito histérico de Perséfone ecoou pela sala, cortando o silêncio e me arrancando de meus pensamentos. Sua voz era como um trovão em um dia sereno, e sabia que precisava agir antes que ela causasse um estrago ainda maior.

Quando entrei na sala, pude sentir a tensão no ar. Ela estava mais agitada do que o normal, mesmo considerando sua natureza tempestuosa.

— Podem ir — dispensei meus servos, percebendo que a presença deles só aumentaria sua irritação.

— Eros, por que me barrou? — Perséfone perguntou, sua voz carregada de indignação.

Olhei para ela, mas o que realmente chamou minha atenção foram as marcas no pescoço dela. Elas não pareciam ser um símbolo de paixão, eram evidências de uma briga.

— O que aconteceu com você? — perguntei, minha curiosidade misturada com uma leve irritação.

— Me descontrolei na frente de Hades, agora ele está furioso comigo! — ela resmungou, a raiva em sua voz não conseguia esconder a vulnerabilidade que sentia.

Era a mesma história de sempre. Por que ela nunca conseguia se controlar?

— O que você fez? — perguntei, mantendo um tom sério, mas sem real interesse.

— Não importa. Sarah está grávida! — a revelação dela foi como um golpe direto no meu coração.

Um peso insuportável esmagou meu peito, a notícia golpeando-me como uma lâmina afiada. Sarah, grávida do filho de Hades... a imagem queimou em minha mente, um prenúncio de perda irreparável. Era como se um pedaço de mim estivesse morrendo a cada batida do seu coração, selando um laço eterno que me excluía para sempre, a impotência me corroía, uma ferida aberta e sangrante. Uma fúria incontrolável explodiu em meu interior, um turbilhão de raiva e impotência me consumindo. Esse filho, esse laço inquebrável, era a prova da minha derrota. A culpa era um veneno, mas a raiva era mais forte, consumindo-me por inteiro.

Meu olhar pousou sobre a deusa à minha frente, um turbilhão de raiva e desprezo me inundando. Não deveria confiar nela, sua natureza impulsiva e incapaz de frieza era irritante. Agora, meu amor estava unido para a eternidade àquele maldito.

— Se tivesse feito seu trabalho direito, isso não teria acontecido! — rosnei, a raiva me queimando por dentro, um fogo que ameaçava consumir-me inteiro. Cada fibra do meu ser pulsava com a necessidade de descontar minha fúria nela.

Perséfone sorriu, erguendo uma sobrancelha em deboche.

— Ao menos consegui ter Hades para mim. E você que nunca sequer tocou nela... — Perséfone retrucou, sua voz carregada de malícia.

— Conseguiu tê-lo? — ri alto, seu olhar atônito me alimentando.

O semblante debochado não me deixava. Aquele ego insuportável. Sim, não consegui ter Sarah, mas a ligação que possuía com ela era infinitamente superior a essa farsa que ela chamava de amor. Era apenas mais uma conquista efêmera em seu longo rol de amantes.

— Ah, Perséfone... você nunca foi nada além de uma foda para ele, e nem foi a única. — retruquei, meu sarcasmo cortando o ar como uma lâmina. A onda de fúria dela era previsível e gratificante.

— Como é? — ela perguntou, sua voz raivosa.

— Oh? Vai fingir que esqueceu de Minthe, ou melhor, Menta, a coitada da ninfa que você transformou em planta, apenas porque ela despertou o desejo em Hades?

A vermelhidão em seu rosto era um deleite para meus olhos. Sentia satisfação pura em vê-la daquela forma, meu rancor era profundo, e nenhum interesse em comum poderia apagar isso.

— Convenhamos... ela era realmente mais bela que você, aposto que Hades se divertia muito com ela... — murmurei, minha voz baixa e maldosa.

— Como ousa falar comigo assim? Me respeite! — ela se aproximou, furiosa, ficando tão perto que senti sua respiração ofegante em meu rosto.

Olhei-a com puro desdém. Meus dedos, gélidos e cheios de raiva, apertaram seu queixo com força, sentindo a fragilidade de seus ossos sob a pressão. Seu gemido de dor foi música aos meus ouvidos.

— Se dê ao respeito para ser respeitada! — soltei-a como se tivesse nojo de tocá-la.

Observei os machucados em seu rosto e pescoço. Conhecia bem o estilo de combate de Hades, aquilo era coisa dele. Isso só significava uma coisa: a maldita o havia empurrado além de seus limites, agindo como uma completa vadia.

— O que você fez com Sarah quando descobriu a gravidez? — minha pergunta saiu como uma sombra, um presságio sombrio que fez ela estremecer.

— E-eu... n-nada! — ela gaguejou, seu olhar buscando em vão escapar ao meu.

Uma raiva incandescente explodiu em meu peito. Não permitiria que isso acontecesse de novo. Não perderia Sarah para a morte!

— Se você encostar um dedo em Sarah, eu a matarei! — declarei, meus olhos brilhando intensamente. A aura ao meu redor se intensificou, uma onda de poder visível que a encurralou.

— O que pretende? Criar o bastardinho como se fosse seu? — a deusa perguntou, sua voz ácida, mas agora carregada de um medo que mal conseguia disfarçar.

Uma raiva incandescente explodiu em meu peito, uma chama intensa que consumia cada fibra do meu ser. Essa raiva não era apenas emoção, era poder. Senti a energia se acumular em mim, uma força bruta e incontrolável que me impulsionou para frente. Aproximei-me, encurralando-a. Minha ira brilhou em uma intensa explosão de energia, uma manifestação física da minha fúria. O ar ao meu redor vibrou, criando uma pressão insuportável que a atingiu como uma onda de calor. Seu corpo se contorceu, a pele clara tornou-se avermelhada, como se estivesse sendo queimada viva. Ela caiu sentada, desorientada, a respiração entrecortada. A fragilidade dela diante do meu poder era um espetáculo grotesco.

— Cuidado com o que você fala. Pode até ser filho de Hades, mas a outra metade é de Sarah, e você não encostará nesta criança, está me ouvindo? — perguntei, minha voz fria como o gelo, mas a energia ao meu redor ainda pulsava, uma demonstração do meu poder.

Ela arregalou os olhos, tentando se mover, mas minha pressão aumentou, aprisionando-a ainda mais. Era a primeira vez que era realmente sincero com ela, e a raiva e a determinação eram palpáveis. Não permitiria que Sarah passasse pela dor de perder seu filho, mesmo que fosse também filho de Hades. Se fosse preciso, mataria Perséfone sem hesitar!

— Se tivesse usado suas malditas flechas nela, nada disso teria acontecido! Mas não, você preferiu deixar seu irmão usar seus poderes para protegê-la! — ela resmungou, ofegante.

Afastei-me, meu semblante estava cheio de nojo. A impotência me corroía. A ironia era insuportável: eu, o Deus do Amor, impotente diante do amor de Hades por Sarah.

— Não posso criar amor onde esses sentimentos já existem. Você deve lembrar que nem mesmo a minha mais potente flecha foi capaz de fazer Hades esquecer Sarah. Quando ele soube que ela havia morrido, meus poderes se quebraram! — rosnei, a frustração e o ressentimento me consumindo por inteiro.

Essa era a discussão de sempre. A mesma raiva, a mesma frustração. A mesma sensação de impotência diante da incompetência dela.

— Mas tinha outros poderes... — ela retrucou, seus olhos me acusando.

Essa vadia! Se ela não fosse tão incrivelmente estúpida, tudo estaria perfeito!

— Eu usei! Estava tudo indo conforme o planejado, mas você, como sempre, teve que estragar tudo! — respondi, a raiva me queimando por dentro, uma pressão insuportável na minha cabeça. A vontade de estrangulá-la era quase física.

Planejei tudo nos mínimos detalhes. Primeiro, a confiança de Sarah. Fiz questão de que ela tivesse meios para se defender dos meus poderes, assim, seria mais fácil ganhar a sua confiança. Estava funcionando. Ela aceitou minhas sugestões e estava suscetível à minha presença. Só precisava que Perséfone plantasse a desconfiança aos poucos, colocando Hades contra Sarah e a deixando livre para mim.

Mas, como sempre, ela não soube o que fazer! Simplesmente decidiu mostrar suas memórias para Sarah, estragando todos os meus planos e unindo ainda mais o casal! A imbecilidade dela era quase admirável, se não fosse tão irritante.

— Não aguentei! Ela estava agindo como a imperatriz do submundo e me tratando como se eu fosse nada! — Perséfone se defendeu, mas sua voz era fraca, incapaz de esconder seu medo.

Suspirei, irritado. A pressão em minha cabeça aumentou.

— Ela é a imperatriz do submundo, sua maluca! — resmunguei, aumentando sua ira.

— ELA NÃO É! — ela gritou, sua voz cheia de fúria impotente.

Elevei as mãos à cabeça, a dor pulsando como um martelo.

— Sempre faz merda! Sarah estava quase em minhas mãos, mas você teve que aparecer!

A raiva me consumia, a imagem de Sarah com Hades me enlouquecia.

— Agora, o que fará? — Perséfone perguntou, emburrada.

Agora era o momento de ter paciência. Não poderia agir de maneira imprudente. Precisava de sangue-frio, coisa que a deusa não possuía. Controlá-la seria um desafio monumental.

— Nada. Vamos esperar a criança nascer. — respondi simplesmente, observando a expressão aturdida dela. A ironia era doce.

— O quê? — ela perguntou, espantada.

Senti uma veia saltar em minha testa. Não era difícil entender Hades. Também fugiria dessa idiota se pudesse.

— Use essa cabeça! A segurança ao redor de Sarah está mais forte do que nunca. Não posso chegar perto dela, e você não vai conseguir chegar perto de Hades depois do que fez. Ele deve estar furioso com você. — respondi, minha voz azeda e cheia de desprezo.

— Vai deixá-la ir adiante com a gravidez? — ela resmungou, irritada.

Senti um ódio verdadeiro em meu coração. Não permitiria que ela ousasse pensar em alguma alternativa para interrompê-la. Não sabia o que seria capaz de fazer com a maldita se fizesse isso. Eu a mataria. Sem hesitar.

— Escuta atentamente o que vou dizer: você não encostará nesta criança! — meus olhos estavam cheios de uma raiva incandescente.

A pressão em minha cabeça era insuportável.

— Por que vai proteger o bastardo? — ela retrucou, sua voz desafiadora, mas um fio de medo tremia nela.

Segurei seu rosto com força, minhas unhas cravando levemente em sua pele. Ela tentou se soltar, mas a pressão que eu exercia aumentou, a imobilizando. Seus olhos encontraram os meus, e por um instante, vi um vislumbre de medo em seu olhar desafiador.

— Não o chame assim. Jamais deixaria Sarah sofrer, e ela sofreria muito se perdesse seu filho. Me admira você dizer que ama Hades, mas quer que ele sofra a perda de um filho! — meu desprezo por ela era palpável.

— Não questione meus sentimentos! — ela retrucou, brava, mas sua voz era um sussurro diante da minha força.

Sua bravata era apenas uma máscara.

No começo, ela soube camuflar seus sentimentos muito bem. Nem mesmo eu, sendo o Deus do Amor, notei a diferença. Mas depois de milênios, conhecendo-a perfeitamente, percebi o real significado dos sentimentos dela por Hades. Isso aumentou meu alerta, pois ela nunca foi confiável.

— Sou o Deus do Amor. Sei exatamente o que é amor, e o que você não sente por ele. — meu sarcasmo era cortante.

— O que você vai fazer? — Perséfone perguntou, emburrada, mas o medo em seus olhos era inegável.

Suspirei, jogando-me contra o sofá, ao seu lado. A proximidade era uma provocação.

— Tenho uma carta na manga, o único poder que ela não pode repelir. Mas só vou usá-lo em extrema necessidade. Eu a quero para mim, mas sem usar meus poderes para isso. — declarei, observando-a revirar os olhos. Sua irritação era previsível. — Não adianta ficar brava. Já disse que não posso criar amor onde já existe, e ela ama Hades.

As limitações dos meus poderes eram irritantes. Compliquei isto em Hades. Conseguia deixá-lo confuso ao ponto de ver Perséfone como seu amor, mas não durou nada. Ele foi o primeiro a quebrar o encanto da minha flecha sem fazer nada. Tive que pesquisar com afinco os motivos. Foi aí que descobri que não conseguia criar amor onde ele já existe. Infelizmente, era isso que o unia a Sarah. Uma verdade dolorosa e frustrante.

— Se você tivesse a conquistado há milênios atrás... — Perséfone retrucou, sua voz ácida.

— Ela morreu há milênios atrás. Aliás, essa história ainda é muito mal contada. — retruquei, olhando atentamente para a deusa, que tremeu suavemente.

Me lembrava de cada detalhe, cada mentira, cada manipulação. O pacto que selou o destino de todos nós.

"Caminhava cabisbaixo, sem ânimo para nada, principalmente após saber do noivado de Sarah. Mil ideias corriam pela minha mente, mas nenhuma era boa. Não queria forçá-la a ficar comigo. A queria por livre e espontânea vontade. Era a primeira vez que sentia esse sentimento, e queria que ela sentisse o mesmo.

Uma dor lancinante se espalhou pelo meu corpo, uma pressão insuportável no meu peito. Suspirei, irritado, ao notar que estava tão distraído que nem percebi por onde andava, acabando por esbarrar em alguém. Erguendo os olhos, vi o rosto triste da Deusa da Primavera.

Há tempos que não a via, mas conhecia aquele olhar de tristeza. Ver aquilo me deixou ainda mais infeliz.

— O que aconteceu, Perséfone? — perguntei, minha voz carregada de preocupação.

— Hades se casará — ela comentou baixinho, sua voz quase um sussurro.

Franzi o cenho, já prevendo a dor que me esperava.

Lembrei-me da obsessão dela por Hades. Todos sabiam do encantamento dela por ele, mas Hades era tão absorto em seu mundo que nunca a notou. Aquilo era o que mais me irritava. O maldito tinha centenas aos seus pés, mas escolheu justamente meu amor. Senti vontade de matá-lo por isso.

— Eu sei — resmunguei entre dentes, minha voz baixa e ameaçadora, chamando sua atenção.

Não conseguia mais esconder meus sentimentos, principalmente por saber que aquele noivado aconteceria. Senti todo o meu ser doer com o pensamento. Pela primeira vez, não sabia o que fazer.

Seus olhos verdes se voltaram para mim, cheios de uma curiosidade que logo se transformou em compreensão. Ela via em mim o reflexo de seus próprios sentimentos.

— Você ama a noiva dele. — ela afirmou, sua voz suave, mas certeira.

Assenti lentamente, sentindo a garganta apertar. A verdade era um peso insuportável.

— Tenho uma ideia e preciso da sua ajuda! — Perséfone declarou, animada, sua voz cheia de uma energia que não conseguia compartilhar. Não conseguia me livrar da sensação de que ela estava tramando algo.

Não contive o suspiro irritado. Provavelmente ela queria que usasse meus poderes em Sarah, mas já estava decidido. Não a forçaria a me amar.

— Não usarei meus poderes em Sarah! — respondi seriamente, minha voz firme e determinada. Ela sorriu, um sorriso enigmático que me deixou desconfiado.

— Não será preciso. Usará em Hades! — ela replicou, seus olhos brilhando com um entusiasmo perturbador.

Arregalei os olhos, chocado. O semblante dela mudou completamente. Embora não consiga mais analisar seus sentimentos com precisão, ela parecia outra pessoa. Uma pessoa perigosa.

— Usará sua mais potente flecha e o fará apaixonar-se por mim. Terá que ser depois que ela aceitar o pedido de casamento, assim ela pensará que ele estava apenas brincando com ela, ficará sensível e pronta para você consolá-la! — Perséfone explicou rapidamente, seu plano cruel e calculista.

Não gostei nem um pouco, a chance de causar dor em minha amada me machucava também. Era cruel demais esperar Hades conquistá-la apenas para destruir seu coração. Contudo, para que ele machucasse seu coração, era preciso haver amor. Será que ela já o amava?

— Não tem como ela amá-lo tão rápido! — Perséfone decretou, confiante demais. Seu otimismo era assustador.

— Está bem — concordei, deixando tudo planejado para depois do pedido. A angústia me consumia. Precisava de Sarah. Mas a que preço?"

Era doloroso admitir, mas durante o tempo em que analisei Sarah e Hades, vi o sentimento crescendo entre eles com uma velocidade assustadora. O coração dela vibrava por ele. Ela estava completamente apaixonada, assim como ele. Mesmo assim, não desistimos. A fiz ver que o amor deles era superficial, e com meus poderes, poderia comprovar isso. Com a ajuda de Perséfone, consegui distrair Hades até o mundo humano.

Ele se apaixonou por Perséfone com o poder da minha flecha mais potente, embora isso não cobrisse totalmente os sentimentos por Sarah. Tanto que, se ele a visse ou mesmo escutasse sua voz, o encanto seria desfeito.

O acordo com Perséfone era Hades falar com Hécate, desmanchando o acordo de casamento, dando a impressão de que ele não ligava para Sarah. Esperei pacientemente perto da entrada dos domínios de Hades. Quando Sarah surgiu, seu coração estava cercado pelas trevas, com um sentimento tão sufocante que parecia uma energia emanando dela.

Vê-la aos prantos, sem poder fazer nada, me quebrou. Mas nada me preparou para vê-la partir. Seus pensamentos sombrios tomaram conta, e a magia negra cobriu seu coração. Não pude agir. Era antigo e forte demais. Tive que ver a mulher que amava morrer, sem poder fazer nada. A lembrança da expressão de desespero em seu rosto, a frieza da morte em seus olhos, a pressão insuportável em meu peito... Não compreendo o que deu errado. Não era para ela estar no submundo. Tomei cuidado para mantê-los afastados, para evitar qualquer dor nela. Mesmo assim, ela foi.

Olhei irado para Perséfone. Os mesmos pensamentos sombrios tomavam conta da minha mente: Será que ela fez algo?

— Não fiz nada! — Perséfone murmurou, sua voz estridente, tentando disfarçar o medo em seus olhos. Ela não conseguia me olhar diretamente.

Ergui uma sobrancelha, meu olhar frio e penetrante.

— Não disse nada, mas se descobrir que foi sua culpa ela ter cometido suicídio, eu a matarei! — a ira em minha voz a paralisou momentaneamente. — Nunca confiei em você. Só não fiz nada até hoje pela esperança de que você ficasse com Hades!

Era o único que não esqueci Sarah. Passei milênios mergulhado na culpa. Acreditei que era isso que Hécate queria, pois nunca quis perguntar o porquê dela deixar apenas minha mente intacta. Só havia esperança na sua volta, pois vi Hécate guardar metade da alma de Sarah. Sabia que Hécate jamais permitiria que sua filha sumisse. Sabia que um dia ela voltaria.

— Já disse que não tive nada a ver com isso! — Perséfone retrucou, evitando meus olhos. Sua culpa era evidente, apesar de suas palavras.

Não adiantaria esticar o assunto. Ela não confessaria por vontade própria. Isso não significava que desistiria.

— Bom... agora saia, que não quero mais ver você — minha voz era fria e cortante.

— Não consegue ser nem um pouco educado? — ela retrucou com raiva, sua tentativa de me provocar era patética.

— Estou sendo. Quero que suma antes que me irrite com sua presença — respondi, aumentando sua raiva.

— O que você vai fazer? — ela perguntou, sua voz azeda. Ela sabia que eu não havia terminado com ela.

— Precisamos achar um jeito de chegar perto deles, mas como eu disse, isso só será possível depois que a criança nascer. Então, até lá, sugiro que você fique quieta! — ameacei-a, meu olhar fixo no dela.

Perséfone riu, um riso debochado e assustador.

Suspirei ao vê-la ir embora. Teria que ter mais cuidado com ela. Perséfone não mediria esforços para ter Hades, mesmo que isso significasse matar. Não permitiria que Sarah sofresse a perda de um filho, e nem desejava isso a Hades. Mesmo que estivesse disputando o amor dela, não conseguiria conviver com o fardo de tirar uma vida inocente. Já havia culpa demais em meu coração.

A raiva pulsava em minhas veias como veneno, um fogo que me consumia por dentro. Eros era um completo inútil! Se ele tivesse usado as malditas flechas quando teve a oportunidade, muita coisa poderia ter sido evitada!

Esse bastardo... A palavra ecoava em minha mente, carregada de desprezo e ódio. Eros era um idiota se achava que Sarah o amaria por livre e espontânea vontade. Essa confiança cega me fazia querer arrancar os próprios olhos.

Não conseguia acreditar que meu Hades teria um filho com aquela vadia! A imagem dela, sorrindo para ele, me enchia de um ódio visceral.

Além de roubar meu amor, meu trono, ela roubou também o direito de dar herdeiros a Hades. Era meu lugar por direito divino.

Queria-a morta. A raiva não era apenas uma chama que me consumia, era uma força bruta, física, que me fazia tremer, de querer destruir tudo ao meu redor. Senti a pressão em meu peito, a falta de ar, a vontade incontrolável de gritar, de quebrar algo, de matar. A raiva era uma entidade viva dentro de mim, ameaçando me consumir inteiramente. Queria sentir o sangue dela em minhas mãos.

— Ele não fará nada? — ouvi a deusa perguntar. Sua voz era calma, um contraste com a tempestade que me consumia.

— Aquele idiota ama Sarah. Não quer que ela sofra! Então ele esperará até que a criança nasça. — respondi, minha voz fria e contida.

A deusa riu, um riso arrogante e irritante.

— Deveria seguir esse plano também. — ela debochou, sua voz carregada de sarcasmo.

Meu olhar se tornou furioso.

— O quê? — perguntei, aturdida.

O que ela estava sugerindo?

— Querida, espere a criança nascer. Então você poderá matar a bruxa! — ela declarou, sua voz calma e calculista, a frieza dela me assustava.

A ideia de criar um ser que continha o mesmo sangue daquela mortal causava um ódio profundo em meu ser.

Jamais me rebaixaria a tal ponto!

— Espera que eu crie o bastardo? — perguntei, meu nojo evidente. A ideia era repugnante.

— Hades a veria com outros olhos se você demonstrasse amor pelos seus filhos — a deusa declarou, como se fosse a coisa mais natural do mundo.

Olhei-a completamente irada. Uma ideia terrível me ocorreu:

— São dois? — perguntei, meu tom ameaçador.

— Ou mais. — ela respondeu, para minha surpresa.

Um sorriso cruel se formou em seus lábios.

Até nisso, a bruxa me superou! Por milênios, tentei dar filhos a ele, mas Hades era astuto. Sempre se protegeu. Nunca consegui enganá-lo nesse quesito, mesmo tentando. Agora, aquela mortal não daria apenas um, mas sim dois bastardos ou mais...

A ideia de Hades cheio de filhos, completamente alegre com aquela bruxa, surgiu em minha mente, aumentando minha ira.

— Não criarei esses bastardos. Darei a Hades quantos filhos ele quiser, mas esses morrerão junto com a maldita da mãe deles! — sentenciei, minha voz fria e implacável, meu rosto impassível.

A deusa apenas sorriu, um sorriso que me deixou desconcertada.

— Então espere o momento certo — ela respondeu, me entregando um frasco com um líquido extremamente negro.

Não contive o sorriso ao analisá-lo. Aquilo seria maravilhoso. Não via a hora de usá-lo. Aquela mortal iria agonizar pela eternidade. Faria questão de fazer seu sofrimento eterno.

— Será tão fácil que estou quase com pena da maldita. Nem poderá ver o rosto dos bastardinhos. — declarei, minha voz maliciosa. A deusa riu, um riso sombrio e triunfante.

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