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Capítulo 27 - Elo trincado


Em itálico está as lembranças de Hades.

Contém 3720 palavras.

Boa leitura

O sorriso na face de Perséfone se ampliou, acompanhado por um brilho malicioso em seus olhos. Era a verdadeira face da deusa!

— Agora poderá proteger melhor seu segredo — ela sussurrou, a malícia evidente em sua voz.

Ela fez isso de propósito!

A raiva borbulhava em meu peito, quente e intensa, como se meu sangue estivesse em ebulição.

— Mille plagis! — gritei, o poder da magia pulsando em minhas veias enquanto atacava a deusa. Antes que ela pudesse reagir, senti a satisfação de vê-la cortada em várias direções.

O grito dela ecoou em meus ouvidos, e um prazer imenso se espalhou por mim. Ao escutá-lo, Hécate correu em direção a ela, tentando barrar os ataques.

— Sarah! — Hécate advertiu, criando uma proteção ao redor de Perséfone.

— Maldita, fez de propósito!

Perséfone olhou confusa para Hécate, mas não me importava.

— Não tenho como saber o que irá ver! — Perséfone defendeu-se, o olhar penetrante desafiador.

Minha fúria se intensificou enquanto me aproximava, mas Hécate me barrou, o olhar firme e de advertência. Não estava dando a mínima para a deusa ferida, queria matá-la!

A confusão se espalhou como um incêndio, os deuses sussurrando entre si, seus rostos uma mistura de choque e curiosidade. A tensão era palpável, o ar carregado de expectativa. Não demorou para que Hades fosse informado do ocorrido. Ele chegou rapidamente, seus olhos varrendo a cena. Primeiro, pousaram na figura ensanguentada de Perséfone, depois se fixaram em mim. Seu olhar era frio, inquisitivo, e isso aumentou minha raiva.

— O que está acontecendo aqui?— sua voz cortou o silêncio, séria e autoritária. Ele olhava para nós duas, esperando uma resposta.

Antes que pudesse falar, Perséfone se aproximou dele, os olhos marejados, o corpo trêmulo.

— Sarah ficou brava porque descobri que ela se encontrou escondida com Eros e me atacou por conta disso! — sua voz era um fio de seda, carregada de pavor.

Olhei para Hades, meu coração batendo forte no peito.

— Não foi isso que aconteceu! Essa maldita me mostrou as lembranças dela com você!— minha voz tremeu levemente, mas a raiva me dava força. Ele me olhou, descrente, seus olhos cheios de dúvida.

Como ele podia duvidar de mim?

— Pergunte a Hécate se não acredita em mim!— rosnei, exasperada, a raiva me consumindo.

Ele me olhou por longos segundos, a expressão indecifrável. Então, seu olhar se voltou para Hécate.

— Perséfone teve a ideia de abrir sua mente a Sarah, para que visse como se blinda a mente. Com isso, agora entendo o motivo dela ter ficado furiosa com Perséfone, ela mostrou as lembranças de vocês dois.

Ele suspirou, a expressão cansada. Seu olhar pousou em Perséfone, que evitava seu contato visual.

— Hécate, leve Perséfone daqui. Ela está toda machucada e precisa de cuidados — Hades declarou, se virando para sair.

Ele não me olhou!

Minha fúria seguiu Hades, os passos rápidos e pesados ecoando no corredor. Não deixaria esse assunto morrer, ele não escaparia.

— Espera aí, nós temos que conversar!— rosnei, minha voz baixa e ameaçadora, fazendo-o parar bruscamente.

Ele me olhou de canto de olho, a frieza em seus olhos roxos me atingindo como um golpe.

— Sobre o quê? — sua voz carregava uma ironia cortante, me fazendo estremecer.

Ele estava furioso, mas também! Ocultei coisas, sim, mas não fui eu quem traiu a confiança aqui!

— Você mentiu para mim, aproveitou seu treinamento para se vingar de Perséfone! — ele rosnou, o corpo tenso como uma corda prestes a arrebentar. — Perséfone não é santa, mas não imaginei que você faria algo assim.

O quê? Ele estava virando o jogo?

Ele suspirou, virando-se para ir embora.

Não! Ele não ia me deixar sem explicações!

— Hades! Temos que conversar!— agarrei seu braço com força, meus dedos cravando em sua pele.

— Quer falar sobre o fato de não confiar em mim ou o fato de ter se encontrado escondido com Eros? — ele perguntou, a voz ácida, soltando-se bruscamente. —Não sei o que me deixa mais puto, se a falta de confiança em mim ou ter ocultado seu encontrinho com Eros!

— Espere...

— Não importa o que faça, você continua não acreditando em mim! — ele rosnou, aproximando-se perigosamente, a respiração quente em meu rosto. — Aposto que foi ideia dele treinar com Perséfone, não é?

Meu sangue ferveu, a raiva me consumiu como um fogo infernal.

— Pode parar aí, vamos falar sobre o que vi na mente daquela maldita, você me traiu! —repliquei, a voz carregada de fúria, meus olhos faiscando.

Ele suspirou, um som pesado e cheio de dor. Ele estava machucado, mas também furioso.

— Eu traí você? — ele perguntou, a voz seca e cortante. Olhei para ele, a dor me apertando o peito.

— Vi ela beijando você quando já estávamos noivos! — acusei, a voz trêmula, a lembrança queimando minha mente como fogo, a dor latejando atrás dos meus olhos, a respiração presa na garganta. Era uma imagem viva em minha mente, a traição queimando meu coração.

Ele saiu rapidamente. Não podia deixá-lo ir. A persegui até nossos aposentos, o quarto silencioso, exceto pela batida frenética do meu próprio coração. O ar estava pesado, carregado de tensão.

— Não vai nem negar? — perguntei, a voz carregada de fúria.

Hades parou abruptamente no meio do quarto, seus ombros tensos, os punhos cerrados. Ele se virou lentamente, seus olhos roxos escuros e penetrantes.

— Já está decidida que traí, do que adianta explicar algo? — sua voz era fria, implacável.

— Hades, eu vi você beijando ela! — retruquei, a raiva me consumindo.

— Me viu beijando-a ou ela beijando-me? — ele perguntou, seu olhar fixo no meu, desafiador. — Vamos, Sarah, responda o quanto você não confia em mim!

— Hades...

— Jamais me perdoou! Mesmo não sendo minha culpa, você nunca confiou em mim — ele murmurou, a voz embargada, a dor evidente em seus olhos. — Responde, eu a beijei?

— Ela te beijou! Mas isso não vem ao caso, ela te beijou e você deixou! — respondi, a raiva me dando força.

Ele riu friamente, uma risada amarga que cortou o silêncio.

— Sarah, Perséfone tem controle mental. Quando ela propôs mostrar sua mente para você aprender, ela escolheu as memórias a que você teria acesso. Ela fez de propósito! — ele explicou calmamente, sentando-se na poltrona, as mãos na cabeça.

— Isso não interessa! — rosnei, apontando o dedo na sua direção. — Ela te beijou e nunca me disse que isso aconteceu!

Ele suspirou, massageando as têmporas, a expressão cansada e triste.

— Será que não enxerga que ela fez isso para que você brigasse comigo? Sim, ela me beijou, mas me afastei. Ela não mostrou isso, certo? — seu suspiro foi um tremor de exaustão, mas a sua tentativa de me acalmar apenas aumentou minha fúria.

Minha dúvida o quebrou ainda mais. Como confiar depois do que vi? Sua intimidade com Perséfone, o carinho... sendo que sou sua esposa? A raiva borbulhava em meu peito, quente e intensa, me sufocando.

— Quer saber? Não importa. Você decidiu não acreditar em mim — ele se levantou, indo em direção ao closet. O movimento brusco de suas mãos pegando a mala me atingiu como um golpe físico. Ele estava indo embora. E eu não podia deixar que isso acontecesse. — Você é o amor da minha vida, ficar sem você é como a morte, mas não posso forçá-la mais.

— Aonde você vai? — a pergunta escapou como um sussurro, rouco e cheio de pavor. Meu corpo gelou ao vê-lo arrumando suas roupas. Ele estava realmente indo embora.

— Preciso pensar. Vou passar uns dias na casa do meu irmão — sua voz era baixa, distante, fria.

Ele estava me abandonando.

— Hades... mas... — minha voz falhou, um grito silencioso preso na garganta.

Ele se virou, a dor em seus olhos roxos me atingiu como uma onda de choque. Mas a dor não era suficiente para apagar a minha fúria.

— Sarah, você me acusa de traição, mas você me traiu ao acreditar em Eros, desconfiando de mim, sabendo que ele não presta!— sua fúria foi uma explosão, mas não conseguia processar suas palavras. Tudo o que sentia era o medo da sua partida.

A culpa me envenenou, mas era menor que o terror de perdê-lo. Escolhi acreditar em Eros, mesmo sabendo que Hades escondia coisas. Mas ele estava partindo, e não podia deixar que isso acontecesse.

— Você preferiu acreditar nele do que em mim. Sabe o que ele pode fazer além de atirar flechas? Palavras como mel, persuasão, sedução... Ele usou uma voz melodiosa com você, aposto — seus olhos roxos faiscaram, mas não conseguia sentir sua raiva, só o meu próprio desespero. Ele se aproximou, segurando meu queixo, seus dedos firmes. — Estou errado?

As lágrimas vieram, mas eram lágrimas de desespero, não de arrependimento. Assenti, a cabeça balançando freneticamente.

— Perséfone me beijou, mas a afastei. Errei ao não te contar, mas queria evitar essa confusão. Talvez devesse ter falado... — sua voz era carregada de pesar, mas não conseguia ouvir nada além do som do meu próprio coração se partindo.

Minhas lágrimas caíram sem parar. A culpa e a tristeza me consumiam, mas o meu desespero era maior.

— Ou não...

— O quê? — minha voz era um fio de seda, quase inaudível.

— Sarah, você não é burra. Sabia que Eros estava te manipulando e mesmo assim o seguiu — sua voz era carregada de dor, mas também de uma raiva contida.

— Não! Hades, eu... — tentei explicar, mas minha garganta estava seca, minha voz falhava.

— Por que não me contou sobre o encontro com ele? — sua voz era fria, implacável.

— Não me encontrei com ele! Estava brava e queria pensar. Fui ao rio, onde fiz o jardim para meus pais... Eros apareceu lá — tentei segurar sua mão, mas ele recuou, o olhar frio como gelo.

Ele estava me rejeitando.

Sua frieza era uma facada. Ele acreditava em mim, mas a desconfiança ainda estava lá. E ele estava indo embora.

Seu suspiro foi um lamento, um som de dor profunda.

— Não aguento mais... preciso de ar, preciso pensar antes que nos machuquemos mais. Dói, mas dessa forma não dá — ele pegou a mala, o movimento lento e doloroso.

— Hades... — meu corpo tremia, minhas pernas bambas.

— Você não confia em mim! Não podemos ficar assim. Ou vamos fazer algo que vai gerar um arrependimento maior! Vou sair de casa — suas lágrimas caíram, mas ele estava firme, decidido.

Não! Ele não podia me deixar! A raiva se transformou em desespero, um turbilhão de emoções me consumindo. Me joguei em seus braços, agarrando-o com força. Não podia perdê-lo.

— Não vai embora, por favor, não! — meu grito foi um sussurro desesperado, cheio de lágrimas e súplicas.

— Sarah, estamos muito magoados, você quebrou minha confiança e não tenho a sua. Se ficar, vamos nos machucar mais — ele me abraçou, mas seu corpo estava rígido, distante.

Meu coração acelerou e a respiração ficou ofegante. Senti meu mundo desabar, como se o chão estivesse se abrindo sob meus pés.

Seria nosso fim?

Hades suspirou, soltando a mala para segurar meu rosto com extremo carinho. O toque dele era um consolo, mas também uma despedida.

— Não estou desistindo de você, mas preciso respirar, e sinto que você também. Não quero nos machucar, mas não posso ficar aqui, não enquanto houver tanta raiva e ressentimento. Preciso de um tempo para mim, preciso pensar. Não vou conseguir fazer isso aqui, porque eu sei que vou magoá-la mais, e não quero isso — ele murmurou, a testa encostada na minha, o olhar cheio de tristeza.

— Hades...

— Eu amo você — ele beijou suavemente minha testa, um gesto que me partiu o coração.

Senti meu mundo desabar ao vê-lo partir. Acreditei que a pior coisa era a traição, mas não era. O vazio que meu coração sentia com a incerteza do que viria era um veneno letal, corroendo tudo ao meu redor.

Como pude seguir os conselhos de Eros? A culpa me corroía. Sabia que não devia acreditar nele, senti isso desde o início, mas a dúvida sobre os sentimentos de Hades por Perséfone me cegou. Escolhi segui-lo cegamente, mesmo com o amor de Hades, seu carinho e dedicação tão evidentes. A incerteza sobre ele e Perséfone me paralisava, me consumia.

Sentei-me na poltrona onde Hades costumava ficar, seu calor, seu aroma ainda estavam ali, me assombrando. Chorei copiosamente, a dor era tão intensa que se tornava física, uma agonia que me dilacerava por dentro. Não foi necessário reaprender a amá-lo, meu amor por ele nunca se apagou. Mas o perdi. Todos os meus passos foram para tê-lo de volta, e o perdi. A raiva e o ressentimento estavam enraizados em meu coração, mesmo sabendo a verdade sobre o passado. Meus pensamentos sombrios insistiam em lembrar da traição, um veneno que estragava tudo. A traição era uma ferida aberta, sangrando sem parar.

Um sorriso triste escapou dos meus lábios ao sentir o suave calor em meus cabelos. Ergui o olhar, encontrando o olhar triste de Hécate. Ela me puxou para a cama, sentando-se ao meu lado, me envolvendo em seu colo. Seus dedos acariciavam meus cabelos, um gesto suave, um bálsamo para minha alma ferida. Seu amor de mãe era um refúgio em meio à tempestade. Deixei-me levar pelas suas emoções, pelo seu carinho, pelo seu amor.

— Hades não vai me perdoar! — enterrei o rosto nas mãos, as lágrimas escorrendo sem parar. A culpa me sufocava.

— Querida, ele está magoado assim como você. Dê tempo ao tempo — a voz de Hécate era um bálsamo suave.

— Não devia ter escutado Eros! — o arrependimento me consumia. Cada palavra era um peso na minha consciência.

— Sarah, por que o ouviu? No fundo, você sabia que ele estava usando seus poderes, não é? — O tom de Hécate era gentil, mas firme, uma pergunta que ecoava a minha própria culpa.

Ergui o tronco, olhando-a seriamente. A dúvida queimava em meu coração como uma labareda incandescente. A dor da traição era um lembrete constante, como uma ferida aberta.

— Sinto o carinho de Hades por Perséfone... sei que, se não fosse por mim... eles estariam juntos — a constatação me esmagava. — Hades em razão. Tenho dúvidas, segui Eros cegamente... e agora o perdi.

— Querida, você não o perdeu. Hades ama você — Hécate me puxou para um abraço caloroso. — Para dar certo com Hades, você tem que aceitar que ele teve uma vida depois que você morreu. Ele se encantou com Perséfone, chegou a gostar dela, mas nunca a amou de verdade. A prova é que ele não se casou com ela.

Sabia que não podia julgá-lo por ter vivido. Mas a intimidade deles, a maneira como eles se tratavam, como um casal, era o que me assombrava. Para Hades, era normal, parte da sua rotina. Ele não via nada de errado.

Suspirei, deitando-me novamente em seu colo. O carinho de Hécate era um consolo, mas a incerteza ainda me assombrava.

— E o que faço? — minha voz era um sussurro.

— No momento, dê tempo ao tempo. Sei que ele não ficará longe de você por muito tempo.

Um leve cantarolar ecoou pelo ambiente, me envolvendo em um abraço suave. Fechei os olhos lentamente, encontrando um refúgio nos sonhos, um escape da dor.

Não conseguia acreditar no que estava fazendo. Jamais pedi abrigo a meus irmãos, nunca deixei o Submundo dessa forma. Mas não conseguia ficar ali, tão perto dela, enquanto a dor nos consumia. Estávamos muito machucados. Precisávamos de espaço para organizar nossas ideias, para respirar.

Suspirei, olhando o majestoso castelo subaquático de Poseidon. Torres que alcançavam a superfície, paredes de conchas e pérolas, refletindo a luz suave que penetrava nas águas. Adentrei os portões de ouro, os guardas me saudaram, mas segui em frente, cabisbaixo. Não queria que ninguém visse meu semblante.

Avisei Poseidon brevemente. Conhecendo seu temperamento explosivo, sabia que um simples aviso bastaria, mesmo com o carinho que ele me tem, não abusaria de sua boa vontade. Embora sentisse que ele não levou muito a sério minha necessidade de solidão, não o julguei, afinal, tudo o que queria era voltar para casa. Ouvi-la chorar ao partir foi a pior coisa que tive que fazer, mas a raiva estava latente demais, e precisávamos de ar para respirar e pensar.

A porta do salão principal se abriu. Poseidon, sentado em seu trono, passou de sereno a incrédulo em segundos.

— Pensei que fosse brincadeira. Não imaginei que realmente a deixaria — sua voz expressava espanto.

Uma onda de tristeza me atingiu. Não queria deixá-la. Era como desistir do que tínhamos, mas não suportava mais a desconfiança em seus olhos.

— Preciso pensar. Briguei com Sarah, e agradeceria se não fizesse perguntas, pelo menos por hoje — minha voz estava cansada.

Poseidon me observou por longos segundos antes de assentir.

— Proteus o levará ao seu quarto. Fique o tempo que precisar.

Escolhera Poseidon por isso: ele não faria perguntas. E ninguém saberia que estava fora do Submundo. No Olimpo, Hera espalharia a notícia. Não queria aumentar as desconfianças de Sarah.

Ela provavelmente pensaria que estava com Perséfone. Adamanto era outra opção, mas morava perto dos meus domínios. Estar perto demais seria tentador demais.

Segui Proteus até um enorme quarto. Suspirei, sentindo saudades dela.

O quarto era iluminado pela luz suave do mar, que entrava pelas janelas de cristal. As paredes, revestidas de conchas brilhantes, refletiam um brilho constante e incômodo, muito diferente da escuridão acolhedora do meu lar. A cama, feita da melhor madeira e esculpida com ouro nas bordas, parecia enorme e solitária sem ela. Suspirei ao me sentar, emburrado, enquanto Proteus me deixava sozinho.

Era tudo tão claro e calmo, mas uma pequena fonte de água cristalina no canto emitia um som que deveria ser relaxante. No entanto, minha mente estava inquieta demais. Poderia mudar tudo com um simples gesto, mas fazer isso seria como estar em meu próprio quarto, sem a presença dela.

Doía a distância, mas a briga ainda queimava em minha memória. Não conseguia acreditar que ela seguiu aquele maldito! Justo aquele que a desejava!

Errei ao não contar sobre Perséfone. Errei feio...

Deitei-me na cama, as mãos sob a cabeça.

"O sorriso não saía de meu rosto, mesmo que com as lembranças também viessem as partes ruins, como a dor de perdê-la, foi a coisa mais agonizante que senti, passei tempos sentindo um profundo vazio. Então ela aceitou recomeçar, foi como ter pela primeira vez a plena felicidade. Não vou desperdiçar essa nova chance!

— Querido! — sua voz trêmula me interrompeu. — Estava tão preocupada!

Droga! Por que ela está aqui?

— O que faz aqui? — minha voz foi brusca.

Ela não entendia? Já havia terminado tudo. Não a queria ali, principalmente agora.

— Como assim? Vim vê-lo. Soube que desmaiou, fiquei preocupada! — ela estava nervosa.

Suspirei, a culpa me sufocando. Era como enganar as duas, e isso era horrível. Conhecia os sentimentos de Perséfone, mas sempre fui honesto com ela.

— Não foi nada. Apenas recuperei minhas memórias sobre Sarah.

Meu sangue ferveu ao ver sua expressão surpresa. Ela sabia sobre Sarah! Não tentou esconder!

— Você sabia? — rosnei, a dor da traição me atingindo. — Claro que sabia! Hécate não consegue controlá-la! Como pode não me dizer nada?

— O que queria que eu dissesse? Que Eros te flechou para se apaixonar por mim, e que você perdeu o amor da sua vida? — sua voz era ácida, carregada de ressentimento.— Pensei que Hécate tinha feito isso para te proteger!

Proteção? Ela escondeu isso de mim? Ela não escondia nada, principalmente se soubesse o quanto me magoaria. Só havia uma explicação: ela fez de propósito!

— Se souber que está contra mim...

— Jamais ficaria contra você!

— Vou me casar com Sarah. Não quero mais você aqui como hoje. Fui claro? — Minha voz era firme, decidida.

Não queria problemas, não queria machucá-las, mas não abriria mão de Sarah.

— Casar com ela? — sua expressão era de choque total.

Vi sua confusão, minha incredulidade. Ela não podia pensar que saberia que Sarah estava viva e não faria nada!

Oh... ela não sabe!

— Sarah não ressuscitou. Ela reencarnou. Hécate guardou sua alma, esperou milênios pelo receptáculo perfeito.

— Ela não é uma deusa?

— É uma bruxa, mas com imortalidade. Houve uma luta entre nós em Valhalla. Como você não sabe disso? — minha incredulidade era evidente.

Todos os deuses sabiam, até mesmo aqueles que não viram a luta. Todos confirmaram sua presença no meu casamento. Como ela não sabia?

— Não imaginei que fosse ela. Não fui à sua luta. Precisei ajudar minha mãe. Não ligo para humanos, e não senti medo por você. Afinal, você não perderia para uma humana fraca — sua arrogância era insuportável.

Aquela era a arrogância que Sarah detestava nos deuses, a superioridade sobre os humanos. Nunca senti a necessidade de ir contra, mas escutá-la chamar Sarah de fraca deixou-me furioso.

— Ela não é fraca! — minha voz ecoou com fúria.

Seus olhos decididos me mostraram que seria inútil. Precisava que ela fosse embora, antes que Sarah a visse.

— Perséfone, não pode chegar aqui como hoje. Entendeu?

— Foi claro o bastante... Posso pedir ao menos uma última coisa? — ela se aproximou lentamente.

Assenti, desconfortável com sua aproximação.

Ela se jogou em meus braços, me pegando de surpresa. Meu corpo reagiu instantaneamente, afastando-a com brusquidão. Seus olhos se arregalaram. Nunca a tratei assim.

— Você tem merda na cabeça? — rosnei, a culpa me atingindo. — Acabei de dizer que vou casar com outra!

Seus olhos marejaram. Assentiu, triste. Não queria machucá-la.

— Agi errado com você por eras, confesso. Peço desculpas, mas nunca escondi meus sentimentos, mesmo sem saber de Sarah — meu coração se esmagava diante de sua tristeza. — Me perdoa por te magoar, mas amo Sarah. Esqueci em minha mente, mas meu coração nunca a esqueceu. E não vou perdê-la novamente.

— Desculpe, querido — sua voz era um sussurro.

A irritação subiu. Parecia que ela não escutou nada. Não podia permitir aquela intimidade.

— Não fale assim comigo! Estou me relacionando com Sarah, ela será minha esposa. Não quero sua intimidade. Se acostume a falar meu nome!

A culpa me atingiu. Alimentei suas esperanças, mesmo sem querer. Não podia julgá-la, mas não perderia Sarah.

— Perséfone... juro que não queria te magoar. Cheguei a gostar de você, tenho carinho pelo que vivemos. Mas Sarah é a mulher da minha vida, aquela que amo e sempre amei. Por isso, nunca pude retribuir seus sentimentos como você merece. Por favor, entenda isso.

Ela assentiu, segurando as lágrimas, e saiu.

Droga! Minha cabeça latejava. Não podia contar a Sarah. Sua desconfiança já era grande. Contar só pioraria tudo."

As lágrimas escorriam, trazendo consigo a lembrança daquele dia fatídico. Deveria ter sido mais claro com Perséfone, ter fechado todas as brechas para que Eros não pudesse plantar suas sementes de dúvida. Agora, talvez Sarah nunca me perdoasse.


Mille plagis!: Mil golpes

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