Capítulo 21 - Sentimentos Ⅰ
Contém 3700 palavras.
Boa leitura💜
Ainda me custava acreditar que havia pedido a meu irmão para organizar uma festa. Se fosse em outra situação, teria zombado do semblante assustado dele, mas não o culpava. Afinal, ele havia organizado várias delas antes, das quais nunca participei. Na verdade, nem me dava ao trabalho de ir ao Olimpo, a menos que fosse absolutamente necessário.
Esperava que essa ideia, no entanto, desse certo. Não sentia o menor conforto em ir para o Olimpo, especialmente sabendo que o maldito de Eros estaria me esperando lá. Ele, com certeza, não perderia a chance de fazer de tudo para me provocar. Isso, por si só, já me deixava em chamas.
Foi então que ouvi passos, e ao me virar, o tempo pareceu parar por um segundo. Minha esposa estava diante de mim, e sua presença era simplesmente estonteante.
O vestido preto, tomara que caia e um decote profundo, realçava sua pele pálida, enquanto o olhar desceu, admirando-a. Não pude conter um suspiro ao ver a coxa exposta. Ela se aproximou com um passo gracioso, sem se importar, não escondi o sorriso que maliciosamente se formou em meus lábios. Nunca vi tanta beleza reunida em um único ser.
— Está deslumbrante! — minha voz saiu rouca enquanto a puxava para junto de mim, envolvendo sua cintura.
Minhas mãos exploraram seus contornos, meu sangue ferveu. O desejo por ela só aumentava, e mesmo com o propósito da festa claro, não conseguia pensar em nada mais além dela. Beijei seu pescoço, sorrindo ao ouvir seu suspiro. A festa, a missão... tudo se tornava secundário quando ela estava perto.
— Meu imperador, não adianta me provocar, ainda vamos a essa festa — sua voz soou desafiadora, e seus olhos se encontraram com os meus.
Não pude evitar o sorriso. Ela me conhecia tão bem. Levantei minha mão e toquei delicadamente seu rosto corado, sentindo-me mais do que sortudo por tê-la ao meu lado. Ela, minha imperatriz.
— Espera — puxei uma caixa do meu sobretudo e entreguei a ela.
Ela olhou para a caixa, intrigada, senti minha própria expectativa crescer. O brilho em seu rosto ao abrir a caixa me fez sorrir. Dentro, repousava um diadema delicado, com folhas em ouro puro, pequenas pedras de rubi e algumas pedras da lua, que pareciam capturar a essência da noite.
— Hades, é lindo! — ela exclamou, sorrindo, sem conseguir conter a alegria.
Sorri, satisfeito com a reação dela, meu ego se inflando mais a cada segundo.
Com cuidado, peguei o diadema e o coloquei suavemente em seus cabelos. Respirei fundo ao vê-la, deslumbrante, com as ondas negras de seus cabelos perfeitamente adornadas pela joia.
Linda... minha imperatriz.
— Minha imperatriz — repeti, puxando seu queixo para beijá-la suavemente nos lábios.
Ela, em resposta, segurou meus cabelos, aprofundando o beijo com fervor. Não pude evitar o suspiro que escapou de meus lábios. Ela sabia exatamente como me deixar fora de controle, e embora não fosse sua intenção provocá-lo, isso era exatamente o que ela fazia.
Quando nos separamos, seus olhos marotos e o sorriso nos lábios só aumentaram a chama dentro de mim.
— Vamos a essa maldita festa, antes que tire este vestido do seu corpo — murmurei, rouco, em seu ouvido, satisfeito ao ver sua pele se arrepiar sob o toque da minha voz.
Talvez a festa não fosse tão ruim assim... Posso provocá-la a noite toda, deixá-la completamente louca por mim.
O som da festa no Olimpo podia ser ouvido de longe. Pelo que via, Zeus realmente gostava de esbanjar em uma celebração. Quando nos aproximamos da entrada, um largo silêncio preencheu o ambiente. Não pensei que passaríamos despercebidos, mas ainda assim era curioso o modo como todos agiam diante de Hades. Era evidente o quanto o estimavam, tratando-o com mais reverência do que o próprio Zeus. E eu, bem, sou agraciada por saber que Hades é mais do que digno desse tratamento. Entre os deuses, exceto por Hécate, ele é o mais honrado.
Zeus e Hera estavam recepcionando os convidados. Caminhamos em sua direção e não pude evitar uma careta de desprezo, o que fez o sorriso de Hades crescer ainda mais.
Ele estava se divertindo às minhas custas!
— Dulce meum, sorria, afinal, são os anfitriões — ele murmurou, divertido, fazendo-me revirar os olhos.
— Hades! Não tem graça! — resmunguei, aumentando o riso dele.
Por Hécate! Só quero que sejamos livres, mas ele não para de tirar sarro de mim!
— Você quem quis vir! — ele sussurrou, sem perder o sorriso — Se fosse por mim, teríamos encontrado outra maneira de manter o idiota longe!
A mesma discussão que tivemos desde que ele concordou com minha ideia.
— Não precisávamos ficar perto deles! — retruquei, vendo sua diversão crescer. — Você está se vingando!
— Nada disso! Eles são os anfitriões, obviamente precisávamos chegar perto deles — ele respondeu com um sorriso malicioso.
Espero que meus planos deem certo, ou será uma longa noite.
Quando finalmente ficamos diante dos anfitriões, precisei controlar meu gênio, pois a vontade de os esganar era quase incontrolável. Hera, ao contrário, não escondeu a fúria em seu olhar, enquanto Zeus parecia se divertir.
— Hades, estou feliz em vê-lo! — Zeus cumprimentou o irmão, bem-humorado.
— Bom vê-lo também, maninho! — Hades sorriu, dando-lhe um tapinha no braço.
Era óbvio o quanto ele sentia falta da convivência com os irmãos, e isso me fez sentir um peso no peito. Sabia que esse afastamento era por minha causa.
Hades voltou-se para Hera, que ainda me olhava com uma hostilidade óbvia, mas foi ignorada com maestria.
Stella mea, me desculpe, mas por mim, sua família ficaria bem longe!
— Hera, como está? — Hades estendeu a mão em direção a ela.
— Muito bem! Contente em vê-lo — ela respondeu, enfatizando a última parte com uma frieza que me fez rolar os olhos.
Vadia idiota! Será que ela pensa que estou feliz em vê-la também? Melhor manter a boca fechada, ou terei o prazer de mencionar o quanto era corna. Talvez por isso ande sempre com dor de cabeça!
— Sarah, minha cunhada! Se me permite dizer, está muito linda! — Zeus disse, estendendo a mão para mim.
Seu velho sem vergonha.
O sorriso se congelou em meu rosto. Senti todos os olhares se voltando para mim, e sabia exatamente o que Zeus estava fazendo. Não daria a ele a honra de uma reação fácil, pelo menos não naquela noite. Sorri de maneira arrogante, estendendo minha mão, e ele a beijou delicadamente, seus olhos brilhando em deboche.
— Obrigada, cunhado, mas não estou mais linda que sua amada esposa — sorri falsamente, desviando o olhar para Hera antes de voltar a ele — Claro que tem muita sorte!
Sem me conter, fui até Hera e lhe dei um beijo na bochecha, fazendo-a ranger os dentes. Me divertia com aquilo.
— Obrigada, querida — a voz de Hera soou seca e tensa.
Sorri, aumentando sua frustração. O clima ficou pesado e todos puderam sentir a tensão. Embora tentasse controlar meus sentimentos, era impossível negar o desejo de matá-los ali mesmo. Por isso, decidi me manter afastada deles.
— Querido, acredito que vi Adamanto e Poseidon, vamos? — perguntei, olhando Hades com um semblante sério. Ele sorriu e acenou em concordância.
O suspiro que escapou pelos meus lábios ao finalmente nos afastarmos do casal foi tão forte que Hades não conseguiu segurar o riso, e acabei rindo também. Me senti mais leve, embora ainda sentisse a animosidade no ar. Fiz bem em realizar rituais para fortalecer meu espírito, muitas vezes, um simples olhar poderia ser suficiente para causar destruição.
— Sabe... pensei que teria uma luta ali — Hades comentou brincalhão.
— Aqueles dois me irritam, sinto vontade de matá-los! — resmunguei mais alto do que pretendia.
Nem percebi que já estávamos perto dos irmãos de Hades, e ambos me olharam confusos.
— Zeus e Hera — Hades explicou aos irmãos, que se entreolharam divertidos.
A essa altura, todo o Olimpo já sabia da nossa rixa. Pelo menos, Hades podia comemorar que consegui ficar perto deles sem matar ninguém.
Hades suspirou longamente antes de focar melhor o olhar em seus irmãos, franzindo o cenho. Claro que ele já me havia contado que Poseidon costumava fugir de Adamanto, pois este irritava constantemente o Deus dos Mares, então devia estranhar vê-los próximos um do outro.
— Estão bem? — Hades inclinou a cabeça levemente para o lado, ambos ergueram uma sobrancelha. — Os dois próximos no mesmo recinto... é estranho!
Ambos reviraram os olhos, suspirando em descontentamento.
— Você nos pediu para vir! — Adamanto retrucou, com um olhar sério.
— Sim, mas normalmente evitam a presença um do outro! — Hades respondeu, divertido, fazendo com que ambos se irritassem ainda mais.
— Deve ser pelo fato de Poseidon ser um idiota que ousou me matar? — Adamanto provocou, fazendo uma veia saltar na testa de Poseidon. — E ainda fui proibido de pisar no Olimpo por causa DELE!
— Se tivesse realmente te atacado, não estaria aqui! — Poseidon replicou, furioso.
— O que quer dizer? — Adamanto perguntou, confuso.
— Sei que você adora atenção, mas hoje não é sobre você, vamos focar no assunto! — Poseidon respondeu, visivelmente irritado.
Olhei incrédula para ambos, especialmente diante do riso de Hades.
Será que isso era amor de irmãos?
— Não os conhece, eles não estão brigando — Hades sussurrou para mim, sobre os resmungos dos irmãos, que continuavam trocando provocações.
— Para mim, parece uma briga! — repliquei, observando Poseidon vermelho, com a mão na testa, ignorando os resmungos de Adamanto.
— Poseidon nunca quis matar Adamanto, mesmo que não admita em voz alta. Seu amor por Zeus que o fez agir dessa forma — Hades explicou, mas ao ver meu semblante incrédulo, suspirou — Teria sido uma briga feia, pois Adamanto tomou o sangue do meu pai, e Poseidon, para evitar uma guerra para saber quem era mais forte, algo que Poseidon abominava, agiu, mas se realmente quisesse matá-lo, teria esmagado sua cabeça, além de não deixar ninguém curá-lo.
Oh... então era por isso que Adamanto conseguiu se salvar!
— Entendi... mas vai deixá-los brigar? — perguntei, ainda surpresa.
Hades riu alto.
— É a maneira deles se comunicarem. Se acostume com isso — Hades comentou, divertido.
Ambos, como se tivessem escutado, pararam na hora a discussão. Apostaria que estavam sem graça por agirem como crianças, principalmente Poseidon.
— Então, como vamos seguir seu plano? — Adamanto perguntou, corado.
— Honestamente, as chances de dar certo o que espera são nulas! — Poseidon resmungou para Hades.
Não, as chances são pequenas, mas ainda existem!
— Por que acha isso? — perguntei, sem desviar o olhar.
— Simples: A maioria a odeia aqui, e também não é preciso ter poderes para saber que Anteros jamais ficará contra Eros — Poseidon me respondeu, sem me olhar.
Esse orgulho irá matá-lo algum dia!
— Não quero isso — minha voz soou mais firme do que a arrogância dele, e seus olhos finalmente encontraram os meus, com visível curiosidade.
— Ele é superprotetor com seu irmão, cuidará dele ao perceber que esse sentimento não vai fazer bem a ele — expliquei com um sorriso tranquilo.
Poseidon ergueu uma sobrancelha, sorrindo de forma debochada.
— Está contando muito com isso! — Adamanto se intrometeu.
Antes que pudesse responder, a presença dele preencheu o local, imediatamente chamando a atenção de todos. Não consegui conter o olhar incrédulo.
Como Eros se atreve a aparecer após a última vez que nos vimos?
— Pensei que fosse impossível que ficasse ainda mais linda, mas sua beleza rouba até a das deusas — Eros se aproximou, me olhando de cima a baixo antes de sorrir, ladino. — Está deslumbrante, minha Sarah.
O que esse idiota pensa que está fazendo?
— Como ousa falar assim da minha esposa, e na minha frente! — Hades me puxou para trás de si, os olhos fulminando Eros.
O maldito apenas sorriu, ainda mais debochado.
— Não escondo o desejo que sinto por ela, e nem tenho motivos para isso, assim como ela me deseja também — Eros retrucou, astuto, fazendo-me arfar, incrédula. — Sabe bem disso, ou não se afetaria com minha presença, Hades.
A mão de Hades foi imediatamente para seu pescoço, apertando-o com raiva.
— Devia tê-lo matado há milênios! — Hades replicou, irado.
Não acabará bem! Era irritante, mas não podia deixá-lo matar Eros. Qualquer outro deus seria irrelevante, mas Eros, como Deus do Amor, era importante para o equilíbrio. E, não podia negar, Afrodite ficaria desolada... o que aconteceria em um mundo sem amor?
Abracei Hades com todo o carinho, tentando acalmá-lo, não queria que ele pensasse que o estava preterindo. A fúria emanava de seu corpo, mas sabia que, com qualquer outro, ele reagiria mal ao toque. Jamais me machucaria.
— Stella mea, por favor! — sussurrei em seu ouvido, fazendo-o suspirar irritado, soltando Eros.
Puxei-o para longe dele, segurando firmemente sua mão. Sentia que ele tremia pela raiva, era horrível vê-lo assim.
— Devia ter matado mesmo, mas é bom que veja que ela prefere a mim — Eros declarou sorridente, olhando em minha direção. Não consegui evitar um olhar de pena.
Será que ele não percebia o óbvio?
— Não prefiro você. Se quer saber, parei Hades apenas por conta do trabalho que você tem como Deus. Se não fosse isso, nem me importaria dele matá-lo — confessei, afastando-me de Eros.
— Vai ser minha Sarah, como devia ter sido antes... — Eros declarou, saindo do local.
Um arrepio percorreu meu corpo, sentia-o por completo. Era um medo puro, não uma ameaça vã, mas um aviso.
— Aquele maldito! — Hades rosnou, indo novamente em direção ao deus, sendo parado pelos irmãos. — Me solta!
Sentia sua aura escapando como um veneno, os cunhados estavam com dificuldade para pará-lo. Por ser o mais velho, imaginava que seu poder fosse mais sufocante que o dos outros.
— É... isso que... ele quer! — Poseidon respondeu com dificuldade, olhando para o irmão, que estava em completa fúria.
Observando-os, vi que Adamanto estava completamente afetado pelo poder de Hades, mas não o soltou. Já Poseidon estava mais pálido que o normal, embora tentasse não demonstrar. Percebi que não podia deixar que Hades machucasse seus irmãos, mesmo sem querer. Puxei-o para seus braços, abraçando-o com carinho. Gradualmente, seu corpo foi se acalmando e senti sua fúria indo embora. Ele suspirou aliviado.
— Stella mea, não ligue para ele, por favor, apenas você conta para mim — sussurrei, fazendo-o apertar mais o abraço.
Suspirei em contentamento, passando os braços ao redor de sua cintura, moldando-a contra meu corpo. Apesar de toda a raiva, ele sabia que eu tinha razão. Não poderia agir de forma imprudente.
— Céus! Vocês não podem demonstrar carinho no privado? — Adamanto perguntou, fazendo uma careta de nojo antes de sair do local, nos fazendo rir. Poseidon, por sua vez, olhou com afeição para o irmão antes de nos deixar sozinhos.
Sorri para Hades, sentindo meu coração acelerar. Estava decidida: puxei-o para dançar. Desde que coloquei meu vestido, esse momento em seus braços era tudo o que desejava, um sonho que se realizava ao som de uma doce melodia.
As mãos fortes de Hades foram para minha cintura, me puxando para perto de seu peito. A música parecia fluir por nossos corpos, tão suave quanto a dança. Cada passo, cada movimento era uma promessa silenciosa. Sentia como se estivesse deslizando ao lado dele, como se tudo ao nosso redor tivesse desaparecido, restando apenas nós dois. O amor que compartilhávamos transbordava de cada célula, nos envolvendo em uma harmonia sublime. Poderia passar a eternidade assim, aninhada em seus braços, apenas sentindo o calor do seu corpo.
Sorri, vendo seus olhos roxos fixados em mim com a mesma intensidade de sempre. Jamais me cansaria de olhar para ele. Era o brilho mais lindo que já vi, tão imponente, tão familiar. Tão igual ao olhar que ele me deu na primeira vez em que nos cruzamos. Fui tola ao não perceber antes, mas sempre o reconheci pelo olhar. Não conseguia mais esconder meus sentimentos.
Suspirei, descansando meu corpo contra o dele, sendo suavemente acalentada pela dança. Sorri, sentindo meu coração disparar, e sabia que o dele batia da mesma forma.
— Eu deixo você nervoso, meu imperador? — perguntei, levantando a cabeça e olhando-o de forma marota.
— Está me deixando excitado ao ter seu corpo colado ao meu assim — ele respondeu, com os olhos ardendo de desejo. Sorriu e me deu um longo selinho, suas mãos ainda firmes na minha cintura.
A música começou a chegar aos acordes finais, e o ritmo foi diminuindo suavemente. Senti o ar ao nosso redor se aquecer com a intensidade do momento. Não consegui conter o olhar apaixonado que lancei em sua direção, fazendo-o sorrir docemente.
Mas, no instante seguinte, algo mudou. Uma sensação estranha percorreu minha espinha. Pelo canto do olho, vi uma presença indesejada. Um arrepio tomou conta de mim, e a doce harmonia que compartilhávamos foi quebrada.
Sem pensar, me separei levemente de Hades, colocando-me ao lado dele. Olhei para a figura à nossa frente, meu olhar agora sério, carregado de uma irritação que crescia. Não permiti que nada estragasse esse momento, mas a presença dessa pessoa me incomodava profundamente.
— Há tempos que não os vejo, estão muito belos — Perséfone declarou, olhando diretamente em minha direção. Não pude evitar a careta que fez meu desconforto ser óbvio.
— O que quer? — perguntei secamente, o que arrancou um sorriso maroto dela.
— Conversar com seu marido — Perséfone respondeu, direcionando o olhar para Hades, que ergueu a sobrancelha, curioso. — Não vou roubá-lo por muito tempo, prometo.
O sorriso dela se ampliou,e piscou marota em minha direção, o que só aumentou minha irritação. Não queria deixá-los sozinhos!
— Sarah, vamos dançar? — Adamanto apareceu, puxando-me pela mão.
Olhei-o irritada, esperando o momento exato para que Perséfone puxasse Hades para longe. Ver aquilo fez meu sangue ferver. Não acreditei que aquilo estava acontecendo!
— Sei que está com ciúmes, mas ela escutou uma conversa de Zeus e Hera, por isso foi falar com Hades — meu cunhado declarou, suavemente me conduzindo para uma dança lenta.
Meu olhar foi direto para Hades, que dançava com a deusa. Se antes estava apenas brava, agora estava completamente furiosa!
— E eles precisavam dançar para conversar? — perguntei, encarando os dois, que pareciam mais um casal de amantes do que qualquer outra coisa.
O carinho no olhar de Hades me desconcertava, e pior, a cumplicidade entre eles era clara, uma cumplicidade que conhecia do passado, quando ele foi flechado. O mesmo olhar, a mesma forma de segurá-la. Todos podiam ver, e conseguia ouvir os cochichos.
Eles sempre foram assim, tão perfeitos juntos...
A maldita frase de Perséfone soou perto de mim, e meu sangue ferveu, mas preferi não responder. Eu era a intrusa, não ela.
Perséfone não era apenas admirada por todos, mas também pelo meu marido. Vi a admiração nos olhos dele, um carinho tão intenso que me roubou o ar.
Não aguentava mais ver aquilo. Não podia ficar ali, observando-os como dois amantes.
— Adamanto, quero sair daqui! — tentei me afastar, mas ele me segurou com mais firmeza.
— Não, isso só vai dar mais motivo para falarem, e Eros está esperando por uma oportunidade. Vamos, se quiser parar de dançar, vamos para as bebidas. Precisamos agir com frieza agora — ele replicou calmamente.
Sua voz parecia distante, como se tudo estivesse em câmera lenta. Sabia que ele estava certo, mas a única coisa que conseguia processar era a raiva crescente dentro de mim, enquanto via as mãos de Perséfone em Hades, tocando-o com um carinho desconcertante. E Hades, com aquele olhar de pura admiração... parecia impossível que estivesse vendo isso.
— Sarah? — Adamanto me chamou, tentando chamar minha atenção.
Suspirei com força, segurando firme a mão dele, enquanto o puxava em direção à mesa de bebidas. Meu sangue estava fervendo, e senti isso ao apertar demais sua mão. Ele resmungou, desconfortável.
— Desculpa! — disse, sem querer machucá-lo.
— Entendo o que você está sentindo, então relaxa! — ele respondeu, calmo, enquanto pegava um copo com uma bebida leitosa.
Olhei para as bebidas na mesa, lembrando-me da bebida que Hades tomava outro dia, parecida, mas com um cheiro um pouco diferente.
— Ouzo é a melhor! — Adamanto declarou, tomando a bebida de uma vez.
Olhei-o, ainda confusa, sem fazer movimentos para pegar nenhuma bebida.
— Não conheço as bebidas dos deuses — expliquei, vendo seu olhar de dúvida.
— Forte ou fraca? — ele perguntou, sorrindo.
Olhei de novo para a pista, onde Hades ainda dançava com Perséfone, e minha raiva só aumentou.
— Quero uma bebida forte — respondi, virando as costas para a pista de dança.
Adamanto sorriu gentilmente, então olhou novamente para as bebidas.
— Poderia lhe dar ouzo, mas é forte demais. Algo me diz que seu gosto é levemente doce, então vamos de tsipouro — ele me entregou um copo de conhaque.
Virei o copo de imediato. O gosto forte queimou minha garganta e senti a intensidade do álcool. Quando olhei para Adamanto, ele me observava incrédulo.
— Quê? — perguntei, empinando novamente outro copo.
— Nada, só acho que você deveria ir com calma — ele respondeu, com os olhos arregalados.
Calma?
Se pensasse em outra coisa, minha raiva só aumentaria!
— Você também empinou, então qual o problema? — perguntei, enchendo o copo de novo.
— Sou um deus... — ele sussurrou quase inaudível. — Minha resistência é melhor que a sua. O álcool não faz efeito em mim, fora que consigo eliminá-lo do meu sistema se quiser.
Olhei-o com raiva, e ele sorriu amarelo, claramente desconfortável. Como se os humanos fossem diferentes! Meu metabolismo não era fraco!
Quando fui pegar mais bebida, uma mão tomou o copo de mim. Olhei incrédula, para quem tinha feito isso, e vi Poseidon olhando para Adamanto com irritação.
— Adamanto, não dê essas bebidas a ela! — Poseidon disse, irritado, fazendo o irmão revirar os olhos.
— Ela está se divertindo, relaxa! — Adamanto respondeu, zombando do irmão. — E estou de olho!
Poseidon revirou os olhos e, ao se virar para mim, estava tão atônita com a atitude dele que não consegui falar nada, apenas observei, incrédula.
— Não devia beber algo tão forte! — Poseidon me repreendeu, como se fosse uma criança.
Meu sangue ferveu. Para afrontá-lo, peguei outro copo e o enchi de ouzo, olhando-o desafiadoramente.
— E o que você tem com isso? — perguntei, tomando a bebida na frente dele. — Bebo o que quiser!
Poseidon suspirou longo e pesadamente, olhando-me com um olhar de repreensão.
— Eu nada. Por mim, sua existência é insignificante! — ele respondeu com arrogância, pegando o copo de volta. — Mas você é importante para Hades, por isso não vou deixar você assim.
Ele estava brincando comigo?
Revirei os olhos, entediada, gostando de provocá-lo. Se quisesse beber, bebia!
— Sei que está com ciúmes, mas beber assim não vai resolver nada — Poseidon comentou, mais amigável.
Olhei-o, incrédula, sem acreditar na audácia dele de dizer aquilo.
Como se estivesse com ciúmes!
Estava furiosa com a ideia de Hades agir daquela maneira, mas era só isso!
— Não estou com ciúmes! — senti meu interior revirar ao lembrar do marido nos braços da deusa.
Poseidon revirou os olhos e, sorrindo com arrogância, percebeu meu olhar furtivo para a pista de dança.
Droga!
Tsipouro é um conhaque não envelhecido grego com alto teor alcoólico.
Ouzo é uma bebida alcoólica grega feita com base no anis. É transparente e incolor, mas fica com aspecto leitoso quando é misturada com gelo ou água.
Anteros
Anteros é o deus grego do amor correspondido, mais consciente, e vingador do amor não correspondido.
A aparência dele foi criada por mim em um App
Os poderes dele eu tirei daqui ➜ https://aminoapps.com/c/acampamento-meio-sangue-8290484/page/item/filhos-de-anteros/1Zv8_kWUrI0D2K6j44Zwoeb1YRMMWWEm41
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