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Capítulo 1- Desafiando a morte


Os feitiços estão em latim, ao final estará a tradução.

Capítulo possuí 3700 palavras.

Boa leitura❤

A magia flui ao meu redor, um lembrete constante do mundo ao qual pertenço. Desde sempre, conjuro feitiços sem querer, reagindo às minhas emoções, sejam alegres ou tristes. No começo, era um verdadeiro caos, sem nenhum controle, mas, com o tempo, tudo mudou. Segui rigidamente o grimório deixado por minha mãe biológica, onde está registrado tudo sobre a história dela com a magia, desde feitiços, comportamentos, até mesmo dados pessoais sobre aquela que me gerou com tanto amor, mas que, infelizmente, não conheci.

Agora, como uma mulher adulta, tenho meu próprio grimório, onde anoto meus feitiços e relatos sobre minha vida, uma maneira de deixar registrado minha passagem e quem sabe no futuro passá-lo para frente, mesmo que aja de maneira discreta.

A discrição é uma regra em minha família. Não porque tenhamos vergonha pelas minhas origens, pelo contrário, tenho muito orgulho delas e meus pais sentem o mesmo, o motivo é que as bruxas são mal vistas, e nunca desejaria prejudicar minha filha, pois infelizmente não seria a única condenada por isso.

Eles me acolheram com amor, sem nenhuma obrigação de fazê-lo. Só posso agradecer por me darem um lar e uma família tão querida. Luto para ajudá-los, ao amanhecer, trabalho na farmácia, onde vendo nossas essências, ervas e remédios que preparo. Essa é nossa principal fonte de renda, meus pais são muito idosos, e faço de tudo para cuidar da casa, retribuindo assim todo o carinho que recebi.

— Sarah, onde sua mãe está?

O homem que me criou com tanto carinho tem cabelos brancos e um rosto marcado pelo tempo. Embora sua estatura esteja um pouco curvada, seu olhar amoroso é o mesmo de sempre. Ao me ver passar pela porta sem a mamãe, percebo a seriedade e a preocupação em seu rosto. Ele sempre fica ansioso quando estamos distantes, e isso só mostra o quanto se importa conosco.

Revirando os olhos diante de sua inquietude, não pude evitar achar aquilo fofo. Papai é excessivamente cuidadoso e carinhoso com a mamãe, e o amor que emana entre eles sempre me encanta, um sentimento puro que presenciei desde que me entendo por gente e é algo que almejo encontrar um dia.

— No portão, conversando com a nova vizinha, mamãe está encantada com sua criança — respondi, piscando marota em sua direção.

Seu semblante relaxou imediatamente.

— Sua mãe adora crianças — Heitor sorriu, aliviado.

Antes que pudesse retrucar, mamãe entrou, com a cabeça baixa e o semblante triste, o que nos deixou preocupados, pois ela é sempre tão alegre.

— A pequena Mel é uma criança adorável, e sua mãe, Helena, parece estar sozinha com ela no mundo. Percebi que estavam com poucos mantimentos e sem dinheiro para comprá-los. Ofereci nossa horta, para que ela pegasse o que precisar — murmurou Cibele, demonstrando sua preocupação.

— Foi oferecer sua ajuda, querida? — Heitor franziu a testa, tenso.

Heitor, meu pai, é um homem justo, mas teme que as amizades de mamãe tragam problemas, já que pessoas como eu são mal vistas. Ele tem receio de que eu seja caçada por bruxaria, pois apenas um boato é suficiente para fazer um enorme estrago e jamais poderia machucar alguém para me defender, pois isto vai contra o que meus pais ensinaram.

— Fique tranquilo, querido, não diria nada que pudesse ser usado contra nossa pequena — Cibele respondeu docemente.

— Já sou crescida! — resmunguei, rindo com ambos.

— Sempre será nossa pequena! — Heitor bagunçou meus cabelos num gesto carinhoso.

Sorrindo, aproveitei a brincadeira.

É bom ser vista como uma criança, embora às vezes seja um pouco chato, aproveitar o tempo que temos com eles é essencial, faço isso a cada instante.

— Mamãe fez bem em ajudar, devemos sempre compartilhar o que temos com quem precisa.

— Sim, e os deuses também os ajudam — Heitor concordou.

— Os deuses sempre estarão junto conosco! — animou-se a mamãe.

A menção dos deuses despertou uma onda de fúria em meu coração, como uma lava prestes a transbordar, algo irracional e impossível de controlar, que acontece sempre que eles são mencionados perto de mim. Não que tenha algum controle disso, mas não consigo simplesmente ignorar essa raiva latente, embora não saiba exatamente o motivo, ou talvez seja por conhecê-los, eles são muito egoístas.

Como se aqueles estúpidos realmente fizessem algo!

Estão sempre preocupados mais consigo mesmos do que com os humanos!

Revirei os olhos e saí do recinto. Não estava a fim de louvar um bando de idiotas que se preocupam mais com festas do que com o que realmente importa.

༺۵༻

A luz da lua cheia invadiu meu quarto, uma bela noite de início de verão, envolvendo tudo em uma claridade suave e pura. O brilho dançando nas paredes de pedra e seus raios me envolvendo. O espaço simples, mas aconchegante, quase ocasionou um suspiro de puro prazer. Diferente do restante da nossa modesta casa, posso deixar exatamente como a morada de uma verdadeira bruxa. As ervas penduradas no teto e os frascos de poções já prontas alinham-se nas prateleiras, criando uma área mítica e levemente misteriosa, assim como o suave aroma das plantas, deixavam o ambiente relaxante.

Envolvida em seu brilho intenso, sento-me no canto contra a pequena janela, permitindo que meus sentimentos se elevem com sua lua. É o horário das minhas orações a Hécate, a única deusa a quem ofereço meu respeito, amor e carinho. Sinto uma conexão profunda com ela e sei que é recíproca, pois além do grimório de mamãe, guardar por meio de mágica seus últimos momentos. Desde meu nascimento, ela esteve presente, mesmo que não fisicamente, guiando-me para que seguisse seus passos, cuidando de mim como uma própria mãe. Hécate é um ser resplandecente, portadora de justiça e sabedoria, um contraste com os outros deuses, que parecem tão fúteis e distantes, meras sombras de um poder que não compreendem.

O ressentimento se agita dentro de mim, um ódio que me consome ao pensar neles, sem nenhum controle. Eles são incapazes de entender dor e luta no mundo humano, sempre nos julgando e agindo de forma tão brutal.

Como podemos reverenciá-los se têm os mesmos defeitos que nós temos?

Eles estão sempre tentando dominar os humanos, impondo leis arbitrárias e preocupando-se apenas consigo mesmos, isso quando seus egos não nos atingem diretamente.

Como esquecer Atena com Medusa?

Poseidon tem uma grande parcela de culpa, mas foi a deusa que, além de negar ajuda, puniu a coitada, apenas por ela ser mais bela!

Isso sem falar das inúmeras canalhices de Zeus, esse é o grande gerador de problemas entre os deuses gregos!

Eles não são justos!

Hécate não é assim, ela respeita e jamais agiu contra os humanos dessa maneira, por isso ela merece meu respeito.

O resto do panteão grego é irrelevante, principalmente os três grandes do Olimpo. Que, só de pensar neles, meu sangue ferve de ódio.

Respirei profundamente, buscando afastar todos os sentimentos negativos, antes de iniciar a oração.

Mater Hecate, benedic domum meam, custodi familiam meam et serva nos in tua misericordiosa protectione, abige omne malum, sit ita.

Afasto-me da janela, deitando sob a cama macia, orando para adormecer logo. O calor da noite que envolvia tudo ao meu redor foi diminuindo, abruptamente a temperatura ficou estranha, uma brisa gelada cortou o ar, de maneira inexplicável. O choque tão súbito ocasionou um arrepio intenso percorrendo minha espinha, um frio profundo que se instalou em meus ossos. Normalmente, não sou abalada com facilidade, mas é diferente nesse instante, uma sensação incômoda cresceu dentro de mim, assim como o sentimento de medo. De repente, as velas brancas se apagaram, como se o próprio ar ao meu redor estivesse tentando avisar um perigo iminente.

Hesitante, fui até a janela, as casas ao longe mais pareciam pontos, uma densa névoa negra cobriu tudo ao redor, verificando casa por casa e aproximando-se cada vez mais da minha, a marca da morte, o sinal inconfundível de que Thanatos estava próximo, para buscar alguma alma.

Saí do quarto rapidamente, com o coração disparado. Apenas minha família e a nova vizinha estão nessa região. Nossa casa sempre foi mais afastada da vila por precaução, e nunca tivemos vizinhos tão próximos.

O pensamento de que Thanatos poderia estar atrás de alguém da minha família, me deixou desesperada.

Um som frenético à porta, me fez pular, meus pais entraram na sala, assustados.

— O que está acontecendo? — Heitor olhou alarmado para a porta, como se ela pudesse oferecer uma explicação.

Dei de ombros, mas fiquei em alerta máximo. Se fosse uma ameaça, os protegeria sem hesitar, mesmo que seja contra um Deus.

Abri a porta e não pude conter a surpresa ao ver a vizinha com a filha nos braços, a mesma que conversou com a mamãe mais cedo. A menina, que não devia ter mais de dois anos, estava desfalecida, enquanto Helena carregava um semblante desesperado.

— Por favor, ajude-me — implorou a mulher.

Sua angústia me abalou, dei espaço para que entrasse, e meus pais ficaram igualmente alarmados ao ver a gravidade da situação.

— O que aconteceu? — mamãe pegou a menina, colocando-a sob o banco de madeira, tentando ajudar.

— Antes de explicar... — Helena hesitou, olhando para minha mãe e depois para mim. — Preciso dizer que sei que você é uma bruxa, Sarah.

Encarei-a friamente, e ela tremeu. Sabia que ela não estava ali à toa, queria algo e por isso se mudou para cá.

Devolvo o olhar com semblante frio, fazendo-a tremer levemente. Sei que ela não está aqui à toa, quer algo e deve ser por isso que se mudou para cá.

— O que você quer? — furiosa, me aproximei. — Se tentar alguma coisa, eu te mato!

Não sou tola, para que meu segredo fosse descoberto tão rápido, ela deveria estar me vigiando há algum tempo. Se ainda não agiu, é porque deseja algo em troca do silêncio.

— Deuses! Não, por favor! Não pense que tenho más intenções! — Helena arregalou os olhos em choque.

Suspirei, sem acreditar muito em suas palavras.

— Admito que vim para esse vilarejo porque sabia de você. Onde eu morava, uma velha bruxa nos protegia. Antes de morrer, ela me disse onde encontrar outra bruxa — desesperada, Helena explicou, alternando olhares preocupados para a filha.

A menina começou a suar e tremer levemente. Os olhos claros de Helena refletiam o desespero, mas a surpresa veio quando senti o toque suas mãos nas minhas. Não precisou dizer nada, sabia que ela estava implorando pela vida da filha.

Embora desconfiada, não vou negar socorro a uma criança!

— Mel é uma semideusa, me envolvi com Zeus, e agora Hera está nos perseguindo. A bruxa que nos protegia conseguiu nos esconder, mas uma serpente apareceu na cama de Mel, e acredito que ela foi picada — Helena, desesperada, antes que pudesse falar algo.

A careta foi inevitável ao escutar o nome dele. Não é surpresa que ele estivesse envolvido com mais uma mulher, e muito menos que Hera a estivesse perseguindo. O espanto maior é ver essa mulher diante de mim, se envolver com esse miserável.

Hécate! Existem deuses mais bonitos e dignos por aí!

— Entendo... Deixa-me vê-la primeiro, depois me explica melhor sobre essa situação — apesar da curiosidade, manter o foco é essencial.

O importante é salvar a menina!

Examinei-a com cuidado, há de fato marcas de picadas no braço esquerdo. Não é uma cobra comum, e o antídoto não será simples. Hera não deixaria que houvesse uma cura fácil.

Essa idiota, ferindo uma criança inocente por causa da perversidade daquele imbecil!

Ela não tem culpa!

Minhas mãos brilharam com uma luz esverdeada, enquanto eu murmurava o encantamento para paralisar o veneno em sua corrente sanguínea, dando-me tempo para preparar o antídoto.

Suspirei ao ver que a pequena parou de tremer e fui até a cozinha. Peguei as ervas para emergências e coloquei o caldeirão no fogo baixo, com cinco bagas de visco com água.

Idiotas absolutos!

Por culpa daquele filho de górgona, estou me metendo contra os deuses e provavelmente serei punida!

Só de pensar nisso, a raiva me consome.

Mas como poderia deixar uma criança morrer por egoísmo deles?

Sempre fazendo o que querem, se importando com nossas vidas!

O conteúdo arroxeado do caldeirão me despertou dos pensamentos raivosos. Com simples aceno, desliguei o fogo e separei uma pequena porção do antídoto, oferecendo-o para a pequena, com o auxílio de Helena, que elevou sua cabeça para que pudesse derramar o conteúdo em seus lábios. Gradualmente, a cor voltou ao rosto dela, trazendo alívio aos presentes.

— Agradeço demais! — Helena pegou minhas mãos, lágrimas escorrendo ao ver a filha visivelmente melhor — Não sei como poderei pagá-la!

Embora também estivesse aliviada pela recuperação da criança, não podia esquecer o motivo que as trouxe até aqui. Olhei severamente para Helena, que se encolheu diante do olhar.

— Agora, explique por que está aqui e o que isso tem a ver comigo!

Usei discretamente meus poderes para induzi-la a falar a verdade. É a segurança da minha família que está em jogo, não posso arriscar.

— Só queria que nos protegesse, não sabia como iniciar uma conversa sem parecer que estava me aproveitando da situação — Helena admitiu, sincera.

Compreendo seus motivos, não sou mãe, mas sei que elas fariam qualquer coisa para proteger seus filhos, mas isso não apaga seus pecados e ela errou ao envolver-se com ele.

O pior dos deuses!

— Por que justamente Zeus? — o nojo claro no meu rosto fez Helena rir.

— Ele sempre consegue o que quer... No dia do meu casamento, ele me viu e me raptou. Depois de me usar... foi embora e eu engravidei. Quando Hera descobriu, começou a nos perseguir — Helena começou a chorar novamente. — Por favor, nos ajude!

Que surpresa... Zeus, como de costume, destruindo vidas!

Fez isso com várias, não é segredo sua tática, o que o deixa terrível em minha opinião.

Zeus fez isso com várias, não é segredo para ninguém sua tática de conquista, isto o faz ser o mais terrível em minha opinião.

Sério, por que ninguém pensou em castrá-lo?

Agora, uma mulher e uma criança estão fugindo da fúria de uma corna idiota, que ao invés de confrontar o marido infiel, persegue suas vítimas!

Embora entendesse Helena, me envolvi diretamente ao salvar a pequena, e Hera certamente descobriria. Jamais me menti nos assuntos dos deuses, mesmo que não concorde, fico longe, agora estou com grande problema, não temo por mim, mas pelos meus pais.

Isso nem é o mais perigoso, o problema maior é a presença do Deus da Morte, obviamente obra de Hera, isso eleva as coisas num nível que não tenho como ajudar, mesmo que quisesse.

— Não posso interferir nas ordens dos deuses. Hera já sabe onde estão, mas esse nem é o maior problema, mas sim a presença de Thanatos. Poderia até as proteger da deusa, mas ele não negocia, sempre leva as almas que vem buscar.

Helena sucumbiu às lágrimas.

— Que ele leve a mim em vez da filha! — Helena suplicou, o desespero estampado em seu rosto.

Sentia pena, mas sei que Thanatos não aceita acordos, nenhum deles aceita.

— Não é assim que funciona, ele não aceita acordos.

Um estrondo ecoou pela casa, destroçando a entrada e assustando os demais. Olhei indignada para a figura que fazia uma entrada triunfal.

Hera, é claro!

A corna precisa destruir minha casa?

— Finalmente encontrei você, sua humana imunda! — Hera avançou em direção a Helena, sem pensar, me coloquei entre elas.

— Suprema do Olimpo, que deselegante entrar sem ser convidada! — disparei em desdém.

Hera é o estereótipo da mulher fútil, traída pelo imbecil e, ao invés de culpá-lo, persegue as inocentes!

— Tentando escondê-las de mim? — o sorriso doce de Hera contrastou com seu olhar feroz.

Sorri de volta, maliciosa.

Não é prudente lutar contra ela num ambiente pequeno com pessoas tão próximas, obviamente ela nem me considera uma oponente, essa arrogância será o seu fim, pois ela não sabe a extensão dos meus poderes, uma vantagem grande para mim, além de ela não ser versada em combate, além de ser estressada, o que me dará um grande descanso.

— Elas não têm culpa das ações de Zeus. Ele deveria ser responsabilizado, não elas. Sugiro que vá embora antes que me irrite de verdade.

O rosto de Hera se contorceu de ódio e soube que havia conseguido, como imaginei, fácil demais para manipular.

— Sua bruxa imunda!

Hera tremeu pela raiva, manipulou o ar em sua volta, lançando rajadas de vento. Meu escudo surgiu automaticamente, devolvendo o ataque.

O espanto dos meus pais e de Helena ecoou pela sala. É... ela não sairá daqui, preciso tirá-la à força, ou seja, lutar com uma deusa e me meter diretamente em suas ordens.

Saco!

— Pelo visto, quer dançar, não me oponho — provoco, sorrindo maliciosamente.

O semblante dela apenas reforçou minha certeza, ela é movida pelos sentimentos, não raciocina direito.

Tola!

Ego te in carcerem.

Um círculo vermelho se formou sob os pés de Hera, correntes surgiram e a prenderam. Sem hesitar, lanço o feitiço do sono e ela caiu inconsciente.

— O que fez? — Helena olhou espantada para ela.

— Ela está presa, não por muito tempo. Vou alterar suas memórias para ganhar tempo — minhas mãos brilharam em vermelho, ao redor das têmporas da deusa.

— Pensei que não quisesse se envolver — Helena me olhou sem entender.

E não quero!

Mas desde que salvei a criança, já estou envolvida, o pior é que meus pais foram vistos por Hera, estamos condenados apenas por estar na presença da humana com quem Zeus se envolveu.

— Infelizmente, desde que salvei a vida de sua filha, já me condenei, agora deixa me concentrar!

Alterei as memórias de Hera, alterando sua percepção, para que ela acreditasse que ainda estava procurando por elas, e a enviei de volta para o Olimpo.

— Não vai demorar até que ela perceba, porque possui a habilidade de alterar memórias.

— O que vamos fazer? — mamãe olhou confusa ao redor.

Não contive o suspiro exasperado ao ver o quanto a minha família está envolvida com a situação e não queria nada daquilo.

— Hera condenou duas pessoas à morte, Thanatos não irá sem duas almas.

— Já fez muito por mim e agradeço, não posso colocá-los em perigo — Helena suspirou, resignada.

Uma dor assolou meu coração ao escutá-la, pelo visto ela não entendeu a gravidade da situação, não é mais apenas a vida dela e sua filha, agora todos estamos em perigo.

Meus pais, principalmente!

— Não entendeu nada! Estamos todos condenados, Hera é vingativa!

Aquela maldita!

O desespero tomou conta de mim, meus pais apenas sorriram tranquilos, aceitando o destino, enquanto Helena assumiu um semblante apavorado.

— Não sinta culpa, fez o que era certo para salvar sua filha! — mamãe pegou a mão de Helena com ternura.

O amor em seus olhos deixou Helena desesperada. Mamãe apenas a abraçou, acalentando seu choro por alguns instantes, soltando-a quando seu soluço cessou. Mamãe afastou-se, aproximando-se de mim com olhar que conheço bem e me aterrorizou demais.

— Querida, há algo que possa fazer?

O medo me envolveu, seu sorriso doce desenhou-se na face tranquila e seus braços se abriram. Sabia que esse seria nosso último abraço, aconchego mais, sentindo o calor materno emendando dela, o que ocasionou uma ruptura nos meus sentimentos.

Não quero perdê-los, não posso viver sem eles!

Malditos deuses!

— Não tenha medo, nossa vida prolongou-se demais e sabe disso.

— Mãe...

As lágrimas escorriam sem controle, meu pai se juntou a nós, o calor deles ao meu redor aqueceu meu coração, mesmo que sentisse ele destroçado, pois sei que ambos estão decididos.

— Minha querida, somos velhos, nossa hora chegaria em algum momento, estamos felizes em salvar duas vidas. Sabe que pode fazer isso, então faça.

Com o coração apertado, afasto-me dos dois, gravando seus sorrisos doces, e invoco meu cetro, sabendo que essa será a magia mais difícil da minha vida.

O desespero ocasionou uma intensidade na minha magia, o tom roxo fluiu e um pentagrama surgiu no chão.

Domine mortis, ego te invoco.

O ambiente ficou cada vez mais gélido e uma densa névoa negra cobriu tudo ao redor. Ao centro do pentagrama, Thanatos surgiu. Sua aura perigosa preencheu o ambiente, me assustando levemente, pois é a primeira vez que o vejo. Estar em sua presença é inquietante, o ar pareceu mais pesado, quase palpável, como se algo invisível estivesse drenando a vitalidade do lugar.

— Quem me invocou? — a frieza emanada de sua voz fez meu coração bater mais devagar, o ar paralisou em meus pulmões, como se a respiração fosse um desafio.

Meus poderes agiram automaticamente para proteger não somente a mim, mas os presentes.

Me ajoelhei, respeitosa, mesmo desprezando todos os deuses, ainda consigo respeitar seus poderes, mas os conheço o suficiente para saber que demonstrar sentimentos é burrice.

— Perdoe-me por incomodá-lo, sou Sarah, sei que está à procura de duas almas.

Seus olhos profundamente negros miraram os meus, me julgando para saber se sou digna de sua atenção. O silêncio percorreu o ambiente, tão profundo como se todos os sons do mundo fossem sufocados, deixando apenas um vazio assustador. Sua presença traz uma estranha mistura de paz e pavor, como uma aceitação silenciosa de luta terminada, mas também o medo primal do corpo ao saber que está à beira de algo irrevogável.

— Sarah, escolhida por Hécate.

Embora surpresa por ele saber de mim, mantive a compostura.

— Sim, sou a escolhida por Hécate.

Seus olhos brilharam em malícia, mas ele manteve o semblante neutro.

— Senti a marca dela em sua alma — ele respondeu, frio.

Thanatos sabe com quem está lidando, ao contrário de Hera, embora não seja surpresa, dado ao lugar onde ele mora, que também é morada de Hécate. Isso me alivia, mas também aumenta o peso da situação.

— Sabe perfeitamente que não negocio almas — Thanatos examinou o local com desprezo.

Logicamente, ele entenderia o motivo da convocação, ele jamais deixaria uma alma escapar, ainda mais por uma ordem da suprema do Olimpo.

— Sei, mas também sabe que tenho poder para barrá-lo.

Seus olhos brilharam numa fúria contida, sua aura se intensificou, aumentando minha preocupação.

Ele não é como Hera.

— Bruxa, está me ameaçando?

— Jamais ousaria fazer isso, é apenas um lembrete.

Se ele não aceitaria um acordo, não preciso ser cortês!

Agora estou em jogo! Para salvá-las, entrarei num confronto direto com os deuses, não somente indo contra Hera, mas os deuses do submundo. Ideia desconsiderada a princípio por respeito à vida dos meus pais, mas eles se sacrificaram por ela, não tenho alternativas.

Vitae duarum salvae sint — recitei o feitiço, lançando-o sobre a Helena e Mel.

Thanatos me encarou sorrindo friamente.

— Está entrando em um terreno perigoso.

Nullus deus eas tangere, aut in fata eorum intervenire poterit — completei o encantamento, ignorando sua ameaça.

Helena estava confusa, mas mamãe sorriu, entendendo o que fiz.

— Estão salvas, nenhum Deus poderá interferir em suas vidas, aconselho que partam rapidamente para outro lugar.

Helena tentou falar, mas eu a interrompi.

— No momento em que salvei sua filha, meus pais foram condenados, então eles se sacrificaram — apesar da dor, minha consciência está limpa, pois dois inocentes ficarão longe dos deuses.

Helena olhou horrorizada para minha mãe, que segurou sua mão com ternura.

— Fique tranquila, fizemos o que era certo.

— Será julgada no submundo! — Thanatos intrometeu-se.

O ar ficou mais denso e pesado, assim como minhas vistas. A última coisa que vi foram os olhos assustados de Helena, antes de sumir na névoa escura, junto de meus pais.

Mater Hecate, benedic domum meam, custodi familiam meam et serva nos in tua misericordiosa protectione, abige omne malum, sit ita: Mãe Hécate, abençoe meu lar, proteja minha família e guarde-nos em sua proteção misericordiosa, afaste todo mal, que assim seja.

Ego te in carcerem: Eu vou te colocar na prisão.

Vitae duarum salvae sint: Que a vida das duas sejam salvas.

Nullus deus eas tangere aut in fata eorum intervenire poterit: nenhum deus poderá tocá-las ou interferir em seus destinos.

Domine mortis, ego te invoco: Senhor da morte, eu o invoco.

Helena

Ela é a humana que Hera persegue por ter se envolvido com Zeus e ter engravidado dele, eu imaginei ela mais ou menos assim.

Heitor

Ele é o pai adotivo da Sarah.

Cibele

A mãe adotiva da Sarah.

Blair

A mãe biológica de Sarah

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