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Capítulo 2


O ruído intermitente chegava aos ouvidos causando dor e irritação. E cada segundo ignorado a sua intensidade aumentava e aquele som estridente já não dava mais para ser ignorado. Uma mão larga de dedos cumpridos terminaria com aquela tortura matinal desligando bruscamente o despertador.

— Bom dia!

O segundo som ouvido por Thiago aquela manhã já tinha efeito contrário, o primeiro o irritava e o segundo lhe acalentava. A voz de sua companheira vinha como um abraço quente e apertado.

— Bom dia. — Thiago responde ainda imerso em seu sono.

— Vem cá me dar um cheiro. — Laura abria seus braços o convidando para o seu carinho costumeiro.

— Só você mesmo para me animar a essa hora da manhã. Vem cá você! — puxou-a de encontro a seus braços, cheirando seu pescoço. Além do calor daquele corpo miúdo o cheiro dela lhe dava paz.

— Isso está muito gostoso! — Laura afundava naquele abraço. — Só que ainda não temos a vida ganha, então vamos ter de levantar para ir trabalhar. — olhou para ele com ar de suplica — Você tem sorte... — Thiago a olhou com ar divertido, já sabia o que ela diria. — não vai precisar atravessar quase a cidade inteira é só descer as escadas. — e assim abandonou os braços do homem pelo qual era completamente apaixonada e seguiu em direção ao banheiro.

— Isso é verdade, por isso posso me permitir mais uns minutos nessa cama. — Thiago aproveita a ausência e se esparrama pela cama.

— Seu folgado!

Laura seguiu para sua rotina de toda manhã, banheiro, troca de roupa e a preparação do café da manhã, enquanto que Thiago seguia na sua de preguiça o que nem sempre fora assim. Na maior parte de sua vida mal teve um teto sobre cabeça e por conta disso aproveitava o que a vida estava lhe proporcionando naquele momento.

Laura sabia das dificuldades que ele havia enfrentado quando mais jovem e não era com isso que implicava. Ele ficar um tempo a mais na cama não era problema e sim o que ocasionava esse cansaço. Thiago todas as quartas-feiras encontrava-se com alguns amigos para jogar cartas e acabava voltando muito tarde e em um estado de bebedeira que a deixava triste e preocupada.

— Vocês precisam mudar o dia do carteado. Meio de semana é cruel, hoje você ficará imprestável.

— É para isso que pago meus funcionários na oficina. Um homem também tem que ter seu momento de lazer porra!

Se tinha algo que Thiago não suportava era ser repreendido e muito menos por ela. Seu temperamento explosivo era o causador de várias brigas sem sentido e por saber como ele era Laura fingiu que não escutou o que ele havia dito. O dia havia começado bem, e não estava disposta a se magoar logo pela manhã.

A mesa do café já estava a sua espera quando Thiago finalmente apareceu de banho tomado e com o seu semblante de poucos amigos. Quando a expressão em seu rosto estava em paz Laura o achava o homem mais bonito com que se relacionou e não apenas ela, várias mulheres compartilhavam da mesma opinião e ele soube durante muito tempo se aproveitar dela. A oficina mecânica que ele possuía fora um dos "presentes" que ganhou de uma das mulheres que por sua vida passou. Alto e de peso bem distribuídos, durante um tempo na juventude chegou a ser um lutador e o trabalho braçal que teve na maior parte de sua vida ajudaram a delinear seu corpo. Laura gostava de dois detalhes em particular. Os cabelos em um tom aloirado um pouco compridos que criavam ondas e seus olhos. Ela via o mar contido ali dentro. Horas em um tom de azul e em outros momentos bem próximo aos verdes.

Laura também não deixava de ser interessante. Se ele era para ela o homem mais bonito com quem esteve, isso acontecia para Thiago também como uma verdade. Laura era a garota mais bonita pela qual se apaixonou. A diferença de idade entre eles era pouca, Thiago três anos mais velho do que ela. A diferença mais gritante entre eles estava na altura. Laura é pequena, quase infantil quando comparada a ele, um pouco mais loira e de olhos castanhos escuros e não tão magra, podemos dizer que tem curvas.

Se conheceram há dois anos e desde então partiram para uma vida a dois. Foi para ambos uma paixão fora do comum. Que de certa forma assusta ambos com a mesma intensidade, ele joga essa questão na vida de afetos comprados que foi lançado desde garoto e ela na solidão. Cada qual têm suas almas quebradas e juntos tentam se consertarem. Talvez por isso mantinha-se presa nesse relacionamento cheio de altos e baixos, aguentando as explosões de Thiago.

Thiago sentaria a sua frente em silêncio com a cara amarrada se servindo dos alimentos. Uma noite de bebedeira o deixava com muita fome no dia seguinte. Laura já havia tomado o seu e seguia com a leitura do jornal, hábito que sempre teve desde que começou a ler quando criança, algo que deixava seu pai orgulhoso já que ele mal sabia ler.

—Thiago! Olha isso aqui — Laura estala seus dedos chamando atenção de Thiago — Olha quem está sendo enterrado hoje cedo.

— Quem? — não havia muito interesse em seu questionamento.

— O Sr. Bernardo Salles!

— E eu deveria saber quem é essa pessoa?

— Como assim você não sabe quem é o Sr. Salles? — Laura estava surpresa, praticamente todos sabiam quem era Bernardo Salles, assim ela supunha, já que havia cartaz de propaganda da empresa dele com seu rosto estampado por todos os lados. — Ele é praticamente o dono dessa cidade. É o dono da Construtora Salles que domina o mercado.

— Bom meus pêsames, ou não, o fato dele estar vivo ou morto não muda nada a minha droga de vida, me passa a manteiga. — Thiago responde com desdém.

— É esse humor que teremos de você hoje! Bom estou indo até mais tarde.

Laura ignorou o olhar agressivo que ele lançou e mesmo assim se arriscou a lhe dar um beijo. Seguiu para sua jornada até o trabalho de professora primária do outro lado da cidade.

Thiago terminaria seu café minutos após a partida de Laura descendo para o andar debaixo onde havia instalado sua oficina mecânica. O dia prometia. Vários carros em manutenção que precisavam serem entregues aos seus donos ansiosos pelo final de semana que se aproximava e essa pressão deixa Thiago com o humor oscilante.

E observando a quantidade de serviço que o aguarda teve que concordar com Laura sobre o dia do seu jogo de cartas. Quando mais jovem aguentava ficar acordado a noite toda e ir direto para o trabalho, mas agora com 38 anos já começa a pesar e o cansaço ficava evidente em seu corpo.

O trabalho intenso na oficina não foi suficiente para tirar da mente de Thiago o remorso de ter tratado mal Laura pela manhã e por conta disso resolveu fazer naquela noite o jantar como um pedido de desculpas.

— Hum! O cheiro aqui está ótimo! — Laura havia chegado sorrateira sem que Thiago percebesse e o abraça pelas costas.

— Espero que você goste.

— Claro que vou gostar! Tudo que você faz eu gosto se esqueceu? — ela o aperta mais ainda, sentindo o cheiro do sabonete fresco ainda misturado com o cheiro da graxa. — Vou tomar um banho enquanto você termina de preparar.

Thiago a seguiria com o olhar, observando o caminhar sensual e ritmado de Laura. Toda vez que a via dessa forma, sentia algo ruim dentro do peito, como se algo maligno o dominasse e pensamentos ruins o assombravam. Ele morria de ciúmes daquela mulher e sabia que seria de fazer algo muito ruim por ela ou com ela.

Laura retornou com os cabelos úmidos vestindo uma roupa confortável, mas que mesmo assim não escondiam toda a graciosidade de seu corpo. Ele colocou o prato com o espaguete – o único prato que sabia fazer – a sua frente e sentou ao seu lado. Ele quis saber como havia sido o seu dia, algo raro de acontecer, normalmente Thiago não dá atenção a atos cotidianos e não vê importância nesses simples gestos. Laura de outro lado, amava quando acontecia e ficou feliz em saber que o mau humor matinal do companheiro havia passado e que teria uma noite tranquila juntos. Ele o ajudou com as louças após o jantar e também propôs que vissem algo na televisão. Laura tem fracos por programas musicais. E ali encaixados um no outro no sofá Thiago deixaria explicito que concordava com ela sobre o que ela havia lhe dito pela manhã.

— Sabe você tem razão, devia mesmo mudar esse dia do carteado, para sexta-feira, assim sábado eu posso dormir até mais tarde e não ficarei tão cansado. Mal estou conseguindo ver esse programa com você.

— Ah que pena! Pensei que você tivesse outros planos para nós dois, já que preparou esse jantar todo. Achei que fosse parte do pacote das suas "boas" intensões comigo. — Laura pararia de acariciar seus cabelos avançando para outra parte do corpo de Thiago.

Thiago em resposta guiou a mão dela até entre suas pernas. Bastou ela insinuar para que ele ficasse excitado. Lauro deixou ser conduzida enquanto ele buscava pelo seus lábios. O beijo os levaria para outro lugar. Com as pernas de Laura em volta de sua cintura Thiago a levou até o quarto a tomando por inteira para si. Carícias, línguas, beijos, múrmuros de prazer tomariam aquele quarto. Laura agarrava a aqueles cabelos compridos puxando com força à medida que seu prazer aumentava enquanto Thiago enfiava seu rosto por entre suas pernas, reivindicando para si o prazer de sua amada. Algo que ela não lhe negou, apenas inverteriam de posição quando a satisfação lhe acometeu e agora proporcionaria as mesmas sensações para o seu parceiro que nesse momento mudava. Os traços bronco dele nesses momentos eram suavizados. Thiago apenas se mostrava mais bruto no ato do sexo quando bebia e nesses momentos Laura o evitava, mas não era o que estava acontecendo naquela noite, ela o queria por inteiro bem ali dentro de sua boca. O teve o máximo que ele permitiu para depois se jogada de bruços e ter o peso dele sobre suas costas. Ela sentia seu hálito e mordidas em seu ombro. Ouvia seu respiração ficando ofegando e seus murmúrios rosnados. Mas ela queria mais e de outra forma. Ela queria olhá-lo dentro dos olhos. Queria a ver suas cores mudando conforme o oceano mudava diante da ação do tempo e o mesmo acontecia com Thiago. Ela reivindicou e ele cedeu. Agora sobre seu colo, Laura ditava as regras. E ele somente nesse ato deixava ser dominado até não ter mais forças ou ar preenchendo seus pulmões e sempre com um urro alto deixava claro que estava liberto e renovado.

— Mulher! Um dia você vai me matar.

— Jamais faria isso com você, e perder o meu parque de diversões, jamais!

— Parque de diversões? Então é isso que sou para você?

— Você sabe que é muito mais que isso para mim.

Ele não sabia. Ele não sabia nem o que era parasi. Mesmo com ela ali toda entregue, dizendo o quanto o amava, mesmo recebendoseus carinhos e beijos sinceros e ele não se permitia saber. A certeza quesempre levou consigo a vida toda é que nada dura para sempre e em algum momentoela o deixaria, mas tinha algo que ele sabia. O que ele sabia que quando issoacontecesse um dos dois sairia morto no final.    

xXx

Oi amores! Espero que estejam gostando e se estiverem que tal deixar aquela estrelinha no final? Beijos! 

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