Capítulo 18
Após o evento os laços entre os irmãos se estreitaram ainda mais. Quem não sabia por tudo que eles haviam passado diriam que sempre viveram juntos e eram melhores amigos. Diante dessa aproximação, Silvia teria uma ideia. Fazer a ceia de Natal na sua Mansão.
— Laura o que você acha dessa ideia?
— É maravilhosa! Finalmente essa casa imensa ficará repleta de pessoas e não apenas de objetos. O único problema: Thiago. Parece que ele não gosta muito de você, Silvia.
— Eu preciso me desculpar com ele, afinal o expulsei. Depois daquele dia ficou um clima esquisito entre nós. — Silvia não podia contar a verdade por trás daquele tratamento que Thiago deferia a ela.
— Conte com Bruno para isso. Ele tem um dom especial e irá conseguir convencer Thiago de vir e Ingrid é um amor, vou falar com ela também.
— Bonito da sua parte e dela também, vocês duas ficaram amigas.
— Temos que ficar, por eles, imagina se nós duas ficássemos de cara feia uma para outra. Já tinham um abismo entre eles não podíamos fazer com que este aumentasse.
— Fico feliz que vocês duas pensem assim. E como está Thiago e você? Há algum empecilho?
— Já teve. Agora ele consegue me olhar, conversar e até sorrir. Mas esquecer não conseguiremos. O que tivemos foi forte para se apagar completamente.
— Gosto da sua sinceridade. Você realmente é uma moça especial. Sendo assim, vou precisar de ajuda para organizar tudo isso, posso contar com você?
— Claro que pode!
E assim foi decidido. A ceia de Natal aconteceria na Mansão Salles. Os filhos do novo esposo de Silvia também foram convidados e viriam com suas esposas do interior onde viviam em suas fazendas de soja e cana de açúcar.
— Sejam bem-vindos! — Marisa atendera a porta para a família Silva.
— Obrigada! — Ingrid agradeceu.
Tim estava mudo e de cabeça baixa. Não saia de sua cabeça a forma horrorosa que tinha tratado aquela senhora na última vez que ali esteve. A vergonha o consumia.
— Me acompanhem que irei mostrar seus aposentos. O garoto senão se importar ficará em um quarto com um dos netos do senhor Fonseca, vocês tem a mesma idade. — Marisa sorria para o menino que sorriu de volta para ela.
— Não vejo problemas quanto a isso não é, João? — Ingrid perguntava ao filho.
— Não mãe!
— Desculpas pela forma como tratei à senhora da última vez em que estive aqui.
— Não precisa se desculpar. Entendi a situação em que estava naquele dia.
Dizendo isso, Marisa os levariam Mansão adentro, Ingrid e João estavam deslumbrados com aquele local. Imenso e imponente. Marisa os acomoda e informa que os outros estão no salão de jogos no térreo perto dos jardins.
O que viria em seguida foram as apresentações acompanhadas das caras de espantos. Bruno ria disfarçando a cada careta que Thiago fazia sem perceber quando os filhos e noras de André comentavam sobre aparência igual dos dois.
Os homens em um determinado momento seguiriam para biblioteca onde tinham o minibar se servindo de bebidas e a conversa começou a fluir entre eles. Thiago depois de alguns copos resolveu sair para fumar um cigarro, vai até área externa e para a sua surpresa Silvia estava ali sozinha também fumando um cigarro.
— Por favor! Fique. — Silvia o chama de volta assim que ele fez menção em retornar.
— Não quero te atrapalhar.
— Sabemos que não é isso. — Silvia caminha em direção a umas cadeiras que ficavam ali e faz sinal para que ele sentasse também — Temos que parar com isso e conversar normalmente. Eles já perceberam que tem algo de errado entre nós.
— Por isso que eu não queria vir aqui. O que aconteceu conosco ninguém pode saber.
Thiago acabou aceitando o convite e sentou em uma das cadeiras ali presente, escolheria a mais afastada de Silvia.
— Nisso você está certo. Não gostaria que meu marido ou Bruno soubesse e sei que você não contará, então não tem problemas em sermos amigos de agora em diante, já que isso irá morrer conosco e não se repetirá.
— Eu tenho que te pedir desculpas pela forma como te tratei naquele dia.
— Não precisa se desculpar. Mereci pela minha indiscrição, onde eu estava com a cabeça de te procurar daquela forma.
— Mas não justifica...
— Olha menino, teremos que seguir em frente. Não terás uma mãe em mim, nem Bruno teve isso direito, mas pode ter uma amiga quando se fizer necessário, sou uma boa ouvinte e eu gosto de você, não daquela forma, pode ficar tranquilo.
— Obrigado pelo conforto. E desculpas por ter destruído algumas coisas e te agredido naquele dia. Eu estava totalmente fora de mim.
— Sou eu que agradeço por ter destruído aquele maldito retrato! Agora quanto a ter me agredido aquilo realmente me assustou, mas sei que nunca mais fará nada igual.
— E não farei. Ainda sente raiva dele?
— Não mais. Na verdade não sinto mais nada por ele, nem saudades. O encanto acabou quando aquele quadro foi destruído. Voltei a viver e redescobri o amor quando achava que nunca mais poderia amar. André é fantástico.
— Que bom, fico feliz por você. Realmente está até mais bonita.
— Menino! Olha a conversa que acabamos de ter.
— Estou apenas lhe elogiando e não te cantando.
Silvia lhe dá um beijo em sua testa e volta para dentro. Thiago ficaria ali observando o horizonte acendendo mais um cigarro, tempo suficiente para outra pessoa o encontrar.
— Posso? –
Laura entrou no terraço e apontou para cadeira ao seu lado.
— Claro que pode. Quem sou eu para impedir alguma coisa aqui.
Thiago voltaria a fica incomodado, não gostava de estar com ela sozinho em ambientes que poderiam ser surpreendidos ou mal interpretados, o passado que tiveram sempre pesaria. Ele seguiu fumando e ela sentada ao seu lado em silêncio também encarando o horizonte onde o sol perdia a sua força.
— Achei que tinha largado esse péssimo hábito. – Laura cortaria o silêncio.
— Maldito vício! — Thiago olhou para a ponta acessa de seu cigarro que já estava quase no fim. — Me acalma
— É uma pena que seja isso que o acalma. O que está achando? – Laura não esperou resposta e seguiu: — Diferente de tudo, não é? Eu levei muito tempo para me acostumar com essa vida.
— Você não é feliz, Laura?
— Claro que sou! Às vezes gostaria de algo mais simples, sem pressões sabe? Não vou saber te explicar.
— Não precisa eu sei muito bem como é. Tenho saudades também.
— Será que um dia poderemos nos tornar amigos?
— E o que nós somos agora?
— Amigos que não é.
— Você é minha cunhada agora, mas olha para mim... — Laura se voltou para ele — Quer que eu vá ai e te abrace? Te beije? Não dá para fazermos isso sem que as pessoas nos olhem estranho. Tivemos uma história e ela não terminou bem.
— Eu sei. Não é isso. Eu sinto saudades das nossas conversas. Eram divertidas. Você me fez chorar diversas vezes, mas me fez sorrir muito mais.
— Agora você me deixou feliz em saber que te fazia sorrir. Você também fazia isso comigo, mas também despertava o pior em mim. Aquele ciúme doentio e incontrolável.
— Você me sufocava com isso.
— Medo. Era o que eu tinha quando estava com você. Com a Ingrid não sinto isso. Tenho ciúmes dela lógico, mas é diferente não sei explicar. Bruno também tem ciúmes de você, ou não percebeu?
— Ele é mais sutil que você.
— Sutil? Com os outros, mas não quando eu estou por perto. — eles riram. — Não o culpo, eu no lugar dele jamais nos deixariam sozinhos como estamos agora. Nisso ele é melhor que eu. Sabe confiar eu não. Eu só quero mesmo é que você seja feliz.
— Eu estou sendo.
— Me sinto aliviado. Eu prometo tentar melhorar de agora em diante, vamos nos fazer sorrir novamente.
— É o que mais quero. Você foi muito importante em minha vida, Thiago.
— E você na minha.
— Vou entrar.
— Vou fumar mais um cigarro e já entro. –
Laura o deixaria com olhar de reprovação e antes que terminasse seu segundo cigarro Ingrid iria até seu encontro.
— Estava igual uma louca te procurando! O que está fazendo aqui fora?
— Conversando com os fantasmas do Natal.
— Como assim? – Ingrid olha para ele e ri sem entender.
— Sabe aquele conto de natal em que um velho recebe três fantasmas ou algo parecido. Um lhe mostra o passado o outro o presente e por fim o futuro, mais ou menos isso estava acontecendo comigo.
— E o que você está tirando de tudo isso?
— Não sei falta aparecer o do futuro. Vem cá! — Thiago a puxa fazendo com que ela se encaixe em seu colo. — Como é bom sentir o seu calor e seu cheiro, mulher!
— Eu também adoro te sentir. — Ingrid lhe beija e é correspondida na mesma intensidade. — Vamos entrar?
— Eu estou indo, vou só terminar o cigarro e te encontro lá dentro.
Ingrid lhe beija novamente levanta do seu colo. Finalmente estava sozinho como queria, mas não por muito tempo, outra pessoa o encontraria ali sozinho. O último fantasma.
— Entediado, meu irmão? — Bruno chega sorrateiramente.
— Um pouco. O que você fazia para se divertir nessa casa imensa?
— Eu lia.
Eles se entreolham e dão uma gargalhada.
— Puta que pariu! Não acredito que você tinha essa casa imensa e ficava lendo.
— O que você faria se tivesse vivido aqui?
— Sei lá, mas ler não seria uma opção. Vocês têm quadras de tênis, futebol, piscina, eu encheria isso aqui de amigos, daria festas. Fico imaginado o que tem de esconderijos legais para se levar uma garota.
— Têm vários, mas era tonto e não aproveitei. Meu pai... — Bruno hesita — Nosso pai...
— Seu pai. — Thiago interrompe — Não o vejo como meu e nunca o verei então pode se referir a ele como sendo só seu eu não me importo.
— Ele não gostava muito que meus amigos viessem aqui e fizesse festas como você sugeriu, temos tudo isso, mas sabe foi muito pouco usado. Eu sempre fui muito tímido passava a maior parte do tempo estudando.
— Um nerd. — havia um tom de deboche nas palavras de Thiago.
— E dos bons se quer saber. Marcos foi quem me tirou do casulo na faculdade. Foi só lá que perdi minha virgindade, por isso, Amanda fez o que fez comigo.
Bruno seguiria contando como foi a sua infância e adolescência. Contou mais sobre o pai e dessa vez Thiago escutou. Mesmo sabendo das histórias sobre ele não mudou a má impressão que tinha. Essa batalha Bruno tinha perdido.
O dia passaria tranquilo. As crianças descobriram as imediações da propriedade e aprontaram algumas artes. As gêmeas eram os centros das atenções fazendo suas gracinhas. Pulavam em cima de Thiago que se jogava no chão com elas. Era o tio legal que fazia as coisas erradas enquanto que Bruno e Laura ficavam com a parte da correção.
Após a ceia todos voltaram para a sala de estar onde Marisa serviu a sobremesa e as crianças começaram a abrir seus presentes. Eram risos e gargalhadas. Todas ficando satisfeitas com aquilo que estavam ganhando. Já era tarde as gêmeas não aguentaram e apagam no sofá. Bruno pega uma e Thiago à outra as levando para o quarto.
— Não existe coisa mais linda que isso.
Thiago contemplava as sobrinhas dormindo tranquilas em suas camas.
— É a visão do amor, da ingenuidade e da pureza.
— Não é certo o que vou te falar, mas eu sinto como se elas fossem minhas. Eu nunca vou deixar que ninguém as machuque, da mesma forma que protejo João eu as protegerei.
— Fico feliz em saber disso. Fico mesmo. Vamos descer nos esperam lá embaixo.
Antes de deixarem o quarto Thiago o impede.
— Bruno, espera.
— Aconteceu alguma coisa?
— Não, só queria dizer que te amo, meu irmão.
Bruno olhava com espanto. Não conseguia acredita que ouviu aquelas palavras vinda do outro. Devia ser o álcool falando mais alto. De toda forma quando estamos bêbados dizemos as verdades. Sendo assim Bruno o abraça e também diz que o amava. Voltaram os dois para sala ainda tentando conter as lágrimas.
— Aconteceu alguma coisa, meu amor? — Laura pergunta para Bruno.
— Sim! Hoje realmente posso dizer que tenho um irmão.
Bruno a abraça. Thiago também recorre aos braços de Ingrid que o aninha e o afaga.
— Está tudo bem? — Ingrid questiona.
— Está tudo perfeito!
Algumas folhas dançavam do lado de fora embaladas pela brisa. Foi o Natal mais esperado e feliz de Bruno e Thiago, enfim agora se viam e se amavam como irmãos. Finalmente Bernardo Salles descansaria em paz.
Fim.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro