
Capítulo 17
Outros encontros aconteceriam e uma vez que Thiago se mostrou aberto a uma amizade, Bruno não permitiria que o irmão saísse de sua vida. O começo foi cauteloso das duas partes e também o retorno de Bruno atrás do comando da construtora que leva o nome de sua família.
— Apenas acho que não tem necessidade de você voltar assim tão cedo. Marcos está fazendo um ótimo trabalho. — Laura tentava em vão argumentar que ainda era cedo para ele deixar o repouso e seus cuidados.
— Eu confio plenamente nas decisões do Marcos. Eu que vou enlouquecer se ficar mais um dia aqui sem ter nada para fazer.
— Muito injusto você falar isso, até parece que não gosta de ficar comigo e suas filhas.
— Não vou nem responder, senão iremos brigar. Você é quem está sendo injusta agora. Só não voltou a trabalhar como professora por que não quis, nunca impedi. Entenda; a construtora é a minha essência. Não consigo ficar sem ela, se não voltar ai sim corro o risco de ficar doente.
— Desculpa meu amor. Eu tenho tanto medo de te perder que enlouqueço. Apenas me prometa que vai dar uma desacelerada, vai ficar mais tempo conosco.
— Isso posso fazer. Dê-me aquele beijo que só você sabe.
Laura por mais que tentasse, jamais conseguia resistir aquele olhar e foi em sua direção fazendo o que ele havia pedido.
— Deixe-me te sentir hoje? Já estou bem, não aguento mais ficar assim perto e ao mesmo tempo longe de você.
— Tenho medo de exigir demais de você.
— Eu estou ótimo. E vamos devagar se sentir que algo não tá legal nós paramos, mas eu preciso te sentir.
— Veremos isso mais a noite.
— Já está melhorando. Agora tenho de ir. Volto depois do almoço. — Laura lançou um olhar de reprovação — Não olhe assim. Irei me alimentar e se dúvida pode perguntar ao Thiago. Iremos almoçar juntos hoje.
— Fico feliz por vocês estarem se permitindo criar uma amizade. Você podia voltar a convidá-lo a vir mais vezes aqui.
— Ele não vem. Você sabe disso.
— Eu sei.
— Mas ele virá, não fica triste.
Bruno selaria aquela conversa depositando um beijo apaixonado nos lábios de Laura. A manhã seguiu agitada para Bruno em seu retorno. Marcos o colocaria a par dos assuntos da construtora. Seus funcionários lhe prepararam uma belíssima recepção. E assim acabaria sendo aquela manhã indo de departamento em departamento conversando com todos. Recebeu abraços, apertos de mãos e algumas lembranças quando se deu conta já era o horário do almoço e Thiago o aguardava. As pessoas ainda não tinham se acostumado com essa semelhança entre eles.
— Sabe se ficar doente novamente ou precisar viajar irei deixar você aqui no meu lugar e ninguém notaria minha ausência. — Bruno vai em direção ao irmão e lhe dá um abraço.
— Até eu abrir minha boca e soltar o primeiro palavrão. — eles se entreolham e dão risadas. — Está pálido; não acha que voltou cedo demais?
— Ela ligou para você não foi?
— Ela quem?
— Laura. Tá falando igual a ela.
— Presta atenção... — Thiago olhou muito sério para o irmão — Não passei por aquele processo doloroso para você passar dos limites e voltar a ficar doente. E agora que estamos nos conhecendo não vou admitir te perder, devia ouvir sua mulher e ir com calma, isso aqui não é tudo que você tem, mesmo que você fique sem nada um dia, o que é impossível, terá ela e eu para lhe ajudar.
— Tudo bem papai! — respondeu em tom de brincadeira — Prometo não ir além do que eu posso, também não quero perder esse laço que estamos construindo mesmo que tardio. Então vamos almoçar?
— Vamos e estou disposto a vir aqui todos os dias para almoçar e te levar para casa.
— Iria gostar.
O retorno para casa depois daquele primeiro dia foi animado para Bruno. Ter vistos os rostos dos seus funcionários e depois do almoço agradável com irmão planejava ter mais uma recompensa: a noite de amor com a sua amada esposa.
— Meninas dormindo e você sendo só minha finalmente. — Bruno laça Laura pela cintura e lhe dá um beijo apaixonado.
— Não acha que teve um dia agitado demais? — Laura dá uma afastada com seu corpo, o que fez com que ele a soltasse.
— Dá para parar com isso! — Bruno responde ríspido — Se não quer me fala logo. Meu médico liberou para o trabalho e para o sexo. Já fez meses que recebi alta, esse zelo já está sendo exagerado da sua parte, na verdade na parte de todos! — Bruno cansou, explodiu, já fazia tempo que ele queria dizer isso.
— Não é isso. — Laura se assustou ele nunca havia agido dessa forma — Não que não queira, é lógico que eu quero. Olha para mim... — Bruno se afastava e desviava o olhar — Eu te amo e por te amar demais tenho medo de você ter uma recaída e passar mal novamente. — Laura conseguiu segurar seu rosto.
— Desculpa pela forma como falei com você, mas eu estou cansado de você me tratar como um inválido. Sei que quase morri e mais do que ninguém quero viver por vocês. Você tem que me dar um voto de confiança e acreditar quando eu digo que estou bem. — segurava as mãos dela envolta do seu rosto.
— Você tem razão. Você me dirá se tiver algo de errado com você, não é?
— Lógico que falarei. — não era totalmente verdade. — Só que agora vamos dormir você quebrou o meu clima.
O amor que tanto queria acabou sendo feito na manhã seguinte. Foram suaves, delicados um com outro, se sentiram, provaram, cheiraram, mas tudo de forma sutil, Laura ainda tinha medo de machuca-lo ou exigir demais. Aquele amor que fizeram na verdade foi o que o alimentou e lhe deu mais energia. O trabalho na construtora fluiu ainda melhor, o almoço com o irmão também e depois a tarde que passaria com suas filhas para a noite fazer amor novamente com Laura. E assim foi o resto da semana, ele se fortalecendo e voltando a sua rotina normal.
Em meados de setembro o clube de campo do qual os Salles eram sócios, preparam algumas comemorações e dentre elas algumas homenagens. Essa seria a primeira que Bruno receberia depois da morte de seu pai Bernardo. Sendo assim, além de ter ao seu lado a sua amada esposa, Bruno queria que outra pessoa estivesse ali presente o seu recém-encontrado irmão. Esse evento seria o primeiro em que apareceriam juntos. Essa agitação toda estava incomodando Thiago que apenas aceitou fazer parte pela insistência de duas pessoas: Bruno e Ingrid.
O grande dia chegou. E Bruno estava ansioso para mostrar a todos seu irmão, seu salvador. Era assim que o via agora. As pessoas de fora provavelmente não o veriam da mesma forma. Thiago jamais mudaria por completo a sua essência. Era difícil para ele fingir diante de algo que não lhe agrada.
— Ingrid, Thiago! Venham!
Laura os viu chegando timidamente no clube de campo e os recebe com um sorriso imenso no rosto. Estava vestida de forma impecável em um vestido de seda floral, os cabelos presos em um coque bem feito com uma maquiagem suave.
— Olá, Laura! Está fabulosa. — Ingrid a cumprimenta. Também estava bonita, optou por algo mais tradicional para não errar. Ainda não sabia muito bem como aquelas mulheres se vestiam nessas ocasiões.
— Você é quem está. Sempre linda, olha a cor desses cabelos! — Laura se vira para Thiago — E olha você! Por um instante achei que fosse Bruno, se a Ingrid não viesse ao seu lado eu teria confundido. — "e te beijado" Laura pensou. Thiago entendeu o que ela quis dizer e desviou o olhar.
— Por falar nele, onde está?
— Ele teve que resolver um negócio, irá chegar em cima da hora, infelizmente. Vamos entrando e sentem-se conosco, Silvia e seu marido já estão na nossa mesa. —Laura toma a frente e os dois a seguem.
Thiago não gostou muito dessa ideia de sentar na mesma mesa com a Silvia. Ainda sentia-se estranho em sua presença.
— Silvia, esta é Ingrid, esposa do Thiago. — Laura as apresentou.
— Prazer, Ingrid. Meu marido André. — ele estende a mão para ela — André, esse é Thiago. — os dois se cumprimentam.
— Já deve estar cheio, mas não tem como negar é muita semelhança. — André tenta puxar assunto. Enquanto que as mulheres já haviam formado a sua rodinha e isolando os dois.
— Estou acostumando. Não que eu goste, não acho que somos assim tão parecidos, na aparência sim, mas temos personalidades totalmente opostas.
— Veremos.
— Se você não se incomodar eu vou até o bar buscar uma bebida.
Incomodado com a questão do seu passado com Silvia, Thiago não sentiu-se bem em manter uma conversa com André e não apenas isso aquele lugar todo lhe dava uma sensação claustrofóbica. Sentiu que não conseguiria se adaptar.
O clube estava cheio. Não era para menos, todos estavam ali reunidos para verem os gêmeos finalmente juntos. Thiago ia caminhando e os olhares todos se voltando para ele. Pessoas estavam confusas de quem era aquele.
— Por favor, me vê uma cerveja... Aqui tem cervejas, né? —Thiago havia parado no balcão do bar e pedia uma bebida ao barman.
— Servimos sim, Sr. Salles. — o jovem barman estava confuso com a pergunta.
— Eu não sou... — antes que Thiago pudesse concluir a frase o barman se virou indo buscar o que havia sido pedido.
Segundos depois o rapaz volta com a cerveja e assim que Thiago dá o primeiro gole, sente uma mão leve pousando sobre seu ombro e um cheiro doce invadindo seu olfato.
— Você está maravilhoso! Como consegue? Afinal quase morreu. — Amanda sussurrava em seu ouvido.
Ela sabia que este não era Bruno, mas sentiu que seria uma boa desculpa para tentar uma aproximação. Da hora que havia visto chegando já tinha decidido em sua mente que teria que possuir esse homem também. Thiago se vira para ver quem era. E assim que coloca os olhos nela soube mesmo que institivamente quem era. Bruno tinha razão, Amanda era estonteante, a beleza dela chegava a doer.
— Você está me confundindo com Bruno. Eu sou...
— Thiago! Prazer Amanda. — ela fica em sua frente quase que entre as suas pernas e a mão que antes estava em seu ombro pousa sobre uma de suas pernas. Thiago apenas acompanha seus movimentos com interesse.
— Eu sei quem você é. — Thiago retira a mão que estava em sua perna com todo cuidado para não chamar atenção e torna a dar outro gole na cerveja.
— Então ele te contou sobre mim? Estou surpresa.
— Contou sim. Acho melhor você voltar para perto do seu marido. Sabe, sou casado também, minha mulher está ali...
— Eu sei. É a ruiva. Não é um pouco velha para você?
— O que você quer?
— Você! — Amanda responde em seu ouvido.
— E o que a faz pensar que eu queria a mesma coisa?
— Ouvi histórias de você. E acho que seria legal. Ele te roubou a mulher e agora você pode dar o troco e transar com uma que já foi dele. Ficariam quites.
— Onde está o seu marido?
— Por quê? O que tem ele?
— Preciso saber quem ele é e onde está. Não queremos ser pegos, não é?
— É aquele idiota ali perto da piscina. O de cabelos escuro.
— Certo. Eu não conheço nada aqui. Então me dá a direção de um local seguro que eu te encontro lá.
— Me encontra em 10 minutos naquela sala ali. Ninguém vai lá e temos como trancá-la. — Amanda conhecia aquela sala como a palma de sua mão, já tinha ido lá com vários homens.
— Combinado. Em 10 minutos estarei lá.
Amanda se afasta indo em direção até a sala. Thiago terminaria sua cerveja calmamente e seguiu até a direção em Amanda apontou para seu marido. Estava em uma mesa cheia de homens em uma conversa animada quando Thiago o encarou. Desde o flagra de Bruno em Cristiano e Amanda eles nunca mais voltariam a se relacionar socialmente então era com espanto que encarava aquele homem em pé diante dos seus olhos.
— Acredito que seja Cristiano o filho da puta que transou com a noiva do meu irmão.
Apesar da aspereza na colocação de suas palavras não havia nenhum traço de exaltação na voz de Thiago. Estava na verdade se divertindo pela primeira vez desde que colocou os pés naquele lugar.
— O próprio. — Cristiano também se divertiu com aquela apresentação e seguiu entrando naquele jogo. — E você deve ser o tal irmão. — levantou e estendeu sua mão para Thiago que retribui o gesto e foi além o puxando para perto.
— Tua mulher, se é que você deve chamar ela assim, está esperando lá naquela saleta depois do bar. Vai lá e fala para ela que não tenho o menor interesse em foder com ela.
Thiago solta a mão de Cristiano com um sorriso malicioso nos lábios e seguiu seu caminho. Sentiu que sua parte estava completa que renderia muitas risadas com Bruno quando lhe contasse. O que aconteceu em seguida apenas aqueles dois saberiam, o que os presentes ali viram seria um casal deixando o evento antes do planejado.
— Vi que Amanda foi lhe importunar no bar. — Laura comentou com Thiago assim que teve oportunidade de ficar a sós com ele na mesa.
— Uma bela de uma vagabunda. Não se preocupe ela não vai mais incomodar.
— Eu sei que não. — Laura lança um sorriso de cumplicidade.
— O que perdi?
Bruno os surpreenderia sentando na cadeira vaga entre eles beijando Laura como se deixasse evidente que ela lhe pertencia. Thiago entendeu aquele gesto e não o julgou, faria o mesmo em seu lugar.
— Amanda! Foi isso que aconteceu. — Laura responde sentindo-se constrangida.
— Conheceu ela? — Bruno voltaria sua atenção ao irmão. — O que achou dela?
— Exatamente tudo o que me falou e você tinha razão, eu teria sacado logo de cara.
— Quero detalhes mais tarde. Agora preciso receber essa homenagem.
Bruno revirou os olhos e seguiu até o centro do salão. Faria um discurso de agradecimento e aproveitou para apresentar seu irmão formalmente para todos ali presentes. Foram palavras lindas e tocantes levando vários dos ali presentes a lágrimas inclusive o mais duro de todos: Thiago.
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