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4

Apesar de estar ainda na cama, eu não dormi nem por um segundo. Fiquei olhando a noite inteira para a vela, que o rapaz, cujo nome deve ser Jason — se for essa a pessoa que Drew mencionou no dia anterior —, havia acendido. Consegui desconectar a minha mente dos meus temores, porém, aquilo ainda não foi o suficiente. Com os olhos cansados e inchados, eu saio da cama ao escutar um barulho baixo vindo o que parecia ser da cozinha.

No banheiro, jogando água gelada no rosto, eu desperto e todas as minhas preocupações com a minha família voltam com força a me consumir. Preciso me focar para encontrá-los, fugir deste fim de mundo... Mas como? Teria hoje que descobrir como Jason chegou até aqui e escapar. Contudo, aquilo poderia esperar por alguns minutos, pois o cheiro gostoso de café me invade e eu sou atraída para o coração da casa.

O senhor Bauer cozinhava habilidosamente o café da manhã, vejo a mesa já feita, com isso, paro no patente da porta observando o idoso, que ainda não havia notado a minha presença. Tentava entendê-lo o que o motivou tornar a sua fazenda em um centro de reabilitação, convidando estranhos para a sua casa e tendo que lidar com problemas alheios.

— Bom dia — anuncio a minha chegada, fazendo-o olhar para trás me vendo e abre um largo sorriso.

— Bom dia, dormistes bem? — ele indaga limpando as mãos em um pano. Eu estranho ao ouvi-lo chamar pelo meu nome, porque eu não havia propriamente me apresentado, mas eu me lembrava de que ontem, que o meu advogado e um outro homem, Pedro Almeida, o que cuidou de toda a papelada para dar os acertos finais com a minha entrada, trouxeram um relatório sobre mim.

Possivelmente não encontrariam muitas coisas ao meu respeito, pois em todos os crimes, Miguel criava novas identidades para nós, dando-nos nomes falsos e todo um histórico de uma vida passada nunca vivida. Eu só não sei o porque, desta vez, Levi permitiu que a minha identidade fosse quase a minha verídica — mudando apenas o meu local de nascimento, que nem ele sabe.

No meu caso, eu fui julgada como primeiro réu, uma vez que, minha ficha está limpa e eu nunca fui pega em outros crimes. Claro que já aconteceu de nos flagrarem no ato, porém, nunca conseguiram nos prender. Exceto o último. Má sorte? Eu não sei, contudo, tem pontos em abertos, que nem Miguel nem Levi teriam deixado abertas nessa história.

Por eu não responder o senhor Bauer, ele me analisa, semelhante a forma que Jason fez em nosso primeiro encontro e sugere:

— Deve ser difícil dormir em um lugar estranho...

— Já estou acostumada — respondo cruzando os braços, me fechando para ele. — Um mês na prisão, lembra? Ali pode ser o inferno para alguns, mas dependendo de onde veio, diria que se igualou ao paraíso.

— E de onde tu vieste?

— Não acho que isso seja da sua conta.

— Ela não te contaria nem se a vida dela estivesse em perigo — os meus pelos se arrepiam e meu coração se agita em meu peito, pelo susto ao ser pega desprevenida. Como eu não havia escutado os seus passos? O avô ri de seu comentário.

— Pode ser verdade o que diz, Jason — diz confirmando o nome para mim. Jason passa por mim, adentrando na cozinha, além de parecer uma segunda porta, como eu fazia no momento, e se serve de café. Muito café.

Estaria de ressaca de ontem a noite, para ter chegado tão tarde? Não duvidava.

Apesar do estômago roncando, eu não me atrevo a invadir o lugar com aqueles dois ali. Um era intrometido nos assuntos alheios — fora que beberrão — e o outro esperançoso e inocente demais. Uma combinação irritante para seis da manhã.

— Se conheceram ontem de noite? — Bauer pergunta a nós.

— Infelizmente — respondemos em uníssono, com isso, nos encaramos.

— Bah! — o idoso bate uma palma na perna, rindo ainda mais de nós. — Por que ficou acordada até tarde? Eu avisei que meu neto chegaria depois da meia noite e não teria que se preocupar.

Desvio o olhar para ele não ler o que aconteceu de verdade naquela madrugada. Eu me sentia humilhada por me sentir tão frágil naquela situação de medo. Levi já havia tentado me ajudar, mas seus métodos eram mais uma forma de castigo e punição do que uma cura.

— Eu não fiquei acordada... — procuro por uma justificativa, mas então Jason me interrompe:

— Acabamos nos encontrando por acaso na cozinha, na hora que eu cheguei.

Eu o encaro, brava. Por que ele estava me ajudando? Eu não pedi pela ajuda dele. Ele troca olhares comigo, entendendo o que eu pensava e dá se ombros, mas aquilo não resolve nada.

Olhando para ambos, eu me recordo unicamente porque estava ali: uma chance de escapar da prisão sem ter que inventar um plano mirabolante. Levi havia me dado aquela oportunidade, após eu ser presa, com isso, eu tinha que agarrar com as minhas duas mãos.

O senhor Bauer assente e pergunta para o Jason:

— Comprou os cacetinhos que eu te pedi ontem?

— Bah, eu me esqueci! Com toda a correria de ontem... — o avô ergue a mão, como se dissesse "Não tem problema" e se retira para a porta lateral, que tinha na cozinha, me deixando sozinha com Jason.

O espaço do lugar era bem aconchegante, com armários embutidos em quase todas as paredes, uma janela grande de frente para a pia para ter visão do lado de fora. A mesa ficava mais ao canto do lado direito, pois assim não atrapalhava quem vinha do corredor.

— Então, qual é o seu nome mesmo? — ele me pergunta, olhando para mim.

— Eu não lhe disse — ignorando a sua presença e me forço a entrar para comer alguma coisa. Mas tinha tanta coisa que eu mal sabia por onde começar: frutas, ovos, leite, café... Sem decidir o que comer, eu somente me sento observando a rotina dele.

Ele se senta também e fica novamente na minha frente, parecendo mais disposto hoje para uma intensa discussão, porque eu não era de dar o braço a torcer.

— Sou Jason — ele não me estende a mão e se limita até em sorrir, o que é bem compreensível, pois não havia prazer algum em nos conhecermos. — Jason Lowdrell e você é a...?

Puxo um sorriso cínico me perguntando se ele realmente estava tentando dialogar comigo. Eu lhe digo:

— Nem nos seus sonhos eu lhe direi — bebo do café, que eu me sirvo e acrescento, para esclarecer as coisas entre nós: — Eu não lhe devo nada, Jason Lowdrell, então eu não preciso dar o meu nome.

Calando-se, ele se levanta e caminha até a pia, espiando pela janela o movimento do lado de fora, segundos depois, o avô aparece.

— No que eu posso te ajudar, vô?

— Por hora, nada. Acabei de pedir para a Silvana ir na cidade comprar os cacetinhos, depois disso limpará hoje limpar os quartos vagos.

— Aceitará novos pacientes? — Até aquele momento eu havia me esquecido que teriam outras pessoas ao meu redor, seria um incômodo outros seres vivos circulando pelo lugar e eu ter que conversar com elas, a maneira que amigos faziam.

— No momento não... Sinto que essa daqui já nos dará bastante trabalho — eles se entreolham e Bauer solta um riso, eu o fuzilo. Mas aquilo era uma notícia boa, quanto menos pessoas, melhor. Mas aquilo significava que eu teria a presença constante daqueles dois. Bufo. — Como é o seu primeiro dia, Shazad, eu te darei um desconto.

Roberto Bauer comenta com um sorriso muito alegre para um início de manhã.

— Ou ela poderia ajudar em todos os serviços, que a fazenda necessita, conforme está no combinado — Jason murmura deixando bem audível e nítido o seu tom de reprovação da atitude de seu avô.

— Você tem um neto tão simpático, Bauer — ironizo revidando os olhos. — Mas sabe o que eu percebi: você se apresentou como Lowdrell e não Bauer, por acaso foi adotado ou veio de algum caso de seus pais?

Eu não controlo a minha língua e o clima desconcertante pesa na cozinha. Os dois se entreolham, me indagando se eles já tiveram algum morador tão grosseiro como eu. Eles não sabem o que dizer, por isso senhor Bauer somente limpa a garganta e se serve mais de café.

— Bem, Shazad, isso não foi educado de sua parte — começa, com cuidado, pelas beiradas. — E também não é de sua conta a vida de Jason, porque tu quem estás aqui para aprender sobre a sua história e futuro.

— O que me parece mesmo é que todos estão bem interessados em minha vida. Suas vidas são tão chatas assim, que precisa de uma ladra para animar? — Ríspida, eu digo e saio do local, andando sem um rumo.

Só teríamos que nos aturar por um tempo indeterminado — até eu descobrir um plano e por em prática a minha fuga — ou teria que ficar presa por 30 dias ali, com isso, para não perder a minha noção do tempo, vou até uma árvore e a marco com a faca, que eu roubei do café da manhã, dois riscos, indicando que aquele era o segundo dia ainda.

Guardo a faca no tênis, deixando a barra da calça por cima, para que ninguém possa ver e meus olhos vagueiam pela região, observando a casa rústica, todo o seu terreno de fazenda, o celeiro na parte de trás, junto com o curral. Para onde eu fui, era perto da entrada da casa, a tentação de fugir não se passa desapercebida por mim, em minhas entranhas, no entanto, eu estaria insana escapar sem nenhum plano. Precisava de algum automóvel, de preferência a que o Jason usou para vir.

Estava neste instante de olho nela, não resistindo o impulso enlouquecedor de passar a mão para apreciar aquele automóvel. A moto, para ser mais precisa era uma Harley Davidson, customizada ao gosto do rapaz. Eu não conhecia muito sobre motos ou carros, porém ao por meus olhos sobre aquela beleza, eu a reconheço rapidamente.

Sua cor totalmente preta com a jante prateada trazia um certo charme e mistério. O guidão elevado acima do assento deixava o condutor com os braços esticados e um pouco elevado da cabeça, contudo a sofisticação e a elegância dela eram inegáveis sobre qualquer olhar. Aquele ar de clássico a destacava lindamente pelos lugares, onde se exibia com graciosidade.

Eu teria arriscado e sentado na moto para ter a experiência completa, porém, algo me chama a atenção e eu vejo alguém andando para o pomar, o local que eu estava a minutos atrás e mal havia notado, e se ajoelhar. Reconheço ser o Jason e não seguro a minha curiosidade.

Ao me aproximar, eu me atento aos legumes e verduras e tinha vários e inúmeras espécies. Ele estava colhendo os melhores e as separando em uma cesta, manuseando, com cuidado, para não estragar os que ainda não ficaram maduros. O que um brigão entende de hortas e plantas? Aparentemente, muito mais do que eu.

Não sei que horas ele percebe a minha presença, pois não se assustou quando eu disse:

— Terapia para aprender a se controlar em seus vícios ou uma punição por perder o controle sobre si mesmo? — cruzo os braços parando ao seu lado. Ele nem se digna a olhar para mim ou me responder. Bufo, e coço o pescoço, tentando de novo: — Esta atividade deve ser bem... Hum... Empolgante. Um método para não pensar...

Ao invés de ele se virar para me responder, ele me ignora e permanece com a mão na terra. Resmungo, não gostando de ser ignorada.

— Uau! Olha só para esse lindo dia! Deve até estar enjoado de ver essa paisagem todos os dias — tento de uma forma mais simpática, mesmo assim não funciona. — Ei, qual é o seu problema? Eu não queria ter que começar essa conversa com: vamos falar das razões que você me bateu e agora enfia a mão na terra?

Ele perde a paciência, balançando a cabeça para não sair do lugar, contudo, eu insisto:

— Ah, eu já entendi, irá me ensinar a como dominar a terra para não ter que descontar a sua raiva nos outros, assim quem sai ferido são as plantas e não...

— Está perdida? — ele me pergunta, cortando a minha fala.

— O que? Não. — Franzo o cenho, não entendendo a sua resposta.

Jason se põe de pé, soltando um suspiro curto e voltando os olhos para os meus.

— Pode seguir o seu rumo e encontrar com o meu avô no celeiro. Ele está te esperando — responde rudemente e se vira de costas, para pegar a cesta e continuar o seu trabalho, porém, ele se vira para mim e me aconselha: — Mais uma coisa: eu não gosto de pessoas que julgam demais sem conhecer o mínimo. Não sabe nada sobre mim, moça, e continua agindo como se tivesse razão sobre algo. Eu não gosto disso, nenhum pouco. Mas eu detesto quando pessoas como você magoam meus amigos.

Não lembrava de quando a voz dele ficou baixa e séria, calculada e fria, mas eu afasto um passo e engulo em seco, erguendo meus braços, para caso precisasse reagir a algum ataque de fúria dele. Jason repara de minha ação e ao invés de avançar e encurtar a distância, ele recua vários passos e profere:

— Pare de procurar o que não lhe diz respeito — e depois desabafa quase inaudível —, porque não vale a pena descobrir.

Ele propositalmente vai até o lugar mais longe de mim no pomar e não olha para trás. Qual é a desse cara? Murmuro batendo o pé, irritada e caminho até o celeiro. Ao chegar lá, o senhor Bauer pede a minha ajuda, entregando uma pá.

— Shazad, entenda que o meu papel aqui é te orientar, fazê-la primeiro conhecer a si própria, entender que é você neste mundo. Por isso que eu pedi ao governo licenciamento para abrir em minha propriedade um centro de reabilitação, porque acredito que o melhor caminho para se encontrar é estando cercada da natureza, a fonte primária de tudo.

Ele diz com os braços abertos, convidando-me para este universo, um novo caminho, que para mim, não havia sentido em eu aceita-lo. Eu gostava de onde estava e o que fazia.

— E também de esterco de cavalo — retruco batendo a pá em um pedaço no chão e jogando em cima do carrinho de mão.

— Isso também, mas logo tu se acostumará com o tempo. — Ele estava me ajudando a limpar as baias dos cavalos. — Shazad, eu sei que tudo isso é novo para a senhorita, mas tente enxergar isso como uma oportunidade de recomeçar.

— Ah claro, e eu poderia sair daqui ensinando a todos como roubar é errado e que, mesmo sem condições de sobreviver, temos que permanecer sem esses privilégios que os outros recebem. Muito inspirador, Bauer — com a mesma raiva, na qual conversava com Jason, eu transmito nessa conversa.

— Se as suas ações são sempre iguais não espere por um resultado diferente.

Eu o encaro, sabendo que ele estava certo, mas eu estava fazendo coisas novas, sabendo de minha zona de conforto e, no fim, Levi sempre seria a minha resposta.

— Está bem! Seguindo o seu conselho: me conte quem são vocês. Por que Jason mora com você? Cadê os pais dele?

O senhor Lowdrell ergue as sobrancelhas curioso, querendo saber onde iria chegar com aquilo.

— Ontem, quando nos esbarramos, ele viu as roupas da mãe e ficou visível o incômodo. Eu fiquei me perguntando se ela morreu ou fugiu com algum amante... — arrisco, mas ao vê-lo tão sério quanto Jason, eu palpito só mais uma vez. — Engravidou cedo e agora está aproveitando a vida?

Ele também não iria falar sobre aquele assunto comigo, não adiantaria forçar, pois eu via em seu olhar a dor ao recordar daquelas lembranças. Quem quer que tenha sido essa mulher, causou uma cicatriz enorme em ambos, mas eu não identifico se foi de uma forma negativa ou positiva. Porque, até então, eu apenas julguei a desconhecida como uma pessoa ruim que abandonou a família. E se ela fosse justamente ao contrário e a sua perda se tornou imensurável?

— E tu? É curioso ver uma garota furtando bancos, além de estar com a família — eu me calo na hora. Certamente aquela pergunta que eu fiz foi, além de muito imprópria, pessoal demais. Eu não deveria ter alfinetado uma cicatriz, que nunca foi, de fato, fechada e curada. Pela reação dos dois, eu poderia tirar essa conclusão.

— Está vendo? Vocês pedem por minha confiança, mas também não se esforçam para entregar a mim. Eu não serei a única a fazer sacrifícios.

O senhor balança a cabeça, concordando com a minha fala e diz:

— Antes de Jason nascer, eu era um adestrador de cavalos e também um instrutor. Tinha toda uma equipe e muitos luxos, que na época eu conseguia dar a minha família. — ele pausa como se estivesse se recordando desses momentos e puxa um sorriso — O guris de sua idade gostavam de competir com seus cavalos.

— Quais eram os tipos de aulas que você dava? — o senhor Bauer percebe o que eu fiz, mostrando interessada no que ele me contava e puxa um pouco mais o sorriso.

Ele começa a me explicar que ensinavam o básico com os iniciantes: a caminhada. Faziam divertidas trilhas ao redores da fazenda. Também ensinavam a prova de três tambores, salto, volteio, que consiste em executar acrobacias em cima do lombo do animal; corrida hípica, vaquejada.

— E por que não faz mais?

— Tempos difíceis para alguém pouco conhecido com tantos patrocinadores em uma mesma região. A concorrência aumentou nesses últimos anos e ficou mais difícil manter esse ramo no mercado. Apesar de minha família estar a gerações nessas terras, ninguém quer um aposentado, que ficou fora por muito tempo. Não tenho mais essa credibilidade para ensinar, porém, os meus amigos de longa data pedem aulas para os filhos e netos. Ontem mesmo, antes de tu chegar, eu estava cercado de guris. Semana que vem eles estão aqui.

Assinto e ele continua falando sem parar, contando histórias das crianças enquanto tirávamos as fezes e repunha feno. Chegamos nas últimas para serem limpas. Tinha no celeiro mais de vinte baias, contudo somente dez estavam sendo usados. Dentre eles, quatro eram do senhor Bauer: Pula-Nuvens, uma fêmea pampa de dois anos brava, pelagem preta com algumas mangas no lombo e patas; Bob, um macho mangalarga bem manso, pelagem castanho e patas brancas também.

— Esse aqui é o Black Jack, um macho appaloosa, que ganhei de um vizinho. Como ele não tinha mais condições para cuidar e também bebida muito...

— Entendi — respondo o seguindo para o último.

— Esse garanhão aqui é um quarto de milhas — ele não chega perto da porta, pois o cavalo enorme nos olhava batendo na pata no chão e com as orelhas para frente. — Não se aproxime deste, ele é bravo.

— E qual é o nome dele?

— Ainda não tem, mas ficarei muito feliz se escolher algum — diz ansioso para mim, esperando que eu escolha.

Se eu fizer isso, marcarei o meu lugar aqui, eu existirei para eles e não serei apenas uma jovem inconsequente, que passou por suas vidas. Não tenho intenção alguma em criar raízes nesse lugar, lembrar me dele anos depois.

— Não cabe a mim essa decisão.

Nossos olhares se cruzam e ele, esboça uma expressão tristonha com a minha recusa, puxa o lábio em um meio sorriso e anue.

— É uma pena. Imaginei que teria um bom nome para dar a ele.

— Não faça isso — peço cruzando os braços.

— Isso o que? —franzindo o cenho, como se não tivesse entendido do que eu falava.

— Querer me incluir em suas vidas, eu não quero isso. Não pedi por piedade ou aceitação, então pare de agir como se eu fosse parte da família "todos juntos e unidos" em busca de um propósito maior.

Ele balança a cabeça escutando o meu argumento e passa reto por mim, pegando o seu carrinho de mão para jogar fora o conteúdo. Eu o sigo sem saber para onde iríamos. Impaciente, troco o peso da perna, após ele parar de trabalhar e falar comigo com clareza:

— Bah! Por que tu estás aqui? — coincidentemente ele disse a mesma fazer que Jason na primeira noite. Desta vez sua voz se exalta, provando a frustração em ter que me dar aquela dura. — Por que tu aceitaste ao programa se, pela tua atitude, não queres nem ao menos tentar? Sabe o que acontecerá ao chegar no trigésimo dia e eu ou o senhor Almeida vermos que não teve nenhuma mudança em seu comportamento? Voltará direto para a prisão. É isso o que tu queres?

Eu sou pega desprevenida com a presença do nome de Pedro Almeida. Forço a minha mente a lembrar do porquê eu teria que vê-lo, até recordar na noite anterior, aqueles detalhes inúteis que eu não prestei atenção. Era aquilo? Eu teria que passar por uma avaliação de ambos?

— Se for, eu posso pedir ao teu advogado para cancelar o contrato, com isso eu teria que ver alguns pontos com o juiz...

Ele continua explicando as minhas opções e eu penso o que Levi queria de mim ao me colocar nesta situação. Não seria sem um propósito, precisava acreditar que ele tinha um plano por trás para me livrar da prisão por um mês. Com isso, eu sou obrigada a aceitar a minha posição e atuar neste novo papel, na qual ele me entregou ao me colocar aqui por meio do advogado.

— Não, eu não quero voltar.

O senhor Bauer me examina de cima a baixo, querendo ver se eu não dizia de boca para fora e, após longos segundos, parece acreditar em mim.

— Pois trate de provar para mim que quer isso — ele me entrega o carrinho e diz antes de sair. — Por favor, limpe-o e guarde no lugar. Depois encontre o Jason e peça a ele colher os ovos do galinheiro.

Bufo, batendo os pés por estar irritada. Eu não iria falar com o Jason novamente! Limpo o carrinho de mão e a água espirra em mim, me enfurecendo. Já chega! Eu não sou menina de campo para ficar recebendo ordens!

Saio apressada para voltar para dentro de casa. Em um segundo, eu estava bem, atuando esse papel de garota frágil que precisa de mudanças, no outro, eu não seguro aquela minha agitação de ser quem eu nasci para ser e vou ao ataque.

Eu não sabia ao certo qual foi o momento em que eu deixei as minhas pernas me guiarem até o corredor e tomar coragem e vasculhar cada quarto, a fim de encontrar o dele. Tinha muitas coisas que eu poderia fazer ali e uma extremamente proibida e era para ela que eu estava prestes a executar: invadir a privacidade de Jason para descobrir o passado dele.

Se ninguém quer me dar informações, eu mesma as encontrarei! Sou descobrir quem é Jason Lowdrell para saber com quem eu estou lidando.

Não me lembrava de estar desesperada por aquela informação, porém se ninguém me daria, eu teria que fazer a moda antiga e proveitaria para encontrar as chaves da moto, na qual eu reparei não estar no contato. Seria o pior plano — e o mais impulsivo — que eu já criei? Com toda a certeza. Contudo, seria hoje de noite que eu iria partir. Simples e objetivo.

Levi se orgulharia de mim, se eu conseguisse, ele me daria aquele olhar de aprovação e sorriria. Aquilo faria o meu estômago borbulhar em ansiedade. Eu precisava aquilo! Ouvi-lo dizer: "Sabia que poderia contar com você".

Sendo assim, eu respiro fundo e com segundas intenções, olhos para o corredor, que continha 8 quartos, contando com o meu, sem perder tempo, eu abro o primeiro e não era o que eu procurava. Na cama não continha lençol e nenhuma presença de que alguém dorme por lá, estando vazio. Vou para o segundo, e também não era. Sigo para o terceiro, quarto...

Ao abrir a sexta porta, eu me deparo com o que eu procurava — ironicamente estava bem de frente ao meu rosto, porque o meu quarto estava logo na outra porta do corredor. Contudo eu não tenho tempo nem para observar melhor o espaço de quando, porque uma voz atrás de mim me repreende:

— Posso saber o que você está fazendo?

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