- P h o e n i x -
" Eu não deveria ter voltado,mas me sentia uma covarde por deixar mamãe nas mãos daquele monstro.
E agora estou de volta, rezando para que ela ainda esteja esperando por mim.
Ainda indecisa da minha escolha,eu já estava abrindo a porta e voltando para o inferno,a sala fedia a sangue podre,os cachorros de caça latia alto assim que escutaram os meus passos, às paredes da casa está completamente destruídas,tudo está revirado.
- Mãe! - grito tentando encontrar-la.
Subo para os quartos mas não a ninguém, então só me resta o porão que só de imaginar o meu corpo fica tenso, tentando não pensar no pior vou até a cozinha e,abro a velha porta dos fundos que se encontra o porão, desço às escadas e lá está minha mãe acorrentada e inconsciente.
Me aproximo com os olhos marejados e segurando um soluço,para não me desabar em lágrimas,sei que chorar não vai nos salvar, às nossas almas estão cansadas de lutar.
- Mãe eu voltei. - sussurro contra seus cabelos, enquanto tento lhe abraçar sem causar dor em seu corpo, já violentado de tantas maneiras. "
- Wat! Acorda! Wat! Já chegamos. - diz Mercy ao meu lado me sacudindo.
- Tudo bem,eu já escutei. - resmungo ainda sonolenta.
O sonho que tive foi tão real,mas não sei se posso dizer que foi bom ou ruim, só sei que estou de volta ao meu passado ligado ao presente.
Já está na hora de seguir em frente, então é minha chance de enterrar minha dor,meus traumas,meus medos e renascer minha felicidade.
Mãe eu voltei. Penso assim que vejo a placa "Bem vindo(a) a Phoenix".
- Está pronta?- diz Mercy enquanto saímos do trem.
- Sim. - digo sincera.
- Então para onde vamos agora? - diz intrigada.
- Vamos para a Blood Forest, é lá onde fui criada e vivi o meu inferno particular. - digo pensativa enquanto saímos da estação de trem.
- Certo mas antes, vamos em uma loja por que precisamos de roupas e barracas,se você não se lembra não fizemos as malas. - diz sarcástica.
- Tudo bem,ainda apreciamos tomar banho,ter o que vestir e dormir. - digo rindo.
- Ah agora sim, você está pensando direito. - diz me puxando para entrar em um táxi.
Talvez Molly estava certa,encarar as coisas sozinhas não é o melhor jeito da vida, precisamos sempre de ajuda e agora percebo que se, Mercy não estivesse aqui eu não conseguiria sair do trem ou se quer, viajar até aqui.
Tenho que confessar que me arrependo do meu egoísmo e,sinto falta das minhas melhores amigas que se sacrificaram tanto por mim,odeio admitir que Matt estava certo,ele sempre está certo de quando se trata das minhas ações.
O que será o agora Matt? Vamos nos reencontrar ? Você ainda vai me amar? Você vai desistir? . Penso angustiada.
*****
Mesmo com um mapa em minhas mãos,não era preciso,eu sabia bem o caminho da Blood Forest, nunca me esqueceria dessa floresta.
- Já estamos chegando? - diz Mercy cansada.
- Falta pouco. - digo observando ao redor.
- Sinceramente esse lugar me dá medo. - diz fazendo careta enquanto encara as árvores.
O céu nublado contribuía para floresta ser intimidadora,o vento sopra contra às folhas causando sons estranhos,os galhos retorcidos das árvores tenta alertar que não somos bem vindas e,pensar que um dia eu corria entre esse lugar gritando para o vento que esse era meu reino,mas armadura se quebrou e meu reino se contaminou comigo,agora o lugar que um dia eu chamei de lar se tornou os pesadelos que eu quero exorcizar.
Perco o ar quando chegamos na velha casa abandonada,acabo caindo de joelhos no chão sem forças para lutar,contra a dor e as lágrimas persistentes.
Enquanto choro encarando o meu passado novamente,sinto Mercy ao meu lado,ela toca em meu ombro como um sinal,de que estivesse aqui para me ajudar. Não penso duas vezes e a puxo para me abraçar,a muito tempo eu precisava de um abraço para curar minha alma.
- Ei já passou. - sussurra contra meus cabelos.
- Eu não consegui salvar-la. - digo entre lágrimas.
Meus ombros sacodem fortemente devido aos soluços e,fica difícil respirar.
- Você sobreviveu Wat. - diz enquanto me abraça apertado.
- Não.. não.. não era para terminar assim. - digo indignada.
- Vai ficar tudo bem. - sussurra contra meu ombro.
Não sei bem quanto tempo chorei ou fiquei agarrada a Mercy, apenas deixei o cansaço me dominar.
" - Oh meu anjo, você nunca deveria ter voltado. - diz com dificuldade.
- Mamãe eu senti saudades. - confesso entre lágrimas. - Eu sou fraca. - digo enquanto seguro seu rosto em minhas mãos.
Suas lágrimas deixam minha mãos úmidas,essa era a mais pura sensação de que ainda estou viva.
- Mamãe eu te amo. - sussurro contra seu rosto machucado.
- Eu te amo Watson,me perdoe se eu não fui capaz de te proteger. - diz afagando meus cabelos.
- Mãe...
- Um bom filho a casa torna,mas no seu caso é uma piranha que retorna. - diz o monstro nos observando com um sorriso diabólico.
- Eu posso explicar. - diz mamãe desesperada.
- Explicar o quê!? Essa cadela vai morrer! - diz com uma risada.
Então em passos rápidos ele se aproxima de mim, não tenho tempo de fugir pois ele agarra meus cabelos e me puxa para longe da minha mãe.
- Você nunca mais vai ter chance de fugir sua vagabunda. - diz enquanto me joga no chão.
- Deixa ela em paz! - grita mamãe indignada.
Ele ignora os pedidos dela enquanto chuta fortemente minha barriga e,logo em seguida mais chutes nas costelas,rosto, cabeça e pernas. Durante o espancamento começo a vomitar e,acabo perdendo a consciência.
Mas antes que eu pudesse desmaiar,eu sentir às correntes em volta dos meus pés.
- Já que vocês gostam tanto de joguinhos, que tal jogarmos o jogo da memória, não se preocupem se me esquecer de vocês,faz parte do jogo, servirem-se para sobreviver. - diz antes de trancar a porta.
- Wat! Você está bem !? - diz preocupada.
Eu estava dolorida demais para pensar em uma resposta, só queria fechar meus olhos e nunca mais acordar.
- Wat! Você não pode desistir,o bebê precisar de você. - diz esperançosa.
Ao dizer "o bebê precisa de você" foi como se eu ganhasse um sopro de vida,mesmo com dificuldade para abrir os olhos,eu conseguir perceber a pequena elevação em sua barriga. Agora não era só eu e mamãe,outra vida dependia da minha resistência. "
Acordo subitamente com a respiração acelerada,como se estivesse levado um susto, então assim que vejo a maldita casa a minha frente,sou atingida pela realidade. Escondo meu rosto nas mãos, tentando não desabar novamente e,com longas inspiração volto a encarar ao redor, já está de noite e a lua é maior luz da floresta,
Vejo uma pequena fogueira e então observo Mercy se aproximar com mais galhos.
- Está com fome? - diz se sentando em um tronco ao lado da fogueira.
- Não. - digo confusa.
- Me desculpe,por ter deixado você dormir sob o sereno,eu meio que nunca fui uma escoteira, então falhei em tentar armar as barracas. - diz rindo sem jeito.
- Tudo bem, depois damos um jeito. - digo me levantando.
Olho para o céu estrelado e me permito apreciar o luar, que inevitavelmente me faz lembrar do Matt, estamos sob o mesmo céu que me faz sentir tão longe e perto ao mesmo tempo.
- Vamos entrar amanhã? - diz Mercy se referindo a casa.
- Vamos. - digo pensativa. - Como você conheceu o Matt? - digo de súbito.
Mercy parece surpresa também com a pergunta,mas logo sua expressão ganha um sorriso.
- Sabe eu nunca fui uma lupina,antes eu era como você,apenas uma humana vivendo sua infância. - diz pensativa. - Meu pai era do exército americano, então sempre estava em campo e minha mãe era uma professora,eu amava quando ele chegava do exército e lá estava minha mãe a sua espera,eles se abraçavam e logo viam me atacar com beijos e abraços,eles eram um belo casal,um exemplo de que não importa a distância ou as diferenças,se é amor, supera todos os obstáculos. - diz emocionada. - Quando meu pai foi para a Síria,ele não voltou o mesmo,meu pai foi atacado por um lobisomem recém transformado, então sem saber disso,ele também atacou minha mãe sob o efeito da transformação então automaticamente,eu também fui mordida. Como não tínhamos controle das nossas mudanças,a supremacia lupina nos enviou para a alcatéia Wild mais conhecida por Os Lincoln,foi aí que meus pais conheceram os pais de Matt,na época os trigêmeos...
- Pera aí trigêmeos!? - digo interrompendo confusa.
- Sim, Matt não te contou sobre o irmão mais velho? - diz Mercy também confusa.
- Não. - digo sincera.
Por que o Matt não me contou sobre seu outro irmão?. Penso intrigada.
- Voltando a história,na época os trigêmeos já tinham seus dezesseis e eu apenas dez anos, Matt foi o primeiro a me ajudar a adaptar com aquela nova vida,no decorrer fomos acolhidos pela a alcatéia e meus pais passaram a participar das guerras territoriais. - diz prestando atenção na fogueira.
- Então vocês se tornaram amigos?
- Não, Matt foi mais que meu amigo,ele se tornou o meu irmão mais velho. - diz sorrindo orgulhosa. - E você tem algum irmão por consideração ou biológico ?
- Não, é apenas eu. - digo pensativa.
- Bem acho que é melhor irmos dormir, amanhã o dia começa cedo, principalmente na parte em temos que armar essas barracas. - diz brincalhona enquanto se levanta.
Com um leve arfar desanimado também me levanto,no fundo eu sabia que a noite seria longa.
*****
"Não sei quanto tempo fiquei sem comer ou beber,mas agora passei a beber minha própria urina e comer os ratos do porão, só para sobreviver,era isso ou a fome seria minha ruína, mamãe ainda se alimenta com às poucas comidas enlatadas, que já passou da validade há anos.
Noite passada ela não suportou a comida e,vomitou tudo que tinha,mas então teve que comer seu vômito para não ficar mais desnutrida,o que me doía era saber que tudo que estava passando era por minha causa.
Agora só me resta olhar pela janela e, ver às estações passar como um raio do tempo, que se vai com o vento levando meus pensamentos. "
Acordo com o som dos pássaros e a brisa da manhã,me levanto preguiçosamente e vejo que Mercy já está de pé,ela observa um local afastado da casa, cheio de pedras. Então vou em sua direção e fico ao seu lado, também observando o monte de pedras.
- O quê é isso? - diz se referindo as pedras com uma cruz na frente.
- Foi a única cova decente, que pude fazer para minha mãe.
- Oh! Wat,eu sinto muito. - diz sincera.
- Tudo bem,acho que já é hora de entrar. - digo me afastando e indo para casa.
Ela não fala nada apenas me acompanha,assim que começamos a pisar nas escadas,a madeira velha range, ainda absorta em pensamentos abro a porta com um pouco de dificuldade,como havia pensado, após o "acidente" ninguém se atreveu a voltar a aqui. Assim que termino de abrir a porta,o fedor de poeira misturado com carniça, atinge nosso olfato.
- Eca! Que fedor é esse!? - diz Mercy fazendo careta.
Olho ao redor e percebo, que as paredes continuam marcadas,o piso manchado de sangue, só que agora com mais poeira do que o habitual,o teto cheio de telhas de aranhas,a poltrona caída e o sofá manchado.
Vejo a escada que leva para os quartos e,como se fosse um ímã, já estou pisando nos degraus para rever o meu antigo quarto.
Paro em frente ao cômodo com parede rosa,as cortinas ainda estão intactas,a cama está derrubada o guarda roupa revirado,mas os brinquedos ainda estão conservados,o coelhinho de pelúcia ao lado da janela chama minha atenção,me lembro que uma vez minha mãe precisou consertá-lo,em passos lentos me aproximo do bichinho de pelúcia, não consigo evitar o sorriso quando o seguro,olho para o lado e me deparo com meu reflexo,no velho espelho empoeirado. Não consigo evitar as lembranças.
" - Wat! Meu anjo você fica linda de vestido. - diz me empurrando até o espelho.
- Mamãe eu fico horrível.- resmungo encarando meu reflexo.
- Veja melhor, pois o que estou olhando é um anjo de cachinhos dourados. - diz beijando minha cabeça."
- Era seu quarto? - diz Mercy me tirando dos meus devaneios.
- Sim. - digo deixando o ursinho de volta no chão.
- Bem vou te esperar do lado de fora. - diz saindo do cômodo e,indo para fora da casa.
Obrigada Mercy. Penso aliviada por entender melhor.
Saio do quarto e vou para o corredor, que dar vista para o quintal,me lembro novamente de outros momentos.
" - Mamãe é um lobo de verdade!? - digo assustada.
- Sim, Wat e ele precisa de ajuda. - diz preocupada observando,o grande animal ferido por uma flecha em suas costelas.
- O quê vamos fazer? - digo confusa.
- Você vai até a garagem encontrar uma caixa de sapatos,dentro vai ter um kit de primeiros socorros, você vai pegar e trazer para mim.
- Certo! - digo animada.
- Vá rápido! - grita enquanto vou até a garagem.
Não demorei muito para encontrar a caixa e,voltei às pressas, mamãe já havia retirado a flecha e agora pressionava o ferimento, quando cheguei com a caixa não demorou muito e mamãe, conseguiu fazer o curativo.
- Ei você é bom garoto,vai ficar bem. - diz acariciando o lobo.
Depois de ter o ajudado,em todas primaveras o lobo voltava,ele brincava comigo de pega-pega, mamãe o chamava de Flip. Ele alegrava os nossos dias ruins e, deixava nossas dores suportáveis. "
- Flip. - sussurro absorta. - Onde você deve estar agora? - digo pensativa. - Talvez não se lembre mais de mim. - digo me afastando da janela.
Ainda com às idas e vindas das lembranças, desço as escadas e vou direto para a cozinha, fico de frente com a porta do porão, minha respiração fica descompassada e minhas entranhas se apertam,respiro fundo e abro a porta,como antes o local ainda continua escuro e frio,as prateleiras estão no chão,o fedor de mofo se mistura com o da urina,ainda a restos de latas de comida e os ratos ainda vivem na espreita.
" - Já se cansaram do jogo? - diz o monstro entrando no porão.
Ele rir quando começa a soltar a minha mãe,ele puxa a para fora do porão e logo fico só eu na escuridão. Não demora muito e posso ouvir os gritos,ela clama por ajuda mas é impossível.
- Por favor não! Para! Para! Eu imploro. - grita desesperada.
Me perco nos sons e não percebo quando ele volta para o porão.
- Está com fome? Espero que sim, aproveite a comida. - diz colocando um prato com carne crua,em minha frente.
- Agora coma. - exige antes de sair novamente.
Estou faminta demais para evitar minhas necessidades,devoro a carne como se fosse a última água do deserto. Não me importo com o sangue, apenas rasgo a carne nos dentes igual ao um animal selvagem.
Enquanto termino de comer,ele volta com a minha mãe e a joga em um canto,ela está nua e muito machucada devido ao espancamento.
- A carne estava boa ? Conte a ela querida de onde veio a carne.
Ao dizer isso percebo que a perna dela está enfaixada,a culpa e desespero assume minha cabeça, começo a vomitar o máximo que posso, acabei de comer a carne humana,eu não sou um monstro.
- Mãe me perdoa! - grito desesperada enquanto faço mais vômito.
O monstro apenas rir com escárnio, satisfeito com a minha reação.
- O quê foi não gostou da carne da mamãe? - diz cínico.
- MONSTRO! MONSTRO! - grito indignada.
- Você agora também é um monstro. - diz em uma risada.
- Wat não escute ele, você é meu anjo. - diz mamãe com a voz fraca.
- Quanto a você,agora vai aprender a não engravidar mais. - grita furioso com mamãe.
Ele tira uma faca do bolso e vai em direção a ela,ele a puxa então crava a faca na costela dela.
- MÃE! - grito desesperada. - Deixa ela em paz! - digo indignada.
Mamãe está muito fraca para tentar se defender das facadas. Tento me controlar,para pensar em como salvar-la, então olho para a corrente em meu pé a única alternativa é quebrar para sair, não penso duas vezes,olho para as prateleiras e com dificuldade derrubo elas em cima do meu pé,a dor é agoniante mas se aumenta mais quando término de quebrar,para o pé atravessar a corrente. O mais de pressa que posso vou até a cozinha,pegar a arma que ele esconde debaixo da pia.
Sinto alívio quando pego a arma,ainda com dificuldade para andar volto o mais rápido que posso,me aproximo do monstro encima da minha mãe e,atiro em suas costas,minhas mãos sequer fraquejou para atirar.
Ele solta grunhidos de dor e, rapidamente aproveito para acorrentar-lo, agora era minha vez de ser o monstro de verdade.
Pego a faca ensanguentada e corto as roupas do monstro,o deixando nu para que eu possa torturar.
- Você gosta de estuprar não é mesmo ? Que tal eu retribui ? - digo segurando seu membro.
Ele rir cínico duvidando.
- Você é uma criança,me solte agora sua maldita! - grita ordenando.
- Não estou te ouvindo? - digo cínica.
Lentamente corto seu membro,ele se contorce de dor e grita desesperado.
- Vagabunda! Eu vou te matar! Me soltar! - grita agoniado.
- Acho melhor você experimentar sua carne. - digo irritada enfiando seu membro na sua boca.
Pego o cabo da arma e uso, para bater em sua boca .
- Engole! Engole seu desgraçado. - digo furiosa.
Pego a faca novamente e seguro seu pé.
- Posso garantir que dor não vai faltar. - digo começando a cortar seus dedos.
- Não! Não! Para! Para! Por favor!
- Engraçado,ela também pediu para você parar,mas você a ouviu !? Não né!? Mas agora também nunca mais vai ouvir. - digo cortando sua orelha.
- Ah Ah Ah Ah Ah paraaaaa. - grita em súplica.
- Eu estou só começando. - digo com uma risada.
- Será que você merece enxergar? - digo próxima ao seu rosto."
Saio do porão e vou para o quintal dos fundos,onde ficavam os cachorros de caça então novamente sou atingida pelas memórias.
" Meu rosto e corpo estão banhados de sangue,o saco está pesado mas sei que os cachorros vão gostar da carne do próprio dono, só não sei se eles vão comer a cabeça.
Os cachorros latem audaciosos enquanto eu abro o saco e, começo a jogar os pedaços,primeiro a mão, depois alguns dedos,logo em seguida o pé e assim passo a tarde observando os cachorros,comer os restos do homem que um dia chamei de pai"
- Já terminou o passeio pela casa? - diz Mercy preocupada.
- Sim. - digo saindo dos meus devaneios. - Preciso que vá a cidade comprar algo para mim. - digo pensativa.
- Certo.
*****
- Tem certeza que vai fazer isso? - diz Mercy confusa.
- Tenho,me ajude logo com isso. - digo ansiosa.
Estamos jogando gasolina pela casa toda tanto por dentro quanto por fora,quero acabar com o passado,acabar com as dores, traumas e medos. Seguir em frente dessa vez sem olhar para trás.
- Pronto. - digo jogando o último galão fora.
Mercy risca um fósforo e joga na escada,logo em seguida ela fica ao meu lado, observando o fogo se alastrando rapidamente pela casa,aos poucos a casa vai se desmoronando com o meu passado que vai se tornando cinzas .
- E agora? - diz curiosa.
- Vamos embora. - digo aliviada.
" - Mamãe acabou! Estamos livres! - digo tentando anima-la.
- Mamãe diga alguma coisa! - digo desesperada sem obter resposta.
- Mamãe! Diga que vai ficar tudo bem! Por favor! Fica mamãe! - digo entre lágrimas.
Seu corpo pálido e ensanguentado me assustava,eu não estava acreditando que ela me deixaria.
- Wat. - sussurra fraca.
- Mamãe! - digo esperançosa.
- Você precisa salvar o bebê. - diz com falta de ar.
Olho para sua barriga e vejo que está sangrando muito,uma das facadas atingiu seu ventre e a lateral de sua barriga.
- Eu não sei como salvar o bebê!? - digo confusa.
- A faca,pegue-a e corte até encontrar o bebê. - sussurra fraca.
Eu não sabia o certo por onde começar,mas se fui capaz de matar também sou capaz de salvar,com a faca em minhas mãos faço um corte profundo,no ventre da minha mãe e geme de dor,mas eu continuo,enfio minhas mãos dentro do corte a procura do bebê, quando sinto algo apenas puxo e logo vejo a pequena cabeça,em seguida já estou com o bebê em meus braços. É uma pequena menina,pela primeira vez chorei de felicidade.
- Corte o cordão Wat. - diz mamãe já muito fraca.
Pego a faca novamente e corto o cordão umbilical, seguro o bebê em meus braços e levo para perto da mamãe.
- Mãe nasceu, é uma menina. - digo emocionada.
- Você é meu anjo Wat, nunca se esqueça disso, agora vá você precisa salvar-la. - sussurra enquanto fecha os olhos.
- Mãe não durma! Por favor mãe acorde! Por favor fica! - digo desesperada.
Sem alternativa saio correndo da casa,o bebê está muito pálido e magro,sua respiração está fraca e ela foi atingida pela facada,a um pequeno corte em sua costela que está sangrando muito.
Não sei para qual lado fica a cidade,mas preciso correr, não posso deixar o bebê morrer. Corro sem direção apenas implorando para que eu esteja no caminho certo,antes que eu perceba vejo Flip a minha frente,ele faz um gesto com a cabeça e o sigo,ele corre na minha frente e eu vou logo atrás, desejando que o pesadelo acabe.
Quando corro mais,acabo saindo de uns arbustos e me deparo com uma rua,do outro lado a um hospital municipal,atravesso a rua rapidamente e entro no local deixo o bebê,nas mãos de uma mulher de jaleco e fujo dali, não suportaria ver minha irmã também morrer."
- Quando você disse "vamos embora"eu não pensei que seria ir para um orfanato. - diz Mercy confusa.
Estamos do outro lado da rua de um orfanato, observando algumas crianças brincando no campinho de areia.
- Quando você me perguntou se eu tinha algum irmão,eu mentir, tenho uma irmã que foi entregue a adoção. - admito envergonhada.
- Ela sabe de você? - diz intrigada.
- Quando eu a deixei no hospital,ela praticamente não tinha mais vida,estava fria, desnutrida e sua respiração já não existia. - digo sincera. - Então a dois anos atrás eu recebi uma ligação, uma mulher disse que a menina sobreviveu que ela foi adotada, depois daquela ligação eu não acreditei que fosse verdade, então agora descobri que existe esses seres..
- Você acha que ela agora é uma sobrenatural, só assim para ela ter sobrevivido. - completa minha linha de pensamento.
- Isso aí. - digo observando as crianças. - Ela pode ser uma vampira ou uma lupina,eu não sei ao certo. - digo pensativa.
- Você tem vontade de encontrar-la ?
- Sinceramente não, é melhor ela não saber que foi fruto de um estrupo, que sua mãe foi torturada e que sua irmã é uma assassina, é melhor ela não saber de nada. - digo sincera.
Naquela tarde observamos as crianças,eu não fazia ideia com quantos anos minha irmã tem,ou onde ela possa estar mas o orfanato era o único rastro, que ela esteve aqui.
- Agora vamos para casa. - digo sorrindo para Mercy.
Continua...
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Obs.:foto na multimídia é a Wat quando era criança,ao lado a casa em que ela viveu e por último suas mãos sujas após a tortura.
Próximo capítulo será na sexta ou no sábado,o capítulo vai ser do Matt e, também terá alguns flashbacks.
Então beijos até breve ♥
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