5.
"She's the kind of girl you want so much it makes you sorry..."
Eduardo e Luíza
Alguma coisa estava no ar naquela manhã e Rebecca podia sentir. Talvez fosse o cheiro do verão que se aproximava, talvez fosse o fato de que o baile de formatura estava virando a esquina, assim como as provas finais, e talvez fosse apenas um bom dia. O que quer que fosse, realmente não importava, porque era indiscutivelmente bom.
A morena acordou com uma ressaca terrível. Não entendia por que insistia em continuar bebendo mesmo sabendo o quão fraca era para destilados. Levantou-se, nua, e foi até o banheiro. Lembrava-se de pouca coisa do dia anterior: a conversa no pub com a famosa Ana, ser carregada por Bruno e Daniel escadaria acima do seu prédio - depois que eles descobriram que o elevador estava quebrado - e lembrava-se também de dizer a Daniel que Ana era muito bonita, ao que ele respondeu com um "você também é", antes de beijá-la nos lábios e cobri-la.
Bruno, no batente da porta, observou toda a cena em silêncio, sem nenhum sinal de ciúmes ou irritação, o que fez Rebecca se revoltar e arrancar toda a roupa depois que os dois saíram do seu apartamento. Em seguida, ela ligou para o irmão mais velho, que a mandou ir se foder e voltar a dormir, porque ele estava no meio de "uma coisa importante" - e levando em consideração os gemidos ao fundo, ele realmente estava -, o que ela obedeceu prontamente, adormecendo com o celular na testa.
Uma noite memorável.
E ali estava ela, tomando uma ducha morna e se amaldiçoando por passar da conta mais uma vez.
Mas algo estava no ar... ela podia sentir...
XXX
-Talvez ela não tenha te visto, cara - Eduardo sugeriu. - Ou talvez ela queira te surpreender. Nunca se sabe.
- É... ou talvez ela tenha se decidido de vez pela Bianca - Bruno murmurou, apático. Carolina acabara de passar por ele como se ele não existisse. Pior, como se ela não gostasse dele, mesmo ele não existindo. - Eu só me fodo nessa merda...
- Se você tivesse escolhido a Becca ao invés da Carol, talvez não estivesse tão deprimido agora - Eduardo rebateu como quem não queria nada.
O baterista não era o melhor indicado para dar conselhos amorosos, já que estava no meio de um triângulo amoroso próprio, mas ele não aguentava mais a novela Rebecca-Bruno-Carolina.
Eles atravessaram o portão do colégio juntos e avistaram Rebecca e Luíza sentadas no cebolão, conversando e rindo, e foram até elas. Bruno sentiu as mãos suarem, mas era normal; acontecia toda vez que ele se aproximava de Rebecca.
- Bom dia - Eduardo desejou, sorrindo e beijando a testa das duas "amigas".
Demorou-se um pouco mais em Luíza, sentindo-se mal pelo flerte descarado com Raquel do dia anterior. Luíza, por sua vez, sentia-se péssima por ter transado com Fabrízio; havia prometido a si mesma, no instante em que Eduardo entrou na sua vida, que ela não iria mais fazer aquilo com Fabrízio.
Até aquele momento, eles haviam feito inúmeras vezes...
- Bom dia, Edu - Rebecca sorriu, linda como sempre. - Bom dia, Bruno.
- Bom dia, Becca - os dois disseram ao mesmo tempo.
Bruno sentou-se ao seu lado e Eduardo sentou-se ao lado de Luíza. Discretamente, os dois entrelaçaram os dedos, sem que Rebecca nem Bruno percebessem.
Eles ficaram no cebolão conversando sobre nada e tudo ao mesmo tempo. Rebecca, com sono, os olhos quase fechando, apoiou a cabeça no ombro de Bruno, e ele, involuntariamente, ficou passando os dedo pelo o seu cabelo. Ela estava quase dormindo quando...
- Uau! Alguém acordou de bom humor! - Bruno gritou, assustando-a.
Rebecca levantou a cabeça rapidamente e observou Raquel atravessar os portões.
A garota parecia uma louca, os cabelos bagunçados e cara de sono. Ela mostrou os dois dedos do meio para Bruno, que gargalhou. Eduardo, por sua vez, soltou a mão de Luíza, que o fuzilou com os olhos, incrédula. Ele resmungou algo como "ela é amiga do Fabrízio" e não voltou atrás; na realidade, ele não conseguiu pensar em mais nada assim que a ruiva colocou o seu lindo corpinho no seu campo de visão.
- Não é você que acorda com um irmãozinho hiperativo gritando e pulando, Bruno. Nem todos nós podemos acordar lindos e... bem dispostos - ela resmungou, avaliando o amigo. - Bom dia, pessoal! Bom dia, Eduardo.
Raquel sorriu tímida para o baterista e Luíza abriu a boca, pasma. Eduardo, ignorando a morena ao seu lado, piscou para a ruiva, que se sentou entre o antigo e o novo amigo, não percebendo o impulso assassino de Luíza, que praticamente rosnava ao seu lado.
Raquel lançou um olhar rápido para Rebecca, morrendo de inveja da sua beleza eminente; a garota estava morrendo de sono e mesmo assim continuava linda!
- Bom dia, Quel - Luíza cumprimentou, amarga.
- Bom dia, Lu, Becca - ela sorriu.
O seu sorriso parecia alegrar o mundo.
Rebecca acenou com a cabeça, enjoada com toda aquela fofura. Ela ainda não tinha se decidido se gostava ou não da garota nova. Por enquanto era um não.
- Já que estão todos aqui, eu preciso fazer uma pergunta muito séria - Bruno, que parecia ter recobrado o bom humor de sempre e esquecido Carolina, levantou-se. Ele ficou de frente para os amigos e fez uma pose esquisita, com a barriga para frente e os braços para trás. - Essa camiseta faz com que eu fique gordo?
- Borges, você é gordo - a conhecida voz de Daniel atraiu os olhares dos amigos.
Ele vinha em direção ao grupo com Fabrízio atrás de si. Raquel desviou os olhos, sentindo o rosto esquentar, e Fabrízio olhou para baixo, envergonhado.
- Toda vez que você magoa um gordinho, um panda morre, Daniel - Bruno resmungou, sentando-se agora ao lado de Raquel e deixando Rebecca sozinha.
Daniel, aproveitando-se da situação, sentou-se do lado dela que, sem pensar duas vezes, apoiou a cabeça em seu ombro. Não é a mesma coisa... ela pensou, amarga. Mas foda-se, eu estou com sono e Daniel está aqui.
Assim que ela encostou a cabeça no ombro do amigo e este começou a passar os dedos pelo seu cabelo, exatamente como Bruno fazia há alguns instantes, Ana atravessou os portões da escola. Ela usava uma calça jeans cinza, botas de cano baixo, camiseta do Sex Pistols e um sorriso encantador, que logo murchou ao ver Daniel enroscado a Rebecca.
- Ana, eles estão me chamando de gordo... - Bruno gritou para ela, chamando a sua atenção.
Ana estava prestes a passar batido pelo grupo, como sempre fazia desde... bom, desde sempre! Mas Bruno fez sinal para que ela se aproximasse.
- Ah, Bru, não é por nada não, mas você está mesmo gordinho - ela brincou, e isso desencadeou um acesso de risadas em Daniel; ele ficou vermelho e quase perdeu o fôlego, o que deixou Ana radiante.
Rebecca revirou os olhos, irritada pelos movimentos bruscos que Daniel fazia ao rir, e apoiou a cabeça nos próprios joelhos.
O grupo ouviu Carolina rir do outro lado do cebolão, de mãos dadas com Bianca. Bruno, enojado, levantou-se bruscamente e foi embora sem dizer nada. Curiosa com os comentários que se sucederam, Rebecca levantou o rosto a tempo de ver Bruno se afastar. Também sem dizer nada, ela foi atrás do garoto, e Daniel ficou observando a cena, tristonho.
- Caramba, ela gosta mesmo dele, eim? - Raquel perguntou, ignorando completamente os sentimentos que Daniel tinha por Rebecca.
Não foi por maldade, ela honestamente não tinha como saber, já que Daniel não havia mencionado nada sobre Rebecca em todos os e-mails que eles haviam trocado; ele não queria que a amiga soubesse do amor não correspondido que ele sentia pela morena. Já era ruim o suficiente ter que lidar com aquela situação sozinho...
Todos deram um jeito de tirar o cu da reta, ignorando a pergunta de Raquel e entrando em assuntos paralelos. Ela não entendeu muito bem o porque, mas deu de ombros mesmo assim. Ela era nova no "grupo" e não poderia exigir saber de todos os podres na primeira semana de convivência.
Daniel suspirou e enterrou a cabeça nas mãos. Ana, ainda de pé e percebendo que estava mais do que deslocada no grupo, pigarreou de maneira constrangida e foi embora, sem que ninguém notasse a sua ausência.
XXX
Bruno estava parado do lado de fora dos muros da escola, apoiado na parede, respirando fundo. Ele estava tentando se lembrar aonde havia estacionado a bicicleta, mas estava tendo dificuldade em meio a um mar delas.
Maldito bicicletário!
- Ela está na terceira fileira, Bruno - Rebecca pareceu surgir como uma sombra ao seu lado, apontando para a bicicleta verde fosforescente do amigo. - Eu já te disse que essa bicicleta é muito exagerada?
- Já - Bruni respondeu desanimado.
Ele tirou a chave do cadeado de dentro da mochila e se afastou, deixando a amiga para trás. Mas como Rebecca era uma garota obstinada, ela foi atrás dele.
- Sabe, Bruno, talvez não esteja na hora de desistir dela? Quero dizer, acho que ela já te magoou o sufuciente e...
- Não, eu não acho - Bruno virou-se, estressado. Ele estava louco para descontar a raiva em alguém, e Rebecca estava praticamente se oferecendo como saco de pancadas. Como sempre. - E quem é você para dar palpite na minha vida? Você nem ao menos gosta de alguém para saber o que eu estou sentindo.
Porra... falei merda... ele pensou, arrependendo-se instantaneamente.
Rebecca sentiu como se tivesse levado um soco no estômago. Quem aquele... quem aquele filho da puta pensava que era para falar daquele jeito com ela? Então era naquilo que o seu sentimento de mais cedo sobre as coisas estarem diferentes havia se transformado?
Belo sinal, sr. Deus!
- Becca, eu... - ele tentou consertar, mas ela levantou o dedo indicador em sua direção.
- Você nunca vai dar certo com ninguém, Bruno, e sabe por que? Porque você é imbecil o suficiente para não reparar em quem está debaixo do seu nariz! - ela exclamou, a voz esganiçada, os olhos azuis marejados. - E não fique achando que eu vou estar aqui para sempre, porque um dia eu vou cair na real e nunca mais olhar na sua cara. Você não merece a minha amizade.
Dito isso, ela se virou de costas e caminhou em direção a escola.
- Becca, me desculpa, eu não quis dizer aquilo! - ele gritou, enquanto ela se afastava. - Becca, por favor!
Mas os seus lamentos não adiantaram de nada, porque logo Rebecca sumiu do seu campo de visão.
O loiro parou de frente para a própria bicicleta, sem reação. Depois de alguns instantes em transe, ele deu um chute na roda com toda a força que tinha e urrou de raiva e dor.
- Filho da puta!
XXX
Luíza recebeu uma mensagem no meio da aula de história. Ela abriu o celular com todo cuidado para que o professor não a mandasse para fora e sorriu. "Preciso te ver, te tocar, te beijar... me encontra no mesmo lugar de sempre? Edu". Ela guardou o aparelho na bolsa e encaixou o rosto nas mãos, sonhadora.
Nunca ninguém a fizera se sentir como ela se sentia com Eduardo. Ninguém, nem mesmo Fabrízio, com o seu sorriso encantador e o seu senso de humor esquisito.
Luíza olhou em volta, preocupada; ninguém poderia ler aquele mensagem, e ela sabia o quão fuxiqueiras eram as meninas daquela turma. Felizmente, ela encontrou a sala inteira dormindo e Raquel Ludo ao seu lado.
Luíza descobriu que ela estava na sua sala quando encontrou a mais nova amiga perdida em frente a sala 302. A raiva que estava sentindo pela ruiva já havia passado - afinal de contas, Eduardo só queria que a aluna nova se sentisse novamente em casa - e Luíza a convidou para se sentarem juntas.
Aparentemente, Raquel era a única pessoa naquela escola inteira interessada em história; ela copiava tudo sem nem piscar, mas também não desgrudava os olhos do iPod. Luíza espichou o pescoço para descobrir o que ela tanto ouvia durante a aula.
Blink 182, Blink 182, Blink 182... ela só ouvia Blink 182!
- Você não cansa, não? - a morena cochichou, apontando com a cabeça para o iPod da colega.
- De Blink 182? - Raquel perguntou, surpresa, como se aquela pergunta não fizesse o menor sentido. - Quem se cansa de Blink 182?
Luíza sorriu, educada, mas por dentro fez uma careta. Ela era uma daquelas esquisitas? Ah, que ótimo...
XXX
Eduardo esperava nos fundos do colégio. Era mais um encontro casual, daqueles que aconteciam frequentemente havia um mês. Luíza finalmente chegou, esbaforida, e beijou o seu amante apaixonadamente. Os dois começaram a se agarrar descaradamente, sem nenhum pudor, e Eduardo estava quase retirando a camiseta de Luíza quando ouviu uma risadinha abafada. Ele abriu os olhos e deu de cara com Ana em pessoa, a loirinha que havia conhecido no bar no dia anterior; ela segurava o celular na mão, apontando-o diretamente para o casal.
Luíza pareceu não perceber nada de estranho, e Eduardo teve que parar o beijo a força.
- Ah, Edu, por qu... - a morena começou a reclamar quando percebeu, pela expressão do baterista, que algo estava errado. Ela se virou lentamente e quase caiu dura ao ver Ana parada ali. A morena soltou um gritinho histérico. - O que você está fazendo aqui?
- Bom, se você quer mesmo saber, eu vim aqui procurar algum lugar calmo para terminar a minha redação, mas acabei encontrando uma coisa muito mais... interessante - ela abaixou o celular, rindo, e digitou algumas coisas rapidamente. Passado o choque, Eduardo tentou arrancar o celular da sua mão, sem muito sucesso. - Nã nã não, nem adianta, gato, eu já mandei para o meu e-mail!
- Sua... vaca! - ele exclamou. - O que você vai fazer com isso?
- Bom, eu posso colocar na Internet, posso mandar para o e-mail do Fabrízio, posso fazer mil coisas... mas o que eu realmente vou fazer com isso? Chantagem, é claro - ela respondeu, como se fosse óbvio.
Eduardo fez menção de xingá-la mais uma vez, mas Luíza tomou as rédeas da situação. Ela colocou a mão no peito de Eduardo, para que ele calasse a boca, e deu dois passos para a frente.
- Muito bem, srta... - ela levantou a cabeça, em dúvida.
- Ana. Ana Anderson - a loira sorriu, os olhos verdes brilhando de excitação.
- Ana Anderson. O que você quer? - Luíza perguntou, cautelosa. - Dinheiro? Gabaritos? O quê?
- Não seja idiota, eu não preciso do seu dinheiro e sei muito bem me virar nas provas - ela revirou os olhos e Luíza teve que se segurar para não dar na cara dela. - Eu quero uma coisa muito mais complexa...
- Desembucha, esquisitona - Eduardo exigiu.
Ana gargalhou, divertida com o terror nos olhos dos dois. Ela tinha tirado a sorte grande! Respirando fundo, ela se recompôs e olhou bem fundo das irises azuis de Eduardo.
- Eu quero o Daniel Camargo.
XXX
Eduardo corria como um louco pelos corredores, os tênis fazendo barulhinhos irritantes toda vez que ele freava nas curvas. Ele precisava sair do colégio o quanto antes e ir até o apartamento que dividia com Bruno. Só ele poderia ajudá-lo!
Aquela Ana era completamente pirada! Uma amizade de anos dependia de Daniel Camargo, que, para o seu azar, parecia só ter olhos para Rebecca. A garota, por sua vez, matava e morria por Bruno Borges. Se Eduardo pudesse fazer com que Bruno tirasse Rebecca do caminho, Daniel poderia finalmente desistir dela e o baterista entraria como cupido, empurrando Ana em cima dele.
Ou ele poderia simplesmente contar a verdade para Fabrízio, mas só a possibilidade fez com que Luíza desse um piti épico. Então ele estava ali, correndo como um idiota; ele corria contra o tempo, porque, além de tudo, Ana havia estipulado um prazo: Daniel tinha que ser dela até o Baile de formatura.
Ele estava tão concentrado nos pensamentos que nem reparou na ruivinha parada perto dos armários, e acabou passando por cima dela.
- Ah, meu Deus, me desculpe! - ele exclamou, ajudando-a se levantar. Ela parecia irritada. - Me desculpe, Quel, foi sem querer, eu estou atrasado...
A irritação deu lugar a um sorriso, o que fez o coração de Eduardo derreter.
Ela negou com a cabeça.
- Não foi nada! Relaxa!
- Não foi nada, eu quase te matei! - ele exclamou, desacelerando o ritmo para conversar com ela. - Me desculpe!
- Já disse que não foi nada - ela então, em um gesto sincero, passou o dedão pelo rosto de Eduardo. - Onde você estava? Numa mina de carvão? O seu rosto está todo sujo e... eca, suado!
Ela fez um careta e ele gargalhou.
- Jura? Eu estou sujo!? - ele perguntou, parando de rir. Passou as mãos por todo o rosto, sujando-o mais ainda.
Foi a vez de Raquel gargalhar.
- Piorou! - ela exclamou.
Raquel pegou um pacote de lenços umedecidos de dentro da mochila, retirou um e começou a passar pelo rosto de Eduardo, que aproveitou cada segundo. Quando ela terminou o serviço, guardou o pacote e olhou nos olhos do baterista, que eram azuis da cor do mar.
- Obrigado - ele murmurou, de repente sem fôlego, mesmo já tendo parado de correr.
- Não foi nada - ela sorriu.
Os dois ficaram um bom tempo se encarando, até que Raquel sentiu o rosto esquentar e abaixou os olhos.
- Você não estava com pressa? - ela perguntou, tentando parecer desinteressada.
- Ah, é, sim! - ele exclamou, lembrando-se do seu compromisso. - Nos vemos por aí, Quel!
Ele depositou um beijo em sua testa e saiu correndo como um louco. Raquel apoiou-se no armário e o observou ir, colocando a mão no bolso e sentindo-se mais calma ao tocar o bilhete de Fabrízio que havia encontrado naquela manhã.
XXX
Luíza chegou na sala de geografia com as pernas bambas. Ela tinha aquela aula com Fabrízio e ele já estava lá, esperando-a. Ela não estava preparada para aquela tortura psicológica. Poderia chorar a qualquer momento.
- Pronta para passar os 100 melhores minutos do dia ao lado do seu amor? - Fabrízio perguntou, batendo de leve na cadeira ao seu lado.
Luíza sentou-se, atordoada. Fabrízio beijou a sua testa e virou-se de lado para conversar com dois amigos. Ela aproveitou a situação para mandar uma mensagem para Eduardo. "Falou com o Bruno?" Ela não obteve resposta e passou as duas aulas tensa ao lado de Fabrízio, que não pareceu perceber que a sua namorada estava tendo um colapso nervoso.
Quando a aula estava quase acabando, ela olhou direito para ele, reparando em algo diferente.
- Trocou o piercing no lábio? - ela perguntou, curiosa.
- Sim. Esse é... - ele tocou o piercing, sorrindo. - Antigo.
XXX
Eduardo entrou correndo em casa, gritando desesperadamente por Bruno.
- Caralho, Eduardo, eu estou no meu quarto! Onde mais eu poderia estar num apartamento de 90 metros quadrados? Na adega? - o guitarrista apareceu na porta só de boxers.
Ele parecia mal-humorado.
Eduardo, que normalmente implicaria com toda aquela nudez, foi até ele e entrou no seu quarto sem ser convidado, sentando-se na cama e afundando a cabeça nas mãos.
- Cara, eu preciso da sua ajuda - ele murmurou.
- O que foi? Dinheiro para traficante eu não tenho - Bruno sentou-se na cadeira da escrivaninha.
- Eu não estou zoando, cara, eu estou muito ferrado! - Eduardo levantou o rosto.
Ele estava pálido e trêmulo, deixando Bruno assustado.
- O que foi, cara? O que você fez?
- Eu não posso dizer o que é, mas eu preciso que você tire a Rebecca do Daniel. O Daniel não pode nunca mais ficar com ela, ele precisa sentir que ela não gosta mais nem um pouco dele!
Bruno franziu o cenho.
- Tá maluco, Edu? - foi o que ele respondeu.
- Bruno, você precisa me ajudar! E nem venha me dizer que você não pode, porque todos nós sabemos que a menina é louca por você! - Eduardo exclamou. - Está tudo em jogo, cara, a nossa amizade, a nossa banda... tudo!
Bruno levantou-se, confuso. Ele estava morto de curiosidade para saber o que estava rolando, mas como conhecia Eduardo melhor do que gostaria, sabia que ele não iria dizer nada.
- Eu briguei com a Becca hoje. Briguei feio...
- Então conserta! Pelo amor de Deus, conserta! - Eduardo estava mais do que desesperado.
- Eu vou tentar, cara, mas não te garanto nada...
- Obrigado, Bruno. Só de você tentar já me ajuda pra caralho! - o baterista suspirou aliviado.
- Mas eu tenho uma condição - Bruno anunciou. Eduardo levantou o rosto, surpreso; Bruno não era um homem de condições. Se ele estava a fim de ajudar, ele ajudava. Se não estava, foda-se você. - Você vai me dizer o que está rolando quando puder.
Eduardo ponderou a condição e decidiu por aceitar, balançando a cabeça em afirmação.
Melhor Bruno do que Fabrízio.
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