Parte 1
A atenção de Pete foi atraída para a porta do quarto de hospital se abrindo. Os olhos de Pete levantaram do livro que estava lendo e caíram sobre Tankhun, que entrava no quarto com suas roupas extravagantes e, para a confusão de Pete, homens entraram atrás dele com uma TV gigante e caixas de som.
- Bom dia, Pete, querido. - Cumprimentou Khun com um sorriso.
- O que é isso tudo? - Perguntou Pete.
- Como você resolveu não ter mais vida social depois que esse daí.. - Ele apontou com o queixo para Vegas, que estava na maca do hospital, com um inalador e vários aparelhos ligados à sua volta. - Resolveu entrar em coma, eu, como um ótimo amigo, resolvi trazer a festa até você! Hoje é noite de karaokê!
Pete ficou ainda mais confuso.
- Está falando sério? - Perguntou Pete, vendo Tankhun assentir. - Mas Khun, o Vegas está em coma! Você não acha que estaria o incomodando fazendo um karaokê no leito de hospital dele?
- Acho. E é exatamente por isso que vou fazer isso que eu resolvi trazer essas caixas de som! - Tankhun apontou para as caixas, enquanto instalavam a TV na parede. - Se o Vegas não gostar, ele que morra!
- Khun! - Pete o repreendeu, Tankhun riu.
- Desculpa, é força do hábito. Estou tentando aos poucos ver o Vegas como membro da família, por consideração à você. - Respondeu Tankhun. - Aliás, como ele está?
- Está ótimo! Melhor a cada dia. - Pete se levantou de sua poltrona e se sentou ao lado de Vegas, segurando a mão fria com a sua e a outra fez carinho em seu rosto. - Eu quero muito que ele acorde. Quero poder falar que amo ele e que eu estou aqui pra tudo que ele precisar.
- Ok, não precisa forçar. - Pediu Tankhun. - Não quero ver essa viadisse toda na minha frente.
Pete riu enquanto ele e Tankhun observavam os homens instalando a TV e a conectando nas caixas de som.
- Os Dr. Top está sabendo disso? - Perguntou Pete de repente.
- Sim, ele mesmo conversou com os superiores dele e os convenceu a fazer minhas vontades. - Respondeu Tankhun. - E meu papai já fez várias doações para esse hospital, seria burrice deles recusarem o pedido do filho mais velho de Korn Theerapanyakul!
- E o Macau?
- Que que tem?
- Ele sabe que você vai transformar o quarto do irmão dele em uma boate?
- Ai, Pete, para de ser chato! - Tankhun gritou, irritado. - Macau não precisa saber de nada! Ele deveria estar agradecido por nós estarmos cuidado do irmão dele!
Pete suspirou, sabendo que a qualquer momento ele teria que se meter em uma briga entre Macau e Tankhun por causa de mais uma das insanidades do mais velho.
- Olá, Pete... Tankhun! Vejo que já trouxe a TV para cá! - Disse Dr. Top, entrando no quarto junto com uma enfermeira.
- Claro que sim. Eu não perco tempo, hoje mesmo vamos fazer uma festinha! - Tankhun disse com um sorriso malicioso enquanto se aproximava do médico, levou sua mão para o peito do homem e arrumou seu crachá. - Por que você não vem nos fazer uma visita depois que seu expediente terminar?
Dr. Top ficou vermelho com a aproximação de Tankhun, então deu um passo para trás.
- C-claro, sim! Claro que sim! - Ele dizia, com um sorriso nervoso. - Se não for incomodo.
- Claro que não! Não é, Pete? - Tankhun o olhou, implorando por ajuda.
- É, não tem problema. - Concordou Pete.
- Então eu venho. - Dr. Top disse e sorriu quando Tankhun soltou um gritinho animado. - Bom, eu vim aqui para apresentar para vocês a enfermeira nova.
- Olá. - Ela juntou suas mãos e fez uma reverência, com um sorriso gentil nos lábios. - Sou Pranpriya.
- Olá, Pranpiya, sou Pete e esse é Tankhun. - Pete apresentou. - O que aconteceu com a outra enfermeira?
- Ela pediu para ser transferida. - Respondeu Dr. Top. - Me contou que tinha que ser com urgência porque a família estava de mudança para outra cidade e não queria chegar lá sem ter um emprego.
- Ah, que pena. - Pete disse, mas não estava nem um pouco triste com a transferência da outra enfermeira. Ela estava demonstrando um interesse surreal em Vegas: sempre dizendo o quão lindo ele era e massageando os músculos sempre que iria limpa-lo com um pano úmido. Muitas vezes Pete teve que expulsa-la do quarto, pois não conseguia controlar seu ciúmes.
Enquanto pensava isso, Pete percebeu que Pranpriya olhava fixamente para Vegas, com um olhar estranho.
Pete bufou, irritado.
- Você não acha que está olhando demais para ele? - As palavras saíram antes que Pete pudesse pensar direito. Ele percebeu o que disse e ficou vermelho.
Pranpriya também ficou vermelha.
- D-desculpe. - Ela pediu, com um sorriso tímido e envergonhado. - É-é que ele é muito bonito.
Pete se forçou para abrir um sorriso.
- Eu sei, ele é lindo. - Concordou Pete. - Mas ele é meu namorado, ok?
- Que namorado, Pete? - Tankhun riu. - Deixa de ser mentiroso! Você namora o..
Tankhun parou de falar quando Pete o lançou um olhar assustador.
- É.. É. Eles namoram. - Tankhun soltou um riso nervoso. - Era brincadeira minha.
- Ah, que tudo! - Pranpriya sorriu. - Adoro gays, tenho vários amigos que são!
- Que bom pra você. - Pete respondeu.
- É... - Pranpriya parecia nervosa com o olhar de Pete. - Vocês querem alguma coisa?
- Eu estou com um pouquinho de sede. - Comentou Tankhun.
- Certo! Vou trazer imediatamente! - Ela fez uma reverência e saiu apressadamente do quarto.
- Coitadinha, Pete! - Tankhun riu. - Você assustou ela...
- Não teria assustado se ela não estivesse olhando tanto pro Vegas! - Rebateu Pete, cruzando os braços.
- Mas tu é muito ciumento, né, mona? - Perguntou Tankhun, ainda rindo. - Foi a mesma coisa que a outra enfermeira.
- E eu tenho culpa se todas elas ficam olhando pro Vegas como se ele fosse um pedaço de carne? - Pete justificou, então se virou para o doutor. - Você não tem alguma enfermeira lésbica, ou um enfermeiro hetero, que possa tomar conta do Vegas?
- Pete, para de passar vergonha, por favor? - Pediu Tankhun. - O Vegas está em coma!
- Isso não impede ninguém de ficar tocando nele mais que o necessário. - Pete pontuou.
- Ai, desisto. - Tankhun bufou, então agradeceu os homens que terminaram de instalar as coisas.
- De uma chance pra ela. - Pediu Dr. Top. - Ela é nova por aqui.
- E ainda vão botar alguém desqualificado para tomar conta dele? - Pete perguntou, negando com a cabeça. - Não, nada disso!
- Na verdade, ela é bem qualificada. - Comentou Dr. Top. - Se quiser, trago o currículo dela.
- Argh! Não precisa! - Pete bufou, ficando de costas para Top e Tankhun, que riram de si.
- Não conhecia esse seu lado ciumento e birrento, Pete. - Brincou Tankhun, vendo Pete mostrar o dedo para ele.
- Vai cagar! - Pete xingou.
Nesse momento, Pranpriya entrou no quarto carregando uma bandeja.
- Desculpe a demora. - Ela pediu com um sorriso. - Não sabia o que o senhor queria, então eu trouxe água, suco e chá.
- Na verdade, você foi bem rápida, querida. - Respondeu Tankhun e pegou o copo de suco que Pranpriya estendia em sua direção. - Obrigado.
- Vocês querem algo? - Pranpriya perguntou e Dr. Top pegou o copo de água. - Sr. Pete?
- Não, obrigado! - Pete respondeu, sem nem olhar para ela.
- Me desculpe por ele. - Pediu Tankhun. - Ele acordou com o cu virado pra lua.
[...]
- Cheguei! - Pete anunciou quando entrou no quarto, tinha quase certeza de que ele poderia ouvir tudo que era dito à sua volta.
Pete se aproximou e se sentou na maca de frente para Vegas, sorrindo para ele.
- Mandei Pol embora, ele vai poder tirar a tarde de folga. - Comentou Pete. - Você não precisa de seguranças quando você tem à mim para te proteger.
- Macau vai vir, e Tankhun também. Sempre que Macau vem te visitar, ele vem junto. Ele pode não admitir, mas Tankhun tem um pouquinho de insegurança que o Dr. Top acabe sendo conquistado por Macau.
Pete parou de falar por alguns instantes, olhando para Vegas. Estava desejando que Vegas acordasse e o respondesse.
- O Macau tem um exame semana que vem, disse que a matéria é muito difícil e eu me propus a ajudá-lo. Só espero que eu o ajude mesmo, e não apenas o deixe ainda mais confuso. - Brincou Pete, dando outra pausa. - Ele me contou que você sempre o ajudava à estudar para as provas da escola; disse que você explicava de um jeito muito mais fácil e divertido que os professores. Ele fala de você com brilho nos olhos, sabia? Ele te admira e te ama muito!
- Ele é um bom menino, mas ele é muito carente, e está muito mal e se sentindo sozinho desde que seu pai morreu e você entrou em coma. - Pete comentou, sentindo aos poucos a garganta se fechar. - Eu tento dar atenção à ele, mas eu não sou o que ele precisa. Ele precisa do irmão dele, ele precisa de você! Ele.. Eu preciso de você!
Sem que pudesse se conter, as lágrimas caíram de seus olhos, molhando seu rosto.
- Eu preciso de você! Preciso que cuide de mim! - Pete dizia enquanto segurava a mão de Vegas com as suas e a apertava firmemente. - Por que você não acorda? Você está me castigando?!
Pete olhava atentamente para o rosto de Vegas, como se esperasse alguma reação. Mas não houve nada. Vegas continuou com o rosto sereno, como se estivesse dormindo profundamente.
- Se você não acordar, eu vou procurar outro dono! Alguém que vai cuidar de mim!
Ao dizer isso, Pete se surpreendeu quando sentiu a mão de Vegas apertar a sua.
- O que? - Pete arregalou os olhos, foi impossível um sorriso não surgir em seus lábios. - Vegas! Você apertou minha mão! Você acordou! Vegas!
Vegas continuava com os olhos fechados, mas Pete sentia o aperto forte em sua mão. Vegas estava acordando! Não era um sonho!
- Vegas, meu amor! - Pete riu enquanto sentia as lágrimas, dessa vez de alegria, descerem pelo seu rosto. Ele se aproximou de Vegas e deixou um beijo em sua testa. - Você está acordando! Eu preciso falar pro Macau! Onde está ele que não chega?
Naquele instante, o celular de Pete recebeu uma notificação, ele se apressou em soltar a mão de Vegas delicadamente, então levou sua mão até o bolso de sua calça e retirou o seu celular.
O desbloqueou e viu que tinha recebido uma mensagem de Macau, pedindo que ele fosse até o banheiro porque não estava se sentindo bem.
- Eu já volto, Vegas. - Pete disse, pegando uma última vez na mão de Vegas. - Quando voltar, trago o Dr. Top e Macau. Ele vai ficar tão feliz!
Então, deixou mais um beijo na testa de Vegas e se apressou em sair do quarto e correr até o banheiro.
- Macau! - Pete gritou enquanto entrava no banheiro, sustentando um enorme sorriso no rosto. Que mostrava suas covinhas e seus olhos se tornavam dois risquinhos. - Macau! Eu tenho uma notícia ótima pra contar!
Ele apenas recebeu o silêncio como resposta. Pete estranhou aquilo.
- Macau? - Pete se aproximou da única cabine que estava vazia. - Você está passando mal de verdade?
Ele parou à frente da porta da cabine e, quando ia bater, ela se abriu e alguém avançou para cima dele, desferindo um soco em seu rosto.
Pete ficou um pouco desnorteado pelo ataque repentino, mas, com um reflexo rápido, ele também deu um soco na pessoa.
Quando olhou melhor para a pessoa, viu que era Pranpriya!
Ela tocou seu rosto e percebeu que estava sangrando. Os olhos dela arderam como fogo e ela foi para cima dele novamente.
- Seu merdinha! - Ela xingou dando outro soco em seu rosto. - Vou acabar com você! Você está atrapalhando tudo!
- O que você fez com o Macau, sua vagabunda?! - Pete perguntou, agarrando seus cabelos e fazendo ela olhar para ele. - Me fala!
Pranpriya sorriu e, rapidamente, deu um chute no meio de suas pernas. Pete soltou seus cabelos e abriu a boca para gritar, mas ela segurou sua cabeça e a jogou contra a parede com toda a força que tinha - e que não era pouca.
Pete caiu no chão, inconsciente. Pranpriya se apressou em lavar seu rosto e suas mãos que estavam sujos de sangue.
Ela estava para sair quando deu meia volta e chutou o rosto de Pete, apenas para se certificar que ele não despertaria tão cedo.
Pranpriya saiu do banheiro e trancou a porta com a chave. Começou a caminhar rapidamente para o quarto de Vegas, precisava ser rápida antes que Pete acordasse e fosse atrás dela.
Pranpriya estava apenas à alguns passos do quarto de Vegas. Estava sentindo seu peito bater rapidamente a cada passo que dava.
Abriu a porta, se surpreendendo quando avistou Macau e Dr. Top no quarto.
- Oh! - Pranpriya deixou escapar. - Vocês estão aqui!
- Sim, estamos. - Concordou Dr. Top com um sorriso gentil. - Macau foi assaltado!
- Como? Assaltado? - Pranpriya se fez de desentendida. Achava que, quando roubasse o celular de Macau, ele iria correndo para uma delegacia, não que iria procurar Dr. Top.
- Sim! - Macau fez cara de choro, tentando chamar a atenção de Top; ele, na verdade, não estava tão assustado assim. - Ela foi uma troglodita! Me jogou no chão e eu machuquei meu joelho!
- Ah, coitadinho. - Dr. Top disse, olhando com preocupação para Macau, como quem olha para uma criança. - Eu gostaria muito de ficar aqui com você e te consolar, mas eu estou cheio de coisas para fazer..
- T-tudo bem. - Macau disse, fingindo entender Dr. Top. Na verdade, estava irritado.
- Onde Pete está? - Perguntou Dr. Top para Pranpriya. - Não quero deixar Macau sozinho e também preciso falar com os seguranças para ver se conseguem encontrar a ladra.
- Ele foi ao banheiro, eu tomo conta de Macau enquanto ele não volta. - Pranpriya se ofereceu.
- Ok. - Dr. Top deu um tapinha no ombro de Macau. - Fique bem.
Então ele foi até a porta do quarto e saiu por ela. Macau bufou e cruzou os braços, fazendo uma carinha emburrada por não ter chamado a atenção de Dr. Top como queria.
- Você quer alguma coisa para beber, Sr. Macau? - Pranpriya ofereceu, se forçando a lhe lançar um sorriso gentil.
- Não sei, pode ser! - Macau respondeu, vendo Pranpriya fazer uma reverência e passar pela porta atrás de si.
Quando saiu do quarto, o sorriso de Pranpriya morreu, dando lugar à uma expressão irritada. Além de Pete, teria que dar um jeito no irmão pirralho de Vegas.
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