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Capítulo 7

Self-expressed, exhausting for all

To see and to be

What you want and what you need

The truth's unwinding

Scraping away at my mind

Please stop asking me to describe

For one moment

I wish you'd hold your stage

With no feelings at all

Open minded

I'm sure I used to be so free

Citizen Erased - Muse

Finalmente a sexta-feira havia chegado novamente.

Leonardo não aguentava mais aquela semana. Depois que Bruno e seus comparsas ouviram de Ângela que ele era gay — E decidiram fazer de sua vida um inferno por isso, ainda que não fosse de sua conta. — O rapaz não conseguia mais estudar em paz sem ouvir uma piadinha sórdida. O que era extremamente irritante, não apenas por conta da homofobia, mas também porque ele era tímido demais para encarar aquela trupe de brutamontes tripudiando dele dia após dia.

Sua amizade com Helena era de bom grado nestes momentos — Ninguém ousava atazanar Leonardo quando ela estava por perto. — Mas, quando a garota fugia da escola no intervalo, o que acontecia precisamente todo dia, Leonardo ficava sozinho, e era assim vítima dos três idiotas.

Aquilo estava acabando com sua paciência. Ele teria que se impor logo, ou o restante de seu ano escolar seria um inferno.

Seu mau humor era gigantesco; Leonardo realmente não havia acordado muito alegre naquele dia. Estava de tal forma emburrado que quase não notou quando a garota mais bonita da escola chamou sua atenção, minutos antes de ele adentrar na sala:

Você não é o garoto novo?

Ao virar-se em direção a ela, Leonardo ficou sem palavras. Era uma moça negra, alta, de cabelos encaracolados e que usava uma faixa na cabeça. Como ele havia se negado a enxergar aquela moça por tanto tempo? Ela era simplesmente maravilhosa.

O-oi. — Ele não tinha muito jeito com garotas deslumbrantes. — S-sim. Eu me chamo Leonardo. Sou do 3ºF. Prazer em te conhecer...

Laura. — Ela apertou sua mão. — Sou do 2ºB. Vou direto ao ponto: Me disseram que você é bom em história.

Bom não era exatamente a palavra. Ele era médio-bom. Na escola antiga, suas notas variavam entre 6,5 e 10, e embora dez fosse realmente uma nota ótima, não dava pra chamar alguém que tira seis e meio de bom, não é?

Mas, se ela precisava de um reforço, ele conseguia quebrar um galho. Afinal, ele respondia a todas as perguntas do professor em classe, então ruim também não era uma palavra que o descreveria.

Não sou o melhor da classe. — Lembrou-se de Ângela. Ela sim, conseguiria manter uma média constante de notas dez ao longo do ano inteiro.

Sei disso. Mas eu não gosto da Ângela Tanaka. Ela é extremamente metida. — E simulou um vômito com os dedos. Leonardo não achava Ângela metida, mas aquela discussão seria irrelevante. — Meus amigos são todos das exatas. Como eu não conversei com você, achei que poderia me ajudar em alguns pontos.

Havia muitas questões a se considerar: Primeira, Leonardo era um garoto esforçado, mas definitivamente não era inteligente. Segunda, o professor Evair era um velho de cem mil anos e aparentava ser exigente, então a responsabilidade era grande. Terceira, ele não havia entrado no ritmo da escola nova ainda.

Mas, quarto, Laura era uma garota bonita. E Leonardo era facilmente rendido por garotas bonitas.

Eu posso. — Ele assentiu. — Você quer marcar um dia depois da aula?

Sim. — Laura não parecia muito animada, contudo. — O que acha de fazermos isso na praça Marcelo Tagnaffi?

Leonardo franziu a testa. Uma praça? Não seria mais confortável que fossem estudar em uma casa?

Se a sua casa não estiver disponível, eu posso conversar com a minha avó. — Afinal, como se concentrar com o tráfego dos passarinhos, o ressoar do vento, o tagarelar das pessoas? — Não acha que uma praça é muito...

Meus pais não me deixam frequentar a casa de nenhum menino. — Ela cortou, ríspida. — Se não me verem na praça, vão me dar um castigo de um mês.

Ah. — Pais controladores. Leonardo os achava patéticos. — Nesse caso, eu... Acho que pode ser, então.

Certo. — Ela lhe deu um tapinha nas costas. — Segunda-feira?

Assentiu. Qualquer dia, para ele, era ótimo. Leonardo não era uma pessoa muito ocupada, de qualquer forma.

Te vejo lá, então. — E deu as costas para ele, fria, adentrando a sala do 2ºB. Leonardo sentiu que ela não estava muito empolgada, mas aquilo não era problema dele. E, afinal, quem se empolgaria para estudar a matéria do Evair?

Quando ele pisou na sala de aula, Bruno e um dos brutamontes riram à sua presença. O terceiro, no entanto, apenas o encarava com dois olhos arregalados de pura raiva.

O que é? — Ele não tinha tempo para entender o que havia despertado a raiva do monte de músculos número três. — Eu tenho cara de palhaço?

O terceiro idiota apenas estreitou os olhos. Os outros dois exprimiram uma risadinha debochada.

Viadinho... — Disse Bruno, em tom de deboche.

Leonardo bufou. Não passavam de um bando de trouxas, afinal. Pegou sua mochila e logo se sentou em seu local de sempre, no aguardo da incrível aula do doutor Evair.

Seria mais interessante assistir a uma corrida de lesmas.

Ei. Maria-mole. — Sua única amiga estava ali, irreverente. Helena era o único ponto positivo de todas aquelas semanas insuportáveis. — Você não me cumprimentou hoje. Estou extremamente magoada.

No entanto, ele sabia que era deboche da parte dela. Helena nunca havia feito questão de cumprimentos e formalidades.

Oi, Helena. — E jogou uma bolinha de papel na garota. — Preparada para uma deliciosa aula sobre revolução russa?

Meu celular está preparadíssimo com as melhores músicas do Black Sabbath, você quer dizer. — E apontou para o aparelho. Leonardo riu. — E você certamente está preparadíssimo com as imagens de Laura Gouveia na sua mente.

Ele franziu o cenho. Então ela havia visto?

O que você está querendo dizer? — As frases dela continham muitas mensagens nas entrelinhas. Frequentemente, Leonardo tinha dificuldade para assimilá-las.

Pensa que eu não vi, seu garanhão? — E riu. — Você babou pela garota. Pelo visto, já esqueceu a Ângela, não?

E Leonardo não podia dizer que ela estava errada. Laura era uma moça bonita, a mais bonita da escola, e ele certamente aceitaria um beijo dela.

No entanto, o garoto tinha de se pôr em seu lugar. Ele era um magrelo de sessenta quilos; Ela era incrivelmente bonita. Jamais teria chance com Laura, ainda que quisesse muito. O que a garota pedia eram apenas reforços de história, e nada mais.

Por que você assume que eu quero pegar todas as meninas que conversam comigo? — Não que muitas o houvessem parado para isso...

Porque você é homem. E eu sei como os homens funcionam. — Ela não estava tão errada assim. — Mas, me diga, você realmente está afim da Laura?

Leonardo se pôs a pensar. "Afim" era uma palavra muito intensa para o seu sentimento.

Digamos que ele estava disponível, se ela assim quisesse.

Eu acho ela gatinha. — E Helena, num tom irritantemente debochado, riu. — Mas por que você está interessada?

Só queria te dizer que é cilada. — E bateu com a caneta na mesa. — Ela vive um relacionamento iô-iô com o Thiago, amigo do Bruno. Ele é um pouco abusivo, sabe? Ciumento demais. Por isso eles terminam e voltam. Agora estão separados, mas eu não te aconselharia a investir. Se você quiser, tome cuidado com ele.

Leonardo ergueu uma sobrancelha.

Você investiria?

Helena mordeu os lábios, risonha.

Eu acho que ela é hétero. — Era o seu empecilho principal.

Tá. — Uma boa desculpa, ele admitiu. — Mas e se ela não fosse? O que você faria?

Eu investiria. — E balançou a caneta entre seus dedos. — Não tenho medo do Thiago. Mas você deveria ter, ele é ainda mais violento que o Bruno.

E se eu não tiver medo do Thiago? — Continuou Leonardo a provocar. Era tudo apenas uma brincadeira, claro; Ele jamais investiria numa garota que estava muito acima do seu nível.

Helena soltou uma gargalhada.

Essa eu quero ver.

Leonardo se sentiu levemente compelido a dar uma resposta, mas não disse nada. Apenas lançou um sorriso desafiador e voltou à sua posição usual, como um garoto dedicado que se atentava às aulas de história.

Helena, contudo, não havia terminado ainda. O rapaz foi surpreendido com uma bola de papel diretamente em sua nuca.

Delicada. — Ele observou, tomando o papel em mãos. — Qual o seu problema em simplesmente chamar, como qualquer outra pessoa normal?

Eu não sou uma pessoa normal. — E o sorriso dela era extremamente presunçoso. — Mas, Leonardo, eu tenho um convite a te fazer.

Um convite? — Geralmente, os convites de Helena eram uma grande cilada. Por vezes, eles costumavam ser bastante divertidos também. — Você não pretende me chamar para jogar bombinha na igreja evangélica mais próxima, pretende?

Helena riu. Havia contado esse episódio infame a ele alguns dias atrás; Morava ao lado de uma igreja barulhenta, das piores, e geralmente a garota vivia em uma guerra fria com ela. Quando os pastores iniciavam seus cultos, Helena ligava o seu som com as suas playlists mais barulhentas. Às vezes, funcionava; No entanto, na maioria das vezes, Helena chamava a atenção de Francisco, que queria dormir ou ver seu futebol. Como não queria ter problemas com o velho, a garota desligava as caixas de som.

Os pastores, contudo, não cessavam o barulho, e ela acabava por resolver sua questão de outros modos. Uma vez, Helena explodiu bombinhas na igreja, daquelas que só faziam barulho e não machucavam ninguém; Os evangélicos se sentiram extremamente ameaçados por aquele ato terrorista e proibiram sua presença nas imediações da igreja. Ela fazia questão de passar por lá com sua camiseta mais feia ao menos uma vez por semana.

Diziam a Francisco que a garota estava endemoniada. Ele não se importava, desde que a moça trouxesse mensalmente o dinheiro da loja de roupas onde trabalhava. A má relação com os vizinhos, apesar de tudo, rendia alguns problemas para o padrasto; Mais de uma vez o pastor viera bater em sua porta para expulsar os demônios de Helena.

Aparentemente, ouvir Heavy Metal, usar camisetas de caveira e ter um estilo alternativo era mais demoníaco do que vender drogas e sair com prostitutas menores de idade.

Tudo isso, todavia, era apenas um episódio infame de sua permanência na casa do padrasto. Helena tinha outros planos para o garoto naquele dia.

Não. — Ela negou, risonha. — Você já foi a uma balada?

Leonardo era um garoto de dezessete anos obcecado por vídeo-games e super-heróis. Essas coisas que adolescentes populares e descoladinhos faziam no tempo livre não eram do seu mundo.

Acho que sou nerd demais para isso. — Brincou. — Você pretende me levar em uma?

Ela assentiu com a cabeça.

Tem uma open bar que são apenas vinte reais se você chegar antes da meia noite. — Apesar de não ser o maior expoente baladeiro de Labramar, Leonardo sabia que aquela era uma promoção e tanto. — O Douglas me avisou. A gente paga sua entrada, se você quiser.

Passar a sexta-feira em uma boate não era a ideia mais convidativa do mundo, pensou Leonardo; Contudo, ele não teria nada para fazer naquele dia, de qualquer forma. Era uma maneira de manter sua vida social ativa.

Só tem um problema... — Lembrou-se. — Eu sou menor de idade.

Ah, eu sei disso. — Não parecia ser um problema para ela. — Se você aceitar, a gente dá um jeito. E aí, sim ou não?

Ele não conseguia dizer "não" para as ideias malucas de Helena.

Sim. — Concordou ele. — Mas eu não vou usar nada ilegal.

Vou fazer o possível para não usar também. — Helena piscou, divertindo-se.

Aconteça o que acontecer, Leonardo sabia que aquela noite seria extremamente agitada.

***

A aula de geografia pareceu se arrastar por um milhão de horas. A professora, outra senhora de vinte mil anos que havia presenciado o fim do período cretáceo, ministrava a aula como se estivesse tendo uma dor de barriga lancinante. Bem, pensou Leonardo, talvez ela realmente esteja.

Como era natural, Helena não estava mais lá. Ela raramente permanecia na aula depois do intervalo, matava a aula para comer alguma coisa ou para fumar e beber na praça com seus dois melhores amigos. No início, Leonardo se incomodava um pouco, mas as aulas eram tão insuportáveis que ele a entendia bastante.

Laura o havia procurado após as primeiras aulas da manhã para passar seu número de telefone. Ele, galante como sempre, o tomou em sua agenda; Enquanto fantasiava beijos molhados nos belos lábios de Laura, percebeu que Helena tinha razão: Ele já havia esquecido a Ângela. Mas talvez fosse o momento de ser contido, porque a garota queria reforços de história e apenas isso.

Suspirou fundo, organizou seus materiais e saiu triunfante pela porta da sala. Tudo parecia tão mórbido; As poucas pessoas que estavam ali quase não conversavam, gastando seu tempo no celular ou em afagar os cachorros da rua. Era um clima muito pesado para o fim de uma sexta-feira, pensou o garoto; Talvez houvesse uma aura negativa pairando sobre a escola.

E ele a sentiu na pele. Antes de cruzar o majestoso portão da escola municipal de Labramar, foi barrado por um garoto forte e mal-encarado, cujo cheiro denunciava falta de banho há pelo menos três dias.

Leonardo não estava com paciência para as gracinhas dos amigos de Bruno. Tentou desviar do garoto, mas ele o acompanhava conforme o rapaz se movimentava. Era como se barrasse sua passagem de propósito.

Dá licença? — Grunhiu ele, deveras irritado. — Não se pode mais transitar nessa escola?

O grandalhão estalou os dedos.

Então o novato é, além de viadinho, talarico? — Bufou, pronto para agir da forma mais grotesca possível. — O que você quer com a Laura?

Você é o Thiago? — E logo percebeu que não poderia se tratar de outra pessoa. — Eu não quero nada com a Laura, homem. Eu sou viado, esqueceu? Me deixe em paz.

Eu conheço o seu tipo. — Apesar do pedido de Leonardo, Thiago não se moveu. — Você diz que é viado para se aproximar das garotas. Mas é só mais um talarico de merda.

Primeiro que, se fosse o caso, não seria muito inteligente da minha parte. Segundo que você e a Laura não estão mais juntos, até onde eu sei. — Leonardo tentou novamente desviar-se de Thiago, mas o brutamontes seguia barrando-o. — Droga, me deixe em paz! O que você quer de mim?

Com os olhos apertados, o amigo de Bruno segurou Leonardo pela camisa.

Deixe Laura em paz.

Como se ele sequer fosse capaz de chamar a atenção da garota, pensou Leonardo. Mas, se o seu ex namorado era Thiago, então ela estava disposta a se relacionar com praticamente qualquer um, desde que a pessoa tivesse um monte de músculos e uma cara de mau.

Entendido, capitão. — Para debochar, Leonardo bateu uma continência. — Mais alguma coisa?

Você se acha muito engraçado, não é, moleque? — Thiago o fuzilou com os olhos. — Eu estou falando sério.

Eu também. Cara, olha pra mim, você acha mesmo que a Laura tem algum interesse na minha pessoa? — E, agora, ele estava sendo sincero. — Me deixe passar, eu quero almoçar...

Eu não acredito em você.

E, de uma só vez, Thiago desferiu um soco contra Leonardo.

O garoto cuspiu, ficou atordoado. Sentiu o gosto metálico do líquido vital em seus lábios e percebeu que seu nariz sangrava; A maçã direita do rosto doía e ele percebeu que não havia mais saída.

Thiago não queria saber de misericórdia; Agarrou o garoto pelo peito, jogou sua mochila no chão, o içou acima de seus ombros (Ele era tão leve assim? Isso chegava a ser ofensivo.) e, sem nenhuma cerimônia, o jogou dentro de uma enorme lata de lixo. Leonardo tentou sair do compartimento, mas Thiago pôs a tampa de uma só vez e deixou o garoto agonizando dentro do latão.

Isso é pra aprender a não mexer com mulher dos outros. — Disse, ogro como somente um amigo de Bruno poderia ser.

Leonardo estava ficando sem ar lá dentro. O cheiro era terrível e o oxigênio era limitado; Debateu-se dentro do latão, implorando a Thiago por misericórdia, mas ele apenas sorriu sadicamente e permitiu que o garoto clamasse por perdão.

Então esse era o fim de Leonardo Cavalcanti. Em uma lixeira velha nos fundos da escola.

Quando o rapaz pensou que fosse finalmente abandonar este mundo, Thiago abriu o latão. Leonardo inspirou de maneira psicótica, sugando cada molécula de oxigênio para dentro de seus pulmões, grato por não ter sido morto daquela maneira deplorável. Ele ainda não havia se preparado para passar ao plano espiritual, tinha muitos pecados a serem expurgados ainda.

Se bem que, depois dessa, ele deveria ter sido perdoado de todos.

THIAGO! Que ideia foi essa? — Berrou, se levantando. — Isso não foi legal. Eu poderia ter morri...

Mas Thiago não parecia muito preocupado, porque lançou uma cusparada no rosto de Leonardo antes que ele pudesse completar sua frase.

E, finalmente farto de torturar aquele moleque magrelo, o grandalhão deu as costas e partiu pelo portão de saída. Leonardo, incrédulo, conseguia apenas olhar para as próprias mãos, sujas de resto de comida.

Ele havia chegado ao fundo do poço.       

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