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Capítulo 41

"'Cause this is thriller

Thriller night

And no one's gonna save you

From the beast about to strike

You know it's thriller

Thriller night

You're fighting for your life

Inside a killer

Thriller tonight, yeah

You hear the door slam

And realize there's nowhere left to run

You feel the cold hand

And wonder if you'll ever see the sun

You close your eyes

And hope that this is just imagination

Girl, but all the while

You hear a creature creepin' up behind

You're outta time"

Thriller - Michael Jackson

Numa noite serena de sexta feira, Helena, Leonardo e Raquel tomavam um sorvete junto a Douglas e Júlia. O objetivo era um só: Fazer Helena se esquecer da tragédia que havia acometido o irmão. Embora nenhum deles pudesse fazer nada em relação à prisão de Francisco, poderiam tentar levantar o astral da garota tão amada por todos, e estava dando certo; Helena dava gostosas gargalhadas junto às pessoas que mais amava em toda sua vida.

— O meu vestido ficou bem nela, não é? — Comentou Júlia, sentada de frente para Helena. Leonardo e Raquel estavam à sua direita e esquerda, respectivamente, e pendiam a cabeça para o lado, encostando-a em ambos os seus braços. — O que achou, Helena?

— Olha, para ser sincera, não é muito meu estilo. — Helena sorveu um pouco do milkshake que tomava. — Mas acho que valorizou o meu corpo.

— E o que não valoriza o seu corpo, garota? — Perguntou Júlia, levando uma colher repleta de sorvete sabor chocomenta à boca. — Por Deus, você é a própria deusa Afrodite.

Helena abriu um sorriso divertido.

— Estou achando que você não é tão hétero assim, Júlia. — E lançou uma piscadela. — Eu namoro duas pessoas e nenhuma delas me chama de deusa Afrodite.

— Ah, não seja por isso. — Leonardo afundou seu nariz nos cachos da amada. — Você é a minha deusa Afrodite, Helena.

— A nossa. — Emendou Raquel, deslizando o polegar pelas costas da mão de Helena. — A nossa deusa Afrodite.

A jovem sorriu tenramente e presenteou cada um deles com um beijinho na testa. Eram duas pessoas muito preciosas para ela, e a moça estava feliz de estar com ambos.

— Você comentou com a sua avó sobre Helena, Léo? — Douglas lembrava-se bem do motivo pelo qual os dois haviam terminado pela primeira vez.

Contundentemente, o rapaz assentiu com a cabeça.

— Ela não ficou muito feliz quando soube, mas não disse nada. — Respondeu. — Acho que prefere isso ao suposto namoro com Dominick, não sei. Ela é meio homofóbica. Com o tempo aceitará Helena, eu sei disso.

— E se não aceitar, azar o dela. — Helena estalou um beijinho singelo na bochecha de Leonardo. — Porque eu não irei desistir de você.

Como se endossasse as palavras da namorada, Leonardo balançou a cabeça em afirmação. Não deixaria mais as reclamações da avó ou de qualquer outra pessoa interferirem em sua vida afetiva; ele era maior de idade, tinha o direito de se relacionar com quem quisesse.

— Ela sabe que vocês estão num relacionamento não-monogâmico? — Tornou Douglas a perguntar.

— Você quer que eu infarte a velha? — Respondeu Leonardo, bem humorado. — Não, e é melhor que não saiba. Talvez no momento certo eu conte, mas não acho que seja necessário agora.

— Quando eu contei isso para Maycon, ele estranhou a princípio. — Raquel deu sua contribuição. — Mas disse que tudo que me fizer feliz, o faz também. Não sei porque isso é um tabu tão grande, honestamente. São apenas pessoas se relacionando do jeito que acham melhor.

— Eu reclamo por inveja mesmo. — Júlia levou à boca outra colherada de sorvete. — Bem que eu queria dois homens gostosos para mim, deve ser uma delícia. Vocês já transaram a três?

Leonardo arregalou os olhos e Raquel lançou um sorriso amarelo. Nenhum dos dois queria responder àquela pergunta, que talvez tivesse cruzado alguns limites.

— Não, Júlia. — Restou a Helena sanar as dúvidas de sua amiga, aos risos. Nunca cansaria de se espantar com a ousadia da moça. — Eu namoro Leonardo e eu namoro Raquel, mas Raquel e Leonardo não namoram. Não é um triângulo, é um V comigo no centro.

— Que pena. Seria interessante. Eu iria fazer muitas perguntas para você, nunca transei a três. — E limpou a boca com um guardanapo. — Vocês já terminaram? Acho que está ficando tarde, é melhor ir embora. Essa rua é meio perigosa depois de um certo horário.

Leonardo, Helena, Raquel e Douglas assentiram. Jogaram os copinhos usados de sorvete no lixo e deixaram o dinheiro no balcão da sorveteria. Os tempos de fugir e não pagar estavam distantes agora, pensou Helena.

— Sabe, vocês são incríveis. — Enquanto caminhava até o carro de Júlia, a garota refletia sobre o quão sortuda era. — Eu acabei de perder o meu irmão, deveria estar desolada, mas não estou. E tudo porque vocês me deram todo o apoio do mundo. Obrigada, pessoal. Sinceramente, não sei nem como expressar a minha grati...

E, por um breve momento, Helena pausou sua frase. O motivo era o carro que estava à sua frente: Um corsa prateado com uma placa que ela conhecia bem...

— Tem algo de errado? — Leonardo estranhou a interrupção súbita da garota. — Você parece assustada...

— Esse carro... — Algo não lhe cheirava bem. — Não é estranho pra mim. É de um dos amigos do meu padrasto, eu me lembro.

— Existem muitos corsas prateados em Labramar, Helena. — Júlia a tranquilizou. — Não deve ser do dito cujo, é apenas impressão sua.

— Não. — A sua memória não falhava. — A placa é a mesma. Exatamente a mesma.

— Talvez seja uma coincidência, então. — Douglas também opinou. — Não podemos impedir os amigos do seu padrasto de circular pela cidade. Ele não está atrás de você, Helena, escapou da polícia por um triz. Seria muito burro arriscar outro crime em tão pouco tempo.

— O problema... — Os lábios de Helena, que geralmente eram tão vermelhos, se tornavam pálidos. — É que ele é burro.

— Você está vulnerável, ruiva dos lábios de sangue. — Raquel deu-lhe um beijo na bochecha; era tão baixa que, para isso, foi necessário se pôr na ponta dos pés. — Vê os sinais do seu padrasto em tudo. Depois que perdi meus pais, sentia que sofreria um acidente em qualquer lugar que fosse. Mas é apenas nossa mente pregando peças, não é real.

Helena não tinha certeza se encaixaria seu mau pressentimento em "mente pregando peças", mas percebeu que seria voto vencido por ali. Torceu para que de fato estivesse errada e forçou-se a tirar os olhos do corsa, mas sua cabeça conjecturava mil situações desagradáveis; será que seria forçada a olhar na cara de Francisco novamente? Torcia para que não.

Conforme os cinco se aproximavam do carro de Júlia, Helena ficava mais tranquila. A moça destrancou o automóvel apertando um botão e ele ecoou o som de um clique.

— Ei, pessoal, eu vou andando. — Leonardo despediu-se de Helena com um beijinho nos lábios e do restante com um abraço. — Até mais, viu?

— Você não vai querer que eu te leve? — Questionou Júlia, com o cenho franzido. Leonardo negou com a cabeça.

— Não precisa. Minha casa fica daqui a dois quarteirões, e para chegar lá você precisa fazer um desvio gigantesco. — Explicou. — Não é necessário gastar sua gasolina comigo, Júlia.

— Tem certeza? São oito da noite. — Lembrou Júlia. — Está tendo uma onda de assaltos muito intensa por esse bairro.

Leonardo esboçou um sorriso com o canto da boca, mas Helena sentiu o coração apertar. Como um sopro divino, sua voz interior dizia que o namorado não deveria seguir caminho solitário; como ela justificaria isso, contudo, sem apelar para a sua intuição?

— Não é tão tarde. E a casa da minha avó é logo ali. — Sem aguardar uma intervenção, Leonardo virou-se de costas e acenou para o restante do grupo. — Obrigado pela preocupação, Júlia. Boa noite para todos!

Júlia deu de ombros e abriu a porta dianteira, enquanto Douglas e Raquel adentravam pelas traseiras.

— Você vai comigo aqui na frente, não é, Helena? — Júlia ergueu uma sobrancelha. — Não sou taxista.

Helena assentiu, sem questionar muito, e tomou o seu lugar logo à direita do assento que era reservado ao motorista. Ainda estava pensativa em relação a Leonardo; sua voz interior insistia em uma tragédia.

— Você está bem? — Estranhou Júlia. — Não fez nenhuma piada sarcástica.

— Estou preocupada com o Léo. — Forçou-se a admitir. — Algo me diz que isso não vai acabar bem.

— Ah, não vai acontecer nada, não. — Júlia ligou o carro. — Não está tão tarde assim, e, como ele falou, são poucos metros de distância.

— Estou tendo um pressentimento de que algo ruim vai acontecer. — Helena reforçou.

— Sempre que eu jogo na loteria, eu tenho o pressentimento de que serei a próxima milionária. Mas, infelizmente, eu sempre estou errada. — Brincou. — Relaxa, a gente fica vulnerável depois de uma tragédia. É o seu pessimismo falando.

Helena já havia experienciado as vozes do seu pessimismo antes, e definitivamente não era o que estava acontecendo. Tudo aquilo estava muito estranho; o carro do lacaio de seu padrasto, a preocupação crescente acerca de Leonardo... Talvez, apenas talvez, ela devesse seguir em direção ao garoto para certificar-se de que ele estava bem.

E, quando Júlia gastou os seus primeiros litros de gasolina, Helena encontrou a desculpa perfeita; sentiu um volume no bolso esquerdo e notou que o garoto havia esquecido a chave de casa com ela.

— A chave do Léo! — Exclamou a moça, alto o suficiente para que todos pudessem ouvir. — Ele esqueceu comigo. Espere só uns minutinhos, vou atrás dele.

E, com uma palpitação crescente em seu peito, Helena abandonou o carro, correndo em direção à casa de Leonor. Ela ficava apenas a dois quilômetros de distância, mas por algum motivo Helena sentiu como se fosse uma longa trajetória.

Não completou seu intento, porque algo no meio do caminho a petrificou; O celular de Leonardo, estirado no meio da calçada. Ele estivera ali e, por algum motivo, deixara o aparelho cair. Talvez fosse apenas um esquecimento banal, uma infelicidade fútil, ou...

Como até agora a intuição de Helena havia se provado correta, a moça deu meia volta e seguiu até a sorveteria, torcendo para estar errada. Não estava; o carro que pertencia ao amigo de Francisco não estava mais lá.

Um gosto amargo tomou conta de sua boca. Aquilo poderia não ter relação nenhuma com o paradeiro de Leonardo, ou poderia ser simplesmente a resposta para os pressentimentos ruins que vinha tendo.

Ela não iria ignorar as suas vozes interiores desta vez. Poderia estar perseguindo uma pista completamente falsa, mas ao menos tinha um norte; e, se estivesse certa, temia pela vida de Leonardo. Francisco era capaz de fazer coisas terríveis.

Ofegante, Helena adentrou o carro e lançou diretamente para Júlia:

— Júlia, eu preciso voltar à casa do Francisco. — Seu rosto estava pálido e suas mãos tremiam incontrolavelmente.

— De Francisco? Para que? — Júlia parecia indignada. — Aquele cara é perigoso, Helena. Você sabe do que ele é capaz.

— Justamente por isso. — Ela não voltaria atrás em sua decisão. — Por favor, Júlia. Eu te explico no meio do caminho.

Ainda que não entendesse muito bem as motivações de Helena, ela ainda era sua melhor amiga. A garota ligou o carro, deu partida e dirigiu em direção à residência do tão temido e cruel Francisco.

***

Henrique fora bem-sucedido em seu objetivo.

Estivera vigiando a vítima desde as duas da tarde, mas ela nunca parecia estar sozinha. De tarde, estivera com o filho dos Castro, um tal de Dominick, e à noite se uniu com um grupo de colegas para tomar sorvete. Henrique teve o pressentimento de que conhecia aquela moça, uma garota ruiva com quem o menino trocava carícias, mas não estava muito empenhado em descobrir de onde.

Quando ele pensou que teria de abortar o plano e deixar para o dia seguinte, a voz de Deus — Ou do capeta. — soprou no ouvido do garoto. Finalmente Leonardo se pôs em uma situação perfeita para o sequestro, caminhando sozinho nas solitárias ruas de Labramar.

Henrique jamais havia sequestrado alguém antes, mas trocara figurinhas com alguns sequestradores que conhecia. Seu primeiro ato foi se esconder em uma viela escura, impedindo o rapaz de vê-lo. Quando Leonardo passou pelo seu esconderijo, cantarolando uma música qualquer, o criminoso partiu para a emboscada.

Utilizando um lenço embebido em clorofórmio, Henrique garantiu que Leonardo perdesse seus sentidos durante a abordagem. No momento em que o lacaio de Francisco envolveu seu cotovelo ao redor do pescoço de Leonardo, a vítima tentou protestar:

— Ei! — Disse, confuso. — O que está acontecen...

Mas não teve muito tempo para lutar contra Henrique, porque desmaiou no minuto seguinte.

E, com a agilidade sendo uma de suas maiores qualidades, o sequestrador levou Leonardo ao seu carro com bastante facilidade; o peso do garoto ajudou, pensou ele, mas havia de se vangloriar por sua habilidade em transportar um rapaz desacordado sem maiores contratempos. Nenhum dos transeuntes notou que Henrique carregava um garoto desacordado, ou, se notaram, não interferiram. O rapaz dirigiu até a casa de Francisco, onde seria feito o trabalho sujo.

Arrepiava a espinha de Henrique pensar em um assassinato a sangue frio. Aquele serviço ele ainda não tinha coragem de realizar, morria de medo de vísceras. Não havia alcançado tal nível de frieza e desprezo pela vida humana, que eram os seus pensamentos acerca de Francisco, mas estava sendo bem pago por aquele serviço, de forma que optou por não reclamar.

Para sua sorte, a rua em que residia o seu comparsa estava completamente vazia. Henrique tinha a chave dos fundos, e não chamou atenção alguma quando levou a sua vítima para dentro da varanda do sanguinário carniceiro. Francisco estava na cozinha, em frente a uma pia repleta de pratos, afiando a faca que ceifaria a vida do pobre rapaz.

— Psst. Chefe. — Chamou Henrique, arrastando Leonardo pelos pés. — Eu trouxe o garoto.

Francisco virou sua cabeça de uma só vez. Seu olhar era sombrio e maléfico, notou Henrique; embora estivesse fazendo aquilo a mando de outra pessoa, o ajudante poderia jurar que ele sentia prazer em matar.

— Ótimo. — E lambeu os lábios. — Coloque-o na cadeira, para que ele não fuja durante as facadas.

Henrique assentiu. Sentia-se mal pelo menino, que nunca havia lhe feito nada, mas precisava do pagamento gordo que receberia pelo malfeito. Sua mãe sofria de doenças crônicas raras, e o tratamento estava ficando cada vez mais caro.

Sem muitas dificuldades, Henrique atou Leonardo à cadeira de tortura improvisada. Sentiu uma dor no coração ao ver o rapaz com a cabeça caída, sem a menor ideia de qual seria seu destino. Era um jovem de muita luz, assim como ele.

— Chefe... — Algo fez o rapaz hesitar. — Temos mesmo que matar ele? É tão jovem...

— Ordens da madame, Henrique. — Como se fosse um açougueiro prestes a cortar mais um pedaço de carne, Francisco avançou com a faca. — Não posso fazer nada a respeito.

— Não temos como enganar ela? — Henrique ergueu uma sobrancelha.

— Ela quer a cabeça do garoto como prova. — Francisco não ousaria tentar enganar a madame de olhar gélido; ela era capaz de coisas terríveis, piores até mesmo do que ele faria. — Sei que sente compaixão por ele, mas o negócio já está feito. Precisamos dar andamento ao crime.

Henrique respirou fundo. Por mais que já tivesse cometido muitas imoralidades nessa vida, presenciar um assassinato cruel não estava em seus planos.

— Certo. Eu vou para a varanda, então. — Disse. — Não quero presenciar essa brutalidade.

— Como quiser. — Francisco analisou a lâmina da faca. Afiada o suficiente, pensou.

Henrique não demorou muito para sumir das vistas de Francisco e, de certa forma, não fazia muita diferença para o assassino. Ele sempre o julgou fraco, tão fraco que sequer conseguia ver uma poça de sangue sem passar mal.

Com uma caneta, Francisco riscou os pontos vitais de Leonardo. Empunhou a faca com a mão direita, pronto para dar um golpe com toda a sua força, quando ouviu a campainha tocar.

Ding-dong. Ding-dong.

O traficante ergueu uma sobrancelha. Não tinha muitos amigos, e a madame não tinha interesse em interromper seu serviço. Quem seria a esta hora? O relógio marcava oito e meia; não tão tarde, mas não cedo o suficiente para receber visitas.

Bem, independente de quem fosse, ele teria de atender antes de sujar suas roupas com sangue. Com sorte, seria apenas um vendedor qualquer anunciando suas quinquilharias, que ele dispensaria com no máximo três frases. Um leve inconveniente, incapaz de manchar seus planos.

Quando abriu a porta, porém, não era o que esperava.

— Você? — Helena estava prostrada em frente à porta, com um rapaz forte e louro ao seu lado. — O que está fazendo aqui?

Helena semicerrou os olhos. Ela odiava Francisco com toda a força de seu ser.

— Eu moro aqui, seu porco maldito. — Disparou as palavras, tão seca quanto um deserto.

— Você ameaçou me entregar para a polícia! — Respondeu Francisco, que deixou bem claro a reciprocidade do ódio. — Não achei que fosse tão descarada.

— Eu? Descarada? — E riu sarcasticamente. — Você matou o meu irmão e me baleou. Tem certeza que a descarada aqui sou eu?

— Você não é mais bem-vinda aqui. Vá embora. — E Francisco estava pronto para fechar a porta, mas o moço loiro se interpôs.

— Com todo o respeito, senhor Francisco, — Ele não tinha o menor respeito pelo homem. — Mas a gente vai entrar.

— O QUE? — Francisco tentou não transparecer o pânico que tomou conta de si. — Essa é a MINHA casa. Vocês não podem...

Helena não esperou pela autorização do padrasto; apenas cuspiu em seu rosto e abriu caminho pelo vão que se formou entre ele e a porta. Francisco não conseguiu alcançá-la, estava estupefato demais para impedir sua enteada intrometida de explorar a antiga moradia.

Droga. Agora, ele teria que matá-la também.

— EI! VOLTE AQUI! — Berrou ele, numa tentativa infrutífera de fazê-la voltar. — EU VOU...

Antes de completar a frase, Francisco recebeu um dolorido chute nas partes íntimas por parte do moço loiro. O homem se abaixou, berrando de dor, e o rapaz aproveitou para acertar em cheio um golpe em sua nuca.

Francisco caiu desacordado aos pés de Douglas, quase simultâneamente aos berros de Helena vindos da sala.

— DOUGLAS! — Gritou ela. — VEM AQUI. EU ACHEI O LÉO.

O rapaz trancou a porta de entrada e correu feito um torpedo para a origem dos gritos. Encontrou uma faca afiadíssima repousando em cima da pia e o seu amigo Leonardo desacordado em cima de uma cadeira, com seus braços e pernas presos por fita isolante.

— Eu sabia! — Helena tampou a boca com a mão, e seus olhos lacrimejavam intensamente. — Eu sabia que ele estava em risco. Meu deus, eu deveria ouvir mais a minha intuição.

— Você acha que devemos chamar a polícia? — O motivo daquele crime, Douglas não sabia; contudo, era certo que Francisco não podia passar impune mais uma vez.

— Sim. Não só por Leonardo, mas pelas drogas também. — Contou Helena. — Elas estão no quarto de Francisco. Sempre ficam por lá.

Douglas assentiu. Puxou o celular do bolso, discou o 190 e se pôs a falar:

— Alô? — Disse. — Eu tenho uma denuncia a fazer. Estou aqui, na rua Álvares Cabral...

Enquanto isso, Helena ouviu passos vindos da varanda. Francisco não estava sozinho; como uma águia caçando sua presa, a garota dirigiu-se rapidamente à origem dos sons, que indicavam uma aparente fuga.

No entanto, se frustrou, porque encontrou apenas uma porta aberta e o cortante frio que emanava do lado de fora. O terreno ao lado era um intenso matagal e seria perigoso procurar pelo comparsa de Francisco por lá; a garota teria de se contentar em prender apenas o padrasto.

Não podia ignorar, também, o horrível cheiro podre que subia de suas lixeiras. Ao virar-se para os sacos pretos, Helena notou que havia mais lixo do que ela estava acostumada a ver. Havia algo de errado naqueles sacos, e ela estava prestes a descobrir.

Quando abriu o primeiro saco, a garota sentiu todo o seu almoço retornar ao se deparar com os pézinhos infantis de João.      

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