Capítulo 38
Go and take this the wrong way
You knew who I was with every step that I ran to you
Only blue or black days
Electing strange perfections in any stranger I choose
Would things be easier if there was a right way?
Honey, there is no right way
And so, I fall in love just a little, oh, little bit
Everyday with someone new
I fall in love just a little, oh, little bit
Everyday with someone new
I fall in love just a little, oh, little bit
Everyday with someone new
I fall in love just a little, oh, little bit
Everyday with someone new
Someone New - Hozier
— Ruiva dos lábios de sangue? — Raquel deu duas batidinhas na porta do quarto, atraindo a atenção de Helena. — Posso entrar?
A ruiva assentiu com a cabeça, ainda com o braço enfaixado. Seu rosto sustentava um olhar vazio, incapaz até mesmo de chorar.
— Você está bem? — Perguntou a moça, tomando a mão da amada na sua. Helena, um pouco grogue, demorou alguns segundos para responder.
— João... — Era a única palavra que conseguia sair de sua garganta. — João... João...
E as lágrimas instintivamente abandonaram suas órbitas. Duas gotas salgadas escorreram da base de seus olhos até seu queixo, formando uma trilha molhada por onde passavam. Helena se sentia completamente desamparada.
— O que tem o João? — Raquel o conhecia pouco. Havia visto o garoto somente uma ou duas vezes em vida, se muito. No entanto, sabia o quanto sua namorada estimava o irmão.
— Morto... — E segurou um soluço. — Francisco, aquele porco...
Ao pronunciar as amargas palavras, Helena desabou em lágrimas. Berrava de dor, sentia-se impotente. Sequer fora capaz de salvar a vida do irmão; agora, estava completamente sozinha, abandonada em um mundo cruel e devastador.
Raquel finalmente entendeu o que afligia o coração de sua namorada. Contudo, sentia-se incapaz de fazer qualquer coisa; sabia como era essa sensação, e não podia trazer ninguém dos mortos.
— Você... — E esfregou o próprio braço. — Você quer um abraço?
Helena fez que sim com a cabeça e Raquel lançou-se para cima dela, apertando-a o máximo que podia — tomando cuidado, claro, para evitar o ferimento.
— Isso dói. Dói bastante. — Contou a menina. Ela ainda sentia a cicatriz do rosto latejar; Helena jamais superaria esse crime terrível completamente. — E nunca para de doer. Mas, uma hora, a gente aprende a conviver com a dor. Ela se torna íntima nossa, sabe? Como uma velha amiga. Você vai entender o que estou falando um dia.
A moça arriscou um rascunho de sorriso com o canto da boca; Era muito sortuda por ter Raquel ao seu lado.
— E, lembre-se... — Embora não fosse muito de monólogos, Raquel sentia-se corajosa naquela ocasião. — Você não está sozinha. Nunca estará. Eu sempre estarei aqui, independente de qualquer coisa. Eu te amo, ruiva dos lábios de sangue.
Afagando a nuca de Raquel, Helena finalmente se permitiu sentir algum conforto. Ela não tinha mais família: Nunca tivera pai, perdera a mãe aos 14 anos, e agora estava sem o irmão. No entanto, tinha uma namorada e amigos maravilhosos. Seria muito ingrata se descartasse isso.
— Também te amo, garota. — E deu em Raquel um beijinho na bochecha. — Mudando um pouco de assunto, o Leonardo está aí?
Raquel soltou Helena por um momento. Encarou-a com o cenho franzido; era no mínimo peculiar que neste momento tão delicado ela estivesse pedindo por Leonardo.
— Está. — Afinal, ela não iria mentir. — Por quê? Algum motivo especial?
— A enfermeira me disse que ele chamou a polícia. — Explicou Helena, sucinta. — Gostaria de ver com ele como se desdobrou o caso.
Raquel murmurou um "ah" baixinho. Esfregou os próprios braços; parecia envergonhada em ter duvidado das intenções de sua namorada.
— Eu sei que você está com ciúmes... — Atestou Helena. Raquel logo interrompeu-a:
— Ciúmes? Claro que não estou! — Havia um fundinho de verdade na constatação de Helena, sim. — Só estava... Estava..
Helena riu baixinho e puxou Raquel para um beijo.
— Não existe outra e nem outro na minha vida. — Disse ela, deslizando o indicador pela bochecha de sua amada. — O que eu sentia por Leonardo é passado, tudo bem?
Raquel assentiu com a cabeça, mas era inevitável se sentir insegura. Helena era seu primeiro amor; será que estava sendo boa o suficiente?
— Agora, se puder chamar o Leonardo para mim... — Helena reforçou. — Por favor. Eu preciso saber como correu o caso.
Sem serem necessárias mais palavras, Raquel imediatamente obedeceu ao desejo de Helena. Sabendo onde seu rival (Por que ela o encarava assim?) estava, a garota foi até ele utilizando apenas alguns poucos segundos.
O rapaz estava sentado ao lado de Júlia, cochilando suavemente. Não havia dormido durante a noite inteira, preocupado com a mulher que amava.
— Leonardo. — Ela chamou, acordando o garoto. — Helena quer te ver.
Leonardo esfregou os olhos. Estava com olheiras enormes; fora uma noite difícil para ele.
— Ela acordou? — Perguntou, afoito. Raquel assentiu com a cabeça. — Ótimo. Vou lá trocar umas palavrinhas com ela. Obrigado, Raquel.
E deu-lhe dois tapinhas no ombro, seguindo caminho em direção ao leito de Helena. Leonardo decorara o número, porque passou pela frente dele inúmeras vezes. Se esquecendo completamente que mal dormira duas horas no total, o garoto parecia completamente elétrico ao rever a amada.
Com duas batidas na porta do quarto, revelou sua chegada:
— Helena? — A etiqueta de visitante estava nítida em seu peito. Helena fez um sinal para que o garoto entrasse.
Um pouco desajeitado, Leonardo caminhou a passos lentos em direção ao leito da ex-namorada. Mordia o lábio inferior, tamborilava os dedos sobre as próprias coxas, estava nervoso. Lembrava-se perfeitamente do contato de ambos após a última noite, e sentia-se mal em saber que aquilo havia acendido chamas no seu interior.
— Leo... — Ela sorriu suavemente com o canto da boca. — Jamais imaginei que te veria novamente.
— É... — Sonhador, o garoto sorriu; Encarava o ventilador de teto sob sua cabeça. — Pena que tenha sido nessa situação.
Helena concordou. Logo se lembrou de João e o amargor em sua boca voltou; Pensar que jamais afagaria aqueles cachinhos novamente era uma tortura para ela.
— Gostaria de saber... — E limpou a garganta, retomando a seriedade do encontro. — O que aconteceu com o Francisco. Em relação à polícia.
Sobre isso, Leonardo não tinha boas notícias. Ele se tornava enraivecido somente de lembrar que o desfecho de toda a situação fora aquele.
— Os inúteis dos policiais me ligaram às quatro da manhã. — E era possível identificar o ódio na sua voz. — Disseram que não encontraram nada que incriminasse Francisco por lá.
Helena arregalou os olhos. Não era possível que Francisco fosse tão esperto — Ou que os policiais fossem tão burros.
— Nada? Nada, nada? — Para que servia a polícia, se não era capaz de prender um assassino? — Nem as drogas? A arma? O corpo de João?
Leonardo negou com a cabeça.
— Nada. A casa está completamente limpa. — E cerrou os punhos. — É um absurdo que isso tudo tenha acontecido com você.
Helena assentiu com a cabeça. Não estava disposta a se estender naquele assunto; ele só lhe causaria dor.
— Isso não é possível... — E um fio de lágrimas escapou pelos olhos da garota novamente. — Ele matou uma criança de doze anos! DOZE ANOS! Não é possível que ninguém seja capaz de fazer nada...
— Helena... — Leonardo enfiou as mãos nos bolsos. — Você acha que... Francisco molhou as mãos da polícia?
— Pouco provável. — Assumiu ela. — Não que os policiais sejam os seres mais honestos do mundo, mas ele teria que ter molhado a mão de muita gente pra sair impune. Das drogas, do assassinato e da arma... Francisco era um traficante medíocre, e gastava muito mal o seu dinheiro. Não acho que ele tivesse como bancar tanto suborno assim.
— Então... — O próprio Leonardo estava indignado. Por ele, aquele padrasto nojento de Helena seria preso para ontem. — Você acha que a polícia é simplesmente burra?
Helena suspirou fundo.
— Não sei, Leo, essa história está meio... Mal contada. — Admitiu ela. — Mas infelizmente eu não consigo conectar as peças desse quebra-cabeça. Não faz sentido para mim.
— É... — Impotência era um sentimento horrível. Infelizmente, nenhum dos dois era detetive ou policial; remexer nesse vespeiro poderia significar um destino terrível para ambos. — Parece esquisito. Mas é melhor a gente se manter longe disso por enquanto, pode ser perigoso. A polícia disse que ainda está investigando Francisco, mas...
— Não vai dar em nada. — Helena arrancou as palavras de sua boca. Com pesar, Leonardo foi obrigado a concordar. — Bem, infelizmente a justiça funciona assim nesse país. Muito dura com jovens negros que cometeram pequenos delitos, e muito leve para assassinos cruéis e sanguinários.
Ele, como jovem negro, sabia muito bem desta realidade. Perdera as contas das vezes em que fora abordado em lojas ou que o confundiram com empregado de Dominick; infelizmente, uma realidade nada agradável.
Enquanto isso, Francisco, um traficante branco, seguia impune.
— Bem, eu... Acho que já terminei meu papel por aqui. — Despediu-se. — Vi que você está sem celular. Se precisar de mim, peça para a Júlia me ligar, passei a ela meu número. Mais alguma coisa em que posso ser útil?
— Não, Leo, você pode ir. — Ela esboçou um sorriso. O garoto deu meia volta e já ia se dirigindo à saída, quando Helena se interpôs: — Leo? Posso te falar uma última coisa?
O rapaz voltou-se à ex-namorada novamente.
— Hum, pode. — Ele não esperava aquela intervenção. — Algo que eu precise saber?
— Eu gostei muito de rever você. — Disse ela, abraçando o travesseiro e fechando lentamente os olhos. Leonardo sorriu com o canto da boca.
— Eu também gostei de te ver de novo. — Admitiu. — Espero poder reatar a nossa... Amizade.
Helena sorriu e, antes que Leonardo pudesse se dar conta, mergulhou no sono. Essa última resposta, apesar de tudo, ainda estava em aberto.
***
— Sim, Henrique, para essa semana! — Bufava Francisco, ao telefone. — Sozinho? Por que eu faria isso sozinho? Você sabe que eu nunca fiz nada sozinho! Ora, vamos, você é jovem e...
Fabiana lixava as unhas numa poltrona gasta ao lado do homem. Embora não entendesse a conversa por completo, não estava gostando nada das réplicas do assassino que havia contratado.
— Algum problema, Ferreira? — Fabiana evitaria chamá-lo pelo primeiro nome. Intimidade demais, pensou.
— Esse merdinha do Henrique está se recusando a me ajudar de graça. — E passou as mãos pelos cabelos. — Ele não entende que eu gastei todo o meu dinheiro com... Bom, não importa. E agora sequer tenho a putinha da Helena para me ajudar!
Fabiana ergueu as sobrancelhas.
— Quem é Henrique? — Ela questionou, serena.
— Um garotinho de vinte anos que me ajudava a distribuir as drogas quando o inútil do meu filho não conseguia. — Revelou Francisco. — Ele é usuário, eu fazia um precinho legal para ele me ajudar. Mas parece que agora o maldito arranjou outro fornecedor e eu não posso mais continuar a vender minhas drogas, seria muito suspeito. Ele não quer me ajudar de graça.
— Nada vem de graça, Ferreira. — Disparou Fabiana. — Você deveria tentar sozinho. Foi esse o nosso acordo, afinal.
Francisco suspirou fundo. Sabia que jamais conseguiria assassinar Leonardo sozinho; Nunca fora capaz de fazer qualquer coisa sozinho.
— Eu já estou nos meus cinquenta, madame. — Ele não gostava de chamar aquela mulher pelo nome. Fabiana parecia querer alguma distância dele, seu assassino particular. — Não tenho mais a vigorosidade de antes.
A mulher fez uma careta. Não era preciso muita inteligência para entender o que Francisco estava insinuando; ler nas entrelinhas nunca fora muito difícil para a esposa de Lourenço de Castro.
— Está bem, Ferreira, eu vou liberar um dinheiro para você entregar ao seu capanga. — E Francisco sorriu. — Dez mil está bom? É pegar ou largar. Já gastei demais subornando os policiais para que eles não te incriminassem por assassinato.
— Dez mil? — Os olhos de Francisco saltaram. — É o suficiente sim, madame. Vou ligar para Henrique agora...
E discou o número de seu pupilo preferido, o homem que o acudia quando ele precisava de ajuda.
— Então, seu bunda mole, eu trouxe um preço para o seu serviço. — Ele não era muito simpático com as pessoas que o ajudariam a tirá-lo da desgraça. — Dez mil está bom para você?
E, pelo sorriso no rosto de seu assassino, Fabiana soube que a tentativa havia sido bem sucedida.
— Henrique disse que vai fazer. — Disse o homem. — Já tenho o plano na minha cabeça. Basta passar para o garoto e levá-lo à execução.
— Ótimo. — Fabiana levantou-se, de nariz empinado. — Então temos um trato, Ferreira?
Francisco assentiu.
— Que mal eu pergunte... — e lambeu os lábios. — Eu não ganharei nada por esse serviço? Nem um centavo?
Fabiana soltou uma sonora gargalhada; Francisco se encolheu, envergonhado.
— Sua recompensa, Ferreira... — Ela disse, friamente. — É não apodrecer em um presídio sujo e fedido. E agradeça se continuar vivo, porque se algo nesta missão me comprometer...
E deslizou o indicador horizontalmente pelo seu pescoço, deixando a Francisco uma mensagem bem clara. O homem trincou os dentes; estava pisando em território perigoso.
— Espero ter sido clara. Fui clara? — O homem assentiu com a cabeça. — Ótimo. Faça o serviço que acordamos e não correrá riscos.
E, com os sapatos de salto batendo no assoalho de madeira, Fabiana deixou Francisco a sós; ela era uma verdadeira ameaça, uma mulher maligna, e talvez tivesse sido um erro do homem confiar nela para salvar sua pele.
Agora, contudo, era tarde demais.
***
Acompanhada somente das gralhas pretas e do cair da noite, Helena corria. O frio cortante lhe queimava as bochechas, mas aquela era a sua menor preocupação. Passando por árvores retorcidas e arbustos ressecados, toda aquela floresta tinha um tom apocalíptico.
Encarou o relógio no pulso. Ele não lhe marcava horas, apenas apitava compassadamente, indicando que seu tempo havia acabado. Ela estava atrasada, sabia que estava atrasada; tinha uma missão a cumprir e muito o que fazer.
No meio da corrida desenfreada, a garota pisou em falso numa pedra do chão arenoso. Sentiu seus ossos estalarem; para sua infelicidade, Helena havia torcido o tornozelo. Xingou baixinho, sequer conseguia ficar de pé; mas, ainda assim, correu. Correu num pé só até seu destino final, sentindo o coração disparar em seu peito. Estava sozinha, e, pior ainda, desamparada.
Ela soube que estava no lugar certo quando sentiu a atmosfera ficar mais pesada; A areia bege aos seus pés se tornou enegrecida e todo o céu adquiriu um tom vermelho-sangue. Helena estava diretamente na entrada do inferno.
E a criatura estava lá, sua inimiga mortal: Era um amontoado de sombras disforme em que apenas se via uma boca pálida, sorrindo para Helena como se soubesse que havia vencido. A garota parou, ofegante, e se apoiou sob os joelhos. Aos pés do bicho, estava o corpo sem vida de João.
— É tarde demais. — Sussurrou a sombra, num tom maquiavélico. — Você não pôde salvá-lo.
Helena chorou. Queria poder ajudar o seu irmão, sua pequena e preciosa jóia, mas fora impossível. O sorriso sádico do monstro se alargou ao experienciar o sofrimento da moça.
— O que quer de mim? — Ela perguntou, inflamada pela raiva. Gostaria de poder aniquilar aquele bicho, mas seu íntimo sabia ser impossível; o monstro nada mais era que a materialização dos medos de Helena.
— A respeito de João? Nada. Você fracassou. — A criatura esfregou a verdade nos olhos da garota. — Mas eu vou precisar de mais uma manifestação sua. Uma escolha.
Helena enxugou as lágrimas e encarou o monstro diretamente em seu centro.
— Escolha? — Estava confusa. O bicho sombrio sorriu malignamente e fez dois redemoinhos pretos aparecerem ao seu lado.
A moça gelou ao se dar conta de que, no centro do primeiro, estava Raquel; no centro do segundo, Leonardo. Ambos estavam desacordados e pareciam alheios a tudo o que acontecia, mas Helena experienciava cada segundo dessa angústia com a mais profunda dor.
— Você sabe quem são eles. — Devolveu a criatura, com a sua voz ecoando por toda a floresta. — Eu vou te dar uma chance: Um deles irá sobreviver, e o outro irá morrer. E é você quem deve escolher qual é qual.
Helena engoliu em seco. Que diabos de dilema era aquele?
— Você... — Era uma pergunta estúpida. — Não pode salvar os dois?
A criatura riu, maléfica como nunca se vira. Helena sentiu as pernas tremerem; O ar ficou mais gelado e o chão parecia ter perdido a sustentação.
— Você gostaria que fosse fácil assim, não é? Que pena, garota, não é. — E o sadismo do bicho estava aflorado; ele se deliciava em fazer Helena sofrer. — Vamos lá, Leonardo ou Raquel? Não tenho muito tempo.
— Eu... Eu... — O suor pingava de sua testa. Helena sentia-se tremer como uma britadeira.
— Qual você ama mais? — Continuou a criatura. — Raquel ou Leonardo? Sua Maria-mole ou sua morena dos olhos verdes? Hein? Qual a sua opção?
E, incapaz de fazer essa escolha, Helena berrou. Berrou tão alto que as gralhas se assustaram e voaram para longe, as árvores tremeram, o chão se desfez. E, quando menos esperava, ela estava caindo.
Caindo. Caindo. Caindo. Num abismo em direção ao infinito.
Num berro, Helena despertou. Estava no colchão de Júlia, com as roupas empapadas de suor; agarrou a coberta por alguns segundos e tentou se forçar a voltar à realidade.
Um sonho. Então tudo não havia passado de um sonho.
— Helena? — Júlia acordou, manhosa, esfregando os olhos com o indicador. — Você está bem?
A garota puxou o celular de Júlia para perto de si e viu que o relógio marcava três e quinze da manhã. Cedo demais para berrar tão alto, pensou.
— Sim, Júlia. — E levou a mão para a nuca, que continha alguns fios encharcados. — Foi só um sonho ruim. Nada de mais.
Júlia assentiu com a cabeça e no mesmo segundo voltou a dormir. Helena, no entanto, não retornaria ao sono tão cedo.
Deu-se conta de que não poderia continuar com Raquel. Ela ainda amava Leonardo, e estar com a garota era desonesto com ela. Também não poderia estar com Leonardo, porque o amor que sentia por Raquel também era genuíno.
Ela não poderia continuar enganando a si mesma. Cedo ou tarde, teria que tomar uma decisão. E era melhor enrolá-la o mínimo possível.
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