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Capítulo 29

você confia à leitura

a distração

mas as palavras são apenas para os olhos

a atenção

você quer ir embora de você

como se você não lhe fosse

todos os destinos possíveis

a ida é sempre volta

a volta, sempre ida

é melhor que fique

é viagem perdida

Viagem Perdida - Plutão Já Foi Planeta

Raquel encarou o próprio desenho. Sentia-se envergonhada dos pensamentos libidinosos que vinha tendo. Naquela noite, ao invés de ter terríveis pesadelos, como sempre acontecia, a moça tivera um delicioso e quente devaneio com Helena. E aquilo, ao mesmo tempo que a fazia sentir-se viva, a fazia se sentir mal.

Desde as seis da manhã ela encarava o celular, sem resposta. Não queria dar o primeiro passo. A noite anterior fora turbulenta e intensa para ela, talvez não tão conflituosa para Helena. Havia, em seu interior, um incômodo intrínseco para que a ruiva lhe enviasse uma mensagem, umazinha sequer, mas seu celular estava tão pacato e silencioso quanto sempre esteve.

Seus dedos tremeram ao perceber que seria ela quem deveria iniciar uma conversa. Raquel nunca fora boa naqueles rituais sociais idiotas, e agora isso estava mais evidente do que nunca. Ela teria que mandar uma mensagem, nem que fosse apenas para evidenciar a Helena o quão mexida estava.

Pensou em mandar um "Oi", seco e direto. Mas seria muito comum, e não exprimiria os seus reais sentimentos. Então, sem pensar muito, Raquel teclou a pior coisa que poderia digitar naquele momento.

Helena sentiu seu celular vibrar no meio da aula de filosofia. Alheia ao que o professor dizia, tomou o aparelho em mãos e a mensagem era da garota que havia beijado no dia anterior. As letras ordenadas diziam, claramente:

Raquel Ayad

Eu sou uma pervertida

A moça esboçou um sorriso de canto de boca.

Helena Araujo

Por que?

A resposta de Raquel veio logo em seguida, e com uma foto: Era um desenho. Nele, estavam retratadas duas garotas, nuas, tocando a intimidade uma da outra.

Helena Araújo

Foi você quem fez?

Enviou Helena, observando a preciosidade da obra enviada. Raquel respondeu com um emoji de joinha. Mais do que o conteúdo erótico da obra, seus traços eram impressionantes, e pareciam conversar com o receptor. A garota era realmente muito talentosa.

Helena Araújo

Isso não te faz uma pervertida

Mas te faz uma ótima artista

Raquel, no entanto, não parecia estar se referindo somente ao desenho.

Raquel Ayad

Eu pensei em você durante a noite toda

Todinha

Eu ainda sinto os seus lábios nos meus, ainda sinto os seus dedos na minha intimidade. Eu quero você.

E Helena, especialista em mexer com os sentimentos alheios, apenas sorriu. Apenas para instigar mais, o que saiu de seu aparelho foi uma mensagem ousada:

Helena Araújo

Conte-me mais sobre isso

Raquel Ayad

Eu odeio sentir essas coisas.

Eu te desejo com a força mais ardente do meu ser

Helena Araújo

E o que te incomoda?

Desejar é gostoso. Eu adoro. Faz com que eu me sinta viva.

Raquel Ayad

Você não entende

Eu estou sentindo isso com força. Por outra mulher.

Helena ergueu as sobrancelhas. Sorria sutilmente em direção ao celular. Aquela conversa era deveras interessante para ela.

Helena Araújo

E isso é um problema?

Raquel não tinha mais tempo para aquela conversa reveladora. Já havia se exposto demais. Era hora de dar vazão ao que o seu interior clamava com tanta avidez.

Raquel Ayad

Você pode vir para cá?

Maycon está trabalhando. Ele não deve voltar antes das 19h.

Helena olhou para o relógio. Eram oito e meia da manhã. Talvez houvesse um tempo para passar com sua nova amante antes do expediente de trabalho começar.

Helena Araújo

Me passe o seu endereço

Estarei aí o mais rápido possível.

***

Eram pouco mais de nove horas quando Helena chegou à fachada da pacata casa de Raquel. Era um pouco peculiar a maneira como as grades do portão estavam enferrujadas e a pintura bege, descascada, quase como se estivesse sendo abandonada aos poucos. Talvez, pensou Helena, ela precisasse de uma reforma.

A garota tocou a campainha que se sobressaltava ao lado do portão velho. Ela fez um barulho estridente e Helena aguardou. Um, dois minutos. Três. Quatro sem a mínima interferência. No quinto minuto, a moça chegou à conclusão de que Raquel não havia ouvido e se pôs a apertar novamente.

Desta vez, ela percebeu dois olhos verde-musgo espreitando-a por trás das cortinas, que haviam se aberto repentinamente, e sumiram tão rápido quanto vieram à tona. Helena estava confusa.

一 Raquel? 一 Ela chamou, sentindo-se indesejada.

一 Vá embora. 一 A dona dos belos olhos verdes retornou. 一 Não te quero aqui.

Helena franziu o cenho. Que Raquel era um tanto quanto misteriosa, ela sabia, mas agora ela também era indecisa? O que, afinal, a menina estava querendo?

一 Você me chamou aqui. 一 Retrucou, incrédula. 一 E está me mandando embora?

一 Eu mudei de ideia. 一 Grunhiu, a voz arrastada. 一 Quero ficar sozinha com meus desenhos. Anda, eu tenho muita coisa a fazer.

Helena piscou duas vezes. Ela podia ser muita coisa nessa vida, mas palhaça não era uma delas. E ela não se sujeitaria a esse papel por causa de uma garota que mal conhecia.

一 Qual é a sua? 一 Helena estava irritada. 一 Você muda de ideia fácil assim sempre?

一 Eu sei o que você veio fazer aqui. 一 Bom, isso não era mistério algum. 一 E eu não sou lésbica. Então vá embora.

Bom, agora Helena teria que lidar com uma garota homossexual incapaz de se aceitar. Perfeito.

一 Você é mulher, certo? 一 Decidiu que iria fazer aquilo aos poucos.

一 Sou. 一 Confirmou Raquel, como se fosse óbvio.

一 E não se interessa por homens, certo? 一 Helena insistiu, pacientemente.

一 N-não... 一 E desta vez, Raquel fraquejou.

一 E se interessa por mulheres. 一 Continuou Helena. 一 Estou correta?

Desta vez, Helena percebeu o olhar esverdeado se arregalar para ela. Era como se a garota tivesse tocado em uma ferida jamais examinada ou remexida.

一 Eu já disse para ir embora! 一 Rugiu Raquel, tão arisca quanto um gato assustado. 一 O que ainda faz aqui?

Helena suspirou. Aquela fortaleza seria mais difícil de adentrar do que ela imaginara.

一 Olha, a gente não precisa transar se você não quiser. 一 Helena se encostou no portão, de braços cruzados. 一 Podemos fazer qualquer outra coisa.

A garota piscou.

— Tipo...? — E parecia curiosa. Helena esboçou um sorriso de canto de boca.

— Tipo coisas de amigas. — Seria mais fácil chegar a Raquel dessa maneira. — Como cozinhar. Podemos fazer um bolo.

E, de uma só vez, os olhos verdes se desgrudaram da janela. Raquel abriu a porta da sala, saiu para a garagem e, com a chave na mão, destrancou o portão.

— Amigas, certo? — Seu rosto cortado era um tanto quando instigador. — Porque eu não sou lésbica.

— De forma alguma. — E eu não sou ruiva, pensou Helena, mas manteve-se quieta. — Você sabe cozinhar?

Raquel fez que não com a cabeça. Helena sorriu.

— Eu te ensino, nesse caso. — E piscou. — Vai ser divertido.

***

Açúcar, leite, farinha, ovos, fermento e margarina. Todos os ingredientes estavam dispostos na pia para que o bolo pudesse ser feito. Raquel olhava a todos com curiosidade e expectativa, ansiosa para sua primeira vez na cozinha.

Laurinia tentara ensiná-la uma vez, mas foi um completo desastre. Desde então, ela não retornou ao ofício, se contentando em ser alimentada por Maycon.

— A primeira coisa que nós vamos fazer será bater as claras em neve. — Ensinou Helena, em um tom professoral.

— O que é isso? — Raquel, que não entendia nada dos termos utilizados na culinária, estava cheia de dúvidas.

— Separar as claras das gemas e batê-las até elas ficarem com um aspecto cremoso. — Explicou. — Vou fazer para você ver, olhe.

Helena abriu todos os ovos, colocou as claras em um recipiente e as gemas em outro, e, com uma colher, as bateu até que ficassem cremosas.

— Viu? — E mostrou o conteúdo do recipiente para Raquel. — Agora, vamos misturar o açúcar, a margarina e as gemas até obter uma massa homogênea. Você pode fazer isso?

Raquel assentiu. Tomou o recipiente que continha as gemas em mãos e fez como Helena descreveu. Ao conseguir, ficou muito orgulhosa de si mesma.

— Eu acho que sou boa nisso. — E se permitiu sorrir por um breve momento. Helena conseguiu capturar sua alegria com os olhos antes que a baixinha voltasse a ser carrancuda, como sempre.

— Eu tenho certeza de que você é. — E piscou. — Agora vamos colocar a farinha e o leite aos poucos, sem parar de mexer. Acha que consegue?

— É claro que eu consigo. — E, repousando o recipiente na pia, Raquel despejou a farinha e o leite na sua mistura, da maneira como Helena havia ensinado. — Assim?

— Perfeito. — A ruiva sorria. — Agora você vai adicionar as claras em neve e o fermento.

Raquel seguiu a orientação da garota. Enquanto ela mexia a massa com o fermento e as claras, Helena untava a forma com manteiga.

— O que está fazendo? — Perguntou a morena.

— É para não grudar. — Explicou-se a outra. — Vem, despeja a massa aqui. Depois, a gente vai levar ao forno por 180ºC em 40 minutos, aproximadamente.

Raquel despejou a massa na forma que Helena havia preparado. Coube à segunda ligar o forno e pôr a forma com a massa ali dentro; E, dentro de algum tempo, estaria pronto o bolo das garotas.

— E agora, o que a gente faz? — Questionou Raquel.

— Espera. — Helena abriu um largo sorriso. — Vai ficar uma delícia, você vai ver.

Raquel tomou um banco e sentou-se à mesa enquanto Helena lavava a louça. A menina não pôde deixar de reparar no quanto Helena era bonita; Seu corpo parecia que havia sido esculpido, e seu rosto, desenhado. Nem mesmo nos mais incríveis trabalhos de Raquel ela seria capaz de representar uma obra de arte tão bem feita.

— Ruiva dos lábios de sangue? — Chamou, reparando no quanto a moça a deixava sem ar.

Helena esboçou um sorrisinho de canto de boca.

— Que jeito peculiar de me chamar. Eu gostei. — E riu. — Diga, morena dos olhos verdes.

— Você parece uma obra de arte. — Constatou. — E isso não foi uma cantada, certo? Eu não sou lésbica.

Helena sorriu com leveza. Desligou a torneira e, tendo colocado todas as louças no escorredor, se pôs a sentar junto da garota que queria conquistar.

— Nunca me elogiaram dessa forma. — E repousou o queixo sobre a mão. — Mas que tipo de obra de arte eu sou? Nem toda arte é bonita...

— Eu não sei. Mas este rosto, Deus... — E levou sua mão direita à face de Helena. — Bela como eu nunca vi. Os homens devem se curvar a você.

— Menos do que você imagina. — E, cuidadosamente, entrelaçou seus dedos nos da moça.

— Eu duvido. — Retrucou Raquel. — Você certamente é capaz de enlouquecer os homens... E algumas mulheres.

Helena se deliciou com a última frase.

— Você é uma delas? — Perguntou, deslizando o polegar pelas costas da mão de Raquel.

A moça mordeu o lábio por um momento.

— Sou. — Concluiu. — Meu Deus, eu sou lésbica. O que está acontecendo comigo?

Helena riu, divertindo-se com a confusão estampada nos olhos da moça, e deslizou a mão esquerda por suas maçãs do rosto.

— Você deveria beijar mais... — E passou o polegar pelos lábios carnudos de Raquel. — ...E se preocupar menos.

Raquel encarou fixamente os lábios de Helena.

— Eu... Eu... — E soltou a primeira frase que lhe veio à mente: — Preciso ir ao banheiro.

E, rápida como um raio, deixou a mesa da cozinha, caminhando pelo corredor atrás de um banheiro antes que o rubor tomasse conta das suas bochechas. Raquel entrou, lavou seu rosto na pia e se pôs a contar até dez.

Isso já havia acontecido antes. Por que ela estava tão nervosa? Ontem, na praia... Sim, havia sido muito bom...

Foi quando pegou o seu celular para teclar uma mensagem a Helena. Assim, seria mais fácil.

Raquel Ayad

Eu te quero

Tipo, mto

Mas estou com medo do q isso significa

Helena não demorou muito a responder.

Ruiva dos Lábios de Sangue

Você pode me dizer se eu estiver indo muito depressa

Sei que descobertas podem ser traumáticas

E estou disposta a esperar o seu tempo. Você me fascina.

Raquel encarou a última mensagem. "Você me fascina", ela havia dito. Como poderia uma moça tão sem graça e cheia de traumas despertar a atenção de alguém tão incrível?

A garota saiu do banheiro, ainda com a cabeça doendo. Ela queria tudo de Helena: Seu beijo, seu corpo, seu gosto, seu cheiro. Mas, naquele momento, talvez estivesse temerosa demais para se entregar.

Quando voltou à cozinha, Helena encarava o relógio, como se calculando quanto tempo faltava para desenformar o bolo. Raquel suspirou fundo e disse, corajosa:

— Eu quero me perder em você. Mergulhar no seu corpo como uma sereia mergulha no mar. — Disse. — Mas eu não estou preparada para isso agora. Quero me encontrar antes.

Helena sorriu serenamente.

— Tudo bem. Eu estou genuinamente interessada, irei esperar o seu tempo. — E piscou. — Já estive com outras garotas, e nem sempre se entender como uma mulher que ama mulheres é fácil.

— Como você descobriu? — Raquel estava interessada. — Que gostava de mulheres. Como foi para você?

— Eu? — Helena coçou a nuca. — Estava bebendo na praça. Conheci uma moça bonita. Beijei ela, as coisas começaram a esquentar... E terminamos na cama. — Respondeu. — No dia seguinte, eu soube que não era hetero.

— Simples assim? — Raquel a invejava por encarar tudo com naturalidade. — Nenhuma culpa? Nenhum martírio?

— Não. Minha bissexualidade sempre foi algo natural ao meu ver. — E deu de ombros. — Assim como a sua lesbianidade.

— Eu... — E se encolheu. — Queria pensar assim.

— Cada um tem seu processo. Um dia, você estará confortável consigo mesma, eu sei disso. — Helena sorriu. — Já está na hora de tirar o bolo do forno. Você quer me ajudar?

Raquel assentiu, e cada momento compartilhado com Helena fazia seu corpo se acender como uma labareda. Ela desejava aquela mulher com toda a sua força, e um dia seria totalmente dela. Se é que já não era.

Ao servir o bolo, Raquel provou um pedaço e notou que ele estava mais saboroso do que qualquer coisa que ela havia provado antes. Era como se Helena tivesse esse poder: Tornar tudo o que tocava mais apetitoso.

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