Capítulo 26
Nice to meet you, where you been?
I could show you incredible things
Magic, madness, heaven, sin
Saw you there, and I thought
"Oh my God, look at that face"
You look like my next mistake
Love's a game, wanna play?
New money, suit and tie
I can read you like a magazine
Ain't it funny, rumours fly
And I know you heard about me
So hey, let's be friends
I'm dying to see how this one ends
Grab your passport and my hand
I can make the bad guys good for a weekend
Blank Space - Taylor Swift
No primeiro dia letivo após o término de Helena e Leonardo, a garota sequer conseguia olhar para a cara dele sem chorar.
Embora parecesse estúpido, ela havia quebrado muitas promessas para se apaixonar por ele. E voltar a encarar a solidão, novamente com um coração quebrado, a fazia se lembrar de quando tinha quinze anos e era uma adolescente inocente. Ah, Helena, como fora tão burra ao cair nessa armadilha novamente?
Ânimo, ela pensou. O ano letivo estava acabando. Era metade de setembro e logo viriam as provas finais, os vestibulares, e com sorte ela jamais veria Leonardo novamente. Era o que esperava; Não poderia ser torturada pelo destino novamente, poderia?
Ao se sentar na carteira de sempre, Helena pôs fones de ouvido no volume máximo, apenas para ter certeza de que ninguém iria importuná-la. Lembrava-se dos dias de ouro, quando, ainda amigos, os dois costumavam trocar longas conversas nas aulas chatas de matemática. Helena esboçou um sorriso ao trazer à tona essa lembrança tão doce, mas ele logo se desfez quando o acontecimento de sábado ressurgiu em sua cabeça.
Ela teria de lutar muito para superar mais um amor frustrado.
E, enquanto pensava que pessoas como ela não tinham sido feitas para o amor, Helena recebeu uma nova mensagem; Tinha medo que fosse Leonardo, visto que ela ainda não havia bloqueado seu contato, mas era de Júlia.
Receber um conforto amigo nessa hora era tudo o que ela precisava.
Júlia
Oi
Preciso falar com vc.
Helena Araújo
Diga
Júlia
Eu sei q vc não ta num bom dia
Términos podem ser complicados e tal...
Mas o q eu tenho a dizer é sobre Douglas.
Douglas! Helena se lembrava dele. Ex namorado de Júlia e amigo das duas até que a garota se chateou com ele por ter permitido que ela quase fosse abusada. Na época, aquilo fora o acontecimento decisivo para tirá-lo de sua vida e colocar Leonardo no lugar.
No entanto, agora não parecia a melhor decisão do mundo. Douglas lhe parecia uma pessoa bem mais razoável que Leonardo.
Helena Araújo
Eu errei com o Douglas
Gostaria de pedir perdão
Júlia
Ele tbm quer se desculpar com vc
Acho q ele se sente culpado
Perguntou se vc quer sair conosco hj à noite.
Bar do Ronaldo, 20h
Em plena segunda-feira? O rapaz era um tanto quanto animado, ela não tinha como negar.
Helena Araújo
Diga a ele q desculpo
Ele não fez nada de errado
Eu q fui tola
Júlia
Acho q ele quer dizer isso olhando nos seus olhos
N sei
Vc quer sair com a gente? Ele quer te ver de novo.
E como poderia ela negar? Além de reencontrar um antigo amigo, seria a oportunidade perfeita para afogar as mágoas e esquecer-se do que havia acontecido.
Sem nem mesmo pestanejar, Helena confirmou sua presença com Júlia. Qualquer coisa que a fizesse se esquecer de Leonardo era válida.
***
Júlia a buscou pontualmente às oito da noite. Rumo ao bar preferido das duas, o bar do Ronaldo, e puxou uma conversa serena antes de chegar ao lugar desejado.
一 Por que vocês brigaram mesmo? 一 Questionou Júlia, ajeitando o retrovisor. 一 Ninguém me disse nada sobre. Parece um segredo, algo guardado a sete chaves. Acho que eu mereço saber, não?
E riu. Helena emendou um sorriso em sequência.
一 Não brigamos. 一 Contou. 一 Apenas estava triste demais com um erro dele para encará-lo nos olhos de novo. E supervalorizei Leonardo. Fui burra.
一 Você está realmente chateada com essa história, né? 一 Quem não estaria? 一 Mas, se quer a minha opinião, aquele rapaz era muito cheio de nove horas. Ele não dava certo com você.
一 Não parece a mesma pessoa que me forçou a abrir meus sentimentos para ele. 一 Helena ergueu uma sobrancelha.
一 Bom, eu mudei de ideia. 一 Argumentou Júlia. 一 E, de qualquer forma, ele nem era tão gostoso assim. Se eu tivesse esse seu corpo, Helena, o mínimo que eu iria exigir seria um Michael B Jordan.
一 Ou uma Scarlett Johansson. 一 Completou Helena, divertida.
一 Médio. Não acho ela tão bonita assim. 一 E, com suas palavras leves, Júlia estava trazendo de volta o sorriso ao rosto da garota. 一 Se eu fosse lésbica, seria louquinha pela Sheron Menezzes. Você também não acha ela bem mais bonita?
一 Acho que as duas são bonitas à sua maneira. 一 Disse Helena, rindo.
— De qualquer forma, Helena, você é linda demais para sofrer por um amor meio bosta. — Respondeu Júlia, com veemência. — Olha para você. Que mulherão você é. Gostosa, divertida, inteligente, guerreira... Pelo amor de deus, garota, olhe para o espelho. Você pode ter praticamente qualquer um aos seus pés e fica sofrendo por esse tal de Leonardo.
— Tem certeza de que você é hetero? — Helena ergueu uma sobrancelha, brincalhona.
— Tenho. Se eu não fosse, a gente já teria se pegado há muito tempo, porque eu também não sou de desperdiçar uma oportunidade. — E, dessa forma, Helena gargalhou. — Mudando de assunto, acho que chegamos.
Júlia estacionou o carro. Quando as garotas saíram, se depararam com um grupo de três pessoas já no bar; Entre elas, estava o tão aguardado...
一 Douglas... 一 Helena quis chorar ao vê-lo de novo. Como uma fênix ressurgida das cinzas, o amigo estava ali, saudável e são, alegre em reencontrá-la. Ah, como fora estúpida em se afastar dele...
Antes que qualquer um dos três pudesse dizer qualquer coisa, ela correu em direção a ele e deu-lhe um apertado abraço. Era como se fosse a primeira vez; Lembrava-se de todos os momentos que compartilharam juntos e de como o havia abandonado por algo tão estúpido.
一 Estou feliz em te ver. 一 Do alto de seus um metro e noventa, Douglas abraçava Helena de volta num acentuado desnível. 一 Fico satisfeito que tenha me perdoado.
一 Eu fui estúpida. 一 Naquele momento, tê-lo trocado por Leonardo fazia sentido; Agora, ela sentia como se tivesse tomado a pior decisão do mundo. 一 Quem deve me perdoar é você.
一 Ah, que isso! 一 Ele era muito compreensivo. 一 Você não fez nada de errado. O que passou, passou, ok? Vamos passar uma borracha nisso.
Ela fez que sim. Conteve uma lágrima fujona que insistia em sair de seus olhos; Sentia-se tão vulnerável naquele momento. Era muito sortuda por ter pessoas como Douglas e Júlia, que jamais a abandonariam.
E Júlia, satisfeita com o momento de ternura, envolveu os corpos de Helena e Douglas em mais um abraço.
一 Estou feliz que vocês voltaram a se dar bem. 一 Ela disse. 一 Estava cansada de sair com vocês separados.
Douglas não poderia estar mais satisfeito. Quando os três se separaram, ele abriu um vasto sorriso antes de limpar a garganta e introduzir um segundo assunto:
一 Eu fiz amigos novos. 一 E apontou para os colegas que havia trazido consigo. O homem sorriu e acenou, mas a garota se manteve imóvel. 一 Estes são Maycon e Raquel.
一 E aí? 一 Maycon levantou o polegar e o indicador, fazendo com a mão um hangloose. Ele era careca, baixinho, braços fortes e repleto de tatuagens. Na orelha esquerda, o rapaz ostentava um brinco.
Douglas aguardou até que Raquel se apresentasse, mas ela estava impassível. Helena reparou nas feições da garota: Era magricela, baixa, cerca de um metro e cinquenta, tinha o maxilar demarcado, nariz pontudo, olhos verdes e cabelos cacheados. Sua tez era levemente bronzeada, de um tom oliva, e uma enorme cicatriz cortava seu rosto de fora a fora. Parecia emburrada com alguma coisa.
一 Bom, eles são irmãos. 一 Continuou Douglas. 一 Maycon é cerca de três anos mais velho, e está na minha turma de jiu-jitsu. Raquel começou as aulas essa semana, e o irmão quer que ela conheça mais pessoas. Por isso a convidei para vir com a gente.
一 Raquel não sai do quarto. 一 Acrescentou Maycon. 一 Achei que ela precisava de novos ares. Depois que terminou o ensino médio, começou a trabalhar em casa e não conversa com praticamente ninguém. Fica o dia inteiro naquele quarto.
Raquel revirou os olhos, mas nada disse.
一 Vocês vão adorar conhecer o Maycon, ele é um mano firmeza. A Raquel... Eu não a conheço bem, mas ela deve ser firmeza também! 一 E, em seguida, se virou para os irmãos: 一 Essas são Júlia e Helena. Conheci Júlia no tinder e namoramos por um tempo, mas decidimos que funcionamos melhor como amigos. A Helena é amiga da Júlia, e geralmente é bem divertida, mas ela acabou de terminar um namoro e está meio para baixo.
Helena sorriu sutilmente. Era o mesmo Douglas de sempre, o cara bem-humorado que sempre a ajudava nos momentos difíceis.
一 Namoros são difíceis. 一 Respondeu Maycon. 一 Eu já terminei um uma vez. Foi foda. Peguei a garota na cama com meu melhor amigo. Não foi isso que aconteceu com você, foi?
一 Não. 一 Helena esboçou um sorriso. Seu humor havia mudado da água para o vinho agora que estava entre amigos. 一 Tive alguns problemas com a família dele.
一 Família é um saco. 一 Emendou Júlia. 一 Meus pais são chatíssimos em relação a namoro. E eu já tenho quase vinte anos! Os pais de vocês também são assim?
Raquel bufou, enraivecida, enquanto Maycon e Douglas se encararam. Aparentemente, Júlia havia dito o que não devia.
一 Ops. 一 Apesar de não saber muito bem o que se passava, ela conseguia identificar que seu comentário fora impertinente. 一 Bola fora?
一 Bem, é que... 一 Maycon começou, receoso. 一 Meus pais...
一 Estão mortos. 一 Grunhiu Raquel, com os olhos cheios de lágrimas.
Júlia mordeu os lábios. Helena encarou o rosto da garota e ateve-se à sua cicatriz; Talvez aquela marca tivesse ligação com o passado que os jovens queriam esquecer.
一 É, é isso. 一 Disse Maycon. 一 Eles morreram faz alguns anos. Eu tinha 16, Raquel tinha 13. Foi num acidente. 一 Suspirou.
一 Dezoito de agosto. 一 Ela falava de maneira robótica, como se narrando um filme de terror. 一 Um carro. Três pessoas. Nos chocamos contra um caminhão, o carro capotou. De lá, somente uma pessoa saiu com vida.
一 Raquel estava lá. 一 Contou o irmão. 一 Ela é... Um pouco sensível a este tema. Podemos falar sobre outra coisa? Acho que isso a deixa um pouco desconfortável.
一 Claro! 一 Douglas estava extremamente ansioso para mudar de assunto. 一 Sentem-se. Vamos pedir uma batata para cinco. Então, Douglas... Como vai o Corinthians?
E estas foram as últimas palavras de Raquel. Durante toda a noite, a garota não emitiu mais um único som. Enquanto Maycon, Júlia e Douglas trocavam risadas e conversas acaloradas, Helena, em seu interior, só conseguia pensar naqueles olhos tão verdes.
***
Maycon despediu-se de Douglas quando ele deixou ele e sua irmã em casa. Enquanto o moço parecia animado, Raquel estava emburrada, como se tivesse acabado de sair do momento mais desprazeroso de sua vida
一 E então? 一 Com um imenso sorriso, Maycon dirigiu-se à mais nova. 一 O que achou dos meus amigos?
一 Tediosos. 一 Raquel revirou os olhos. 一 Posso voltar para os meus desenhos? Devo ter umas cinco comissões.
一 Raquel, como você pretende enfrentar o mundo dentro daquele quarto? 一 Maycon estava firme. 一 Você tem dezoito anos. É jovem demais para se trancar em uma redoma de vidro para sempre.
一 Eu tentei, tá legal? 一 Argumentou ela. 一 Seus amigos são chatos. Prefiro os meus desenhos.
一 E o que é não ser chato para você? 一 Maycon rebateu.
一 Sei lá. 一 Raquel deu de ombros. 一 Só me deixe em paz. Você pediu para que eu fosse junto, eu fui junto. Não está bom para você?
Maycon suspirou. Era três anos mais velho que Raquel, mas às vezes se sentia realizando o papel de pai.
一 Você não precisa se isolar do mundo para sempre. 一 Vencido, ele ainda tentou apresentar seu ponto de vista, mas sabia que seria uma batalha perdida. 一 Eu sei pelo que você passou. Não deve ter sido nada fácil, mas...
一 Sabe? 一 Ela ergueu uma sobrancelha. 一 Você tem ideia do que é ver o corpo daqueles que você ama ser desmembrado na sua frente, Maycon?
O irmão se calou. Engoliu em seco. O acidente havia formado na mente de Raquel imagens que dificilmente seriam apagadas.
一 Eu vi a cabeça do papai ser arremessada para longe de seu corpo. Eu vi o sangue jorrar do corpo da mamãe. Tudo isso enquanto lutava para não ter o mesmo destino que eles. 一 Ela dizia, séria. 一 Não se esquece isso em uma semana. Em um mês. Em cinco anos. Todos os dias, Maycon, eu tenho pesadelos, pesadelos com essas mesmas imagens. Quando eu fecho os olhos, ainda consigo ouvir os gritos dos nossos pais. Você não tem ideia do que eu tenho passado.
E, irritada, Raquel dirigiu-se ao quarto e fechou a porta com um estrondo. Ao rapaz, restava apenas respirar fundo. As cicatrizes de Raquel eram muito fundas, e talvez jamais seriam curadas.
一 Só pra te avisar... 一 Com a voz baixa, Maycon falou por trás da porta fechada. 一 Eu passei seu número para a Helena. Ela disse que queria te conhecer melhor. Se ela te aborrecer, só a bloqueie, eu invento uma desculpa.
Raquel demorou alguns segundos para responder.
一 Tanto faz. 一 Ela retornou.
***
Oito horas da manhã. No Colégio Municipal de Labramar, se passava uma terrível aula de química. Para Helena, ignorar Leonardo pela primeira vez havia sido particularmente difícil, mas ele não pareceu querer interferir no curso natural das coisas; Então era isso, estava tudo terminado.
Havia cerca de meia hora que ela encarava o telefone com o contato da garota que tinha conhecido no dia anterior. Raquel, a moça da mandíbula demarcada, o nariz pontudo e os olhos incrivelmente verdes. Ela não parecia ser do tipo que gostaria de receber uma mensagem às oito da manhã desta terça-feira, mas, afinal, Helena tinha que tentar.
Em um momento de coragem, a garota teclou com seus dedos grossos uma mensagem simples: "Oi". Pensou em mandar "Olá, tudo bem?", mas Raquel não parecia do tipo que gostava de falsas preocupações acerca de seu bem estar. Não, o seco "Oi" era mais adequado.
Um tique azul preencheu a tela. Ela havia visto, então; Helena aguardou ansiosamente até que a moça respondesse. Esperou um minuto. Dois. Três. Após cinco minutos, ela estava certa de que Raquel não responderia mais. Bem, ao menos ela havia tentado.
Enquanto guardava o celular no bolso, sentiu o aparelho vibrar em suas mãos. Talvez uma simples mensagem sem importância, pensou, mas ainda assim decidiu checar.
Raquel havia respondido.
Raquel Ayad
Oi
Via-se do outro lado da tela, quase tão seco quanto o introduzir da conversa de Helena. Ela sorriu; Novamente se pôs a teclar uma nova resposta.
Helena Araújo
Peguei seu contato com o Maycon
Espero que não se importe.
Desta vez, Raquel demorou menos para responder; Contudo, isso não fez de suas mensagens menos secas.
Raquel Ayad
Tanto Faz.
Ela pensou no que responder. Não era muito boa com mensagens; "Tudo bem?" "Como vai?" "O que está fazendo?" não eram com ela. Helena gostava de ir direto ao ponto. E, desta vez, resolveu dar voz aos seus instintos. Talvez soasse muito invasiva, mas era o que estava pensando:
Helena Araújo
Gostaria de te conhecer melhor
E umedeceu os lábios. Pela demora da resposta, suspeitava que tivesse dito o que não devia. No entanto, ainda assim Raquel devolveu:
Raquel Ayad
Pra que?
Não tem nada a ser descoberto sobre mim.
Helena Araújo
Todo mundo tem uma história própria
Tenho certeza de que a sua é muito interessante.
A resposta, desta vez, veio rápida como um raio:
Raquel Ayad
Eu faço desenhos.
E isso é tudo que a minha história esconde
Helena esboçou um sorriso. Embora não fosse um despejo de informações, já era alguma coisa. A moça estava começando a adentrar na fortaleza que Raquel construíra.
Helena Araújo
Isso é legal. Eu ouço Heavy Metal e trabalho numa loja de roupas.
E eu fumo maconha às vezes. Só às vezes.
E sorriu, esperando que a tão reclusa garota dissesse mais de si, mas Raquel apenas retornou sua mensagem com amargor. Era como se estivesse em modo de defesa.
Raquel Ayad
Qual o ponto disso tudo?
Você está enchendo o meu saco porque quer algo, não quer?
E Helena, que não era de muitos rodeios, respondeu na mesma hora:
Helena Araújo
Eu estou interessada em você.
Raquel, desta vez, demorou dez minutos para responder. Helena chegou até mesmo a cogitar que ela tivesse se ofendido com sua investida, ou talvez não curtisse garotas. Não era a primeira vez que ela fora dispensada e não seria a última, Helena sabia lidar com a rejeição, mas a moça enfim respondeu:
Raquel Ayad
Isso significa que você quer me beijar?
Helena esboçou um sorriso. A inocência da garota a divertia.
Helena Araújo
Sim
Nunca beijou outra mulher?
Raquel se manteve digitando por um longo período. Helena teve a impressão de que ela refez a frase inúmeras vezes antes de mandá-la, uma resposta simples e objetiva:
Raquel Ayad
Eu nunca beijei ngm, para ser honesta.
Ela sorriu. Satisfeita com a resposta, Helena retornou:
Helena Araújo
Para tudo se tem uma primeira vez.
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