Capítulo 24
Change,
Everything you are
And everything you were
Your number has been called
Fights, battles have begun
Revenge will surely come
Your hard times are ahead
Best,
You've got to be the best
You've got to change the world
And you use this chance to be heard
Your time is now
Butterflies And Hurricanes - Muse
Leonardo acordou tristonho naquele dia.
Sem um "bom dia" de Helena, tudo era mais cinza. Ele não estava certo se havia tomado a melhor decisão, principalmente considerando que fora coagido a isso. Ainda amava a garota e tivera sonhos com ela, sonhos terríveis onde ela se perdia na escuridão e Leonardo não conseguia alcançá-la. Era uma dor que demoraria a superar.
一 Bom dia, Leonardo! 一 Ao contrário do garoto, Leonor estava radiante. Era como se estivesse satisfeita após o seu malfeito. Ele sequer conseguia encará-la. 一 Seu tio César está aqui.
Leonardo ergueu uma sobrancelha. O que estaria fazendo César numa manhã de domingo na casa de sua mãe?
一 Ele quer algo de mim? 一 Embora César fosse, dos cinco irmãos, provavelmente o único que havia ligado para Leonardo depois da morte de Clara, o rapaz não esperava uma visita sua.
一 Ele quer te levar para a sua antiga casa. 一 Respondeu Leonor. 一 Para que você possa recuperar seus pertences, se tiver algum.
Agora? No meio de setembro?
一 Um pouco tarde demais para isso. 一 Ele estava decidido a não ir. Queria apenas ficar na sua cama o dia inteiro, lamentando sua própria existência.
一 Você precisa ir, Leo. 一 Comentou Leonor. 一 Já é quase meio dia e você não saiu dessa cama. Não pode ficar o dia todo deitado aí.
Ignorando que ela era a principal responsável pelo súbito desânimo de Leonardo, o garoto se ergueu e por fim cedeu. Afinal, passar um tempo longe de Leonor seria bom para a sua saúde mental; No momento, tudo o que ele queria era esganar a velha.
E ele não poderia fazer isso, porque ainda queria um lugar para morar.
***
Quando César estacionou a caminhonete velha perto da antiga casa de Leonardo, o garoto soube que seria difícil passar por aquilo. Sua mente já estava um turbilhão por conta do término com Helena. Revisitar as memórias do seu passado, aquelas que presenciara em épocas mais doces, seria ainda mais difícil para o seu emocional.
一 Pronto, garotão. 一 Tio César esboçou um sorriso, que Leonardo viu pelo retrovisor. Era calvo e gordinho, e, de todos os tios, provavelmente era o que Leonardo menos odiava. Diferentemente dos outros quatro, ele não insinuava que Clara teria sido uma vadia na sua frente; Embora possivelmente acredite que ela deu fim à vida de Paulo. 一 Estamos aqui.
Leonardo deu de ombros. Quando o encontrava, costumava puxar a tabela do campeonato brasileiro para conversar de futebol com o tio, provavelmente o único assunto que era capaz de prender a atenção do irmão mais divertido de Clara, mas naquele momento ele só queria prender a cabeça entre as próprias coxas magricelas e chorar. Sabia que tinha a opção de dar meia volta e desistir daquilo, mas não queria deixar as relíquias de sua infância nas mãos de seus tios gananciosos.
一 Eu posso pegar o que eu quiser? 一 Ele tornou a perguntar, apenas para reforçar. César fez que sim com a cabeça.
一 Só tome cuidado com o volume que vai levar. 一 E, no porta-malas, César entregou-lhe uma caixa. 一 Talvez não caiba tudo aqui.
Leonardo agarrou a caixa com seus dedos compridos e deu dois passos em direção ao jardim. Assim como Leonor, Clara gostava de plantas; Enchera sua casa com muitas delas. No entanto, após tanto tempo sem o menor cuidado, todas as espécies haviam ressecado, erguendo-se mortas e cinzas para qualquer visitante. O rapaz suspirou; Não era assim que a mãe iria querer ver seu tão verde jardim.
一 Você tem a chave? 一 Buscando esquecer-se da situação lastimável que a fachada da casa estava mergulhada, Leonardo parou em frente à porta da sala. Aquela, que ele costumava abrir com tanto êxtase assim que voltava da escola todos os dias.
一 Fernando me disse que não foi trancada. 一 Se César era o tio legal, Fernando era o tio chato. Leonardo odiava qualquer mínima interação que tinha com ele. 一 Tente puxar a maçaneta.
E assim ele fez. Como disse César, estava aberta; Leonardo não queria gastar sua energia para pensar no desleixo que aquilo significava. A casa provavelmente seria repartida entre os irmãos, e ele ficaria com uma parte do dinheiro, mas não era no dinheiro ou no imóvel que Leonardo estava interessado; Era no seu valor sentimental.
— Abriu. — Ele retornou, sem ânimo.
Enquanto punha os pés para dentro da sala de estar, seus olhos ficaram marejados. Ele sabia que os outros tios haviam estado lá antes, mas não sabia que a limpa havia sido tão intensa. Do antigo cômodo onde Leonardo assistia às novelas com sua mãe, restava apenas uma estante velha, com alguns livros que ninguém se interessava muito; Clara gostava de biografias e de poesias. Todas elas enfeitavam aquela estante já castigada pelo tempo.
— Dinheiro... — Murmurou para si mesmo, reprimindo o pranto. — Eles só pensam no dinheiro...
Leonardo folheou um livro do Pablo Neruda, dado de presente por Paulo. Ele tinha 48 anos quando se casaram, e ela havia acabado de completar 19. Uma declaração de amor dele ornamentava a primeira página, e Leonardo quis revirar os olhos com as palavras melosas. Havia algo intrinsecamente asqueroso num homem de cinquenta anos que se envolvia com uma menina de vinte.
O garoto fechou o livro e suspirou, sentindo o peso em seus ombros. O tapete surrado de lã revestia o chão, outrora branco, mas agora marrom como a terra. Leonardo não tinha certeza se iria querer levá-lo para casa.
— Não tem muita coisa... — Disse César, por trás de si. Leonardo sabia que ele era favorável à ideia de que os móveis deveriam pertencer ao filho de Clara; Os outros, contudo, obviamente não lhe deram ouvidos. — Mas, o que tiver, é seu.
Claro. Era extremamente animador ser o dono das sobras de um bando de gananciosos.
Leonardo deslizou a mão pela estante empoeirada, formando um rastro por onde seus dois dedos passavam, e levou alguns livros de poesia para dentro da caixa. Muitos deles eram de Carlos Drummond de Andrade, o favorito de Clara.
Com os chinelos apertando seus pés, Leonardo dirigiu-se até o seu quarto. O videogame não estava mais lá, claro. A cama? Sumira. Nem mesmo as mesinhas de cabeceira estavam presentes, sendo que dois ou três bonecos baratos de super-heróis estavam no chão; Os caros, de boa qualidade, provavelmente seus tios iriam revender para colecionadores.
O armário era embutido, de forma que ninguém conseguiu levar; Ao menos aquilo ainda estava ali. Leonardo o abriu e encontrou alguns de seus brinquedos de criança, roupas que não o serviam mais e revistinhas que ele não dera conta de levar da primeira vez. As revistinhas, ele colocou na caixa; As roupas e os brinquedos, contudo, ele preferiu deixar por ali. Certamente algum tio ganancioso os tomaria para vender por dez reais em alguma feira.
Tomando o seu rumo, Leonardo seguiu para o quarto de sua mãe. Era o cômodo mais bem preservado; Apesar da cama de casado, a TV de tubo antiga e os gaveteiros terem sumido, ainda estavam ali as prateleiras com livros, vasos de flores e um abajur vermelho. Muitas revistas de moda estavam jogadas no chão, outro interesse de Clara; Quando Leonardo abriu o armário, a maioria de suas roupas e camisolas ainda estavam lá.
Leonardo pegou dois ou três vestidos, porque eles eram do mesmo número da sua avó e porque eles o lembravam da pessoa mais importante em sua vida. A pantufa de ursinho, ele pegou para si mesmo, porque... Por que não? Apenas Leonor iria vê-lo. Tentou remexer mais a fundo buscando algo para trazer consigo, mas nada que valesse muito à pena.
Voltou suas atenções para o gaveteiro. Não queria mexer na gaveta de roupas íntimas, era constrangedor, principalmente considerando que se tratava de sua mãe; Contudo, esperando encontrar algo que os tios não conseguiram levar por lá, Leonardo esqueceu a vergonha por um momento e tirou as calcinhas da gaveta.
E, quando ele finalmente encontrou o fundo, quis chorar. Clara realmente escondia algo lá; Fotos suas com Leonor, com seus irmãos gananciosos, com Paulo e, por fim, com Leonardo. Fotos do fim dos anos 90 e começo dos anos 2000, quando ele era uma criança de poucos anos de idade, e o sorriso no rosto de ambos era evidente. Mal sabia ele do que viria a acontecer com Clara apenas alguns anos depois.
Leonardo se lembrava como se fosse hoje; chegara em casa após um dia extenuante. Arthur o havia enchido sua cabeça com suas paranóias sobre popularidade durante o dia inteiro, e tudo o que ele queria era um bom almoço, apenas para relaxar. Horas antes, antes que ele saísse de casa, Clara dissera que iria preparar seu prato preferido: Strogonoff de frango.
Leonardo caminhou alguns quarteirões antes de chegar em casa e deparar-se com a tragédia; Talvez uns trinta minutos na rua. Era um dia quente, início de dezembro, o último dia de aula. O garoto suava quando abriu a porta da sala.
Gritou por Clara quando pôs os pés na sala. Nenhum sinal da mãe. Esperava receber um abraço apertado, um sorriso acolhedor, o de sempre... O coração disparou quando, ao adentrar a cozinha, Leonardo se deparou com o corpo morto de Clara estirado no chão.
Deveria ser um desmaio, ele pensou de imediato. Pegou no pulso da mãe, seu corpo ainda estava quente, mas ele não sentia nenhum sangue correndo nas veias. Tentou perceber a respiração, nada. Seu maior medo era ter perdido Clara para uma morte súbita.
No entanto, ele só se deu conta da dimensão do que estava acontecendo quando a ambulância chegou, atestando a óbvia morte de Clara dos Santos Cavalcanti. Naquele dia, ele se lembrava bem, Leonardo chorou, gritou, clamou para que o tempo voltasse para trás. Era o fim de sua mãe, e ele queria partir junto com ela.
Apesar de tudo, o garoto ainda estava ali, com as fotos antigas de Clara nas mãos e algumas lágrimas fujonas que ousavam abandonar-lhe os olhos. Tudo aquilo parecia tão vívido agora... Seu maior pesadelo era real. Ele estava sozinho.
Um suspiro pesado seguiu-se àquelas lembranças. O tempo não era como uma fita cassete, ele não conseguiria rebobiná-lo e voltar para trás. Somente lhe restavam as boas lembranças. O garoto enxugou as lágrimas com as costas da mão e tornou a revolver as lembranças que Clara guardava naquela gaveta, pondo todas as fotos dentro da caixa.
De repente, no meio de seus pensamentos dolorosos, Leonardo encontrou uma carta. Estava aberta, não tinha remetente, mas o destinatário era sua mãe. Curioso, o garoto puxou o pedaço de papel de dentro do envelope e pôs-se a ler; Se estivesse viva, Clara ficaria muito irada.
Labramar, 12 de novembro de 2004
Clara,
Mande notícias do meu filho.
Atenciosamente,
Você sabe quem.
Leonardo franziu a testa. Quem era esta pessoa? A essa data, Paulo já estava morto. Leonardo tinha sete anos de idade, uma criança. Estaria o dono daquelas letras referindo-se a ele?
Não. Leonardo balançou a cabeça. Não tinha como. Ele tinha um pai, um pai bem conhecido. Deveria ser um mal entendido, certamente.
Ele tirou a carta de cima da pilha de lembranças de Clara, buscando mais fotos, mas encontrou... Outra carta, também aberta. Aquilo deixou uma pulga atrás da orelha de Leonardo. Será que essa carta tinha o mesmo autor da outra?
Ele retirou o papel do envelope e notou que era a mesma letra. Desta vez, o corpo da carta era mais longo.
Labramar, 20 de dezembro de 2004
Clara,
Não estou pedindo uma aproximação, só quero notícias do meu filho. Como pai, tenho direito de saber, não?
Lembre-se que, graças a mim, você não está atrás das grades.
Atenciosamente,
Você sabe quem.
Leonardo sentiu um frio percorrendo sua espinha. Graças a ele? Por quê? O que teria feito Clara? E, desta vez, ele soube que não era um engano. Quem mandaria a mesma carta pedindo por notícias para a pessoa errada, duas vezes seguidas, usando o nome certo?
Mas como poderia Leonardo ser filho daquele homem desconhecido? Ele era filho de Paulo... Estava ciente disso. Era o que estava em sua certidão de nascimento. Era uma verdade inquestionável... Ou não?
A próxima carta, que sanou todas as suas dúvidas, foi como uma apunhalada em seu peito.
Era um envelope gordo, bem gordo. Leonardo enfiou sua mão lá dentro e notou que não havia apenas papel; Soube que seus tios não tinham conhecimento daquela carta quando viu que era dinheiro. Dinheiro em espécie, muitas e muitas notas de cem. Demorou um tempo para contar, eram dez mil; Ele nunca havia pegado tanto dinheiro assim em mãos.
Por que esse dinheiro estava ali? Por que Clara não o havia usado? O que aquilo significava? Embora estivesse sendo enxerido demais, Leonardo tomou para si a terceira carta, essa incrivelmente mais reveladora.
Labramar, 20 de Janeiro de 2005
Clara,
Sei que tem boas lembranças do nosso envolvimento. Eu também tenho. Não foi de todo ruim, foi?
De qualquer forma, não entendo porque está tão resistente a me passar informações sobre o meu filho. Eu sou pai, o fato de não querer assumi-lo publicamente não significa que não queira fazer parte de sua vida. Leonardo é um bom garoto, e eu tenho muitas formas de ajudá-lo se você colaborar.
Um dia, ele descobrirá que não é filho de Paulo. Você terá que contar. Sabe disso, mulher. Um dia, ele descobrirá que Paulo é estéril.
Para te ajudar a ser mais maleável, trouxe uma pequena ajuda financeira. Espero que isso seja suficiente.
Atenciosamente,
Você sabe quem.
Leonardo arregalou os olhos. Suas verdades inquestionáveis agora estavam ruindo. Então ele não era filho de Paulo? Paulo era estéril? Sua mãe havia tido relacionamentos com outros homens? Que homens? Quem era aquela pessoa? Será que ele relatava a verdade? Estaria Leonardo diante de uma carta de seu verdadeiro pai?
Imediatamente, sua pressão começou a cair. Leonardo sentiu tudo girar, percebeu seu corpo mais fraco. Não era o tipo de verdade que ele queria se deparar naquele momento, tão vulnerável. Não daquela forma.
Ele precisaria de um tempo para digerir tudo aquilo.
Quando sentou-se no chão, sentindo o seu almoço voltar, Leonardo soube que teria muito trabalho pela frente. Ele poderia simplesmente se esquecer daquilo, fingir que jamais havia lido aquela carta, mas sua mente não o deixaria em paz. Agora, sua meta era descobrir quem era seu verdadeiro pai; O dono daquelas palavras marcadas à caneta preta.
Enquanto tentava recuperar a sanidade, uma voz rouca invadiu o quarto.
一 Leonardo, posso levar alguns dos seus brinquedos? 一 Era o tio César. 一 Notei que você não irá querê-los, e talvez meus netos possam fazer bom provei...
Imediatamente, seus olhos focalizaram o dinheiro nas mãos do garoto. Quando Leonardo se deu conta disso, tratou de esconder a carta, mas César estava preocupado demais com a rica descoberta do garoto para se preocupar com essas bobagens sem importância.
一 Ora, Ora... 一 Ele riu. 一 Parece que você encontrou algo antes do Fernando.
一 Acho... Acho que eram as economias da minha mãe. 一 Leonardo mentiu. 一 Estavam na gaveta de calcinhas.
一 Você é um bom procurador. 一 E riu, bagunçando os cabelos do garoto. 一 Fique com o dinheiro. Se depender de mim, isso é segredinho nosso, ok?
Leonardo sorriu. Sabia que podia confiar em César; Se a esposa do tio não fosse tão rabugenta, ele estaria em sua casa agora.
一 Pode pegar os brinquedos. 一 Autorizou. 一 O Lucas vai adorar.
César anuiu e, respondendo que voltava logo, deixou Leonardo sozinho no quarto com sua revelação perturbadora. Mal sabia ele do que se passava naquela cabeça.
E, naquele momento, Leonardo não via outra pessoa com quem conversar. Dominick. Buscou o contato do rapaz na sua agenda e começou a digitar um texto enorme, que mesclava as descobertas com suas emoções em ebulição.
Foi um texto enorme, contando tudo, do começo ao final, e quando o tique azul apareceu, Dominick demorou um tempo para teclar a resposta.
Dominick de Castro
Uau
Eu não sei o q te dizer. Deve ser desolador.
Leonardo Cavalcanti
É
Eu sinto meu corpo queimando por dentro. Não sei o q fazer
Dominick de Castro
Vc tem certeza q quer ir atrás disso?
Pde ser perigoso.
Leonardo Cavalcanti
Perigoso pq?
Vc sabe de alguma coisa?
Dominick de Castro
N
Mas o seu pai é um cara mto, mtoooo rico. Vc sabe disso, n sabe?
Leonardo parou para pensar por um segundo. Fazia sentido. Ninguém pobre ou até mesmo de classe média tinha dez mil em espécie para dar a alguém que sequer respondia as suas cartas.
Leonardo Cavalcanti
Faz sentido
Vc acha que seu pai conhece ele?
Dominick de Castro
Meu pai? c/ ctz!
Meu pai conhece mta gente. E mta gente rica. Mas, se eh o seu plano, eu n estou afim de voltar a conversar c ele por causa disso. Desculpa!
Leonardo suspirou, frustrado. Era exatamente aquele seu plano.
Dominick de Castro
Alem disso
N acho q ele saiba mta coisa. Ricos são bons em esconder filhos.
E tentou se consolar com aquilo. Estava sozinho nessa jornada, tinha muitas perguntas na cabeça e ninguém era capaz de lhe responder nenhuma.
Leonardo Cavalcanti
Vc vai me ajudar?
Por favor, Dominick!
Depois do tique azul, Leonardo notou que o amigo demorou um pouco para responder. Uns dois minutos, talvez. Quando a resposta finalmente veio, ela era afirmativa:
Dominick de Castro
Ajudo
Mas, pfv, n envolve meu pai nisso. A gnt pode conseguir essa informação sem a ajuda dele
E Leonardo, ciente que, num mar de desgraças, tinha ao menos um amigo de verdade, sorriu.
Ele iria resolver esse mistério. Nem que fosse necessário uma entrega completa.
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