Capítulo 19
Now I know
That I can't make you stay
But where's your heart
But where's your heart
But where's ...
I know
There's nothing I could say
To change that part
To change that part
To change...
So many
Bright lights been cast a shadow
But can I speak?
Well is it hard understanding
I'm incomplete
The life that's so demanding
I get so weak
The life that's so demanding
I cant speak
Famous Last Words - My Chemical Romance
Naquela sexta-feira, nada se formava na mente de Leonardo além de Helena.
Ele não saiu do quarto. Havia marcado com Dominick um passeio ao cinema às sete horas, mas agora tudo parecia tão distante. Tentou ler algumas revistinhas, mas para elas estava igualmente aéreo. Nada mais importava.
Sentia ainda em sua pele as ondas do mar que se chocavam contra seu corpo. Sentia em seus pés a areia do mar, formigando nas solas de seus pés. A brisa da madrugada, tão fresca e revigorante, persistia a fustigar seus cabelos e o doce toque de Helena ainda alentava seu coração.
Quando tentava dormir, sonhava com ela, aquela cena se repetindo como em um VHS antigo; Eram as doces lembranças que tomavam conta de sua mente. Ele não sabia como nem o porquê, mas aquele beijo era real e palpável. Jamais pensou que teria um futuro com Helena e duvidava de que aquele momento seria significativo para ela, mas para ele, não havia nada tão verdadeiro e prazeroso quanto deixar seus lábios serem tocados pelos dela.
E, se antes Leonardo achava que estava apaixonado, agora tinha certeza.
— Leo? — Leonor não tinha a menor ideia do que havia acontecido na noite anterior. Ela não sabia da escapada de madrugada, da ida à Praia da Jangada e nem do beijo com o qual Helena lhe presenteara pouco antes do sol raiar. Para ela, Leonardo estava apenas distraído. — Tem algo de errado acontecendo com você?
— Não, vó. — Muito pelo contrário, pensou ele enquanto ensaboava as louças sujas. — Por que diz isso?
— É o quarto copo que você quebra. Só hoje. — E apontou para o chão.
Leonardo voltou suas atenções para baixo e viu alguns cacos espalhados pelo chão, manchados por um filete de sangue que vinha de seus próprios dedos. Ao se dar conta disso, ele gritou. Estava realmente muito deslocado da realidade.
— Desculpa! — Com cuidado, Leonardo desviou-se dos cacos e dirigiu-se aos fundos da casa para buscar uma vassoura. Somente agora sentia a pontada dolorida que o caco de vidro havia feito em seu pé.
— Não precisa se desculpar. — Leonor pegou uma pá. Juntos, ela e Leonardo limparam os cacos de vidro. — Só quero saber o que está acontecendo. É na escola? Tem alguém te ameaçando?
Leonardo pensou em frases que pudessem tranquilizar a avó e, ao mesmo tempo, não entregar completamente o que ele estava sentindo. Nenhuma se formou em sua mente; Ele não era muito criativo.
Mas aparentemente era um pouquinho sortudo, porque ele mal havia aberto a boca quando uma buzina ressoou estridente do lado de fora. Era Dominick.
— Acho que seu amigo chegou. — Constatou Leonor. O garoto assentiu. — Até mais, meu querido. Mas ajeite essa gola, você está todo desengonçado...
Fazendo uma careta, Leonardo arrumou a gola da camisa. Leonor sorriu, satisfeita, e lhe lançou um aceno, enquanto o garoto calçava um sapato e dirigia-se à porta.
— Divirta-se! — Desejou ela, retomando o serviço que Leonardo interrompera. O garoto lançou um beijo para a avó e saiu de casa, encontrando-se com o luxuoso carro de Dominick próximo ao portão.
— Boa noite. — Desejou o amigo, assim que Leonardo entrou no carro. — Que filme vamos ver?
— Era de Ultron. — Confirmou Leonardo, olhando pelo vidro. Naquele dia, o vento era frio e chuviscava um pouco, nada suficiente para causar desastres.
— Certo. Eu vi aqui e a próxima sessão é às 20:30. — Dominick apontou para o celular. — Eu pensei em darmos uma passeada no shopping antes de ir ao cinema. Estou precisando de roupas novas. Tudo bem para você?
Leonardo assentiu.
— Abriu uma loja nova, ela vende artigos de cultura nerd. — Embora Dominick parecesse estar incessantemente puxando assunto, Leonardo não dava continuidade a nenhum deles. — Achei que você fosse gostar. Tem bonequinhos e camisetas de super heróis. Posso comprar algumas para você.
Leonardo, novamente, anuiu. Isso fez Dominick arquear levemente as sobrancelhas.
— Está tudo bem com você? — Finalmente ele havia percebido. — Nem me corrigiu quando eu falei "bonequinhos" no lugar de "figuras de ação".
O rapaz suspirou fundo. Via os pingos da chuva traçarem um caminho curvilíneo sobre os vidros do carro. Para ele, Leonardo podia contar.
— Você se lembra da Helena? — Começou. Havia mencionado Helena algumas vezes em conversas com o amigo, mas os dois não se encontravam muito.
— Lembro. — Dominick tinha boa memória. — Aconteceu algo com ela?
— Não. Quero dizer, sim, mas não do jeito que você está pensando. — Leonardo se enrolava com as palavras. — Ela... Me beijou. Ontem à noite.
Dominick parou no sinal vermelho. Leonardo pôde vê-lo com o canto da boca e percebeu que ele havia esboçado um sorriso singelo.
— E isso é ruim? — Questionou.
— Não! É claro que não! — Leonardo não sabia colocar em palavras o que pensava daquele beijo. Talvez estivesse estupefato demais para formular qualquer opinião sobre. — Eu só... Você acha que ela gosta de mim?
Dominick franziu o cenho e tamborilou os dedos no volante. Demorou alguns segundos antes de finalmente retornar:
— O que é "gostar" para você?
A resposta não era tão simples quanto Leonardo desejava. "Gostar" poderia significar um milhão de coisas; O que ele pretendia, porém, seria difícil de colocar em palavras.
— Algo entre amizade e amor. — Foi a melhor forma que ele encontrou para definir o seu conceito de "gostar". — Mais do que um simples carinho de amigos, mas menos do que... Bom, você entendeu.
— Talvez. — Não era uma opinião de grande ajuda. — Ela com certeza tem muito carinho por ti. Mas é difícil interpretar o que um beijo isolado pode significar. Só digo que algo ela sente por você, nem que seja puramente desejo.
— Você... — Pensar demais naquilo estava deixando-o tonto. — Já gostou de alguém? Afetivamente, eu falo.
Dominick suspirou fundo. Ele se manteve alguns segundos em silêncio, e nos ouvidos de Leonardo chegava apenas o barulho dos pingos de chuva batendo contra o pára-brisa.
— Eu não nasci para "gostar" das pessoas. — As palavras de Dominick eram carregadas de dor. — Não desse jeito a que você se refere.
— Como assim? — Leonardo piscou.
— Eu estou cansado demais de ouvir histórias de amor frustradas. — Explicou-se. — Ser adulto é compreender que as pessoas ficam umas com as outras por interesse... Por status... Por carência... Por desejo... Mas raramente por amor. E eu não quero construir um castelinho de areia com todo o cuidado apenas para vê-lo se desmanchar com as ondas.
— Você não acha que está sendo pessimista demais? — Dominick era muito jovem pra ter uma visão tão negativa de relacionamentos e do amor. — Existem boas histórias de amor. Você pode viver uma delas.
— As chances são uma em cem. — De onde ele havia tirado aquela probabilidade, Leonardo não sabia. — Sempre que eu encontro um cara legal, com quem eu poderia construir alguma coisa, eu me afasto. Porque sei que as chances disso tudo terminar como o relacionamento dos meus pais são altas.
— E você acha... — Leonardo estava receoso de fazer aquela pergunta. — Que eu e Helena temos algum futuro?
Novamente, Dominick suspirou. Quieto, ajeitou o espelho retrovisor.
— Bom... — Ele parecia escolher cuidadosamente as palavras que iria proferir. — Eu quero muito que dê certo. Quero que você seja feliz para sempre.
— Mas você não acha que vai acontecer. — Adivinhou Leonardo. — Suas previsões para nós são pessimistas.
— Não importa o que eu acho. — Pelo tom áspero da voz de Dominick, Leonardo suspeitava que estivesse correto. — O que importa é o que você quer. A minha opinião é irrelevante.
— Não é tão irrelevante assim. — Murmurou Leonardo, num tom de voz quase inaudível. Dominick não deu sinais de que tenha ouvido.
— Bom, — Dominick estacionou o carro. O Shopping de Labramar era pequeno, mas muito bonito. — Chegamos. Espere um segundo, vou pegar a minha carteira...
E abriu o porta-luvas, esgueirando sua mão direita para dentro dele. Dominick demorou um tempo tateando o compartimento, e parecia não estar achando o que procurava. Curvou-se e lançou um olhar confuso ao porta-luvas, parecendo então entender o que tinha acontecido.
— Meu deus! — E bateu na testa com uma das mãos. — Esqueci a carteira. Que cabeça a minha!
— Você quer que eu pague para você? — Leonardo não tinha muito, mas talvez fosse o suficiente para Dominick comprar seu ingresso.
— De jeito nenhum. Eu quem deveria pagar o seu ingresso, apenas pelo inconveniente. — Respondeu Dominick. Ele sempre estava buscando maneiras de pagar as coisas para Leonardo. — Vou dar uma passada na minha casa antes, se não se importa. É rápido, eu prometo.
***
E mais uma vez estava Leonardo naquela casa luxuosa, um lugar que, com respeito a Dominick, ele não queria entrar nunca mais. Lembrava-se das palavras de Lourenço reverberando em sua mente, fazendo-o querer chorar. Leonardo queria ficar no carro, mas o amigo insistira muito para que ele viesse junto.
Naquele dia em específico, a casa estava silenciosa. Benjamin havia ido dormir na casa de um colega da escola e os empregados já haviam sido dispensados, de forma que tomava conta do local apenas o som da chuva do lado de fora.
— Eu vou procurar a minha carteira. — Disse Dominick, adentrando seu quarto que provavelmente era umas três vezes maior que o de Leonardo. — Você vem?
Leonardo fez que não com a cabeça e Dominick, dessa vez, não insistiu. Leonardo se manteve em pé, encostado na parede do corredor, aguardando que o amigo encontrasse o que procurava. Para seu descontentamento, ele estava demorando um pouquinho mais do que o garoto esperava.
E foi quando, em meio ao silêncio aterrador da casa, Leonardo ouviu a porta se abrindo e alguns gritos vindos da sala.
— Eu não acredito que eu tenho que fazer isso DE NOVO! — Era a voz de Fabiana. — O que eu te falei sobre gastar dinheiro com jogo?
— Eu só queria me divertir um pouco. — Grunhiu Lourenço. — Não é possível que minha vida seja apenas trabalhar.
— Você pode se divertir, mas não com jogo! — Leonardo se aproximou da sala para poder ver a briga com mais detalhes. Fabiana e Lourenço estavam ambos molhados da chuva. — Por Deus, Lourenço, se não fosse eu a proteger o patrimônio desta família...
— O DINHEIRO É MEU! — Esbravejou Lourenço. — Não é e nunca será seu, Fabiana. Lembre-se disso antes de querer me impedir de fazer o que eu quero com o MEU dinheiro.
— Não é meu, mas será dos meus filhos um dia! — Argumentou Fabiana. — Não quero que você se torne um viciado em jogo como era o meu pai. Seu irmão está doido para tirar a empresa de você com a desculpa de que você é incompetente para administrá-la, pense nisso.
— NÃO ME INTERESSA! — Gritou ele. — Eu não sou mais uma criança, Fabiana. Não preciso que você me tire do meio dos MEUS AMIGOS porque morre de medo de voltar a ser pobre!
— Não é uma criança? — Fabiana ergueu uma sobrancelha. — Pois parece que é, Lourenço. É mais fácil lidar com o Benjamin do que com você.
— Isso porque você não cria nossos filhos direito, não é? — Acusou o homem, apontando seu dedo para a esposa. — Deve ser fácil lidar com crianças que você não consegue criar.
— Como assim? — Fabiana franziu o cenho. — Do que você está falando?
— VEJA O QUE ACONTECEU COM O DOMINICK! — E, conforme ele falava, perdigotos de saliva saíam de sua boca. — Ele se tornou um maldito viado e a culpa é sua!
— MINHA? — Fabiana apontou um dedo para si mesma. — O menino não tinha uma faísca de figura paterna, porque o senhor vivia fora de casa, e a culpa é minha?
— Então agora eu estou errado em trabalhar? — Retrucou Lourenço. — Não era você que queria proteger o patrimônio da família?
— Não é apenas para trabalhar que você fica fora de casa. — Fabiana estreitou os olhos. — Ou eu devo lembrá-lo daquela vez que você...
— FOI SÓ UMA VEZ! — Interrompeu Lourenço. — Eu faço de tudo por você, Fabiana. TUDO! E você continua me lembrando do meu único erro!
— NÃO INTERESSA! — Fabiana estava, agora, descontrolada. — VOCÊ É UM CRETINO, LOURENÇO. NÃO FOI O SEU ÚNICO ERRO, VOCÊ SABE DISSO. QUANTAS MAIS VOCÊ TEVE, HEIN?
— QUER SABER? — Lourenço também estava fora de si. — MESMO QUE TIVESSEM SIDO MILHARES, NÃO INTERESSA. EU ME CASEI AOS DEZENOVE ANOS E PORQUE VOCÊ ESTAVA GRÁVIDA, TENHO DIREITO DE APROVEITAR O QUE MINHA VIDA PODERIA TER SIDO.
— É ASSIM QUE VOCÊ ME TRATA, LOURENÇO? — Fabiana pegou, na mesinha da sala, um vaso de orquídeas. Sem nem mesmo titubear, o lançou contra Lourenço.
Leonardo levou um susto quando viu o vaso se espatifando contra o rosto do pai de Dominick. Tendo ciência de que já havia visto mais do que deveria, recuou e voltou para o lugar de onde não deveria ter saído, ao lado do quarto de Dominick.
E, bem naquele momento, a porta do quarto se abriu.
— Achei a carteira. Perdão pela demora. — E a balançou na frente dos olhos de Leonardo. — Podemos ir.
— Dominick... — A gritaria havia cessado, mas Leonardo sabia que o clima entre Lourenço e Fabiana não estava nada bom. — Seus pais estavam brigando.
— De novo? — Pela expressão do rapaz, aquilo era recorrente em sua casa. — Achei que eles já tinham brigado o suficiente ontem.
— Isso... — Retornou Leonardo. — Isso acontece muito?
— Toda hora. — E puxou a chave do carro de seu bolso. — E são sempre os mesmos assuntos. Não sei como não se cansam, brigam desde que eu me conheço por gente.
— E você não se afeta? — Para Leonardo, viver naquela atmosfera deveria ser bem desgastante.
— Eu já me importei. Muito. Orei para que Deus fizesse com que os dois se resolvessem. Mas aí, quando eu me assumi, eles tiveram a pior briga de toda a história... — E acariciou os braços, segurando-se para não chorar. — Desde então, eu não me importo mais. Se eu sou um problema para eles, então que se foda.
— Deve ser bem... — Leonardo pensava na melhor palavra para dizer. — Chato.
"Chato" não era, no rol de palavras que poderiam ser usadas, a melhor das opções, mas Dominick não se importou. Ele estava exausto demais por ver seus pais se engalfinhando em mais uma briga diária, como cão e gato.
— Eu só espero que o Benjamin não se afete com essas discussões. — Suspirou Dominick. — Espero que isso não impacte a maneira dele se relacionar com as pessoas, assim como me impactou. Bem, só posso torcer para que um dos dois se canse disso e finalmente peça o divórcio. Mas eu acho um tanto improvável que isso aconteça.
E, sem dizer mais nenhuma palavra, Dominick e Leonardo cruzaram a sala. O casal não estava mais lá, para a felicidade do garoto. Seu alívio, no entanto, durou menos de dez segundos; No momento seguinte, lá estava Lourenço, pondo seus pés na entrada do cômodo enquanto as mãos seguravam uma bolsa de gelo no rosto.
— Leonardo? — Lourenço parecia surpreso em ver o menino ali. — Você está aqui?
— Oi para você também, pai. — Retrucou Dominick, com a voz carregada. Lourenço, contudo, ignorou o filho totalmente.
— Eu preciso falar com você. — E parecia realmente um assunto sério.
Leonardo quis ignorar. Ele quis fingir que não havia escutado, principalmente depois das palavras cruelmente proferidas que Lourenço dissera da última vez, mas quando seu olhar cruzou com o do pai de Dominick, ele soube que teria de dizer ao menos alguma coisa.
— Estamos atrasados. — Leonardo sabia que deveria responder algo muito mal educado, mas ele não conseguiria ser grosseiro a esse nível. — Eu e o Dominick vamos perder o filme.
Apesar de saber que a sessão seria somente dali a uma hora, Dominick anuiu com a cabeça.
— O esperma defeituoso que saiu do seu saco está indo embora, senhor Lourenço. — Pela dor na voz de Dominick, aquelas palavras deveriam ter sido ditas pelo pai antes. — Embora você não tenha sido muito simpático, eu vou me despedir.
— Leonardo, por favor. — E ele continuava ignorando totalmente o filho. — É sério.
— Vamos, Dominick. — Seguindo o exemplo de Lourenço, Leonardo o ignorou completamente.
Lourenço suspirou. Dominick já estava do lado de fora, mas antes que Leonardo pudesse cruzar a porta, o homem lançou:
— Me desculpe pelo que disse outra vez, Leonardo. — E havia um tom culposo em sua voz. Lourenço realmente estava arrependido. — Eu não deveria ter sido tão rude.
Leonardo ergueu uma sobrancelha.
— O senhor está pedindo desculpas? — Ele não conseguia crer.
Lourenço fez que sim com a cabeça.
— Eu tinha minhas desavenças com sua mãe. — Continuou. — Mas presumir que ela era uma assassina, ou uma vadia, foi muito indelicado e extremamente rude. Tenho certeza que você é um bom menino e qualquer coisa que sua mãe tenha sido em vida não é culpa sua.
— Não. — Concordou Leonardo. — Mas ela foi uma mulher incrível em vida. E isso, senhor Castro, não é algo que o senhor possa tirar dela.
— De qualquer forma... — Lourenço não parecia estar disposto a discutir os atributos de Clara Cavalcanti, ainda mais agora que ela estava morta. — Eu fui injusto com você. Espero que possa me perdoar.
Leonardo pensou um pouco. Não sabia se perdoava Lourenço, ainda mais depois que as suas palavras cortaram seu coração como uma faca.
— Dominick pediu para que você fizesse isso? — Era a única explicação.
— O que? — Lourenço agia como se aquela hipótese fosse ridícula. — Claro que não. Você acha que eu realmente me importo com o que aquela bicha diz?
— Pois deveria. Porque "aquela bicha" é seu filho. — E, deixando Lourenço para trás, Leonardo proferiu uma última frase: — E não, senhor Castro, eu não o perdoo. Nem em um milhão de anos eu poderia perdoá-lo.
E fechou a porta da sala de uma só vez, deixando Lourenço sozinho com os próprios pensamentos.
Nisto, encontrou Dominick já no banco do motorista. Ele sorriu ao vê-lo.
— Ainda bem que tudo deu certo. — Ele se referia à carteira. — Ainda dá tempo da gente dar uma passeadinha pelo shopping.
— Dominick, você... — Aquilo ainda martelava na cabeça de Leonardo. — Sugeriu que seu pai pedisse desculpas para mim?
— Eu? — Dominick deu partida no carro. — Não. Não falo direito com ele há meses. Por quê? Não me diga que ele...
— Sim. — Não foi necessário que Dominick completasse a frase. Leonardo já sabia exatamente o que estava nas entrelinhas.
O amigo franziu o cenho. Estava tão confuso quanto Leonardo.
— Meu pai é estranho. — Disse, por fim.
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