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A peste vermelha

O soberano andava há muitas horas, quase sufocado pelo pó dos caminhos, sozinho com os seus pensamentos e com uma culpa de que não se conseguia livrar.

A culpa de ter aceitado aquele maldito cofre do velho que encontrara na ida para as Cruzadas. A culpa de ter sido o seu próprio filho a abrir a pequena caixa.

Fora um dos reis mais poderosos que a Terra já vira. Os seus súbditos eram leais e uma fonte de imortalidade brotava do céu, caindo num dos seus muitos domínios. Nunca morreria de velhice, sabia-o bem.

Morreria daquela maldita doença que tanto lhe pesava nos braços. Que matara tanta gente, todo o seu povo, que destruíra tudo aquilo que ele amava. Começara no príncipe, seu filho, cuja curiosidade destruíra todo aquele reino.

Alguém que o procurasse encontraria apenas ruínas. Era isso que ele próprio era agora, apenas pó, o rei do pó, que caminhava sobre uma corda bamba sem final, a morte esperava-o se caísse. Tentava apenas adiar o inevitável.

Caiu, sem forças para mais, naquilo que fora o palácio de alguém ainda há uns meses.

Seis meses chegaram. Seis meses e todo um reino, um reino muito grande, fora destruído; todas as pessoas, muitas pessoas, tinham morrido. Não havia mais nada naquele sítio que prestasse senão o céu e o Sol.

O monarca escavou um buraco onde pousou o cofre, cobrindo-o com terra novamente.

Sentiu-se desfalecer. Voltou a cair por terra, virando-se para o céu. Sentia o ar esvair- -se dos pulmões, o coração parecia querer parar de bater. A vista turvava-se, tudo parecia mais desfocado, só duas coisas se mantinham: o Sol e o pó.

Olhou em volta.

Os momentos que vivera naquele reino tinham sido bons.

Fixou de novo o Sol. Magoava-lhe muito os olhos, mas não fazia mal, a morte estava próxima, podia aproveitar a última coisa que tinha.

«Como é belo o Sol» pensou, antes de fechar os olhos para sempre.

***

Ava sentou-se na esplanada do café onde ia todas as tardes, segurando uma chávena de café com leite numa mão e um jornal na outra.

Tinha-o comprado apenas pelo título escrito a letras garrafais: «Arqueólogos desaparecem durante escavações na Etiópia.»

Dobrando o papel, leu atentamente a notícia, enquanto bebericava o café com leite. A notícia relatava o desaparecimento de cinco jovens arqueólogos amadores e um profissional, no deserto de Danakil, na Etiópia. Os seis tinham passado aquele dia a escavar, como se podia ver pelos enormes buracos feitos no chão que apareciam na foto. Alguns dias depois da partida, os outros colegas, que esperavam por eles no acampamento, tinham ido procurá-los. Encontraram apenas buracos, as ferramentas de trabalho, o toldo debaixo do qual trabalhavam e um pequeno cofre com um aspeto sólido, mas antigo. Dos colegas nem sinal.

A americana sentiu o coração apertado. Elijah, um dos arqueólogos amadores, era o seu irmão mais novo.

O artigo contava ainda que o motivo por que eles trabalhavam naquele local era desconhecido, não havia lá nada além de areia e pó, pelo menos que se tivesse descoberto entretanto.

Pedindo a conta, a estudante pagou e saiu do estabelecimento, apreciando o ar frio que lhe fazia voar os cabelos loiros, enquanto via uma nuvenzinha de ar quente sair da sua boca.

Dirigiu-se até ao seu apartamento. Partilhava-o com o irmão, antes de ele ter partido para a Etiópia.

Tirando as chaves do bolso do casaco de ganga, abriu a porta de entrada e subiu umas escadas enormes que terminavam no seu apartamento, no 6.º andar.

Entrando, deixou-se cair no sofá. O dia estava quase a acabar e Ava queria saber o que se passava no mundo.

Ligou a televisão e colocou num canal onde, àquela hora, estava a passar o telejornal.

A introdução começou e o jornalista apareceu vestido a rigor em frente a um ecrã que apresentava uma imagem enorme de uma coisa vermelha, sem forma definida.

-Uma doença misteriosa tem atacado todo o mundo durante as últimas 12 horas. Mais de 200 milhões de pessoas apresentam os sintomas e aproximadamente 3 mil já morreram. Já há infetados na América.

A jovem ficou assustada. Em apenas 12 horas já tinham morrido todas aquelas pessoas e muitas mais já estavam doentes.

Pesquisou no telemóvel "nova pandemia". Já havia inúmeras teorias da conspiração e especulações sobre o que poderia ser aquilo. Até um vídeo da OMS.

Continuou a ver televisão. Não se falava de outra coisa e os especialistas que se pronunciaram apenas avisaram as pessoas do perigo que poderiam correr se saíssem à rua e recomendaram que ficassem em casa. Pareciam tão perdidos como as pessoas que nada sabiam de medicina.

Os sintomas, segundo diziam eles, era o inchaço de várias partes do corpo, que diferem de doente para doente, e o aparecimento de pequenas borbulhinhas, como se se tratasse de alergia.

A maioria das pessoas que tinham morrido até à data tinham problemas de coração, mas nem todas.

Passaram ainda o vídeo da Organização Mundial de Saúde, onde pediam simplesmente às pessoas que ficassem nas suas casas.

Nesse dia, Ava quase não conseguiu dormir. Passou os dias que se seguiram fechada em casa, vendo séries na Netflix e acompanhando o telejornal.

As escolas já tinham parado, assim como as universidades e todos os empregos. A americana estava a estudar na faculdade, por isso entrou numa espécie de férias.

Acompanhava as notícias com apreensão, ainda desgostosa com a morte do irmão.

Os 200 milhões de pessoas que já estavam infetadas morreram quase todos, 99% delas, três dias depois. Desse 1%, apenas 0,09% ficou completamente curado. Os outros 0,91% sofreram sequelas.

Após quase uma semana sem sair de casa e sobrevivendo à base da comida enlatada, bateram-lhe á porta com força, a meio da noite.

Ava não fazia tenções de abrir, até que uma voz grossa fez-se ouvir:

-Abra a porta, senão nós deitamo-la abaixo.

A estudante dirigiu-se até à entrada e espreitou pelo óculo da porta, para ver quem estava lá fora.

Assustou-se ao ver três militares com armas nas mãos e óculos escuros.

O chefe puxou uma coisa do bolso do casaco e disse qualquer coisa. A jovem pensou que talvez fosse um microfone. Depois, olhando de novo para a porta, o homem voltou a gritar:

-Abra, senão nós arrombamos.

Assustada, a rapariga abriu a porta, tando o cuidado de espreitar pela frincha da porta primeiro, olhando-os de baixo para cima, analisando cuidadosamente as botas de biqueira de aço, as calças de tropa, as camisolas pretas e as caras tapadas. O homem à frente, aquele que ela pensara ser o chefe, pôs o pé dentro da casa, impedindo-a de se trancar lá dentro e empurrou suavemente a porta.

Quando esta já estava escancarada, entrou, seguido pelos outros dois. Ava manteve-se à porta a tremer de frio e de medo. Ainda estava de pijama e nem notara.

Quando entraram, os militares fecharam a porta com um estrondo. Nesse momento, o homem que seguia à frente perguntou-lhe na sua voz grossa, enquanto a mirava de cima para baixo:

-Preferes despir-te à frente de um homem ou de uma mulher?

Ava ficou confusa e não respondeu. Ele, irritado, voltou a perguntar:

-Preferes despir-te à frente de um homem ou de uma mulher?

-De uma mulher... Acho eu. – respondeu Ava, hesitante. Podia esperar tudo, menos aquela pergunta.

-Muito bem! – concordou o homem. – Ruby, vai com ela.

Um dos agentes, que afinal era uma mulher, conduziu a jovem até à casa de banho, onde entrou com ela. Depois de lhe analisar o corpo rapidamente, pediu-lhe que fosse para o quarto, contíguo à casa de banho, e vestisse uma roupa mais confortável.

A jovem fez o que lhe ordenavam, pensando, amedrontada, que eles podiam matá-la com um tiro certeiro.

Quando as duas voltaram, a casa estava do avesso. Os dois agentes pareciam procurar alguma coisa. Ajax, o chefe do grupo, virou-se para ela e estendeu-lhe uma mochila feita de tecido verde tropa, dizendo-lhe:

-Escolhe algumas coisas tuas e guarda-as aqui. Vamos embora!

-Para onde? – questionou Ava.

-Explicamos-te no avião – respondeu Ruby, remexendo no bolso do casaco. – Mas vai lá buscar as tuas coisas, de valor sentimental, de preferência. Tens tudo o que podes precisar no campo.

Ela assim fez, dirigindo-se para o seu quarto. Pegou no seu velho ursinho de peluche, numa foto sua com os seus pais e o seu irmão e num livro que estava a ler. A seguir, dirigiu-se ao quarto do irmão. Pegou nas folhas que estavam em cima da secretária, que ele tinha estado a estudar nas noites antes de sair. Ainda estava determinada a saber o que acontecera a Elijah.

Pensou em fugir, mas a sensação de ser só um sonho e a curiosidade de saber o que queriam eles obrigaram-na a ficar.

Voltou à sala de estar e encontrou-se de novo com os agentes. Saíram os quatro da casa, trancando a porta, e entraram num carro preto sem matrícula que estava lá fora.

Não sabia bem porquê, mas a estudante começava a confiar neles.

Pouco tempo depois, chegaram ao aeroporto, onde entraram num avião pequeno, mas luxuoso. A jovem presumiu que fosse um daqueles jatos que os milionários têm.

Ava teve de se habituar à luminosidade exagerada do avião, fechando um pouco os olhos. Sentou-se com os três agentes nas cadeiras forradas a preto, virados uns para os outros.

Ajax abriu um compartimento da mesa por baixo deles e tirou de lá uma caixa de biscoitos de manteiga, um sumo de laranja em pacote e alguns copos de papel.

-Podem servir-se!

Os quatro comeram e beberam um pouco, em silêncio, e quando acabaram, a irmã de Elijah levantou a voz:

-Podem explicar-me agora porque é que me foram buscar à minha casa?

Os agentes entreolharam-se e Warren, o único cujo nome ela ainda não conhecia, começou a explicar:

-Deves saber que esta nova doença, a peste vermelha, como lhe chamam, tem matado muitas pessoas pelo mundo e que muito poucas sobrevivem. – a rapariga acenou com a cabeça, fazendo-lhe sinal para continuar. – Segundo os nossos cálculos...

-Nossos? – interrompeu ela.

-Somos agentes do FBI. – respondeu ele, secamente, continuando logo em seguida. – Segundo os nossos cálculos, apenas 0,01% da população mundial sobreviveria. Estivemos na última semana a entrar em contacto com outras redes de espionagem internacionais. Comprámos a maioria das ilhas desertas do mundo e estamos a recrutar agentes para a sociedade 2.0.

Quando a jovem ia perguntar acerca desta sociedade, Ruby adiantou-se:

-A sociedade 2.0 é um projeto que os serviços secretos estão a desenvolver e que consiste em recriar a sociedade atual nas ilhas para onde vamos, mas de uma forma mais amiga do ambiente, quase um recomeço. Pretendemos também eliminar a peste vermelha, deixando as pessoas infetadas pelo resto do mundo. É impossível arranjar uma cura, já que o simples facto de estarem no mesmo metro quadrado que alguém infetado, infetaria logo os profissionais de saúde.

-No campo, para onde nós vamos, os agentes recrutados vão fazer um treino exaustivo, no qual terão de dar o melhor de vocês. Não há desculpas esfarrapadas, é tudo ou nada. Depois, estarão aptos a realizar missões.

-Então vou ser... Agente secreta?

-Mais ou menos. – hesitou Ajax. – Não pode haver aquelas missões que aparecem nos filmes, mas será preciso que alguém procure mais pessoas que estejam vivas e as recrute, que patrulhe a Terra, e talvez que resgate alguma coisa importante, ou assim. Não temos bem a certeza, por enquanto.

Um silêncio estranho instalou-se na cabine, até Warren sugerir:

-Estamos a meio da noite, acho que é boa hora para dormir.

Os outros três concordaram, baixando as cadeiras e deixando-as quase como se fossem camas.

Algumas horas depois, Ava sentiu alguém abaná-la vigorosamente, abrindo logo em seguida os olhos. Era Ruby, a agente.

-Ava, chegámos finalmente ao campo.

A jovem olhou pela janela, ficando maravilhada.

Minutos depois, atravessava um aeroporto incrível, observando através dos vidros espelhados as pistas onde inúmeros aviões aterravam, reparando também que estes não deixavam qualquer rasto no céu.

Vendo o seu interesse, Warren explicou:

-São os aviões que poluem menos no planeta. Somos o local que menos polui no mundo – o homem parecia entusiasmado. – E este vidros funcionam como painéis solares. Toda a energia aqui é sustentável.

Ava ficou surpreendida.

Pouco tempo depois, passaram os quatro por um detetor de qualquer coisa, que emitiu um som semelhante a um apito quando cada um deles o atravessou.

Continuando em frente, saíram do aeroporto para um local que parecia um jardim.

A estudante gostou de cheirar a relva fresca, de sentir a gravilha dos caminhos debaixo das solas dos seus sapatos, de sentir a sombra fresca das árvores.

Havia outros jovens a passear, conversando animadamente em diversas línguas. Fazia lembrar aquela frase dos anúncios "Todos diferentes, todos iguais".

Pouco depois, foi possível ver alguns prédios enormes, cobertos de vidros espelhados, parecidos com o aeroporto. Eram bonitos!

-Ali são os apartamentos dos agentes. – apontou Ajax. – Um deles está reservado para ti.

Continuaram a andar e, pouco depois, separaram-se. Ajax e Warren foram para um lado, e Ruby e Ava foram para outro.

Dirigiram-se à porta de um dos prédios. Estava aberta.

Na receção, a agente, retirando uma chave do bolso, abriu uma gaveta e tirou de lá um cartão magnético e umas chaves, enquanto dizia:

-As chaves são para o teu apartamento e o cartão para uma ocasião em que a porta do prédio esteja fechada.

Depois, atirou-os a Ava, que apanhou os objetos no ar.

-Vais ficar no 72. Pode subir, se quiseres. É num dos últimos andares, o 18. – vendo a jovem dirigir-se às escadas, a mais velha continuou – E o elevador é totalmente verde.

Sorrindo-lhe, a jovem entrou numa das portas transparentes que a levariam até à parte de cima do prédio.

Pouco depois, já estava dentro de uma pequena, mas acolhedora, casa, numa sala que combinava a cozinha, a sala de estar e a sala de jantar.

Continuou a explorar a casa. Havia uma pequena sala de arrumos, um quarto e uma casa de banho.

Passou o resto da manhã a analisar a casa e a arrumar as coisas que trouxera.

Fez as suas refeições com o que havia e esteve o resto do dia a descansar depois da noite atribulada que fora a passada. Descobriu que a televisão tinha uma plataforma de streaming própria e que o computador tinha programas novos e um browser que ela nunca vira.

Jantou sozinha, enquanto via um filme e, ainda sem sono, decidiu analisar os papéis do irmão e que ela tinha trazido.

Trouxe-os para a sala e sentou-se à mesa, olhando para eles. Ficou surpreendida por ler no cabeçalho "Altamente confidencial".

Continuou a ler. O texto era longo e falava sobre um rei cristão no Oriente, na atual Etiópia. Chamava-se Preste João. Ava lembrava-se vagamente de ouvir aquele nome, talvez das aulas de história quando era pequena ou de um dos telefonemas de Elijah.

O resto das folhas foi o que mais a surpreendeu. Falava de uma possível destruição do reino deste homem, acontecida há alguns séculos, por uma doença desconhecida. E dizia também que o grupo de arqueólogos do seu irmão ia à Etiópia procurar esta tal doença e neutralizá-la.

No fim das páginas, uma nota escrita à mão dizia "Scott sabe a sua localização. Estamos tramados! O mundo está condenado."


2457 palavras

Publicado em fevereiro de 2021

Vencedor do 2.º lugar do Wattpad MasterWritters - desafio relâmpago

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