Castelo de Vidro - Capítulo 3
Nota da autora (booh_Rogue): Chegueeei, com o maior capitulo que já escrevi. haha
Espero que gostem
Enjoy
Eu consigo, eu sei que consigo. Fala sério, sou uma Pergeron. Somos fadados ao sucesso. Não tem nada no mundo que eu não consiga. A não ser andar de ônibus, isso estou falhando miseravelmente.
Durante toda a semana que passou, eu tive problemas para entrar. E quando entrava, tinha problemas para sair. Victor não reclamava mais, porque para isso, ele precisaria falar comigo.
Eu passava maior parte do tempo na sala de arquivos. Como imaginei, ninguém entra naquele lugar. Ponto para a Georgia. O lugar estava irreconhecível, além de organizado, estava etiquetado e catalogado.
Mas de que adianta o meu intelecto e talento agora? Preciso entrar nesse ônibus, minha hora já está vencendo. Mas dessa vez, estou pronta e tenho um plano.
Quando o avistei, pude ouvir a trilha sonora de faroeste, o close em meus olhos e em seus faróis. Respirei fundo, curtindo os poucos segundos de ar fresco e livre de odores que ainda me restavam e me joguei de cabeça nessa nova aventura.
Fui levada para dentro do ônibus pelas pessoas a minha volta. Dentro de instantes, eu me vi cercada de gente. "Pense em coisas boas Georgia, pense em coisas boas. Logo essa viagem chega ao fim".
Fiquei ouvido a conversa alheia, mas não por escolha, e sim por falta de opção. As pessoas a minha volta conversavam tão alto, que outras começaram a entrar no assunto e dar sua opinião. Logo aquilo de tornaria em uma mesa redonda. Me recuso a participar disso.
O prédio ia se aproximando, e eu estava apenas na metade do ônibus. A adrenalina subindo pelo desafio de chegar a tempo. Ser educada agora não é uma opção. Usei o meu limitado conhecimento em luta e comecei a empurrar os fedorentinhos com os ombros, abraçada a minha bolsa com uma mão e usando a outra para me escorar. Conhece futebol americano? Exatamente a mesma coisa.
Cheguei ao final do ônibus puxei a cordinha bem a tempo de descer no ponto certo. Pulei para fora do ônibus, me sentindo uma borboleta saindo do casulo.
- Uhul! - gritei, erguendo os braços - consegui!
As pessoas a minha volta me olharam torto. Estou pouco me importando, eu venci a nave mãe. Respirei fundo e comecei minha caminhada orgulhosa para o DigZone. Entrei de queixo erguido, me sentindo linda e poderosa. Me juntei as pessoas que esperavam o elevador e fiquei cantarolando em minha cabeça.
O elevador chegou e todos entramos. Quando começou a esvaziar, pude finalmente me olhar no espelho. Eu estava toda descabelada.
- Merda - grunhi, correndo para refazer meu rabo de cavalo.
Cheguei logo depois de terminar. Fui até minha sala, ainda me sentindo satisfeita. Victor estava lá, lendo algo no computador.
- Finalmente chegou no horário - ele disse sem me olhar.
- Sai mais cedo de casa - falei - e eu tinha um plano.
Victor ergueu os olhos, espantado.
- Você veio de ônibus de novo? - perguntou, atônito.
- Sim. E venci os fedorentos dessa vez.
Contei uma versão resumida da minha aventura e tive o prazer de ver um sorriso em seus lábios.
Eu não via Victor sorrir para mim, ou sequer me olhar desde nosso incidente com meu pai na semana passada. E eu o entendo completamente, nem eu aguentava olhar para ele sem sentir minha pele esquentar por me lembrar da proximidade que chegamos um do outro.
- Victor - falei, sentando em minha cadeira - eu acredito que temos que conversar.
- Não temos não - ele disse, ficando sério.
- Temos sim, você não consegue nem olhar nos meus olhos.
- Porque estou muito ocupado.
- Claro que está - reclamei - olhe para mim.
Ele levantou, ainda evitando meu olhar. Levantei atrás dele, contornando a mesa e segurando seu braço, o forçando a me olhar.
- Pare de fugir de mim Vic - reclamei - me diga porque não gosta de mim.
- Georgia - ele disse, parecendo cansado.
- Estou me esforçando muito para fazer isso tudo dar certo.
- Me deixe em paz - ele disse, soltando seu braço - preciso me preparar para a reunião com a equipe de criação.
- Victor! - gritei, agarrando seu terno por trás - pare de fugir de mim!
- Será que você poderia ficar quieta? Não aguento mais ouvir sua voz.
- Me mandando calar a boca? Sério? Só porque quero conversar?
- Georgia..
- Vem calar então, Victor - o desafiei, soltando seu terno.
- O que você quer Georgia? - perguntou, virando repentinamente e segurando meus pulsos - quer me ver perder a cabeça?
Ele me puxou para tão próximo, que eu sentia sua respiração. Seus olhos azuis estavam tão dilatados, que o azul não passava de um contorno fino. Inclinei a cabeça, fazendo nossos narizes quase se tocarem.
- Pode ficar com sua cabeça. Só quero conversar - falei, desafiadoramente.
Victor parecia outra pessoa. Ele olhava para meus lábios, com os seus entreabertos e um pouco vacilante.Mas como sempre, voltou a si e me soltou bruscamente, bufando. Respirou fundo e passou a mão no cabelo. A voz de Melissa soou no telefone, nos avisando da reunião.
Victor saiu da sala, sem falar nada ou me esperar. Mas isso eu já esperava. Fui até a mesa de Melissa e me recostei.
- Estou indo ver seu amado - falei.
Melissa corou, sorrindo de lado.
- Vai apresentar aquele seu projeto? Ela perguntou.
- Ainda não.
- Mas Georgia..
- Não é o momento.
- Se você diz.
- E o seu caso com o Cristiano? Pretendem esconder isso até quando? - perguntei.
- Não sei ainda. Ele não falou mais sobre isso. Estou esperando ele tomar a atitude.
- Espere sentada então, porque os homens são tão lerdos. Se você acha que ele é o cara, não fique nisso. Tome uma atitude - falei, sentando na beira de sua mesa - Sabe, quando Deus criou o homem, ele prometeu a mulher que os bons e ideais seriam encontrados em todos os cantos do planeta. E então Ele fez a terra redonda.
Melissa deu uma gargalhada, chamando atenção para nós.
- Meu Deus, Georgia, você é uma poeta.
- É um dom.
- E porque você não segue o seu conselho? - perguntou.
Opa, mudança de rumo, abortar missão. Levantei da mesa, endireitando a roupa.
- Preciso ir. Uma reunião chata me espera - falei, me retirando.
- Como se eu fosse desistir assim - ela gritou, enquanto eu me afastava o mais rápido que meus saltos permitiam.
Victor estava parado na porta da sala de reuniões.
- Qual a desculpa? - perguntou.
- Estava falando com a Melissa.
- Na hora da reunião?
- Deixe de ser chato - falei, abrindo a porta e entrando - bom dia a todos.
Os homens na sala me responderam com entusiasmo, sorrindo. Enquanto as poucas mulheres olhavam para Victor, que sentou ao meu lado sem sequer dirigir o olhar para alguma delas. Não sei se sorrio ou se rio da cara delas. Bando de tolas, que não perceberam o voto de celibato do meu amigo. Hm, está ai um bom motivo pra o constante mau humor do Victor.
Fiquei tão absorta em meus pensamentos maldosos, que quando minha mente voltou para a reunião, eu percebi o caos. Todos discutiam, acusavam uns aos outros. Ninguém sabia como proceder. Olhei para Victor, que encarava aquela bagunça sem mover um músculo.
- Me perdi - cochichei em seu ouvido - o que está acontecendo?
- Mais uma briga desnecessária.
- Porque não manda todo mundo calar a boca?
- Não são crianças. Isso só vai piorar.
Dei de ombros, tentando pegar fragmentos das conversas para me situar.
- Eu vi que você não estava prestando atenção - Victor falou, virando para mim - em que estava pensando?
- Estava tentando descobrir um motivo para você ser assim, ranzinza.
- Ah Georgia..
- O nome disso é falta de mulher - falei, sem perceber que agora todos estavam em silencio.
Enquanto eu e Victor corávamos, todos explodiam em risadas. Não aguentei e ri também, assim como Victor.
- Sempre você para deixar nosso dia mais dinâmico - Cristiano falou.
- Estou aqui de segunda à sexta - falei - as ordens. Mas agora me expliquem, qual o motivo dessa bagunça?
Cristiano começou a falar. Aparentemente algum arquivo digital sumiu dos registros. E ele seria útil para a reunião com o cliente hoje, no fim do dia. Logo uma mulher se exaltou e começou a acusar a outra, que por sua vez se defendeu acusando outro. A gritaria voltou. Isso está parecendo o mercado da Índia.
Suspirei e levantei. Hora da Georgia mostrar para que veio. Sai da sala, percebendo que a gritaria cessou. Todos deviam estar se perguntando aonde a maluca vai dessa vez. Mas estava muito ansiosa para voltar para lá e ver a carinha de idiota de cada um, principalmente do Victor.
Corri até a sala de arquivos e peguei meu grande catálogo. Eu tinha organizado tudo ali dentro, e com a ajuda de Melissa, gravei todos os projetos da empresa em pendrivers. Demorou dias para fazer tudo, muitas horas extras e vários computadores. Mas quando voltei para a sala, com o catalogo e uma caixa cheia de pendrivers, todos me olharam desconfiados.
Joguei a caixa no colo de Victor e permaneci de pé. Calmamente folheei o catalogo, sentindo todos os olhos em mim.
- Deixe-me ver - falei, casualmente - o que estamos procurando Vic?
- Torre bioclimática - ele respondeu.
- Muito bem. O que mais?
- Georgia..
- Nome - exigi saber, olhando firmemente para ele.
- Industrias Hearts - falou.
Virei mais algumas páginas e li em voz alta o código. Indiquei a caixa em seu colo com o queixo. Victor franziu o cenho e abriu a caixa. Todos permaneciam calados e olhando atentamente. Ele procurou alguns segundos e logo tirou o pendrive com a etiqueta que eu ditara. O peguei de sua mão, colocando o catalogo em cima da caixa e fui até o computador. Espetei o pendrive e depois de alguns segundos, o projetor exibiu o projeto completo das industrias Hearts.
Todos exclamaram, abismados, enquanto eu cruzava os braços e sorria. Victor me olhava com um misto de espanto e orgulho. Cristiano sorriu para mim, assentindo com a cabeça.
- Está tudo catalogado - falei, apontando para o grande catalogo que Victor agora olhava - inclusive a sala de arquivos. Divirtam se.
Ergui o queixo e sai da sala de reuniões novamente. Finalmente eu mostrei ao Victor que não estou aqui de bobeira. Andei até a Melissa, que estava em sua mesa.
- Eu tinha que ter levado você - falei, me inclinando - você precisava ver a cara de todo mundo. E o Victor? Nossa, aquilo foi impagável!
- Porque você só repara nele? - ela perguntou, sorrindo.
- Ah Melissa. Não corta o meu barato!
- Uma observação, apenas isso.
- Vou para a minha sala - falei, bufando.
Entrei e deixei as paredes de vidro opacas. Me joguei no sofá, tirando os saltos e pude relaxar, curtindo aquele momento divino em minha vida.
A porta se abriu e Victor entrou. Olhei para ele, sorrindo. Ele sorriu de volta, sentando na beira da mesa.
- Georgia - ele disse, passando a mão no cabelo - aquilo lá na reunião foi..
- Incrível, fascinante, surpreendente - falei, levantando e parando a sua frente.
- Por mais que me doa admitir, fiquei muito orgulhoso. Você salvou o projeto.
- Você fala como se fosse alguma surpresa.
- Mas é.
- Eu disse que estava me esforçando para fazer dar certo.
- Sim, você disse.
- E você não me levou a sério.
- Não me julgue.
- Pois vai me levar a sério agora? Porque arrumar aquele caos não era meu único projeto.
- Acho que você tem crédito para isso.
- E vai me ajudar daqui para frente?
- Farei o possível.
- E vai me dizer o motivo dessa sua repulsa por mim? - perguntei, esticando a mão para tocar seu peito.
- Eu não.. - ele disse, suspirando - Georgia..
Apoiei minha mão em seu peito, pouco acima de seu coração. Aquele é um local especial, ou era, ainda não sei. Ele olhou para onde eu tocava, respirando fundo. Recolhi minha mão devagar.
- Vamos sair para almoçar? Já deu o horário - perguntei, tentando acalma-lo.8
- Na verdade - ele disse, olhando a hora - não teremos muito tempo. Temos um cliente meio dia e meio. A não ser que você consiga comer em meia hora.
- Eu consigo, você sabe - falei, dando de ombros - mas é melhor então comermos aqui.
- Já pedi para Melissa encomendar para nós.
Sorri, agradecendo e deitei no sofá, olhando para cima.
- Eu só quero arrumar as coisas, assim como fiz na sala de arquivo - falei, virando para ele.
Ele não falou nada, mas algo nos seus olhos azuis me fez desistir de tentar. Aquele não era o assunto para o momento. Assenti e voltei a olhar para cima. Victor chegou a respirar fundo, mas a voz de Melissa no telefone chamou nossa atenção.
- Senhor Victor, o almoço já está aqui, posso levar?
- Pode sim Melissa - ele disse, apertando o botão - e me chame de Victor.
Logo depois, Melissa entrou na sala e sorriu para mim, que continuava deitada, ouvi meu estômago roncar alto. O cheiro de hambúrguer invadiu a sala. Me senti envolta naquele aroma, tanto que quando vi, já estava abrindo meu pacote.
- Não sei se você ainda gosta das mesmas coisas - ele disse, abrindo o dele - comprei o que costumávamos comer.
- Eu gosto de tudo Vic - falei mordendo o meu hambúrguer - hmm, que delícia.
Enquanto eu comia, percebi que Victor me observava. Mas meu almoço estava tão bom, que resolvi não perguntar o motivo dele me olhar. Provavelmente tem molho no meu rosto. Eu não ligo.
Comemos em silêncio. Pouco depois que terminamos, Melissa nos avisou da chegada do cliente. Escovamos os dentes rapidamente no banheiro da nossa sala e fomos.
A reunião estava indo muito bem, mas reparei que o cliente as vezes me olhava sem motivo. Victor e Cristiano, que estavam apresentando o projeto, também pareceram notar, pois me olhavam com o cenho franzido.
- Desculpe - Victor interrompeu Cristiano - algum problema senhor.
- Na verdade sim - o homem disse, com tom arrogante - eu gostaria de saber o que ela faz aqui.
Ele apontou para mim, me olhando com certo desprezo. Olhei para Victor, que parecia tão confuso quanto eu.
- Eu trabalho aqui - respondi.
- Conheço sua fama garota, sei que está aqui porque foi obrigada. Esse projeto é importante demais para ter alguém nele que não dá a mínima.
- Eu me importo.
- Não acredito nisso - ele disse - ouvi muito falar de você. E eu agradeceria muito se não tivesse qualquer envolvimento nesse projeto.
Eu ouvi mesmo isso? estou sendo escorraçada para fora do projeto? Mas antes que eu pudesse sequer reagir, Victor se levantou devagar, abotoando o terno.
- Um homem de respeito não formaria sua opinião de acordo com fofocas - Victor disse, friamente - encerramos por aqui. Passa bem.
Enquanto todos ali, até mesmo eu, ficávamos estáticos com o que acabara de acontecer, Victor saía da sala sem sequer olhar para trás. Levantei apressada, indo atrás dele. Como ele anda rápido, só o alcancei dentro da sala.
- Você ficou maluco? Não devia ter feito aquilo - falei.
- Ele não tinha o direito de te tratar mal. Só eu posso - falou, para depois dar um meio sorriso.
Sorri para ele, negando com a cabeça.
- Mesmo assim Vic. Sou muito grata pelo que você fez. Aquilo significou muito para mim. Mas não podemos recusar aquele cliente.
Ele se aproximou até ficarmos bem próximos, me olhando ternamente.
- Já está feito. E não me arrependo.
- Vic..
Ele prendeu uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. Fechei os olhos, inclinando a cabeça ao seu toque. O que está acontecendo comigo?
- Georgia, eu.. - ele disse, se interrompendo quando abri os olhos.
- Sim? - perguntei, fechando os olhos novamente. Talvez assim ele tenha coragem de prosseguir.
- Eu vou viajar hoje. Vou para uma palestra sobre administração de empresas. Volto no sábado a noite. Sei que é meio repentino, mas você quer ir comigo?
Abri os olhos. Isso está mesmo acontecendo?
- Vic, nossa. Está falando sério?
- Sim. Porque não? Eu consigo te colocar dentro agora mesmo. Já reservei a hospedagem, podemos tentar um up grade quando estivermos lá e pedir um quarto duplo.
- Eu não sei. Não tenho nada preparado.
- Entendo - ele disse, parecendo decepcionado.
Victor se afastou, passando a mão no cabelo. Segurei seu paletó involuntariamente. Não queria ser o motivo dele ter aquele olhar no rosto.
- Sim. Eu vou - falei.
- Tem certeza? - perguntou, desconfiado.
- Tenho. Além do mais - falei, alisando seu terno, eu acabara de amarrotar - Você claramente precisa de mim.
- Eu preciso de você? - perguntou, me olhando com aquela carranca de falsa raiva.
- Claro - falei, sorrindo - quem vai colocar juízo nessa cabeça oca?
Victor riu alto, debochando. Cruzei os braços, o olhando torto.
- E quem vai colocar juízo? Você? - perguntou, ainda rindo.
- Mesmo depois de tudo o que aconteceu hoje, você ainda desdenha de mim? - perguntei, me afastando - que vergonha hein.
- Não estou desdenhando, eu só..
- Victor - Cristiano gritou, entrando na sala - o que foi aquilo? Fiquei até agora lá, acalmando o homem. Ele estava até falando de processo.
- Não me importo, ele ofendeu a Georgia - Victor disse, sentando em sua cadeira.
- Mas Victor..
- Está feito. Não faremos mais projetos para ele.
- Isso pode estragar nossa reputação.
- Defender os princípios da nossa empresa, é estragar a reputação? Esse homem vem aqui, insulta um funcionário e se acha no direito de questionar?
- Já ouviu falar naquele ditado "O cliente sempre tem razão"?
- Prefiro não tê-lo como cliente do que dar razão a ele.
Fiquei assistindo o bate boca dos dois, sem saber como reagir. Cristiano tem toda a razão, mas fiquei tão feliz por ter sido defendida. Sai da sala de fininho, indo até Melissa.
- Que gritaria é essa vindo da sua sala? - perguntou.
- Victor e Cristiano discutindo sobre o que Victor fez.
- E o que ele fez?
Sentei na beirada de sua mesa e lhe contei tudo o que tinha acontecido na ultima meia hora. Desde os olhares no começo da reunião, até o convite de Victor. Quando terminei, Melissa estava estática, me olhando boquiaberta.
- O que foi? - perguntei.
- Vocês vão viajar juntos? - ela perguntou, sorrindo.
- Foi só isso que você ouviu? - perguntei, descrente.
- Não, eu ouvi tudo, mas foi ofuscado pela viagem romântica que irão fazer.
- Não é uma viagem romântica. Você não ouviu?
- Tudo bem. Vão a uma palestra. Certo.
- Sim.
- E vão ficar no mesmo quarto, com toda essa tensão entre vocês aflorando.
- Não. Vamos pedir uma mudança para um quarto duplo.
- Tudo bem. Se você diz.
Cristiano saiu da sala, bufando. Ele olhou para nós e nos cumprimentou friamente antes de sumir no corredor.
- Vocês brigaram? - perguntei a Melissa.
Mas pela expressão de decepção em seu rosto, eu soube sua resposta. Respirei fundo fui atrás dele. Entrei em sua sala sem bater, o assustando.
- Georgia - ele disse, voltando a olhar para o computador.
- Muito bem. Se esta com raiva de mim, por não termos pego aquele cliente, isso é problema nosso. Não desconte na Melissa - falei, debruçando em sua mesa, da forma mais intimidante que eu era capaz.
Ele bufou, virando a cadeira para mim.
- Não estou com raiva - ele disse - só.. Frustrado.
- Olha, me desculpe..
- Eu trabalhei muito nesse projeto. E o Victor passou por cima disso como nada.
- Não é bem assim. Ele estava..
- Eu sei. Entendo o lado dele. Dou até razão e aplaudo de pé. Mas, eu virei noites fazendo isso. Você entende?
- Eu tentei fazê-lo mudar de ideia.. Talvez se eu..
- Não Georgia. Victor estava certo. Aquele homem foi rude e ignorante.
- Desde que cheguei, só tenho causado transtornos..
- Transtornos? Você salvou a gente hoje cedo, tem ideias inovadoras. E tem feito bem ao Victor. Era muito raro vê-lo sorrir. E desde que você chegou, ele tem sorrido sempre. Está mais calmo e aceitando melhor as coisas.
Sorri, me sentindo corar. Será que eu causava isso tudo mesmo?
- Não entenda esse meu nervosismo como pessoal, porque não é - ele completou.
- Você acha mesmo que eu fiz bem ao Victor? - perguntei, sentando na cadeira a sua frente - porque eu tenho a impressão de que só causei problemas a ele. E essa raiva que ele tem de mim..
- Victor não te odeia. Na verdade, o conhecendo como conheço, posso te garantir que é o oposto. E sim, você está fazendo muito bem a ele, só de estar aqui. Mesmo com vocês discutindo até pelo ar que respiram, isso pareceu trazer vida a ele.
Uau.
- Obrigada - falei, porque era a única coisa que eu poderia dizer depois daquilo.
Levantei e voltei para a sala. Victor estava concentrado em seu computador, mas me dirigiu um meio sorriso.
- Consegui fazer sua inscrição na palestra - ele disse - vamos sair mais cedo, para você fazer sua mala.
- Sair cedo? Viajar? Tem como ficar melhor?
Ele me olhou, se recostando na cadeira.
- Sempre tem - falou, levantando.
Espera. Eu ouvi isso mesmo?
- Desligue seu computador. Vamos embora. São quatro horas de viagem e eu anão quero chegar muito tarde lá - ele disse.
Enquanto arrumava minhas coisas, Victor saiu da sala. Melissa entrou, me enchendo de perguntas sobre o que eu tinha ido falar com Cristiano. Enquanto eu explicava, ela me ajudava.
Sai do escritório e Victor estava me esperando perto do elevador. Fomos no carro dele até minha casa, em completo silencio. Eu não sabia o que falar, e acredito que nem ele.
Fiz uma lista mental do que levar. Escolhi as roupas e utensílios, isso vai nos adiantar muito.
Quando parou na porta da minha casa, sai do carro e comecei a andar para a porta. Quando olhei para trás, Victor ainda estava dentro do carro. Voltei correndo, me inclinando para olha-lo pela janela.
- Está esperando um convite especial para entrar? - perguntei, quando ele abriu a janela.
- Vou esperar aqui.
- Porque?
- Seus pais..
- Não Victor. Entre. Posso demorar e vai pegar ainda pior se você ficar aqui fora.
- Tudo bem então - ele disse, saído do carro - mas sejamos breves.
- Tudo bem - falei, rolando os olhos.
Abri a porta e entrei. Victor entrou depois de mim e fechou a porta. Fomos para o meu quarto. Ele deitou na minha cama e ficou olhando enquanto eu andava de um lado para o outro procurando as roupas que eu planejei usar.
Quando estava no banheiro, acabei derrubando algumas coisas.
- Tudo bem ai? - Victor perguntou, e eu pude ouvir seus passos se aproximando.
- Tudo certo - falei, recolhendo minhas coisas.
Victor me ajudou a catar tudo do chão, e quando saímos do banheiro, demos de cara com minha mãe. Claro que ela estava ali, não tem como ficar mais constrangedor. Ou tem?
- Victor? Quanto tempo - ela disse, o abraçando - como você está? Estou muito feliz de vocês dois finalmente terem se acertado. Sempre soube que ficariam juntos.
Victor riu, sem graça.
- Mãe - exclamei.
- O que filha? Seu pai me contou - ela se interrompeu, corando - do incidente.
- Não teve incidente nenhum.
- Claro que teve. Uma pena seu pai ter entrado daquele jeito - ela disse - quer que eu traga algo para você comer querido?
- Não, estou ótimo - ele disse, sentando na minha cama.
Suspirei e joguei tudo dentro da mala.
- Está indo viajar filha?
- Estou. Vamos..
- Vamos? Vocês vão juntos? Que bonito - ela me interrompeu - não sabia que já estava tão sério.
- Não, mãe. Não é bem assim.. - tentei falar, mas ela não me ouvia.
Ficou falando sobre como estava feliz em nos ver juntos. E perguntando onde ficaríamos hospedados. Ficou exultante ao saber do chalé, falando que é muito romântico. Victor ficava rindo, como sempre fez perto da minha mãe.
Quando éramos adolescentes, Victor adorava minha mãe e ela o adorava. Agora, ele está com o mesmo olhar bobo de antes, a assistindo ir até meu armário e colocar mais roupas. Que vergonha. Só tivemos paz quando ela resolveu preparar um lanchinho para levarmos para o caminho.
Quando ela saiu, olhei para Victor com censura.
- O que foi? - perguntou, ainda rindo - eu adoro a sua mãe.
- Você deixou ela pensar que estamos juntos.
- Eu não podia destruir a alegria dela.
- Então devemos fingir ser um casal?
- Sua mãe adorou a ideia - ele disse, levantando e pegando minha mala - podemos ir?
- Podemos.
Ele pendurou minha mala no ombro e saímos do quarto.
- Já estão indo? - minha mãe perguntou, saindo da cozinha correndo.
- Estamos. Temos uma longa viagem pela frente - Victor disse.
- Pois é, melhor irmos logo então querido - falei, sorrindo para ele - volto amanhã a noite.
- Aqui, preparei isso para vocês - ela disse, me entregando uma cesta - divirtam-se.
- Tchau mãe - gritei, empurrando Victor, que mandava beijos para minha mãe, para fora.
Fechei a porta e respirei fundo. Entramos no carro, dando inicio ao final de semana mais incerto de toda a minha vida. E isso vindo de alguém que já foi para lugares inusitados, sem sequer saber o idioma falado.
Nota final da autora: Hmmm.. Final de semana incerto! haha
Georgia poeta, provocando meu ogro preferido <3
Hahaha..
Genty, estamos com um grupo no face e no whats. Se quiser entrar, mandem uma msg com seu numero e te colocaremos dentro.
E aqui está o link do grupo: https://www.facebook.com/groups/900573143334264/
Bjooos :3
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