Castelo de Vidro - Capítulo 2
Nota da autora (booh_Rogue): Boa Tarde pessoas lindas do meu coração :)
Quinta feira é dia de Castelo de Vidro.. Eeee
Estou ansiosa por essa capitulo, e principalmente para saber a opinião de vocês.
Então vou parar de enrolar e vamos ao capitulo.
Enjoy..
Eu andava de um lado a outro na sala, reclamando de Victor para Melissa, como se ela pudesse fazer alguma coisa. Ela me observava, sem falar uma palavra sequer.
- Dai ele me dispensou - conclui - como se eu fosse nada! Acredita nisso?
- Georgia, você está vermelha. Por favor, se acalme. Quer um chá?
- Eu odeio chá - falei, finalmente parando de andar e tirando os saltos - como você quer que eu me acalme? Estou tentando fazer isso dar certo, mas esse idiota fica me atrasando.
- Eu não o culpo - ela falou, com cautela - e antes que você me jogue daqui de cima, me deixe explicar. Ele claramente tem problemas contigo mais profundos do que sua chegada repentina. Está descontando tudo da única forma que conseguiu.
- Isso não justifica Melissa. Ele deveria vir falar comigo ao invés de ficar fazendo essas coisas.
- Já tentou falar com ele?
Quando ia responder, a porta se abriu. Victor e Cristiano entraram. Enquanto Victor me olhava de cara feia, Cristiano sorria para Melissa.
- Com licença - falei, recolocando os saltos - esse lugar ficou muito mal frequentado.
Sai da sala, indo para o único lugar além dali que eu tinha certeza que teria algo para fazer, a sala de arquivo. Antes que eu chegasse lá, senti uma mão segurando meu braço. Olhei para trás, e me deparei com Cristiano.
Não posso mentir e dizer que já esperava. Não posso dizer que não fiquei um pouco decepcionada por não ver Victor ali, o que era completamente ridículo.
- Olha Georgia, não precisa ir embora, eu vou conversar com o Victor.
- Então você percebe que essa perseguição é completamente sem cabimento, certo?
- Bom, na verdade..
- Ah, pelo amor de Deus! O que foi que eu fiz?
- Já falei que não irei me meter nisso - Cristiano disse, baixando o tom de voz - mas farei o possível para amenizar o clima entre vocês.
- Como? Qual seu grande plano?
- Para começar, o happy hour está de pé não é?
Antes que eu pudesse gritar "você deve estar maluco", olhei adiante e vi Melissa sentada em sua mesa, organizando uma pilha de papeis. Não é justo com ela eu cancelar por causa do chato do Victor. Logo ela, que tem me ajudado tanto aqui. Devo isso a ela, não é?
Não sou uma pessoa de muitos amigos. Todos os que eu pensei que eram meus amigos pararam de falar comigo quando souberam da minha quase deserdação. Eles continuaram com suas vidas bagunçadas e divertidas, enquanto eu tive que aprender o que é o mundo real. Claro que eu não procurei também por eles, pois quando eu tenho uma missão, eu me dedico a ela de verdade.
Respirei fundo e assenti.
- Sim, eu vou a esse happy hour - falei, dando de ombros.
Cristiano sorriu e acenou com a cabeça, dando um tapinha em meu ombro antes de sair. Pisquei para Melissa e entrei na sala de arquivos.
Nunca tinha vista um lugar tão desorganizado quanto aquele. Não existia nenhuma divisão.
Se eu quero organizar isso, preciso tirar tudo do lugar e ver o que posso colocar junto. Por sorte a parte superior dos arquivos não estava ocupada. Tirei tudo das gavetas, transformando o caos em apocalipse.
Contratos, emails, projetos.. Nossa, quanta coisa. Tirei os saltos novamente e comecei a separar um gaveteiro para cada tipo de documento.
- O que seria dessa empresa sem mim? - me perguntei, em voz alta - se alguém precisar encontrar algo, nunca conseguirão.
Quando olhei a hora em meu relógio, vi que faltavam apenas vinte minutos para o fim do expediente. Como o dia passou rápido, nem lembrei de comer. Coloquei o salto e sai do meu apocalipse pessoal, espero que ninguém venha aqui tão cedo.
Quando entrei em minha sala, fui recebida pelo olhar reprovador de Victor.
- Posso saber onde você estava? - perguntou, levantando.
- Acredito que isso não lhe diga respeito - falei, ignorando sua expressão furiosa.
- Trabalhamos juntos, o mínimo que você devia fazer é..
- É o que? - perguntei, colocando as mãos no quadril.
Ele apertou o botão de privacidade, tornando as paredes opacas, nos isolando dos funcionários que passavam. Ele se aproximou até ficarmos tão perto que eu sentia sua respiração pesada.
- O mínimo que você devia fazer é se mostrar interessada - ele disse, ameaçadoramente.
- Para que? Para você fazer aquela ceninha que fez na frente da equipe de criação e me humilhar? - perguntei, mantendo a cabeça erguida - não, obrigada! Não preciso que mais ninguém faça isso comigo.
- Você não estava levando a sério - ele grunhiu.
Percebi que seus punhos estavam cerrados, como se lutasse contra algo.
- Eu estava expressando minha opinião - falei, em voz baixa, me aproximando ainda mais - está me condenando por participar da forma que sei?
Nossos narizes quase se tocando. Os lindos olhos azuis de Victor estavam dilatados e ele me olhava com um misto de raiva e desafio. Mantive seu olhar, não vou me deixar intimidar por ele.
Ergui um pouco mais a cabeça o que fez com que seus lábios de entre abrissem. Eu conheço essa linguagem corporal, entendo muito bem dos homens. Mas será que eu estou errada? Victor quer me beijar? Será possível?
Mas o mais estanho, é que eu não me importava de ser beijada por Victor. Na verdade, até me perguntei como seria. O que está acontecendo comigo? Eu não me sinto no controle pela primeira vez, e sinceramente? Não me importo com isso.
Mas ele respirou fundo e recuou, dando um passo para trás. Parecia um tanto vacilante, mas recuou. Ele não me olhava, mantinha seu olhar para baixo, para cima.Acho que ficamos uns cinco minutos em silencio, olhando para tudo, menos um ao outro.
- Eu acho que vou, ahn.. Vou indo - ele disse, colocando as mãos no bolso.
- Não vai ao happy hour com o pessoal? - perguntei.
- Não sei, eu não acho que devia - falou, passando a mão nos cabelos - faz muito tempo que não bebo e..
- Você é um frouxo - falei - está com medinho de um pouco de álcool Vic? Está?
- Claro que não.
- Então vamos! Eu te desafio a beber tanto quanto eu sem cair.
- Competir bebida contigo? Não, obrigada - ele disse, indo até sua mesa e recolhendo suas coisas.
- Vamos logo Victor.
Cristiano entrou na sala, sorrindo para Melissa, que vinha ao seu lado.
- Vamos crianças? - perguntou para Victor e eu.
- Ele quer amarelar - falei, apontando para Victor.
- Não me surpreende - Cristiano falou - Victor tem cara de que é fraco com álcool. Nunca aceita meus convites para sair e caçar.
Olhei para ele como cenho franzido, assim como Melissa.
- Não que eu faça isso - ele se corrigiu, apressado.
- O que você sabe? - ele perguntou, esboçando um sorriso e o salvando da mancada dele.
- Pois está enganado Cristiano - falei, pegando minha bolsa - Quando éramos adolescentes, ele bebia muito e não ficava sequer tonto.
- A não ser naquela vez, na festa do primeiro ano - Victor comentou, saindo primeiro e todos fomos atrás.
- Verdade! Acordamos em um jardim, com o regador automático da mulher espirrando na gente - falei, rindo - lembra Vic?
Ouvir sua risada contida me fez sorrir ainda mais.
- Melissa? - Cristiano chamou em voz baixa, quando nos aproximamos das pessoas esperando o elevador - o Victor esta rindo?
- Está - ela respondeu, segurando o sorriso.
Cristiano olhou em volta assustado, fazendo gesto de quem tenta sentir se está chovendo enquanto esperávamos o elevador. Melissa riu de sua gracinha, mas deu um tapinha em seu braço.
- Não atrapalhe - ela disse - e o que aconteceu depois?
Olhei para Victor, esperando que ele fosse continuar a história. O elevador chegou e nós entramos, depois de todos ali.
- Foi o começo do fim - ele disse - e ponto.
Todos ficaram em silencio, até quem não participava de nossa conversa. Fomos assim até o estacionamento, com esse clima pesado nos rodeando. A forma que ele disse aquilo, me fez ficar sem graça, como se eu tivesse feito algo muito grave.
- Ah não. Eu não estou de carro - grunhi, olhando para cima - para onde vamos?
- Não é longe - Cristiano falou - mas o Victor está de carro, não é bonitão?
- Estou - ele respondeu, desconfiado.
- Então perfeito, vamos todos com você. Eu e Melissa atrás e vocês dois na frente.
- Tudo bem - ele disse, abrindo o carro para nós.
Fomos em silencio até o bar. Tenho certeza que somos o grupo mais desanimado do mundo. Victor dirigia, olhando com atenção para frente, enquanto Cristiano e Melissa mantinham silencio na parte de trás. Eu normalmente ligaria o rádio, mas Victor não o fez, ele não deve curtir.
Ele entrou no estacionamento e todos saímos apressados. O bar era um lugar bonito e simples. Tinha um ar rústico, mas ao mesmo tempo aconchegante. Com mesas e poltronas. Muitas pessoas lotavam a pista de dança, se jogando na diversão para esquecer a semana difícil, agora eu entendo e estava doida para fazer o mesmo.
- Me diga que você gosta de dançar - Melissa gritou em meu ouvido, porque só assim podíamos ser ouvidas naquela parte do bar.
- Claro que gosto - gritei de volta.
Cristiano e Victor escolheram uma mesa nos fundos e sentaram, sem sequer prestar atenção em nós, que estávamos tendo dificuldade de chegar até lá. A pista de dança ficava na frente, e muitos homens tentavam nos convidar para dançar.
Quando finalmente chegamos, Cristiano estava terminando de pedir uma rotada de mojitos para todos.
- Onde vocês estavam? - ele perguntou, quando a garçonete saiu - já pedi para todos. A primeira rodada por minha conta.
- Olha - comecei - eu e o dinheiro não estamos nos nossos melhores dias. Andamos brigando e eu resolvi dar um tempo. Sabe como é né? Me fazer de difícil e tal.
eles riram, inclusive Victor. Porque estou reparando tão nele?
- Tudo bem Georgia - Melissa disse, ainda rindo - a próxima é por minha conta.
- Esse bar é bem legal - falei.
- Muitas pessoas gostam, por ser um lugar tranquilo e eclético - Cristiano disse - dá para sentar e conversar, dá para dançar.
- Nunca tinha vindo aqui? - Melissa perguntou.
- Essa não é a praia da Georgia - Victor disse.
- E qual é a praia dela, Victor - Cristiano perguntou, com algo diferente na voz, que fez Victor balançar a cabeça.
- Vamos mudar de assunto não é mesmo? - ele disse, olhando em volta - onde estão as bebidas?
Elas demoraram para chegar, mas estava delicioso. A conversa estava fluindo bem, comigo e Cristiano dominando os assuntos. Melissa ainda estava tímida e ria atoa. Victor ficava apenas olhando, segurando o riso em certas ocasiões.
- Eu acho que a DigZone deveria trabalhar com obras pequenas - falei - porque se limitar a três de grande porte no ano se pode ter vinte pequenas?
- O Victor sempre dizia isso, mas os pais de vocês não gostam - Cristiano disse.
- Eu acho uma boa ideia - Melissa falou.
- Não temos publico para isso - Victor disse - todos nos conhecem pelo grande porte.
- Não temos publico porque ninguém abriu espaço para outra opção. Eu acho que deveria existir - falei.
- Georgia é cheia de ideias e não tem medo de expor o que pensa - Cristiano disse, olhando para Victor - não entendo como não foram buscar ela antes.
Depois do terceiro mojito, eu me sentia solta e afim de dançar, mas resolvi esperar mais um pouco. Cristiano e Melissa agora estavam bem perto um do outro, conversando baixinho e rindo um para o outro. Rolei os olhos e levantei. Dar uma volta funciona para adiar o estado critico de embriaguez, não que eu tivesse precisando.
Fui para a varanda dos fundos e fiquei olhando os casais que iam ali para se pegar. Chega a ser deprimente ficar aqui sozinha. Senti alguém parando ao meu lado e olhei, pensando ser Victor. Ao ver que não era, bufei e me martirizei por estar sendo tão ingênua.
- Esperando alguém? - o homem ao meu lado perguntou.
- Não imaginei que fosse possível, mas sim - falei.
- Levou um bolo?
- Eu não levo bolo. Eu constato a falta de inteligência que alguém pode ter por desperdiçar a honra de minha companhia.
O homem gargalhou e ergueu seu copo para mim. Pisquei para ele e sorri.
- Posso te pagar uma bebida? - ele perguntou.
- Minha mãe me ensinou a não aceitar bebida de estranhos - falei, tentando soar inocente - mas como estou meio dura, eu aceito.
Ele riu novamente e indicou seu copo para a garçonete. Ela veio logo em seguida e me entregou um copo com um liquido azulado.
- Lagoa azul hein? - falei, bebendo o primeiro gole.
- Uma conhecedora, que sorte a minha.
- Georgia? - ouvi Victor me chamar e olhei para trás.
Ele estava parado a alguns metros de nós, com os braços cruzados.
- Seu encontro? - o homem perguntou.
- Bem mais complicado do que isso - falei, levantando o copo - obrigado pelo drink.
- As ordens - ele disse - se ele for desprovido de inteligência, estarei aqui fora.
Sorri e assenti, indo até Victor.
- O que ele quis dizer? - perguntou, quando nos afastando.
- Nada demais. Porque levantou?
- Não aguentei ver Cristiano dando em cima da Melissa.
- Não sei porque estão enrolando tanto, está na cara que eles se querem - falei, olhando para eles de longe.
Victor e eu voltamos para a mesa e sentamos. Mas eles continuavam sem perceber ninguém a volta deles. Assim fica difícil. Terminei meu drink e levantei.
- Estou indo dançar - falei.
Melissa olhou e sorriu.
- Vou também - ela disse, levantando.
Fomos para o meio de todo mundo e começamos a dançar juntas. Como senti falta disso. Brincávamos e riamos dos movimentos bobos que fazíamos. Eu estava gostando cada vez mais de tê-la perto de mim.
Depois de um tempo, vi Cristiano se aproximando de Melissa e recuei. Antes dela perceber, já tinha trocado de par e mal de lembrava de mim. Victor permanecia na mesa, olhando para sua bebida. Quando levantou os olhos, eu já estava na metade do caminho até ele. Já cheguei o puxando pelo braço, o forçando a ficar de pé.
- Venha dançar um pouco - falei, o puxando.
- Não gosto de dançar Georgia - ele disse, mas em momento algum fez tentou se libertar de minha mão.
No fundo ele quer, eu sei disso. O puxei e comecei a dançar na frente dele, que ficou parado, olhando para os lados. Quando ele tentou se afastar, coloquei minhas mãos em sua nuca e o puxei de volta.
Victor tropeçou e acabou me segurando pela cintura, ficando muito próximo de mim. Ele baixou a cabeça para me olhar, com seus lábios ligeiramente abertos e sua respiração pesada tocando minha pele. Novamente nessa posição eu me perguntei se ele queria me beijar. E se eu queria ser beijada por Victor.
Ele olhou para cima, respirando fundo antes de me soltar. Fiquei levemente desapontada, o que foi mais estranho para mim.
Olhamos para o lado e não vimos Cristiano e Melissa. Eles devem ter se afastado quando acharam que Victor e eu estávamos nos entendendo. Voltamos para a mesa e sentamos de frente um para o outro.
- Oi, poderia me ver duas caipirinhas? - pedi a garçonete que passava.
- Dois não. Eu parei por hoje - Victor disse - estou dirigindo lembra?
- Verdade - falei - só um então.
- Mas traz uma água para mim - ele pediu.
- Mais alguma coisa? - a garçonete perguntou - um petisco?
- Pode ser, batata frita e iscas de frango - falei - e você sabe do casal que estava conosco?
- Acho que eles já foram, porque fecharam a conta dessa mesa.
- Ah, tudo bem. Só isso então - falei.
Ela sorriu e saiu.
- Acredita nisso? - perguntei - eles nos largaram aqui!
- Isso já estava na cara. Esperaram só a gente se distrair - Victor disse.
Quando a garçonete chegou com nosso pedido, ataquei o petisco. Não tinha notado o quão faminta eu estava até colocar o primeiro na boca. Comecei pelas batatas, comendo sem me importar com o que diriam. Percebi que Victor ria e levantei os olhos.
- O que foi? - perguntei.
- Tem coisa que não muda nunca - ele disse, bebendo sua água.
- O que quer dizer com isso?
- Nada Georgia, coma.
Dei de ombros e terminei com as batatas, sem dividir com ele. Bebi a caipirinha quase de uma vez só, e isso me deixou tonta na mesma hora. Me perguntei sobre tudo sobre Victor e eu. Sentia-me corajosa o suficiente para tirar nossa história a limpo. Estávamos indo bem, não é? Bom, pelo menos nas ultimas horas. Estamos sozinhos a quase uma hora e não nos matamos.
- Vic, porque você me odeia? - perguntei, olhando para a garçonete e apontando para meu copo vazio.
- Isso não é assunto para agora Georgia.
- E é assunto para alguma hora?
- Talvez. Mas não agora.
- Eu preciso que você entenda que estou me esforçando muito. Mas contigo assim, não dá.
- Assim como?
- Você não me ajuda. Não fala comigo. Não liga para mim.
- Georgia - ele disse, depois de um suspiro - estou tentando. Mas às vezes..
- As vezes? - o incentivei.
- Vamos mudar de assunto?
- Quer falar sobre o que? - perguntei, olhando com atenção para minha bebida que era colocada a minha frente.
- Na verdade pensei em ir embora - ele disse.
- Mas minha bebida acabou de chegar - reclamei, fazendo bico.
- Não precisa fazer drama - ele disse, sorrindo - eu posso esperar você beber.
- Você é um cara legal - falei, debruçando sobre a mesa - me diga, está namorando, não é?
- Não - ele respondeu, sem me olhar.
- Como é possível? Você é um homem bonito.
- Nem sempre isso é suficiente, não é?
- Porque está me perguntando isso Vic?
- Terminou? Podemos ir?
- Claro, vamos - falei, levantando com certa dificuldade.
Enquanto ele estava fechando a conta, comecei a me dirigir para a saída, passando consequentemente pela pista de dança. O homem da varanda se aproximou assim que me viu.
- Precisando de carona gata? - perguntou.
- Não sei - falei, dando de ombros.
- Não, ela já tem companhia - Victor falou ao meu lado - se manda.
- Nossa cara, calma - o homem disse - só queria ser prestativo.
Victor passou o braço pela minha cintura e praticamente me carregou para fora.
- Pra que essa pressa? - perguntei, tropeçando nos meus pés.
Victor grunhiu alguma reclamação, como sempre e me levantou. Tentei andar, mas tropecei de novo, eu nem bebi tanto assim. Acho que comi pouco, só pode ser. Victor reclamou de novo e me pegou no colo, terminando o percurso me carregando.
Ele me colocou no banco da frente e prendeu o cinto reclinando um pouco o encosto. Deu a volta no carro e saiu apressado. Não prestei muita atenção em nada do caminho. Quando olhei, Victor mexia em minha bolsa. Tirou minha chave de lá e me pegou no colo. Me levou até a frente da casa com dificuldade e entrou comigo.
Não entendi muita coisa e nem tentei.
Ele me colocou na minha cama e acendeu o abajur. Sentou na beira da cama e tirou meus sapatos com cuidado. Quando se inclinou e apagou a luz fraca ao lado da minha cama, o puxei pelo colarinho para mim.
- Georgia - ele exclamou, assustado.
- Vai ficar aqui? - perguntei, o prendendo ali com minhas pernas.
- Não faz isso. Eu preciso ir - ele disse, se erguendo, mas eu ainda sentia seu quadril contra o meu.
- Você quer ficar. Eu sei que quer - o puxei mais, fazendo seu corpo colar no meu.
- Georgia, me solte, por favor. Você está bêbada - ele disse próximo ao meu ouvido - não é certo.
- Isso sou eu que decido.
- Georgia..
Mas sua suplica foi interrompida pela luz de meu quarto e a voz de meu pai.
- Mas será possível, você não cria juízo. Isso são horas de.. Victor?
Eu deitada sob Victor, o envolvendo com braços e pernas, não é uma situação fácil de se reverter. Nem algo que eu gostaria que meu pai visse.
- Senhor Pergeron - Victor exclamou, sem ar - eu posso explicar.
- Não tem muito o que explicar menino, a situação fala por si - meu pai disse, coçando a testa - amanhã conversamos.
Ele saiu, da mesma forma que entrou, rapidamente, me deixando ali com Victor ambos atônitos. Ele levantou apressado, sem me olhar e saiu. Eu não me sentia mais tonta ou cansada. Olhava para o teto me perguntando se fora um sonho. Tudo o que eu fiz, todas as minhas tentativas frustradas de me aproximar, passando em minha cabeça e aumentando minha vergonha.
Senti minha pele pegar fogo. Levantei e fui para o banheiro. Tomei um banho, tentando apagar aquela noite da minha cabeça e fui dormir.
Quando acordei, não tinha coragem de sair do quarto. Meu pai me olharia torto e poderia perguntar a respeito de Victor. Qual seria minha explicação. Mas quando olhei a hora, vi que eu tinha dormido até meio dia, papai provavelmente não estava em casa. Como todo sábado, ele saia com minha mãe.
Andei em silencio até a cozinha e constatei, para meu alivio, que estava sozinha. Ufa. Sentei a mesa e comi rapidamente. Voltei para o quarto e fiquei mexendo em meus projetos para a DigZone. Se tudo der certo, apresentarei isso tudo ainda essa semana, mas antes disso, preciso sobreviver a esse final de semana. Tenho certeza que me trancar no quarto não vai me livrar do discurso e interrogatório de meu pai.
Meu celular tocou e eu peguei, atendendo sem olhar.
- Georgia? Oi! É a Melissa.
- Ah, oi fujona! - falei, apoiando o celular no ombro para continuar digitando no notebook.
- Desculpe, mas não deu para evitar - ela disse, sorrindo - e você parecia estar indo bom com Victor.
- Mias ou menos. Conversamos um pouco, rimos e tivemos momentos constrangedores - falei - mais isso não importa. Se deu bem?
- Muito bem - ela disse, depois de um suspiro - Cristiano é tão bom.
- Não duvido - falei, parando o que eu estava fazendo - então pelo menos alguém está com sorte.
- Da ultima vez que te vi, você e Victor estavam quase se beijando.
- Ele está resistindo. E eu estava alta pela bebida.
Respirei e contei o incidente com meu pai. Melissa riu de chorar no telefone. Suspirei e me joguei na cama.
- E agora não sei com que cara olho para ele segunda - conclui.
- Não acredito que ele foi embora depois dessa.
- Victor tem sérios problemas - falei, sentando novamente - mas vamos falar de outra coisa. Preciso da sua opinião sobre um projeto meu. Vou te mandar por email.
- Tudo bem, recebi aqui.
Ela ficou em silencio, lendo o email.
- Georgia, está ótimo! Você precisa apresentar isso segunda!
- Está bom mesmo?
- Está incrível! Tem alguns errinhos de português, mas já estou corrigindo aqui e já te mando.
- Não duvido nada, considerando minha ressaca, já estou surpresa de estar legível.
Melissa riu e logo em seguida recebi o arquivo corrigido dela. Ouvi uma batida na minha porta e pedi para entrar, sem perceber o que fazia. Meu pai entrou e fechou a porta.
- Preciso desligar Melissa, até segunda - falei.
- Até lá. Beijos.
Desliguei a ligação e suspirei. Meu pai se aproximou e sentou na beira da cama.
- Antes que você comece o sermão, me deixe explicar - falei.
- Na verdade, não quero ouvir nada relacionado a ontem - ele disse, passando a mão o cabelo - só quero saber como está se saindo na DigZone. Seu prazo está se esgotando.
- Eu sei pai, estou trabalhando nisso.
- Se precisar de algum conselho..
- Tenho tudo sobre controle, está tudo bem.
- Tem certeza?
- Porque? Te disseram algo?
- Me disseram que você e Victor discutem bastante, mas considerando o que eu vi ontem..
- Pai, ontem Victor e eu..
- Já disse que não quero ouvir - ele me interrompeu - nenhum pai suportaria ouvir isso.
- Mas pai..
- Não. Eu só queria dizer que você pode me perguntar qualquer coisa. Se precisar de mim estou aqui.
Ele levantou e virou para ir embora. Mas virou para falar mais alguma coisa e desistiu. Abriu a porta e saiu, fechando a porta atrás de si.
Deixei o corpo cair na cama. Maravilha.
Nota final da autora: Meu momento preferido foi a explicação dela a respeito de "levar um bolo".
Adoro a Georgia. Me divirto horrores!
E vocês? Qual foi a parte preferida?
Bjoos :3
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